Programa - Comunicação Oral - CO13.20 - Inovações Tecnológicas no SUS: Estratégias de Cuidado, Educação e Comunicação
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
PODCAST COMO UMA FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE INTERSETORIAL: ABORDANDO O TEMA DO SETEMBRO AMARELO NA ESCOLA
Comunicação Oral
Batista da Silva, J. A.1, Barbosa, E. C.1, Sousa, S. F.1
1 UFC
Período de Realização
A ação foi realizada no mês de setembro do ano de 2024.
Objeto da experiência
Um podcast realizado em parceria entre escola e o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Participaram da ação aluno, professores e uma psicóloga.
Objetivos
Apresentar informações corretas sobre a campanha do setembro amarelo e a valorização da vida; estimular a participação estudantil ativa em ações de educação e sua reflexão crítica sobre o tema; promover uma ação intersetorial entre educação e saúde e aproximar a atuação dos serviços.
Descrição da experiência
A ação fez parte de um projeto de podcast realizado na escola, que promovia educação crítica e o protagonismo estudantil. Neste episódio sobre o setembro amarelo, participaram um aluno como mediador, dois professores e a psicóloga do CAPS como convidada para uma ação intersetorial entre educação e saúde, com o objetivo de também trabalhar a educação em saúde. Foi feito um debate sobre a temática, que posteriormente foi postado nas redes sociais da escola e compartilhado.
Resultados
A conversa apresentou riqueza de conteúdo, compartilhando saberes de ambos os setores, educação e saúde (vale mencionar que ambos os professores também têm formação no campo da saúde mental). A participação do aluno também se mostrou proveitosa, pois o protagonismo estudantil amplia a educação, maximiza o aprendizado e serve de exemplo para os seus colegas, que despertam mais interesse pela participação e pelo assunto abordado. O podcast foi bem recebido pela comunidade escolar.
Aprendizado e análise crítica
Muitos adolescentes passam por situações de adoecimento mental, principalmente por se tratar de uma escola periférica. Proporcionar momentos interativos de informação como esse, e que também aproximam o profissional da saúde da comunidade (sendo a escola um excelente intermediador), dá a chance de uma educação em saúde emancipatória, desperta a atenção da comunidade para as questões de cuidado em saúde mental e oferece uma alternativa de como o trabalho interdisciplinar pode acontecer.
Conclusões e/ou Recomendações
Mais projetos de educação em saúde como esse podem ser realizados, principalmente em meio às fake news que atrapalham tanto os serviços públicos. O trabalho intersetorial precisa ser desenvolvido para qualificar os serviços prestados à população. E a escola é um excelente ponto de aproximação com a comunidade, tanto para educar diretamente aqueles presentes quanto para disseminar a informação aos demais indiretamente.
PODCAST “FALE COM AGENTE": COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA EQUIDADE NO TRABALHO EM SAÚDE
Comunicação Oral
Almeida Júnior, J. J.1, Magalhães, A. G.1, Severo, A. K. S.1, Lopes, L. M. V.1, Santos, F. A. S.1, Magnos, S. C. F. B.1, Silva, L. L. C.1, Desidério, B. M. A.1, Freire, C. L. C. C.1, Telles, M. W. P.1
1 UFRN
Período de Realização
Setembro de 2024 à junho de 2025
Objeto da produção
Desenvolvimento de um podcast, que tem como apresentadores ACS e ACE, e que aborda temas relacionados às iniquidades no trabalho em saúde.
Objetivos
Relatar a experiência do Podcast “Fale com Agente”, ferramenta utilizada para induzir a formulação de estratégias de mudança nos serviços de saúde relativos às iniquidades no trabalho em saúde de gênero, identidade de gênero, raça, etnia, sexualidade, etarismo, capacitismo e outras discriminações.
Descrição da produção
Foi lançado um chamamento aos ACS e ACE nas redes sociais e grupos de WhatsApp do município de Natal/RN, explicando os objetivos do projeto e convidando para um curso de formação sobre iniquidades no trabalho em saúde e apresentação em podcast. Participaram do curso 28 agentes de saúde que ao longo do processo conduziram a apresentação dos episódios. A transmissão é realizada nas plataformas Youtube e Spotify, sendo cortes e outros materiais educativos compartilhados por meio do Instagram.
Resultados
Até junho de 2025 foram lançados 20 episódios no Youtube e duas temporadas no Spotify. No youtube, o material é hospedado no canal da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Norte, visando um maior alcance. A soma de visualizações dos episódios já ultrapassou a marca dos 1000, de seguidores no instagram 1.266 e de visualizações 150.000. Essas métricas, alcançadas em curto tempo, demonstram a capilaridade que as ferramentas utilizadas podem dar às ações de educação e comunicação em saúde.
Análise crítica e impactos da produção
O projeto foi pensado nesses moldes ao considerar o número cada vez maior do uso das redes e mídias sociais como ferramentas de uso diário pela população. Dessa forma, compreende-se que explorar esses ambientes pode ser relevante para o enfrentamento das iniquidades. Outrossim, ter os ACS e ACE como protagonistas trata-se de uma escolha ético-política para o reconhecimento do papel desses trabalhadores no SUS e para que o público-alvo do projeto se reconheça naqueles que apresentam o programa.
Considerações finais
Fundamentado nas ideias da educomunicação, o “Fale com Agente” optou por inverter a lógica de “fazer para”, para o “fazer com". Na preparação do podcast, mediamos processos reflexivos subsidiados em referenciais que valorizam a produção e compartilhamento do saber, como a Educação Permanente em Saúde, a Educação Popular em Saúde, e a Tradução do Conhecimento. Com isso, o protagonismo dos ACS e ACE foi pilar essencial para o alcance dos objetivos.
TELEDUCAÇÃO PARA O MANEJO CLÍNICO DA DIARREIA AGUDA: EXPERIÊNCIA DO TELESSAÚDE-HUGV/UFAM NA QUALIFICAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Comunicação Oral
Souza, C.S.M1, Souza, P.E1, Andrade, H.E1, Marques, B.A1, Theobald, C.V1, Evaristo, J.S.G1, Nunes, J.C1, Couto, G.S1, De Oliveira, C.G.B1, Brasil, A.B1
1 UFAM
Período de Realização
Maio de 2025
Objeto da experiência
Ação de teleducação promovida pelo Telessaúde do Hospital Universitário, voltada à qualificação profissional no manejo clínico da diarreia aguda.
Objetivos
Relatar a experiência de uma atividade de teleducação desenvolvida pelo Telessaúde-HUGV/UFAM, com foco na qualificação técnica de profissionais da saúde no manejo da diarreia aguda, condição de alta incidência e impacto na morbimortalidade, especialmente em populações vulneráveis.
Metodologia
A atividade foi realizada em formato remoto, com transmissão síncrona e conduzida por um especialista com atuação na área clínica. A exposição abordou aspectos diagnósticos, classificação etiológica, critérios de gravidade, terapêutica baseada em evidências e estratégias de prevenção. A atividade compôs a agenda formativa do núcleo, com acesso aberto e certificação emitida após participação.
Resultados
294 profissionais de saúde participaram da teleducação, sendo predominantemente da Atenção Primária, provenientes de diferentes localidades do país. A avaliação de impacto indicou alto índice de satisfação quanto à aplicabilidade do conteúdo, clareza didática e relevância temática. Houve fortalecimento da capacidade clínica dos participantes, especialmente no reconhecimento precoce de sinais de alarme, na indicação terapêutica e na adoção de condutas alinhadas às diretrizes nacionais.
Análise Crítica
A experiência reafirma o papel da teleducação como tecnologia educacional eficaz para a qualificação permanente da força de trabalho em saúde. O modelo adotado conjugou excelência técnica, acessibilidade e abrangência geográfica, contribuindo para a equidade na disseminação do conhecimento. A ação evidenciou o potencial do uso estruturado das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na educação em saúde, principalmente em temas de alto impacto nos indicadores assistenciais.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência demonstrou a efetividade do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na qualificação contínua de profissionais de saúde, promovendo atualização técnica em temas clínicos relevantes. O modelo adotado contribui para a disseminação do conhecimento em escala ampliada, com impacto direto na resolutividade assistencial e na equidade da formação.
TELEORIENTAÇÃO RELACIONADA A UM PROGRAMA DE CUIDADO INTEGRAL EM SAÚDE BUCAL A GRUPOS POPULACIONAIS ESPECÍFICOS NO INTERIOR DA BAHIA
Comunicação Oral
Pimenta, R. M. C.1, Ferreira, J. S.1, Brito, H. S.1, Rodrigues, A. A. A. O.1
1 UEFS
Período de Realização
Janeiro de 2024 a Maio de 2025
Objeto da experiência
Ações de teleorientação para grupos específicos atendidos por um Programa de Extensão de cuidado integral em saúde bucal em Feira de Santana
Objetivos
Desenvolver educação e promoção à saúde através da teleorientação a pessoas com Doença Falciforme (DF) e a responsáveis por crianças com Síndrome Congênita do Zika Virus (SCZV) acompanhadas por um programa de extensão de cuidado integral à saúde bucal.
Metodologia
Sob a orientação dos docentes, estudantes planejam e executam ações de educação e de promoção em saúde e mantém, longitudinalmente, um canal de acesso a informações necessárias para a manutenção do cuidado junto ao público. São elaborados materiais como cartilhas, livretos digitais, vídeos informativos e episódios de podcasts e enviados aos usuários por meio de aplicativos de mensagens e redes sociais. Um contato telefônico é disponibilizado para elucidar dúvidas sobre atendimentos realizados.
Resultados
As temáticas abordadas incluíram: instruções de higiene bucal; conservação de próteses dentárias; manifestações orais da DF e da SCZV; saúde mental; características craniofaciais e dentárias de pessoas com a DF; relações entre saúde bucal e saúde geral. Notou-se grande sensibilização sobre a importância do cuidado em saúde bucal de pacientes com necessidades especiais, além do fortalecimento do vínculo entre os estudantes e os usuários do Programa, contribuindo para maior adesão ao tratamento.
Análise Crítica
Apesar do Programa existir desde 2010, o uso da Teleorientação foi impulsionado em função dos desafios da Pandemia de Covid-19. Desde então o Programa de Educação Tutorial (PET) de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana tem se dedicado a desenvolver novas formas de ampliação do cuidado em saúde bucal para as populações específicas atendidas pelo “PET-Clínica”. A contribuição para a formação humanística e social dos estudantes também vem sendo ampliada ao longo dos anos.
Conclusões e/ou Recomendações
Ressalta-se o potencial da teleorientação como ferramenta estratégica para ampliação do cuidado à saúde bucal das pessoas acompanhadas pelo Programa, para além do ambiente clinico. As tecnologias de informação são, portanto, importantes recursos para a divulgação de conteúdo educativo. Reforça-se também o papel da extensão como uma prática formativa que contribui para o desenvolvimento de competências técnicas e humanísticas na formação.
TELETRIAGEM COMO ESTRATÉGIA FORMATIVA E ASSISTENCIAL: RELATO DE IMPLEMENTAÇÃO EM QUATRO CONTEXTOS
Comunicação Oral
Haddad, A.E.1, Denófrio, J.F.1, Lima, A.Z.T.1, Dornellas, A.P.2, Pinto, M.R.3, Gallottini, M.H.C.4, Martins, F.M.4, Mallet, A.5, Garrido, D.1, Huanca, C.1
1 Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo/SP
2 Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo/SP Secretaria Municipal de Saúde de Carangola – Carangola/MG
3 Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo/SP Indiana University
4 Centro de Atendimento a Pacientes com Necessidades Especiais da FOUSP – São Paulo/SP
5 Laboratório de Inovação em Saúde Digital (LivingLab) da Unicamp – Campinas/SP
Apresentação/Introdução
A telessaúde, diretriz do SUS, ganhou força na pandemia. O Núcleo de Telessaúde FOUSP-SAITE adotou a teletriagem em quatro contextos, para o cuidado remoto e inserção da saúde digital na formação: CAPE/FOUSP (pacientes com necessidades especiais), Instituto Benjamin Constant (IBC/MEC), SUS municipal de Carangola (MG) e curso de graduação da FOUSP.
Objetivos
Descrever e analisar a implementação da teletriagem no CAPE, IBC, Carangola e na graduação odontológica, e seus efeitos no cuidado em saúde e no desenvolvimento de competências clínicas e pedagógicas.
Metodologia
Estudo descritivo, baseado em análise documental e ciência da implementação. A teletriagem para atenção à saúde bucal foi adotada em quatro serviços: CAPE/FOUSP (necessidades especiais), IBC/MEC (pessoas cegas), SUS de Carangola/MG (crianças em UBS) e graduação FOUSP. Utilizou-se a plataforma SIAS-SMART, integrada ao prontuário eletrônico. A análise considerou o número de casos atendidos por teletriagem/número total de triagens, grau de satisfação de pacientes, responsáveis, profissionais e alunos, tendo como referência posterior o Índice Nacional de Maturidade em Saúde Digital (INMSD/MS).
Resultados
A experiência demonstrou a adaptabilidade e efetividade da teletriagem. No CAPE, qualificou o preparo das equipes e reduziu deslocamentos; no IBC, contribuiu para o preparo psicológico ao atendimento; no SUS de Carangola/MG, ampliou o acesso e reduziu a fila de espera; na graduação, favoreceu o raciocínio clínico. Em Carangola e no IBC, foram registradas 295 teletriagens no total (260 em Carangola, com 35 urgências, e 35 no IBC, com 2 atendimentos presenciais). Em todos os contextos, fortaleceram-se o vínculo com os usuários, a continuidade do cuidado e o uso crítico das tecnologias digitais no ensino e na assistência.
Conclusões/Considerações
A teletriagem demonstrou-se uma estratégia viável e potente na formação odontológica e na atenção em saúde bucal, em diferentes contextos.
POTENCIALIDADES DA EDUCOMUNICAÇÃO NA SAÚDE COLETIVA: REVISÃO DE ESCOPO SOBRE EXPERIÊNCIAS PARTICIPATIVAS NO BRASIL
Comunicação Oral
Cavaca, A.C.1, Oliveira, I.M.2, Boldrini, T.V.1, Elias, F.T.S.1, Koptcke, L.S.1, Viana, C.E.3
1 Fiocruz Brasília
2 Fiocruz Brasíia
3 Universidade de São Paulo (USP), Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Apresentação/Introdução
A comunicação e a educação sempre estiveram presentes na saúde coletiva brasileira, fortalecidas a partir da Reforma Sanitária e da criação do SUS. No entanto, as práticas educomunicativas ainda são pouco sistematizadas nesse campo. A educomunicação, entendida como criação de ecossistemas comunicativos participativos, pode contribuir para qualificar ações de promoção e prevenção em saúde.
Objetivos
Mapear e analisar evidências sobre aplicações da educomunicação na saúde coletiva no Brasil, identificando conceitos, práticas, materiais produzidos e potenciais contribuições para o fortalecimento de processos participativos e dialógicos no âmbito do SUS.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo registrada no Open Science Framework, guiada pelo Instituto Joanna Briggs e PRISMA-ScR. Realizaram-se buscas sistemáticas em BVS, RedAlyc, Google Acadêmico, Web of Science, Scopus, PubMed e OASISbr, combinando descritores DeCS, MeSH e vocabulário livre. Foram incluídos estudos em inglês, português e espanhol que abordaram experiências brasileiras, sem restrição de delineamento. A triagem seguiu protocolo com Rayyan; divergências foram resolvidas por consenso. Os dados extraídos foram categorizados em autodenominação, elementos da ação, protagonismo, materiais produzidos e aplicação na Saúde Coletiva.
Resultados
Foram incluídos 28 estudos publicados entre 2009 e 2023, abrangendo relatos de experiência, pesquisas-ação, estudos de caso e metodológicos, conduzidos em todas as regiões do país. As experiências se caracterizaram por práticas participativas, horizontalidade e diversidade de recursos: produção de vídeos, podcasts, cordéis, radionovelas, jogos, arte-educação e teatro. Os temas envolveram ISTs, câncer, álcool e drogas, saúde bucal, mental e ambiental. O protagonismo comunitário emergiu como elemento central, reforçando a educomunicação como estratégia inovadora para mobilizar saberes e transformar práticas no SUS.
Conclusões/Considerações
O estudo evidencia a importância da educomunicação como abordagem relacional que fortalece a produção de sentidos, o diálogo e a cidadania em saúde. Para ampliar seus impactos no SUS, é necessário institucionalizar políticas públicas que assegurem projetos participativos, planejamento coletivo e metodologias ativas. Recomenda-se expandir investigações e consolidar a educomunicação como estratégia de promoção e prevenção em saúde coletiva no Brasil.