
Programa - Comunicação Oral - CO5.9 - CUIDADO MULTIPROFISSIONAL NA APS
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
CONSTRUINDO CAMINHOS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL NO TERRITÓRIO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral
1 UESB
Período de Realização
Encontros semanais entre os meses de maio e junho de 2025.
Objeto da experiência
Promover saúde mental junto à população adscrita ao território de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família no interior da Bahia.
Objetivos
Relatar vivência de ações integradas e interdisciplinares de promoção da saúde mental junto à comunidade realizadas durante o estágio supervisionado de fisioterapia de uma universidade pública no interior da Bahia.
Descrição da experiência
Encontros semanais de 1h30min foram realizados em um salão paroquial no interior da Bahia, abertos à comunidade. Conduzidos por estagiários e preceptoras de fisioterapia, agente comunitário de saúde e psicólogo, incluíam três momentos: Acolhimento (roda, sinais vitais, práticas corporais), Reflexão (Terapia Comunitária Integrativa ou baralho das emoções da logoterapia) e Relaxamento (técnicas respiratórias, abraços coletivos e café partilhado).
Resultados
A interação comunitária foi efetiva, com predominância de mulheres negras de meia idade. Os encontros promoveram desabafos, fortalecimento emocional, rompimento de ciclos de violência e autoconhecimento. Como resultado, observou-se maior controle da ansiedade, melhor enfrentamento de dificuldades pessoais e familiares, além de mais independência nas atividades da vida diária.
Aprendizado e análise crítica
Pensar em território é reconhecer a interseccionalidade e seus atravessamentos. Diante disso, a experiência ampliou o olhar dos estagiários de Fisioterapia sobre a saúde, mostrando que é possível construir caminhos de cura, empatia e empoderamento, o que contribui diretamente para a promoção da saúde mental.
Conclusões e/ou Recomendações
A metodologia dos encontros gera ganhos à comunidade, sendo importante pensar em seu fortalecimento e expansão para outras instituições de saúde. A inclusão de exercícios físicos aproximou os participantes, favorecendo o cuidado integral e contribuindo para a redução da autossabotagem diante da busca por apoio psicológico.
O TRABALHO DO PSICÓLOGO NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: CARTOGRAFANDO O PERFIL DAS DEMANDAS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO TERRITÓRIO
Comunicação Oral
1 Prefeitura Municipal de Campinas e Faculdade São Leopoldo Mandic Araras
Período de Realização
Esta experiência ocorreu entre os anos de 2024 a 2025.
Objeto da experiência
Considerando as mudanças no campo da Atenção Psicossocial, é pertinente compreender como esse trabalho vem sendo desenvolvido na Atenção Primária à Saúde.
Objetivos
Este trabalho se pauta em uma experiência profissional e tem como objetivo principal levantar dados e refletir criticamente sobre as demandas por atendimentos de psicologia apresentadas no espaço da equipe multiprofissional de uma unidade básica de saúde.
Descrição da experiência
Foram levantados os casos atendidos de forma individual, familiar, em grupo, em visita domiciliar e de forma compartilhada com outros profissionais da Unidade Básica de Saúde e da rede intersetorial. Utilizou-se a análise de conteúdo como método de análise dos dados.
Resultados
O resultado apontou que foram atendidos 153 casos que apresentaram distintos problemas psicossociais. Os dados foram agrupados em 5 eixos: violência estrutural e os problemas em saúde, os processos de produção de saúde-doença e o sofrimento psíquico, social e funcional; o acolhimento e a escuta ativa como recurso para a clínica ampliada; as atividades grupais como potência de vida e constituição de redes de suporte e o trabalho multidisciplinar e intersetorial e a integralidade do cuidado.
Aprendizado e análise crítica
Essa experiência indicou que as múltiplas demandas de saúde mental têm ampliado as dimensões da APS, tensionando o paradigma biológico e fazendo operar no cotidiano dos serviços o princípio da integralidade. Contudo, nota-se que esse trabalho se encontra muito organizado a partir de atendimentos individuais, valorizando-se pouco as práticas grupais e comunitárias. Além disso, a variedade de problemas exige formação continuada para que se possam atuar de forma qualificada na produção de cuidado.
Conclusões e/ou Recomendações
Concluiu-se que a Psicologia na Atenção Primária à Saúde tem contribuído para aprimorar a produção de cuidado centrado nas necessidades dos usuários e usuárias no território, sendo necessários estudos adicionais para analisar a sistematização dessas práticas. Seria pertinente elucidar como a atuação do psicólogo vem sendo avaliada pelas equipes e distribuída entre os diferentes eixos que vão desde a prevenção até o tratamento e a reabilitação.
O APOIO MATRICIAL COMO UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA DA ATENÇÃO NA APS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral
1 UFF
2 ENSP/FIOCRUZ
3 SMS-RIO
4 UERJ
5 UFRJ
Período de Realização
A experiência aconteceu de junho de 2023 a junho de 2024.
Objeto da experiência
A implementação de uma estratégia de apoio matricial em uma Unidade de Saúde da Família na Zona Norte do Município do Rio de Janeiro.
Objetivos
Relatar a experiência de uma equipe multiprofissional de residentes em Saúde da Família no processo de implementação de práticas de apoio matricial em uma Unidade de Saúde da Família do município do Rio de Janeiro.
Descrição da experiência
Uma equipe composta por seis residentes multiprofissionais em Saúde da Família, atuando em um cenário de prática junto a uma equipe multiprofissional da atenção primária (eMulti) recém-contratada, no entanto, com prática ambulatorial, implementou — com o apoio da tutora de campo — uma estratégia de apoio matricial, baseada em reuniões de matriciamento com discussão de casos com as equipes de Saúde da Família (eSF) e alinhamento de condutas com a eMulti, visando à qualificação do cuidado.
Resultados
Para implementar a estratégia de apoio matricial, foi necessária mudança no fluxo de trabalho na unidade de saúde. O modelo assistencial vigente, centrado na lógica ambulatorial e identificado pelas residentes por meio de diagnóstico situacional, não atendia ao princípio da integralidade da APS. Diante disso, as residentes passaram a integrar reuniões das eSF, promovendo discussão de casos, cuidado compartilhado e ações de educação permanente, como componente técnico-pedagógico do apoio matricial.
Aprendizado e análise crítica
A APS carioca é marcada por forças políticas e vínculos frágeis, pois os profissionais são contratados por Organizações Sociais de Saúde (OSS). Isso pode levá-los a priorizar velocidade de atendimentos/números em vez da promoção de saúde com profundidade, garantindo produtividade. Sendo assim, há uma pressão externa que também merece cômputo acerca dos graus de liberdade de atuação. A posição da residência é privilegiada ter a dupla posição estudo-trabalho, além de estabilidade no período.
Conclusões e/ou Recomendações
A APS envolve a participação de distintos atores na construção do cuidado. Em um mesmo ambiente há uma série de forças políticas, da ordem do costume e das trajetórias de vida que delineiam como a assistência se organiza. Para garantir fluidez e alinhamento, é essencial estabelecer um fluxograma de atividades. Contudo, seu sucesso depende da participação de todos os envolvidos, considerando as realidades locais e subjetividades dos sujeitos.
PROPOSTA DE CUIDADO INTERDISCIPLINAR À POPULAÇÃO COM TEA NA SAÚDE SUPLEMENTAR, NO MODELO DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.
Comunicação Oral
1 CASSI
Período de Realização
09.06.2024 a 05.06.2025
Objeto da experiência
Criação de um protocolo para nortear a prática dos profissionais de saúde atuantes na APS da saúde suplementar.
Objetivos
Orientar profissionais de saúde para acolhimento e coordenação de cuidado da população com TEA; organizar fluxo de encaminhamento para a rede credenciada; identificar desafios da assistência para construção de intervenções efetivas no cuidado; elaborar norteadores para o cuidado presencial e remoto.
Descrição da experiência
A elaboração do Protocolo, surgiu da necessidade de acolher e possibilitar o cuidado da população na saúde suplementar, que funciona nos moldes da Atenção Primária à Saúde. Foi criado por uma equipe multidisciplinar, pensando na coordenação do cuidado, com foco em aumentar a vinculação com o serviço. Para a construção dessa coordenação foi elaborada uma planilha, contendo os pacientes em tratamento na rede credenciada e a partir dessa identificação, realizar acompanhamento.
Resultados
O protocolo fomentou a prática regulatória de acompanhamento dos prestadores, organização e qualificação da rede credenciada (diminuição de liminares), capacitação dos profissionais da equipe APS em TEA, e um esforço contínuo de estímulo à vinculação e aproximação desta população, com encaminhamentos mais resolutivos e conhecimento da população com TEA e suas famílias, através do fortalecimento da atuação interdisciplinar.
Aprendizado e análise crítica
De forma geral, os usuários do serviço são acompanhados na rede credenciada por especialistas, através das terapias seriadas, contudo, com a criação deste protocolo, foi possível reforçar para os profissionais envolvidos que a APS, ainda que na saúde suplementar, desempenha um papel importante na coordenação do cuidado, garantindo um acompanhamento qualificado, através do vínculo com a população-alvo e sua família.
Conclusões e/ou Recomendações
A criação do protocolo e seus desdobramentos têm o potencial de aumentar o escopo de conhecimento do itinerário do usuário na APS e evidenciar seu caráter resolutivo e transversalizador para a prática do cuidado. Além disso, pode promover ampliação da integração das equipes com a rede credenciada, acolhimento robusto, otimização dos encaminhamentos para a rede credenciada e redução de custos ao Sistemas de saúde.
ATUAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: ANÁLISE DE UM SURVEY COM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO BRASIL.
Comunicação Oral
1 EPSM-ObservaRH/NESCON/FM/UFMG
2 DMPS/UFMG
3 EPSM-ObservaRH/NESCON/FM/UFMG; PUC Minas
Apresentação/Introdução
As Equipes Multiprofissionais da APS (eMulti) têm papel central na ampliação do cuidado integral no SUS. Contudo, persistem desafios como indefinição e barreiras para as práticas, e fragilidade das condições de trabalho, impactando a integração e a efetividade das eMulti. Este estudo fornece evidências sobre o trabalho multiprofissional na APS a partir da perspectiva dos próprios profissionais.
Objetivos
Mapear escopos de prática, atribuições, competências e barreiras enfrentadas por profissionais da APS, com ênfase nas eMulti, a fim de subsidiar políticas de fortalecimento da atuação multiprofissional.
Metodologia
Estudo exploratório, transversal, com dados coletados entre dez/2024 e fev/2025, via questionário eletrônico autoaplicável,enviado por via eletrônica com profissionais das 12 categorias das eMultis. O questionário abordou perfil sociodemográfico, formação, escopo de prática (a partir de uma lista de atividades/procedimentos), barreiras para não realização, recursos disponíveis e inserção e trabalho na eMulti. As 12 categorias das eMulti foram contempladas. A amostra foi obtida por adesão voluntária via redes institucionais e mailing. Os dados foram analisados por estatísticas descritivas e cruzamentos simples.
Resultados
Participaram 3.805 profissionais, maioria mulheres (80,7%), entre 30 e 49 anos. Assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas foram as categorias mais representadas. Predomínio de vínculos estatutários (40,2%) e temporários (35,6%). Cerca de 85% atuam em eMulti, principalmetne em equipes Ampliadas e Estratégicas. A maioria deixou de realizar ao menos 1/3 das atividades previstas. Observou-se ênfase em atendimentos individuais, em detrimento de ações coletivas e de gestão. Sobrecarga (62,1%), indefinição de funções e realização de tarefas de outras categorias foram relatadas. Barreiras incluem infraestrutura inadequada e baixa integração com outros pontos da rede.
Conclusões/Considerações
O estudo revela potencialidades e desafios das eMulti na APS. Sobrecarga, indefinição de papéis e déficit de infraestrutura são obstáculos recorrentes. É necessário investir na valorização da força de trabalho, qualificação dos escopos de prática e melhoria das condições de trabalho, promovendo integração, práticas colaborativas e cuidado integral.
TRATAMENTO DIRETAMENTE OBSERVADO (TDO), O CUIDADO MULTIDISCIPLINAR EM SAÚDE E A RAPS: O RELATO DE UM CONSULTÓRIO NA RUA DE SALVADOR-BA
Comunicação Oral
1 UFBA
2 SMS-SALVADOR
Período de Realização
Outubro 2024 - Maio 2025
Objeto da experiência
Relato da experiência do Consultório na Rua (CnR) do Pelourinho na realização do Tratamento Diretamente Observado (TDO) junto à população em situação de rua.
Objetivos
Relatar a experiência multiprofissional no TDO realizado pela equipe do Consultório na Rua do Pelourinho, destacando êxitos, dificuldades e lacunas no cuidado, contribuindo para a reflexão sobre o papel da Atenção Primária e das Vigilâncias no enfrentamento da Tuberculose em populações vulneráveis.
Metodologia
A eCR realiza o TDO com pacientes em situação de rua diagnosticados com Tuberculose. Em 2024, construiu-se uma planilha para monitorar as doses ofertadas e as tomadas, que é revisada nas reuniões de equipe, onde se discute estratégias para ampliar a adesão. O acompanhamento inclui busca ativa, registro das doses e articulação com a rede. Dificuldades como recusas, mobilidade da PSR, difícil acesso e abandonos frequentes desafiaram o cuidado contínuo.
Resultados
A experiência revelou o potencial da prática multiprofissional do CnR e o cuidado compartilhado com o CAPS e o Ponto de Cidadania, para viabilizar o TDO, fortalecendo vínculos e adesão. As reuniões regulares com revisão da planilha permitiram ajustes nas estratégias e identificação de riscos de abandono. Porém, a alta rotatividade e a vulnerabilidade social seguem desafiando a continuidade. A articulação com a vigilância e a rede assistencial foi fundamental, mas ainda demanda maior integração.
Análise Crítica
A experiência reforçou a importância de considerar os determinantes sociais da saúde e o direito à autonomia no cuidado. As vulnerabilidades que atravessam a população em situação de rua, como a insegurança alimentar e violência, impactam diretamente a adesão ao tratamento, receptividade à equipe e itinerância. A prática cotidiana exigiu da equipe habilidades para negociar o cuidado, respeitando o usuário, e destacou a necessidade de articular com políticas públicas de assistência social.
Conclusões e/ou Recomendações
É fundamental integrar ações de saúde com políticas de assistência social e segurança alimentar para favorecer a adesão ao TDO. A itinerância da população impõe barreiras que exigem estratégias intersetoriais mais robustas, como abrigos com apoio alimentar e acolhimento digno. Recomenda-se fortalecer a articulação entre saúde, assistência e vigilância, respeitando a autonomia do usuário em seu processo de cuidado.

Realização: