
Programa - Comunicação Oral - CO2.7 - Condições de nutrição e práticas alimentares e de cuidado comunitárias e de povos e comunidades tradicionais
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE UMA COMUNIDADE VENEZUELANA MIGRANTE, DA ETNIA INDÍGENA WARAO, EM FEIRA DE SANTANA, BAHIA.
Comunicação Oral
1 Núcleo Regional de Saúde Centro Leste - SESAB
Período de Realização
A avaliação do Estado Nutricional (EN) das crianças ocorreu no período de abril a maio de 2024.
Objeto da experiência
Investigação, pelo Núcleo Regional de Saúde Centro Leste (NRS-CL), do EN de crianças Indígenas Waraos, no município de Feira de Santana , Bahia.
Objetivos
Coletar dados e analisar indicadores antropométricos, para classificar e avaliar o Estado Nutricional e conhecer a situação de saúde das crianças de uma comunidade Venezuela indígena Warao migrante no município de Feira de Santana, Bahia.
Descrição da experiência
A coleta de dados foi realizada pelas equipes de atenção básica e vigilância epidemiológica do NRS-CL, com aferição de peso e altura de todas as crianças da comunidade, entre 0 e 10 anos (05 crianças de 0 a 24 meses; 12 crianças de 24 a 60 meses e 07 crianças de 05 a 10 anos, totalizando 24 crianças). Os equipamentos utilizados foram: estadiômetro;infantômetro e balança portátil e os indicadores avaliados: Peso/Idade (P/I); Estatura/Idade (E/I); Índice de Massa Corporal/ idade (IMC/Idade).
Resultados
No indicador P/I, das 24 crianças avaliadas: 21 apresentaram P/I adequado, sendo que 12 se encontravam na faixa de vigilância nutricional e 03 crianças apresentaram baixo P/I. Quanto à E/I: 22 crianças apresentaram adequação da E/I; 01 criança apresentou muito baixa E/I e 01criança recusou a aferição da estatura. No indicador IMC/idade 16 crianças tiveram diagnóstico de eutrofia sendo que dessas, 09 na faixa de vigilância nutricional; 04 apresentaram magreza e 04 apresentaram magreza acentuada.
Aprendizado e análise crítica
O EN das crianças denota dificuldades da comunidade Warao no acesso à alimentação, durante a migração e no estabelecimento da comunidade no município, indicando a necessidade de efetivação de políticas públicas para garantir a Segurança Alimentar e Nutricional da comunidade, assim como a falta da assistência efetiva da saúde e acompanhamento regular da atenção básica e da assistência social localmente, por desconhecerem a cultura Warao, acabaram impactando no estado de saúde geral da comunidade.
Conclusões e/ou Recomendações
Segundo o IMC/Idade, das 24 crianças avaliadas, 09 apresentaram eutrofia na faixa de vigilância nutricional e 08 apresentaram quadro de magreza ou magreza acentuada, revelando um quadro de vulnerabilidade e insegurança alimentar e nutricional na comunidade assistida, fazendo-se necessária a articulação intersetorial para um melhor acolhimento e resolutividade dos problemas de saúde, além da garantia efetiva de direitos sociais desta população.
DINÂMICAS ALIMENTARES DE ESTUDANTES INDÍGENAS UNIVERSITÁRIOS: ENTRE A TRADIÇÃO, A CIDADE E O SABER ACADÊMICO
Comunicação Oral
1 PROFSAÚDE/UFRR
2 PROFSAÚDE/UFRR/UFDPar
3 PRONAT/UFRR
4 CCS/UFRR
5 INSIKIRAN/UFRR
Apresentação/Introdução
As práticas alimentares de estudantes indígenas universitários revelam tensões e sínteses entre tradição cultural, vida urbana e influência acadêmica. Esta pesquisa analisa as representações sociais sobre alimentação entre discentes do Instituto Insikiran da UFRR, destacando como os saberes ancestrais e os hábitos modernos se entrelaçam na rotina alimentar.
Objetivos
Compreender como estudantes indígenas (re)constroem suas práticas e hábitos alimentares a partir das influências interculturais vivenciadas no espaço universitário.
Metodologia
Trata-se de estudo qualitativo, descritivo e exploratório, aprovado pelo CEP/CONEP (CAAE: 55309321.6.0000.5302), com 22 estudantes indígenas dos cursos do Instituto Insikiran/UFRR. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, analisadas por meio do software IRaMuTeQ e da análise de conteúdo de Bardin. As análises lexicográfica, de similitude e de nuvem de palavras revelaram padrões de associação e frequência dos termos utilizados. As categorias temáticas emergiram de forma indutiva, revelando dimensões sobre percepção alimentar, disponibilidade e acesso aos alimentos, bem como distinções entre hábitos tradicionais e novos comportamentos alimentares.
Resultados
Os resultados evidenciam uma alimentação marcada pela coexistência de alimentos tradicionais, como peixe, farinha e frutas nativas, com produtos industrializados, como biscoitos e refrigerantes. As práticas alimentares mostram-se adaptativas e influenciadas pela formação acadêmica e pelo acesso urbano, mas preservam referências identitárias dos territórios de origem. Há consciência dos riscos à saúde associados à substituição da alimentação tradicional por alimentos ultraprocessados, especialmente no contexto das DCNT. A análise revela uma estratégia cultural de resistência, onde a alimentação atua como marcador identitário e resposta à modernidade.
Conclusões/Considerações
Os estudantes indígenas demonstram uma adaptação dinâmica, mesclando alimentos tradicionais e processados. A alimentação, nesse contexto, atua como estratégia de sobrevivência, resistência cultural e cuidado de si. A valorização dos saberes ancestrais convive com influências externas. É essencial que políticas públicas assegurem soberania alimentar, promovam saúde, respeitem os saberes e fortaleçam o bem viver frente aos desafios contemporâneos.
IMPLEMENTAÇÃO DE HORTA COMUNITÁRIA EM UNIDADES DE SAÚDE COMO ESTRATÉGIA DE AMPLIAÇÃO DO CUIDADO E PROMOÇÃO DA SAÚDE
Comunicação Oral
1 Missão Sal da Terra
Período de Realização
A experiência a ser relatada iniciou-se em abril de 2024 e está em vigência até o momento.
Objeto da experiência
Implementação de horta comunitária em unidades de saúde situadas em áreas de vulnerabilidade social.
Objetivos
A implementação de hortas comunitárias em unidades de saúde de áreas vulneráveis teve como objetivos reduzir o impacto da vulnerabilidade social e da insegurança alimentar, promover ações de promoção de saúde, prevenir agravos e fortalecer o vínculo entre equipe e usuários do sistema único de saúde.
Descrição da experiência
A implementação da horta comunitária ocorreu em duas unidades de saúde, e foi concretizada em etapas: autorização para montar a horta; preparação do solo; plantio das mudas; manutenção da horta; colheita e distribuição dos kits de hortaliças. Todas as etapas foram e são realizadas pela equipe de saúde (nutricionistas, profissionais de educação física e agentes comunitários de saúde). Contamos com o auxílio de voluntários e pacientes na preparação do solo, plantio de mudas e manutenção da horta.
Resultados
Até maio de 2025, foram distribuídos 315 kits aos pacientes das unidades de saúde, com variações de hortaliças colhidas nas hortas comunitárias. Além da entrega dos kits, a experiência gerou outros resultados, como maior adesão de alguns pacientes aos grupos de nutrição e práticas corporais, troca de saberes entre comunidade e profissionais, implantação de hortas domiciliares por iniciativa de alguns pacientes e doação de mudas por parte de alguns usuários para a manutenção da horta comunitária.
Aprendizado e análise crítica
Esta experiência é uma ação que vai de encontro com os objetivos e diretrizes da Política Nacional de Promoção da Saúde e Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Além de ser uma oportunidade de ampliar o cuidado e realizar promoção de saúde, também conseguimos realizar prevenção de agravos e incentivar implantação de hortas nos domicílios para facilitar o acesso a alimentos mais saudáveis. Conseguimos também promover um ambiente para socialização, educação nutricional e troca de saberes.
Conclusões e/ou Recomendações
A implementação de hortas comunitárias em unidades de saúde é uma estratégia eficaz para fortalecer ações de promoção da saúde, reduzir o impacto da vulnerabilidade social e insegurança alimentar e nutricional e aumentar o vínculo entre equipe de saúde e comunidade. Os resultados obtidos indicam potencial de replicação em outras unidades, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade, como parte das práticas ampliadas de cuidado no SUS.
PERCEPÇÕES DE GESTORES SOBRE A FORMULAÇÃO, OS DESAFIOS E SUSTENTABILIDADE DE UM PROGRAMA DE HORTAS COMUNITÁRIAS EM UM MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral
1 FioCruz, SMS
2 FioCruz
3 SMS
4 SMAC
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar e nutricional é expressão da desigualdade social e demanda ações nos territórios. A promoção da alimentação adequada e saudável requer estratégias intersetoriais e gestores públicos atentos a essas desigualdades. Nesse contexto, as hortas comunitárias emergem como iniciativas que articulam saúde, meio ambiente e inclusão social, promovendo o direito humano à alimentação.
Objetivos
Analisar a percepção de gestores públicos sobre a formulação, implementação e sustentabilidade do Programa Hortas Cariocas, como estratégia intersetorial de promoção da saúde e segurança alimentar em áreas vulnerabilizadas do Rio de Janeiro (RJ).
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com base em estudo de caso de um programa de hortas comunitárias, Hortas Cariocas. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com gestores da Secretaria Municipal do Ambiente e Clima do Rio de Janeiro, envolvidos na gestão e coordenação do programa. A seleção dos participantes considerou o vínculo institucional e o tempo de atuação. A análise dos dados foi guiada por categorias temáticas relacionadas à promoção da saúde, intersetorialidade, políticas públicas de segurança alimentar e gestão territorial, buscando compreender a percepção dos gestores sobre os sentidos e desafios da iniciativa.
Resultados
Os quatro gestores entrevistados destacaram o Programa Hortas Cariocas como estratégia potente para geração de trabalho e renda, fortalecimento de vínculos comunitários e promoção da saúde via produção e acesso a alimentos in natura. Ressaltaram, no entanto, desafios importantes: instabilidade institucional, ausência de indicadores de avaliação e dificuldades de integração com a Atenção Primária à Saúde (APS). A fragilidade do financiamento e a dependência de parcerias pontuais foram apontadas como entraves à sustentabilidade. Defenderam a ampliação do diálogo com a assistência social e maior participação comunitária como caminhos para consolidar o programa em territórios vulnerabilizados.
Conclusões/Considerações
A percepção dos gestores evidencia que o Programa Hortas Cariocas possui potencial estratégico como política pública de promoção da segurança alimentar, da saúde e da inclusão social. No entanto, sua sustentabilidade requer o fortalecimento da articulação intersetorial, a integração com a APS e a institucionalização de mecanismos estáveis de financiamento, avaliação contínua e participação comunitária.
PROGRAMA DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS DE BRAGANÇA: SABERES SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL.
Comunicação Oral
1 UFPA
2 SEMUSB
Período de Realização
Agosto de 2024.
Objeto da experiência
Dialogar com as parteiras tradicionais de Bragança -Pará, sobre alimentação saudável a partir do “Projeto Cozinha Bragança”.
Objetivos
Promover o diálogo de saberes e práticas sobre alimentação saudável com as parteiras tradicionais de Bragança/PA.
Metodologia
Em um dos encontros mensais com as parteiras tradicionais foi realizado o Projeto Cozinha Bragança que teve como intuito a realização de uma oficina culinária, utilizando alimentos regionais como a farinha de mandioca, jambu, mariscos, couve, entre outros alimentos. O encontro teve duração de duas horas e meia e envolveu 17 parteiras e quatro profissionais da saúde.
Resultados
Foram elaboradas receitas em conjunto com as parteiras, elucidando os saberes tradicionais, em especial no período do pós-parto: mingau de jerimum, farofa bragantina, entre outras receitas que possibilitaram a troca entre profissionais e parteiras. Dialogando sobre a importância de uma alimentação saudável e adequada para recuperação da mulher de forma acessível utilizando alimentos regionais através de receitas partilhadas por meio da oralidade.
Análise Crítica
O encontro possibilitou momento de compartilhamento de saberes entre profissionais de saúde (enfermeiras e nutricionistas) e as parteiras tradicionais sobre as práticas alimentares voltadas para as puérperas de forma ativa e criativa, no preparo das receitas, dinamizando o encontro e colaborando com o processo de educação alimentar e nutricional.
Conclusões e/ou Recomendações
Desenvolver atividades que possibilitem a construção partilhada de um produto, como as preparações que foram feitas em conjunto com profissionais e parteiras tradicionais, é uma das formas de dialogar com os saberes, respeitando os conhecimentos de cada um dos envolvidos, e exercitando a prática da alimentação saudável e adequada dentro do contexto que estão inseridos, de acordo com o que o Guia alimentar (Brasil 2024) preconiza.
SITUAÇÃO DE (IN) SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DE UNIVERSITÁRIOS INDÍGENAS: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA A PERMANÊNCIA ESTUDANTIL
Comunicação Oral
1 Universidade Federal da Bahia
Apresentação/Introdução
A permanência universitária está diretamente relacionada à garantia de direitos básicos, como o Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequada (DHANA), o qual presume acesso regular e permanente a alimentos adequados. Estudantes indígenas, ao se deslocarem de suas comunidades para centros urbanos, enfrentam mudanças nos hábitos alimentares e podem vivenciar insegurança alimentar.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi analisar a situação de segurança alimentar e nutricional (SAN) de estudantes indígenas em uma universidade pública brasileira, considerando desafios e estratégias para a permanência estudantil.
Metodologia
Trata-se de um estudo de natureza exploratória e descritiva, no qual foi aplicado um questionário online contendo perguntas abertas e fechadas junto a sete estudantes indígenas aldeados da Universidade Federal da Bahia. O instrumento foi divulgado por meio das coordenações dos cursos, representações estudantis e via cartazes, em agosto de 2024. As respostas às questões abertas foram sistematizadas por meio da técnica de análise de conteúdo, enquanto as questões fechadas foram analisadas por meio de estatística descritiva. Participaram da pesquisa cinco mulheres e dois homens, com idades entre 22 e 30 anos, pertencentes às etnias Pankararu, Pataxó, Tupinambá de Abrantes e Tuxá.
Resultados
Todos os participantes ingressaram na universidade por meio da política de cotas e são assistidos com auxílios ou bolsas estudantis. Observou-se que 85% apresentaram algum nível de insegurança alimentar e nutricional (InSAN). Há evidências da importância do Restaurante Universitário na promoção da SAN e para a permanência universitária. Ainda assim, a maioria (71%) relatou piora na alimentação após o ingresso na universidade, seja na quantidade e/ou na qualidade dos alimentos, bem como dificuldades em manter tradições alimentares. Tais desafios se somam a experiências de discriminação, à distância da família e à sensação de “não pertencimento” ao ambiente universitário.
Conclusões/Considerações
Situações de InSAN muitas vezes vivenciadas nas comunidades indígenas parecem assumir novos contornos no ambiente universitário estudado. Apesar de insuficiente, o Restaurante Universitário revelou-se um recurso fundamental para a promoção da SAN dos estudantes. Novos estudos são necessários para avaliar e potencializar políticas de permanência estudantil, de modo a garantir o direito à alimentação adequada e saudável.

Realização: