Programa - Comunicação Oral - CO13.2 - Educação Permanente em Saúde: Experiências de Construções Coletivas
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
ASSIM JÁ NÃO SOMOS DOIS, MAS UM SÓ! A POTÊNCIA DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE ENTRE EQUIPES DAS CIDADES DE SANTA MARIA/RS E BRUMADINHO/MG NO CONTEXTO DE PÓS DESASTRES.
Comunicação Oral
Mafacioli, G.1, Dassoler, V.A2, Oliveira, L.B.3, Chagas, L.3, Dias, F.R.3, Chaves, I.M.C3, Ferrer, A.L.1
1 UFSM/RS
2 Santa Maria/RS
3 Brumadinho/MG
Período de Realização
24 de maio de 2023 a março de 2025
Objeto da experiência
Educação permanente entre as equipes de Brumadinho/MG e Santa Maria/RS após o incêndio da boate Kiss e o rompimento da barragem Córrego do Feijão
Objetivos
Conhecer às distintas realidades e a troca de experiências relativas a estratégias de atenção pós desastres;
Compartilhar os impasses e os desafios vividos e o ineditismo de ações realizadas em ambas situações;
Construir conhecimentos a partir do recolhimento dos efeitos na rede de atenção à saúde.
Descrição da experiência
Em 2023, foi constituído um grupo de discussão online, mensal, reunindo profissionais de saúde de Brumadinho/MG e Santa Maria/RS. A proposta visava criar um espaço horizontal de trabalho colaborativo e uma rede de vínculos afetivos possibilitando o intercâmbio de experiências no enfrentamento dos diferentes tempos dos desastres, em especial, em saúde mental. Este foi um ambiente favorável de discussões e a construção de estratégias clínicas e institucionais considerando os saberes locais
Resultados
A análise do processo reforça que é possível inventar dispositivos que respondam à necessidade das equipes e da população afetada por desastres no âmbito do SUS em relação a produção e troca de experiências considerando à diversidade social e cultural que nosso país comporta, conduta que evita o risco de práticas orientadas de modos prescritivos. Em 2024, houve maior aproximação em decorrência das enchentes no Rio Grande do Sul e o vínculo entre os profissionais transformou-se em afeto ativo
Aprendizado e análise crítica
Essa experiência reafirma que a educação permanente, quando atravessada por vínculos afetivos e horizontais, confirma-se como dispositivo transformador no campo da saúde coletiva revelando a potência de um espaço onde o saber possa emergir da escuta, da experiência compartilhada e do reconhecimento mútuo das vulnerabilidades. A experiência provou que, na saúde coletiva, inventar caminhos compartilhados é também importante forma de cuidado.
Conclusões e/ou Recomendações
A articulação revelou que respostas mais efetivas e humanas exigem redes colaborativas, nas quais o cuidado também seja direcionado aos profissionais. Demonstrou-se que é possível tecer uma rede de afetos que transcende fronteiras locais, municipais e estaduais, fortalecendo o cuidado a partir da solidariedade, da escuta e da presença. No campo da saúde coletiva, cuidar é também saber estar com e é neste encontro que nasce a potência de fazer diferente
EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO FERRAMENTA METODOLÓGICA NO COMBATE ÀS ARBOVIROSES
Comunicação Oral
Carneiro, A.C.A.A1, Rolim, I. L. P1, Neto, M. S.1, Carneiro, C. R. N1, Dutra, M. S1, Machado, T. M. G1, Silva, S. A. M1, Oliveira, P. A. M1
1 UFMA
Período de Realização
A experiência foi realizada no período de janeiro a julho de 2023.
Objeto da experiência
Implementar uma estratégia de Educação Permanente voltada ao enfrentamento das arboviroses no território de São Luís.
Objetivos
Promover o aprimoramento técnico dos agentes para identificação precoce de sinais e sintomas das arboviroses, Capacitar os profissionais para orientar a população sobre medidas de prevenção e eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti; Estimular o trabalho em equipe
Descrição da experiência
Durante seis meses, foram realizadas oficinas educativas quinzenais com duração de quatro horas, integrando teoria e prática com metodologias ativas de ensino. Participaram 35 profissionais (20 ACS e 15 ACE), com atuação consolidada na saúde pública há mais de dez anos. As atividades foram organizadas em ciclos temáticos, abordando: o panorama atual das arboviroses, ciclo de vida do Aedes aegypti, estratégias de controle e mobilização comunitária.
Resultados
Os principais resultados observados com a experiência envolveram melhorias significativas tanto na prática profissional dos agentes quanto nos indicadores relacionados às arboviroses. Houve uma perceptível ampliação do diálogo durante as visitas domiciliares, que passaram a incluir não apenas coleta de dados, mas também orientação educativa sobre os riscos e formas de prevenção das doenças.
Aprendizado e análise crítica
Investir na formação continuada dos profissionais da saúde, por meio de estratégias participativas e contextualizadas, é essencial para o fortalecimento das ações em saúde coletiva. A construção coletiva do conhecimento, baseada na escuta ativa e no respeito aos saberes populares, contribuiu para a ampliação do olhar crítico dos profissionais sobre seus territórios e práticas cotidiana. importante foi o papel da intersetorialidade no enfrentamento de problemas complexos de saúde pública.
Conclusões e/ou Recomendações
Esse relato evidencia a relevância da Educação Permanente como estratégia fundamental para o fortalecimento das ações de vigilância em saúde, especialmente no enfrentamento às arboviroses. A articulação entre formação técnica, metodologias participativas e territorialização das práticas permitiu avanços significativos na atuação dos ACS e ACE, promovendo maior integração entre as equipes e uma abordagem mais educativa e preventiva.
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE DE PAULÍNIA: UMA ESTRATÉGIA TRANSVERSAL DE GESTÃO PARTICIPATIVA E INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE
Comunicação Oral
Scattone, H. J.1, Mendes, K. M. C.1, Gonçalves, B. Q.1, Fantinatti, J. F.1
1 Secretaria Municipal de Saúde de Paulínia
Período de Realização
Março a junho de 2025, com realização da oficina inaugural em 11 de junho de 2025.
Objeto da experiência
Implantação do Núcleo de Educação Permanente em Saúde (NEP) como estratégia transversal, participativa e integrada de gestão da educação no SUS municipal.
Objetivos
Instituir um núcleo transversal e participativo na gestão central da saúde municipal, capaz de fortalecer e apoiar as ações de Educação Permanente em Saúde (EPS), promover escuta qualificada nos serviços, fomentar ações formativas conectadas à realidade e construir, de forma coletiva, o Plano Municipal.
Metodologia
O NEP foi concebido como um espaço transversal de apoio técnico e político às ações de EPS, articular parcerias e dar suporte aos serviços. O núcleo realizou visitas presenciais aos serviços de saúde, promovendo aproximação institucional, escuta qualificada e convite à composição do Grupo de Trabalho. Realizou-se uma oficina em que se discutiu os fundamentos da EPS e iniciou a construção coletiva do Plano Municipal, reconhecendo práticas e demandas da rede.
Resultados
A oficina foi um marco na implantação efetiva do NEP como dispositivo institucional articulador da política de EPS. A construção do GT como espaço legítimo e representativo fortaleceu o sentimento de pertencimento dos profissionais e reforçou a relevância da EPS no cotidiano da rede. As respostas ao instrumento de avaliação evidenciaram alto grau de satisfação com a proposta, valorização da escuta e expectativa positiva quanto à continuidade das ações e ao Plano Municipal de EP.
Análise Crítica
A experiência evidenciou que a institucionalização da EPS depende da construção de dispositivos de gestão que valorizem os sujeitos e os territórios. O trabalho coletivo permitiu reconhecer práticas já consolidadas e valorizar o protagonismo das equipes. A aproximação da gestão com os trabalhadores ampliou o compromisso com a qualificação do trabalho e do cuidado. Os desafios identificados apontam a necessidade de pactuações permanentes, manutenção da escuta ativa e sustentação política da proposta.
Conclusões e/ou Recomendações
A implantação do NEP em Paulínia mostra como a gestão participativa torna a EPS uma estratégia real de transformação do trabalho. É essencial criar estruturas que unam escuta e ação, garantindo continuidade, legitimidade e sintonia com as demandas das equipes. Sustentar a EPS depende de governança partilhada, presença nos territórios e reconhecimento dos saberes dos trabalhadores.
NÚCLEOS DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE E HUMANIZAÇÃO (NEPSHUS) NO AMAZONAS: BASE PARA A CRIAÇÃO DA POLÍTICA ESTADUAL DE EPS (PEEPS/SES-AM)
Comunicação Oral
Costa Macedo, N. da.1, Nunes, A.C.P.1, Costa Junior, A. G. da.1, Cunha, D. A. da.2, Ribeiro, G.M.A.1, Almeida, W.B de.1
1 UEA
2 UFAM
Período de Realização
10 oficinas realizadas, 58 NEPSHUS e a PEEPS/AM aprovada em 2022, fortalecendo a educação na saúde
Objeto da experiência
Implementação da Política Nacional de Educação Permanente (PNEPS) e Política Nacional de Humanização (PNH) no AM, base para o surgimento da PEEPS/AM
Objetivos
Apresentar articulação entre a PNEPS e a PNH no AM, destacando suas transformações, implementações, desafios, avanços e perspectivas. Propor reflexões sobre a importância de encontros mobilizadores e mudanças culturais no modo de trabalhar na saúde
Metodologia
Inspirado no encontro dos rios Negro e Solimões, considerado ponto turístico do Amazonas, com águas belas e fortes, mas também desafiadoras, como a integração da PNEPS e PNH. O encontro dessas políticas consideradas irmãs impulsionou a realização de oficinas nas unidades de saúde e a criação dos NEPSHUS. Esse modelo fortalece o aprendizado, transforma as práticas de trabalho no SUS e promove a construção coletiva, revelando desafios e potencialidades da humanização e da educação em saúde
Resultados
Os NEPSHUS consolidaram espaços diários de aprendizado e melhoria do serviço. A iniciativa foi ampliada para municípios do interior do estado, com seminários regionais e apoio à formação de coordenações municipais de Educação Permanente em Saúde (EPS) e PNH para produção de planos de ação. Hoje a SES-AM possui um dos seus eixos estruturantes da gestão da educação na saúde, os NEPSHUS, ressignificando e fortalecendo o SUS através de mudanças culturais
Análise Crítica
Experiência gerou mudanças na prática do trabalho e na gestão da saúde no SUS, reforçando a importância da construção coletiva para políticas eficazes. Superar a fragmentação do trabalho e a resistência cultural ao conceito de saúde como produção social exige tempo, diálogo e colaboração. É essencial que gestores e profissionais compreendam o impacto das políticas integradas para fortalecer e consolidar avanços. Desde 2019, o modelo NEPSHU está se desenvolvendo e fortalecendo as políticas no AM
Conclusões e/ou Recomendações
A integração das políticas tem sido um movimento potente, dinâmico e transformador para a gestão, ensino e atenção no SUS. Tal movimento impulsionou a aprovação da PEEPS/AM N.° 45.217, de 17/02/2022. Apesar dos desafios, é possível avançar através da criação de uma escola de saúde pública, seguindo exemplos de outros estados, vinculada às Secretarias Estaduais de Saúde, ampliando ações e serviços educacionais na saúde
TELE-EDUCAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: A EXPERIÊNCIA DO NÚCLEO DE TELESSAÚDE UFSC
Comunicação Oral
Machado, M. L.1, Silva, B. L.1, Figueira, R. S.2, Cardoso, A. C. A.3, Chagas, L. G. R. D.4, Boing, A. F.5, Lacerda, J. T.5, Calvo, M. C. M.5
1 Núcleo de Telessaúde UFSC.
2 Núcleo de Telessaúde UFSC. Programa de Pós-Graduação em Nutrição UFSC.
3 Núcleo de Telessaúde UFSC. Departamento de Educação Física UFSC.
4 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva UFSC.
5 Núcleo de Telessaúde UFSC. Departamento de Saúde Pública e Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva UFSC.
Período de Realização
De 2010 a maio de 2025
Objeto da experiência
Ações de tele-educação do Telessaúde UFSC para apoiar a educação permanente em saúde e a implantação de modalidades de telessaúde no âmbito do SUS.
Objetivos
Relatar a experiência do modelo de tele-educação do Núcleo de Telessaúde UFSC como estratégia para fortalecer a educação permanente dos trabalhadores do SUS, em parceria com secretarias de saúde, e para apoiar a implantação de outras modalidades de telessaúde ofertadas pelo Núcleo.
Descrição da experiência
O Telessaúde UFSC oferta cursos online e webconferências articuladas com demandas das secretarias de saúde, apoiando também a implantação de outras ações de telessaúde do Núcleo: teleconsultoria, telediagnóstico e teleatendimento. O modelo tem por princípio a integração ensino-serviço-gestão, efetivada pelo envolvimento de profissionais e gestores de saúde no planejamento e execução das ações. As atividades são ofertadas em nível nacional, com monitoramento e avaliação contínuos.
Resultados
Até maio de 2025, foram ofertadas 1.770 webconferências e 458 turmas de cursos, totalizando 20.444 horas de atividades, que certificaram 112.379 profissionais de saúde de 1.736 municípios de todas as Unidades da Federação. As gravações das webconferências foram assistidas por mais de 3,9 milhões de pessoas. Os cursos possuem uma taxa de conclusão de 59,2% e são avaliados como bons ou ótimos por 92,3% dos concluintes.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidencia que modelos de tele-educação baseados na integração ensino-serviço-gestão garantem ações formativas alinhadas às demandas dos serviços, qualificando a educação permanente. As ações ampliam a literacia digital e capacitam gestores e profissionais para implantar e utilizar outras modalidades de telessaúde. Esse processo fortalece a sustentabilidade local, promovendo autonomia e inovação em saúde digital, e favorecendo a continuidade e replicabilidade do modelo.
Conclusões e/ou Recomendações
O modelo do Telessaúde UFSC tem forte potencial para apoiar as gestões locais na educação permanente, promover a formação em saúde digital e qualificar a implantação de modalidades de telessaúde. Contribui, assim, para fortalecer as práticas de educação permanente no SUS e democratizar a qualificação dos trabalhadores. Recomenda-se sua replicação nacional, com investimentos em infraestrutura tecnológica e ações para ampliar a literacia digital.
POTENCIALIDADES E DESAFIOS PARA A OPERACIONALIZAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SANTOS
Comunicação Oral
Bernardes, L.M.1, Santos, I.R1, Souza, E.C1
1 UniSantos
Apresentação/Introdução
A Educação Permanente em Saúde orienta a formação no Sistema Único de Saúde (SUS) pela aprendizagem no trabalho, problematização da realidade, e conhecimento prévio dos trabalhadores. Integra ensino, serviço e comunidade e gestão. Sua efetivação enfrenta desafios. Compreender sua operacionalização nos contextos locais pode fortalecer a cultura da EPS nos serviços de saúde e consolidação do SUS.
Objetivos
Analisar a Educação Permanente em Saúde como estratégia para a formação dos profissionais da saúde no município de Santos, identificando potencialidades e fragilidades para sua operacionalização
Metodologia
Pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e descritivo, que busca compreender os sentidos atribuídos à Política de Educação Permanente em Saúde (EPS) por profissionais da gestão municipal. Os dados foram produzidos entre março e junho de 2024, por meio de entrevistas semiestruturadas com oito profissionais da rede pública, atuantes em diferentes níveis de atenção. A análise, baseada em Bardin, organizou-se em quatro categorias: percepção sobre a EPS, desafios na implementação, potencialidades da EPS e articulação regional. A pesquisa seguiu as normas éticas das Resoluções 466/2012, 510/2016 e 580/2018 do CNS.
Resultados
O estudo revelou desconhecimento ou pouca compreensão da EPS em sua dimensão técnico-operativa, confusão conceitual e predominância de práticas de educação continuada. Destacaram-se dificuldades como escassez de trabalhadores, sobrecarga, estruturas inadequadas, falta de planejamento, desvalorização da EPS por gestores, problemas de financiamento e baixa participação do controle social. Como potencialidades, evidenciou-se a aprendizagem no trabalho, a criação da Escola da Saúde e a presença de Núcleos de EPS em algumas unidades. A frágil articulação com o Departamento Regional de Saúde também é um desafio a ser superado, de modo a favorecer ações formativas alinhadas às necessidades locais.
Conclusões/Considerações
A EPS segue fragilizada nos territórios devido à precariedade das condições de trabalho em saúde. Em Santos/SP, enfrenta desafios como falta de infraestrutura e esvaziamento político e conceitual. Superar esse cenário requer sua consolidação como prática pedagógica contínua, com valorização do trabalho, financiamento adequado, planejamento participativo e articulação regional.