
Programa - Comunicação Oral - CO5.2 - MAIS MÉDICOS E OUTRAS INICIATIVAS PARA FORMAÇÃO NA APS
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
IMPACTO DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS NAS PRÁTICAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO BRASIL
Comunicação Oral
1 Ministério da Saúde
2 AgSUS
Apresentação/Introdução
O Programa Mais Médicos foi criado para fortalecer a APS no Brasil, integrando provimento de médicos e formação continuada. Desde sua implantação, ampliou o acesso em áreas vulneráveis e qualificou práticas profissionais por meio de suas estratégias formativas. A APS, porta de entrada do SUS, demanda maior resolutividade. O PMM tem potencial para transformar a cobertura e qualidade da APS.
Objetivos
Avaliar o potencial do Programa Mais Médicos em induzir transformações nas práticas assistenciais da Atenção Primária à Saúde no país.
Metodologia
Estudo quantitativo baseado em dados oficiais do SUS (fevereiro/2023), coletados no Ministério da Saúde e DataSUS. Foram analisados indicadores de cobertura da APS, distribuição geográfica, tempo de permanência, vinculação a processos formativos e características das unidades. Os dados foram limpos, padronizados e submetidos a análises estatísticas descritivas e inferenciais. Geoprocessamento identificou disparidades regionais. A análise considerou regiões, porte populacional e níveis de vulnerabilidade social para entender a alocação de recursos humanos na APS.
Resultados
Em fevereiro/2023, o PMM tinha 26.256 médicos em 54.994 equipes (50% da necessidade). A região Norte liderou com 0,70 médicos/equipe, seguida pelo Sul (0,51), enquanto Centro-Oeste (0,37) e Sudeste (0,41) apresentaram déficits. Estados como Roraima (1,04) e Acre (0,81) tiveram alta cobertura; o Distrito Federal (0,26), a menor. Áreas de alta vulnerabilidade tiveram mais médicos (0,59/equipe) vs. baixa vulnerabilidade (0,39). Equipes do PMM realizaram mais atividades educativas (72%) que as demais (43%). A formação continuada aumentou a resolutividade (54%), reduziu encaminhamentos desnecessários (38%) e melhorou a integração interprofissional, adesão a protocolos e uso de ferramentas de gestão.
Conclusões/Considerações
O PMM mostrou-se estratégico para uma APS mais resolutiva, combinando provimento emergencial e formação especializada. Foram observados avanços nas práticas e organização do trabalho. Para potencializar seu impacto, é preciso institucionalizar a formação, ampliar a participação das equipes nos processos educativos, priorizando áreas complexas. Podendo ser um grande vetor de transformação da APS, garantindo qualidade na assistência.
IMPACTO DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS NAS TAXAS DE MORTALIDADE: ANÁLISE ESPACIAL EM PAINEL (2012–2022) E DESAFIOS REGIONAIS NA EFICÁCIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE
Comunicação Oral
1 UFRRJ e IFRJ Campus Niterói
2 UFRRJ
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa investiga os efeitos do Programa Mais Médicos (PMM) nas taxas de mortalidade (geral, infantil, de idosos, por causas evitáveis e por condições sensíveis à Atenção Primária). Com dados de 5.035 municípios (2012–2022) e modelos econométricos espaciais, analisam-se efeitos diretos e spillovers em municípios vizinhos, no contexto da pandemia e das mudanças na política médica.
Objetivos
Determinar os efeitos diretos e spillover do PMM nas taxas de mortalidade, identificando como variáveis contextuais (infraestrutura, governança, pandemia) modulam os resultados, com vistas a subsidiar melhorias nas políticas públicas de saúde.
Metodologia
A pesquisa baseia-se em dados dos 5.035 municípios brasileiros, obtidas de fontes oficiais (IBGE, Ministério da Saúde, ANS, SNIS, DATASUS e INEP) durante o período de 2012 a 2022. Para a análise, foram aplicados modelos econométricos espaciais avançados – SDM, SAR e SEM – que permitiram incorporar a dependência territorial e a heterogeneidade regional. A escolha do modelo mais robusto foi orientada por testes de autocorrelação (Moran I) e de especificação (LM, Hausman), possibilitando avaliar os efeitos diretos do PMM sobre as taxas de mortalidade e os efeitos de transbordamento (spillovers) em municípios limítrofes, considerando o período pandêmico e as transformações estruturais do programa.
