Programa - Comunicação Oral - CO5.12 - Desafios para o cuidado integral na APS

Período de Realização
JANEIRO A JULHO DE 2024

Objeto da experiência
Nosso objeto de experiência é a reestruturação do projeto terapêutico nos grupos voltados ao tratamento do tabagismo

Objetivos
Articular e implantar atividades inovadoras nos grupos operativos de tratamento do tabagismo visando o acesso dos pacientes com resolutividade e manutenção da decisão de parar de fumar, com consultas e suporte individualizado. Em oferta de capacitação e sensibilização dos profissionais de saúde.

Descrição da experiência
Levantamento de dificuldades e potencialidades da operacionalização de grupos para tratamento do tabagismo com base no Protocolo do Instituto Nacional de Câncer pela equipe de Serviço Social. Capacitações e sensibilização para engajamento da equipe de saúde, indicação pela liderança de profissionais com perfil. Elaboração do Projeto Piloto, com implantação de quatro polos setoriais abrangendo as 33 equipes de Estratégia Saúde da Família.

Resultados
Foram articulados quatro polos, sendo cada um composto de 5 a 10 unidades de saúde, num total de 50 pacientes acolhidos por grupo, com profissionais inscritos por aptidão e adesão a causa para participar como facilitador dos temas relacionados ao tratamento do tabagismo, organizados em 12 encontros, sendo 04 encontros semanais, 08 quinzenais, no período noturno com entrega de material educativo e medicações relacionadas ao tratamento em questão.

Aprendizado e análise crítica
Percebe-se que a metodologia desenvolvida possui potencial de replicação, ao demonstrar efetividade na superação de fragilidades previamente identificadas. Entre os principais avanços destaca-se a resolução da insatisfação de profissionais no que se refere ao perfil e disponibilidade. A operacionalização de grupos em polos otimiza recursos, estimula o engajamento das equipes regionais e facilita o monitoramento dos resultados, contribuindo para a efetividade e a sustentabilidade da proposta.

Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a metodologia do tratamento do tabagismo em polos foi uma experiência exitosa para a viabilização de serviço ao usuário e aos profissionais com melhor gestão dos resultados alcançados ao final do ciclo. Além disso, profissionais reconheceram-se como protagonistas e agentes de mudança na ressignificação dos hábitos dos seus pacientes ao final do tratamento ao serem constantemente capacitados e engajados sobre a relevância do projeto

Apresentação/Introdução
A hanseníase é uma doença determinada socialmente que exige diagnóstico oportuno na Atenção Primária à Saúde (APS) para prevenir incapacidades físicas. Nesse sentido, a alta cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) é vista como pilar para este controle, contudo, a persistência de diagnósticos tardios em cenários de ampla cobertura levanta questões sobre a efetividade do cuidado ofertado.

Objetivos
Analisar a correlação entre a cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) e a proporção de casos novos de hanseníase com Grau 2 de Incapacidade Física (GIF2) no momento do diagnóstico nos municípios do Piauí.

Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico, realizado com dados secundários de acesso público dos 224 municípios do Piauí. Foram utilizados os indicadores de hanseníase (casos totais e com GIF2 no diagnóstico) do período de 2013 a 2022, obtidos do SINAN/DATASUS. A cobertura da ESF (referente a 2022) foi coletada do e-Gestor AB. A variável de desfecho foi a proporção de casos com GIF2 no diagnóstico e a análise estatística foi realizada no software SPSS, versão 25.0, utilizando a correlação de Spearman para testar a associação entre as variáveis.

Resultados
Identificou-se elevada proporção de diagnóstico tardio de hanseníase, com média de 6,26% (DP=8,7) de casos classificados com GIF2. A distribuição apresentou forte assimetria positiva, com quartil superior (25% dos municípios) excedendo 8,69% de GIF2 e com valor máximo de 50% em um dos municípios. Apesar da homogênea e elevada cobertura da ESF (98,7%) no estado, não houve correlação significativa entre cobertura e redução do GIF2 (rho=0,022; p=0,749). Evidencia-se que a universalização da cobertura não garante, por si só, a detecção precoce, indicando possíveis barreiras na acessibilidade efetiva aos serviços, sensibilização profissional para diagnóstico e integração entre APS e vigilância.

Conclusões/Considerações
Os achados tensionam o paradigma de que a cobertura universal no SUS garante equidade. A dissociação entre a alta cobertura da ESF e a baixa redução do GIF2 problematiza modelos avaliativos focados nos indicadores de acesso, em detrimento da qualidade. Urge, portanto, avançar para novas métricas que capturem a efetividade clínico-epidemiológica, educação permanente crítica e abordagens interseccionais que considerem as iniquidades estruturais.

Período de Realização
A experiência foi realizada entre novembro de 2023 e novembro de 2024

Objeto da experiência
Implantação da inserção do Dispositivo Intrauterino (DIU) na UBS Combu

Objetivos
Relatar a experiência da implantação ao método de anticoncepção pelo dispositivo intrauterino de cobre modelo T Cu 380 A para mulheres em idade fértil em uma comunidade ribeirinha no município de Belém do Pará.

Descrição da experiência
Houve a criação do protocolo municipal para implantação do DIU de Cobre. Em seguida, processo de formação dos profissionais para a oferta e inserção do DIU por meio do curso em contracepção realizado de forma teórica e prática. Houve a reorganização da UBS, equipamentos e kit de instrumentais. Também realizaram-se atividades educativas e diálogo com a comunidade para sensibilização e familiarização da população quanto ao procedimento e sua relevância e por fim iniciou-se o serviço na unidade.


Resultados
No período de um ano foram realizados 53 implantações de DIU no território das ilhas, realizadas pela unidade de saúde do Combú, o que gerou impacto significativo na vida das famílias ribeirinhas e consequente efetividade no planejamento familiar, reduzindo possíveis complicações maternas e neonatais na população de abrangência da unidade.

Aprendizado e análise crítica
A implantação de Dispositivos Intrauterinos na UBS Combu auxilia as mulheres da população de abrangência a ter maior controle de sua saúde sexual e reprodutiva. Além disso, por tratar-se de um método contraceptivo de longo prazo, reduz a necessidade de deslocamentos frequentes em busca de outros contraceptivos de curto prazo, deslocamento este que pode ser dificultado em uma realidade ribeirinha

Conclusões e/ou Recomendações
A inclusão do procedimento de inserção de DIU na unidade ribeirinha foi uma escolha eficaz para a anticoncepção a nível de atenção básica, entendendo que se trata de uma tecnologia anticoncepcional de longa duração, até 10 anos, com alto potencial de eficácia e praticidade. A importância de levar este serviço a região de ilhas é inestimável, representa levar o SUS para perto de comunidades que historicamente possuem dificuldades de acesso à saúde.

Período de Realização
O período de realização do protocolo foi do dia 11/03/2025 até o dia 30/05/2025.


Objeto da produção
Padronizar o atendimento de DTM/DOF na APS, promovendo cuidado integral, interdisciplinar e baseado em evidências no SUS.


Objetivos
Oferecer um fluxo de atendimento clínico padronizado para diagnóstico, tratamento e acompanhamento da DTM no contexto do SUS, com foco no alívio dos sintomas, prevenção de complicações e promoção da saúde.


Descrição da produção
Foi identificada uma demanda local por atendimento em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. A partir disso, constituiu-se um grupo técnico interdisciplinar, com participação de fisioterapeutas, cirurgiões-dentistas e enfermeiros. Realizou-se, então, a construção do protocolo com base em evidências científicas atuais, incluindo diretrizes clínicas, revisões sistemáticas e consensos nacionais e internacionais.


Resultados
A elaboração do protocolo organizou o processo de trabalho e definiu um fluxo clínico padronizado para triagem, diagnóstico e manejo da DTM. A construção foi multiprofissional, com integração entre odontologia, fisioterapia e enfermagem. Espera-se que sua implementação qualifique a Atenção Primária à Saúde, aumente a resolutividade dos atendimentos e contribua para a melhoria da qualidade de vida dos usuários.


Análise crítica e impactos da produção
A produção do protocolo enfrentou desafios como a escassez de referências nacionais, necessidade de integração entre áreas e limitações de recursos. No entanto, representa um avanço na construção de práticas interdisciplinares e tem potencial para qualificar o cuidado na APS, ampliar o acesso a tratamentos adequados e tem a intenção de preencher uma lacuna referente às Disfunções Temporomandibulares.


Considerações finais
A implantação do protocolo na Atenção Básica visa qualificar o cuidado integral em DTM/Dor Orofacial, incorporando práticas integrativas e complementares à saúde pública. A iniciativa representa um avanço na formulação de políticas de saúde bucal no município de Botuverá, com potencial para melhorar a qualidade de vida da população e fortalecer a atenção humanizada no SUS.

Período de Realização
Ano letivo de 2024

Objeto da experiência
Experiência de tabagistas em tratamento humanizado e gratuito com apoio medicamentoso e terapia cognitivo comportamental.

Objetivos
Ofertar ao tabagista acesso a um tratamento humanizado, gratuito e eficaz, por meio de terapia cognitivo comportamental e medicamentosa, visando à cessação do tabagismo, ao manejo da abstinência e à prevenção de recaídas durante o processo de abandono do cigarro.

Metodologia
Vivência de grupos de tratamento do tabagismo na APS, com atuação multiprofissional coordenada pelo Serviço Social. Realizados encontros com apoio humanizado, acompanhamento longitudinal, terapia cognitivo comportamental e medicamentosa, conforme indicações de temas e material didático preconizados pelo Instituto Nacional de Câncer, promovendo cessação do tabagismo, melhora da autoestima e da qualidade de vida dos participantes.


Resultados
Em 2023, 225 tabagistas concluíram o tratamento, com 20% de cessação (45 pacientes). Em 2024, dos 419 que iniciaram, 194 finalizaram, com 60% de cessação (116 pacientes) e 32% relataram redução do consumo. Os dados evidenciam avanços significativos na adesão e na eficácia do tratamento.



Análise Crítica
A experiência evidenciou que a atuação integrada da equipe multiprofissional, com abordagem humanizada e contínua, é essencial para o êxito no tratamento. Observou-se a importância do vínculo com o paciente, da escuta qualificada e da oferta de suporte efetivo. A análise crítica aponta a necessidade de ampliar o acesso, fortalecer o acompanhamento e investir na capacitação contínua das equipes.



Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se manter e expandir o modelo de polos, pois otimizou recursos, engajou equipes e elevou indicadores de cessação. A capacitação contínua reforçou o papel protagonista dos profissionais, gerando cuidado integral, melhora da qualidade de vida dos usuários e gestão eficaz dos resultados.

Apresentação/Introdução
A Atenção Primária à Saúde (APS) tem um papel fundamental na implementação dos Cuidados Paliativos (CP) no Sistema Único de Saúde, pois constitui a porta de entrada do paciente no sistema e fundamenta-se nos princípios de cuidado longitudinal, integral e coordenado, permitindo um acompanhamento próximo ao paciente e sua família.

Objetivos
Analisar os desafios e perspectivas para a implementação efetiva dos Cuidados Paliativos na Atenção Primária à Saúde.

Metodologia
Revisão de escopo da literatura, com caráter exploratório e descritivo. A pesquisa realizada em fevereiro de 2025, utilizando as bases de dados LILACS/BVS e CAPES. Através dos operadores booleanos AND e OR foram combinados os termos da seguinte forma: "Cuidados Paliativos" AND "Atenção Primária à Saúde" OR "Estratégia Saúde da Família" AND "Desafios" OR "Dificuldades" OR "Problemas", resultando em 58 arquivos. Como critério de inclusão, foram selecionados artigos publicados entre 2020 e 2025, em língua portuguesa, disponíveis na íntegra, alinhados ao objetivo deste trabalho. Após a aplicação dos critérios e a remoção de duplicatas, nove artigos foram selecionados para esta revisão.

Resultados
Os artigos apontam desafios para a implementação dos CP na APS, como o desconhecimento da população, a falta de capacitação profissional, a dificuldade na identificação de pacientes elegíveis, o uso limitado de escalas funcionais, barreiras na comunicação com pacientes e familiares, restrições na assistência espiritual, no suporte ao luto, no apoio psicológico à equipe e o acesso limitado a opioides fortes. A escassez de contrarreferência, a sobrecarga e desvalorização dos médicos de família, a infraestrutura precária e a pouca articulação com a equipe multidisciplinar são apontadas como causas do comprometimento da oferta de cuidados continuados e integrais.

Conclusões/Considerações
Cuidados paliativos na APS ainda está longe de garantir um cuidado contínuo e integral. Os desafios elencados refletem a necessidade de investir na formação continuada dos profissionais de saúde, no fortalecimento da contrarreferência e da gestão em saúde com o propósito de superar os desafios identificados e garantir paliação acessível, humanizado e eficiente na APS.