Resultados
Durante a pandemia, as taxas de mortalidade geral e de idosos aumentaram significativamente, enquanto a mortalidade infantil e de condições sensíveis à APS reduziram nos municípios com PMM. A presença dos médicos apresentou efeito duplo: associada à maior detecção de casos em alguns grupos, contribuiu para reduzir a mortalidade em faixas específicas, especialmente com a defasagem espacial, evidenciando spillover positivo em áreas vizinhas. As equipes de Saúde da Família mostraram forte associação inversa com os índices de mortalidade. Os testes robusteceram a especificação com efeitos fixos, ressaltando a relevância dos determinantes regionais na eficácia das intervenções do PMM.
Conclusões/Considerações
O PMM apresenta ganhos na redução da mortalidade infantil e por condições sensíveis contrastando com os desafios encontrados na mortalidade geral e de idosos. A análise evidencia a importância de se adotar políticas regionais integradas e sustentáveis, reforçando a necessidade de continuidade e estabilidade do programa, associadas a investimentos em infraestrutura e governança, para promover equidade e eficácia no acesso à saúde.
ASSISTÊNCIA À SAÚDE MENTAL NO PROGRAMA MÉDICO DE FAMÍLIA DE NITERÓI
Comunicação Oral
1 Universidade Federal da Paraíba
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa teve como desafio investigar a produção do cuidado em saúde mental na Atenção Básica de Niterói-RJ a partir de um Módulo do Programa Médico de Família. Estes Módulos são equipamentos que se configuram como dispositivos de descentralização e regionalização do sistema de saúde e estão presentes nas áreas de maior vulnerabilidade social do município.
Objetivos
Esta pesquisa teve como objetivo identificar as ofertas de cuidado em saúde mental desenvolvidas por uma equipe do Programa Médico de Família, analisar como este cuidado é produzido e como ocorre o processo de matriciamento em saúde mental.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa qualitativa a partir da observação participante e da construção de um diário de campo. A produção de dados ocorreu entre dezembro de 2022 e março de 2023. Foi realizada em um Módulo do Programa Médico de Família, com a frequência média de uma ida a campo por semana, durante um turno de funcionamento da unidade, totalizando 14 idas a campo ao longo de 4 meses. Durante este período foi possível observar o cotidiano do serviço, participar de visitas domiciliares, reuniões de matriciamento em saúde mental e uma reunião geral entre a atenção especializada em saúde mental e os Responsáveis Técnicos da região Leste-Oceânica.
Resultados
Durante as reuniões de matriciamento estavam presentes uma equipe de Apoio Matricial formada por cinco profissionais das diferentes modalidades de CAPS. Já na Equipe de Referência, participaram da reunião apenas quatro profissionais. Cabe destacar que enquanto as profissionais dos CAPS precisam se deslocar até o território do Módulo para realizar o matriciamento, os profissionais que estão dentro da unidade tiveram baixa participação. O que se tem é uma equipe da atenção especializada robusta e uma equipe da Atenção Básica esvaziada. Essa baixa participação pode ser relacionada a uma conjunção de fatores, como o número insuficiente de profissionais e o excesso de demanda.
Conclusões/Considerações
Identificou-se a importância do espaço do matriciamento para a discussão de casos e pactuação de ações entre a rede de saúde. Também foi identificado que os trabalhadores que têm maior assiduidade nos matriciamentos são os agentes comunitários de saúde, que há uma sobrecarga de trabalho dos profissionais da saúde e uma falta de clareza entre os trabalhadores da Atenção Básica sobre o papel de cada serviço no cuidado em saúde mental.
ESTÁGIOS E VIVÊNCIAS NO SUS: ENCONTROS COM A REALIDADE E OS SABERES DO TERRITÓRRIO COMO ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO CRÍTICA EM SAÚDE COLETIVA
Comunicação Oral
1 UNIR
Período de Realização
A Vivência ocorreu em Junho de 2025, por um período de sete dias de imersão no território de Manaus.
Objeto da experiência
Trata-se de um relato de experiência de enfermeiras residentes em Saúde daFamília, pela Universidade
Federal de Rondônia, no território amazônico.
Objetivos
Promover o contato direto com a realidade do SUS e o território, valorizando os saberes populares e práticas sociais
como parte do processo formativo em saúde, visando a construção de uma formação crítica, ética e comprometida
com os princípios da saúde coletiva.
Metodologia
O Programa Nacional de Vivências no Sistema Único de Saúde visa criar um elo entre a formação, os serviços de saúde
e a comunidade. O viventes ficam imersos em sete dias nessa experiência que mesclam práticas como visitas às
Unidades Saúde da Família, reconhecimento de determinantes sociais no território e visitas domiciliares, consoante a
teoria para fixação dessas vivências, permitindo através de rodas de conversas, arte, dinâmicas e ambiente virtual o
pensamento crítico, reflexivo e criativo.
Resultados
A vivência contribui para ampliar a compreensão dos estudantes sobre o SUS, fortalecendo a visão de cuidado integral,
coletivo e centrado na pessoa. Aproximou os viventes da percepção de território, não só como espaço geográfico, mas
também como território dinâmico, com relações sociais, saberes populares, culturas, e determinantes sociais presentes.
Desse modo, destaca-se a importância desses momentos na formação de profissionais qualificados na atenção primária
à saúde.
Análise Crítica
A experiência evidenciou a importância da formação em serviços e contato direto com o território como caminho para
desenvolver profissionais mais sensíveis as realidades locais. Também apontou a vivência como um programa de
desconstrução, de ideias, pensamentos e principalmente de aprendizado. Na imersão o SUS foi reconhecido como
resistente e grandioso, além de estimular nos viventes a necessidade de defender politicas publicas que valorizam a
atenção primaria a saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Vivenciar a realidade do SUS é sair da zona de conforto e desconstruir ideias enraizadas na formação tradicional.
A vivência promove uma formação crítica, fortalece o compromisso ético com o cuidado e aproxima os futuros
profissionais da realidade social. Além disso, amplia o olhar de profissionais que ainda não conhecem ou não
atuam na Atenção Primária à Saúde (APS), favorecendo o reconhecimento de seu papel estratégico no cuidado em saúde.
OFICINA DE ATUALIZAÇÃO EM TERRITÓRIO E BUSCA ATIVA PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: A EXPERIÊNCIA DO DISTRITO SANITÁRIO II DO RECIFE - PE
Comunicação Oral
1 Prefeitura do Recife. Secretaria de Saúde. Distrito Sanitário II
2 Prefeitura do Recife. Secretaria de Saúde. Secretaria Executiva de Atenção Básica
3 IAM/Fiocruz Pernambuco
Período de Realização
Foram realizadas duas oficinas no mês de abril de 2024.
Objeto da experiência
O objeto da intervenção foi a qualificação do processo de trabalho do Agente Comunitário de Saúde - ACS e o processo de territorialização.
Objetivos
O objetivo da intervenção foi capacitar os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) acerca das suas atribuições e dos instrumentos para a coleta de informações que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural do território de abrangência.
Descrição da experiência
A oficina foi construída para 34 equipes, totalizando 170 ACS. Os conteúdos programáticos abordaram temáticas como territorialização, diagnóstico da situação de saúde, mapeamento e busca ativa de grupos de risco. A partir de pequenos grupos, materiais expositivos, metodologias ativas e estudos de casos baseados em contextos reais foi possível auxiliá-los no desenvolvimento de competências e habilidades diversas. A oficina contou com alta adesão dos ACS e recebeu muitos elogios dos profissionais.
Resultados
O público alvo foram os ACS lotados nas unidades que já tinham passado pelo processo de Expansão da Atenção Básica no Distrito Sanitário II. Os conteúdos programáticos abordaram temáticas como territorialização, diagnóstico da situação de saúde, mapeamento e busca ativa de grupos de risco. Foram utilizados materiais expositivos para a explanação de conceitos básicos e estudos de casos, que possibilitou trazer o participante para o centro da discussão.
Aprendizado e análise crítica
A realização de oficinas ressalta a importância da formação contínua para os ACS. O objetivo foi promover um momento abordando conteúdos relevantes para o cotidiano dos profissionais com metodologias ativas, promovendo um ambiente dinâmico e envolvente. A oficina também fortaleceu o vínculo entre os profissionais e a gestão e a participação ativa demonstrou o interesse e a relevância das temáticas abordadas, refletindo em um processo de trabalho crítico e reflexivo.
Conclusões e/ou Recomendações
No contexto da Expansão da Atenção Básica no Recife, uma das etapas é a nova territorialização das unidades de saúde, acompanhada de um novo processo de trabalho e o resgate da importância da busca ativa dos usuários. A educação permanente dos ACS é fundamental para a qualidade do atendimento e a eficácia das ações de saúde na comunidade. Esse processo também contribui para a construção de um sistema de saúde mais integrado e eficiente.
PROGRAMA ESCOLA DA FAMÍLIA: A EXPERIÊNCIA DE ALUNAS DA MEDICINA DA UFF NA UNIDADE DE MÉDICO DE FAMÍLIA DO ENGENHO DO MATO, NITERÓI/RJ
Comunicação Oral
1 UFF
2 Fesaúde
Período de Realização
Realizado no primeiro semestre de 2025, nos meses de maio a julho, às terças-feiras de manhã.
Objeto da experiência
Educação em saúde para trabalhar a relação e atividades parentais de pais e mães durante a gestação e nos primeiros mil dias de vida da criança.
Objetivos
Apresentar o trabalho realizado no projeto voltado para intervenções parentais, com base no afeto e sem uso da violência, buscando o desenvolvimento materno-infantil seguro. Foco na comunicação com os usuários, fortalecendo a compreensão do trabalho desenvolvido na Atenção Primária à Saúde (APS).
Descrição da experiência
Participaram do projeto 11 gestantes, 8 acadêmicas (7 alunas e 1 docente), 3 profissionais da unidade (coordenador, enfermeira e médica) e 2 convidadas para tratar dos temas violência doméstica e sexualidade na gestação. Foram abordados, também, o direito da gestante, puerpério e primeiros socorros, aleitamento materno, preparo para o parto e saúde bucal e alimentação. A metodologia foi expositiva-dialógica, promovendo trocas a partir das experiências e dúvidas das gestantes.
Resultados
Os encontros permitiram que as alunas se integrassem às atividades desenvolvidas na APS e compreendessem sua potência para a continuidade do cuidado e construção de vínculos. A troca de experiências favoreceu a formação de uma rede de apoio, fortalecendo o vínculo com e entre as gestantes e criando um espaço de escuta e acolhimento. As estudantes apoiaram no cadastramento das gestantes, na construção de dinâmicas de grupo, sanando dúvidas e na apresentação do tema ‘preparação para o parto’.
Aprendizado e análise crítica
A construção de um vínculo potente foi essencial para o aprendizado, pois, com o avanço dos encontros, as trocas tornaram-se mais leves e profundas. A valorização dos saberes das gestantes enriqueceu o processo coletivo, trazendo experiências que ampliaram o conteúdo abordado, além do planejamento inicial. Apesar do incentivo financeiro dado pelo município às gestantes participantes, houve dificuldade na adesão e constância, evidenciando desafios na mobilização e manutenção do grupo.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência marcou o primeiro contato das acadêmicas com a APS, possibilitando aplicar na prática os conhecimentos adquiridos na formação. A vivência reforçou a importância da integração teórico-prática e mostrou que a atuação das estudantes pode contribuir de forma significativa para as ações da unidade, fortalecendo o trabalho em equipe e a comunicação com os usuários.

Realização: