Programa - Comunicação Oral - CO23.7 - Cuidar é Inovar: Novas Tecnologias e Práticas no SUS
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
DECISÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO EBSERH: O CASO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS DA BAHIA.
Comunicação Oral
OLIVEIRA, S.S.O1, PINTO, I. C.M2, SOUZA, K, A. O1
1 UEFS
2 ISC/UFBA
Apresentação/Introdução
A pesquisa aborda a gestão hospitalar como temática importante na análise de políticas públicas de saúde e objeto de constante preocupação por parte dos gestores. A delimitação relacionada aos hospitais universitários (HU) foi o enfoque da análise do presente estudo.
Objetivos
Analisar o processo de formulação e implementação do modelo EBSERH nos hospitais Universitários da UFBA. identificar os marcos jurídicos e normativos para (cenários, atores, processo decisório e alternativas políticas).
Metodologia
Utilizou-se o referencial do Ciclo da Política Pública. Para a produção das informações, fontes secundárias através da análise documental e fontes primárias, perfazendo um total de 85 entrevistas com gestores e trabalhadores dos HU. Toma-se o Ciclo da Política Pública como referencial teórico. A escolha dos participantes teve como finalidade confrontar as diferentes ideias, diante das relações singulares do fenômeno estudado, a originalidade criadora das relações de trabalho, as contradições existentes, bem como as diversidades existentes para dar conta da totalidade do conhecimento investigado.
Resultados
A aprovação da EBSERH na UFBA foi resultante de inúmeras tensões decorrentes de distintas posições de atores envolvidos nas arenas de decisão. Os diferentes atores participaram do processo motivados por interesses, ideologias e objetivos diversificados. Os conflitos permearam todo o processo, desde a proposta da política, o anúncio, a aprovação da lei num contexto de incertezas e insatisfação dos trabalhadores com acirramento nas relações de trabalho e das desigualdades entre os trabalhadores de diferentes vínculos jurídicos e condições salariais. O novo modelo de gestão nos HU aproxima-se da proposta do Novo Gerencialismo Público e foco numa nova performance do serviço público.
Conclusões/Considerações
A EBSERH na UFBA se deu num contexto de incertezas, para a gestão das unidades hospitalares e falta de acompanhamento mais efetivo. Não foi possível pontuar se com o advento da EBSERH houve interferência direta da gestão da empresa na autonomia universitária. Importante aprofundar as análises sobre os ganhos financeiros para os HU a partir da EBSERH e das metas contratuais e o controle social após o advento da empresa.
MATURIDADE EM SAÚDE DIGITAL NOS MUNICÍPIOS DA BACIA DO RIO DOCE: DESAFIOS E CAMINHOS NA REPARAÇÃO PÓS-DESASTRE DE MARIANA (MG)
Comunicação Oral
Araujo, B. C. R1, Silva, K. R.2
1 Ministério da Saúde/OPAS Brasil
2 SES MG/Ministério da Saúde/OPAS Brasil
Apresentação/Introdução
O rompimento da barragem de Fundão (Mariana/MG, 2015) gerou impactos socioambientais profundos, afetando a saúde pública dos municípios da Bacia do Rio Doce. A transformação digital surge como elemento essencial na reconstrução dos sistemas de saúde desses territórios, promovendo equidade, acesso e fortalecimento do SUS.
Objetivos
Apresentar o diagnóstico de maturidade digital dos municípios da Bacia do Rio Doce, identificando capacidades, fragilidades e oportunidades para orientar políticas públicas de saúde digital no contexto do Programa Especial de Saúde Rio Doce (PES Rio Doce).
Metodologia
O estudo aplicou o Índice Nacional de Maturidade em Saúde Digital (INMSD), instrumento do Ministério da Saúde, em 49 municípios atingidos da Bacia do Rio Doce, entre fevereiro e abril de 2025. O índice avalia sete domínios: governança, capacitação, interoperabilidade, telessaúde, infoestrutura, monitoramento de dados e segurança da informação. A coleta de dados foi realizada via formulário do SUS Digital, complementada com entrevistas com gestores locais e análise de documentos técnicos do programa. A abordagem foi descritiva e qualitativa, alinhada aos princípios do SUS e às diretrizes do PES Rio Doce.
Resultados
Dos 49 municípios atingidos, cerca de 40% apresentam maturidade digital emergente, 50% em evolução e menos de 10% em estágio avançado. As principais fragilidades estão na infraestrutura de TI, conectividade e segurança da informação. Municípios de maior porte, como Ipatinga e Linhares, obtiveram melhores desempenhos, enquanto os menores, como Sem Peixe e Rio Doce, apresentam desafios críticos. A análise revelou também boas práticas em interoperabilidade e telessaúde em algumas regiões. O diagnóstico orientou a elaboração de planos municipais personalizados de transformação digital.
Conclusões/Considerações
O diagnóstico evidencia que, embora haja avanços significativos, persiste um cenário de desigualdades na maturidade digital dos municípios atingidos da Bacia do Rio Doce. Os dados subsidiam políticas públicas mais precisas, alinhando ações do PES Rio Doce e do SUS Digital para fortalecer a saúde pública local, ampliar a equidade e garantir acesso qualificado por meio da transformação digital dos sistemas de saúde.
PLANEJAMENTO DAS AÇÕES PARA A POPULAÇÃO NEGRA NOS MUNICÍPIOS DA BAHIA: O QUE CONTAM AS PROGRAMAÇÕES ANUAIS DE SAÚDE DO CICLO 2022-2025
Comunicação Oral
Carvalho, D. S.1, Almeida; M. D.1, Rodrigues Neto, F. B.1, Santos, I. M.1, Freitas, M. S.1, Santos, M. F. P. G2
1 Serviço de Articulação Interfederativa e Participativa, Superintendência Estadual do Ministério da Saúde na Bahia, Ministério da Saúde.
2 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia.
Apresentação/Introdução
O presente estudo analisa a inserção de ações voltadas à saúde da população negra nas Programações Anuais de Saúde (PAS) dos municípios da Bahia. A partir da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), busca-se identificar o alinhamento entre planejamento municipal e o combate ao racismo institucional na perspectiva da equidade.
Objetivos
Apresentar a situação das ações de saúde direcionadas à população negra presentes nas PAS dos municípios da Bahia no ciclo 2022-2025, avaliando sua distribuição territorial e suas correlações com a PNSIPN.
Metodologia
Realizou-se estudo transversal com dados extraídos do Sistema DigiSUS Gestor Módulo Planejamento (DGMP) em maio de 2025. A busca considerou termos relacionados à população negra presentes nas ações da Programação Anual de Saúde (PAS) de municípios do território da Bahia (417) de 2022 a 2025. Após exclusões de duplicatas e termos irrelevantes, 599 ações foram classificadas segundo ano de execução, menção a políticas públicas e correspondência com dimensões da PNSIPN. A análise considerou também a distribuição por macrorregião de saúde e proporção da população negra por município. A sistematização dos dados orientou a categorização e posterior discussão dos achados.
Resultados
Foram identificadas ações específicas em 78 municípios (18,7%). As macrorregiões Leste, Centro Leste e Extremo Sul lideraram em número de ações, enquanto a Leste, a Nordeste e a Extremo Sul são as que apresentam maiores proporções de municípios que contém essas ações em suas PAS no período. A maioria das ações refere-se à ampliação do acesso da população negra aos serviços de saúde e à inclusão do tema em atividades formativas. Dimensões como combate à violência institucional e mudanças na cultura organizacional não foram identificadas. Entre os dez municípios com maior proporção de população negra, apenas no 4º foi identificada a inclusão de ações específicas.
Conclusões/Considerações
A baixa inserção de ações voltadas à população negra nas PAS sinaliza fragilidades no alinhamento com a PNSIPN. Embora haja avanços pontuais, há necessidade de maior apoio técnico às gestões municipais para ampliar e qualificar ações específicas. O fortalecimento do planejamento em saúde com foco na equidade racial é essencial para enfrentar desigualdades e promover justiça social no SUS.
PAINEL DE MONITORAMENTO DA GESTÃO DE CUSTOS PARA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral
SILVA, J. A. R.1
1 SES-DF
Período de Realização
Entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024.
Objeto da produção
Painel de Monitoramento da Gestão de Custos das equipes de Saúde da Família da Atenção Primária à Saúde do Distrito Federal.
Objetivos
Disponibilizar a visualização dos custos e produção de modo personalizado a fim de subsidiar o processo de tomada de decisão tempestivo e em tempo oportuno.
Descrição da produção
Trata-se de um painel de monitoramento de custos para a Atenção Primária à Saúde da Região Norte do DF. Ele acompanha sistematicamente indicadores de saúde e custos de 102 equipes de Saúde da Família, usando dados do APURASUS processados no Excel e visualizados no Power BI. O painel tem três relatórios interativos: Geral, Produção e Custo Total, otimizando a tomada de decisão e o gerenciamento de recursos na saúde.
Resultados
O painel de custos otimizou a análise de dados e a tomada de decisão para gestores da saúde na Região Norte, aprimorando o planejamento. Apresentado em reunião com agentes de custos, o sucesso gerou um pedido da Gerência de Custos (GEC) para que o NGC apoie o desenvolvimento um painel similar para a SES-DF, indicando a relevância e replicabilidade da ferramenta.
Análise crítica e impactos da produção
Este painel, vital para a Gestão de Custos na Atenção Primária, centraliza dados essenciais. Contudo, a dependência de inputs manuais via Excel para serviços de terceiros e despesas gerais desafia a agilidade da informação. Apesar disso, sua customização e múltiplos painéis fortalecem a tomada de decisão. O impacto é a otimização da alocação de recursos, eficiência da produção e redução de desperdícios, com potencial de replicação para outras regiões, beneficiando DIRAPS, SRSNO e SES-DF.
Considerações finais
O painel de monitoramento mostra-se uma ferramenta gerencial vital para a região. Ele oferece informações tempestivas e robustas sobre custos e produção, via gráficos e tabelas detalhadas, permitindo a pesquisa periódica desde a Região Administrativa até a equipe de saúde e categoria profissional. Isso potencializa a orientação de ações e o planejamento.
NAVEGAÇÃO DE ENFERMAGEM E TELEMEDICINA: ESTRATÉGIAS DE INTEGRAÇÃO DA RAS PARA A REABILITAÇÃO DE PACIENTES CRÔNICOS CRÍTICOS NO PROJETO REHAB VM BRASIL
Comunicação Oral
MARIANO, N.F.1, SANTOS, M.C.1, ANDRADE, A.T.1, YOSHIDA, S.M.S.1, GENENA, K.S.R.1, PEREIRA, A.J.1, MOCELLIN, D.2, SANTOS. R.R.M.2, ROSA, R.G.2
1 HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EISNTEIN
2 HOSPITAL MOINHOS DE VENTO
Período de Realização
Período de Realização: 09 de agosto de 2024 com previsão de término 30 de setembro de 2025
Objeto da experiência
Navegação de Enfermagem (NE) via telemedicina no projeto REHAB VM Brasil, integrando a RAS, qualificando cuidado e transições de pacientes críticos.
Objetivos
Relatar as experiências de Enfermeiras Navegadoras, no âmbito do Projeto REHAB VM Brasil, como estratégica de consolidação Gestão de Caso no MACC, interligação entre pacientes críticos aos pontos de atenção à saúde, mitigação de barreiras de acesso e redução de vácuos assistenciais.
Metodologia
A Navegação de Enfermagem (NE), no estudo REHAB VM Brasil atua em 20 hospitais de 17 estados brasileiros. Implantou-se como estratégia inovadora. Voltada a pacientes críticos e de alto risco, com necessidade de cuidados constantes e reabilitação diária. Com atuação contínua, proativa e integrada, baseada em tecnologia de gestão de caso, buscou-se garantir o acompanhamento diário e a promoção de transições seguras entre pacientes e os pontos de atenção à saúde.
Resultados
Enfermeiras Navegadoras supervisionam o cuidado, planejam teleatendimentos, articulam a equipe de telereabilitação e a rede local. Identificam urgências domiciliares, orientam o acesso aos serviços, monitoram condutas e desfechos. Promovem educação em saúde e apoiam o acesso às teleconsultas, superando barreiras técnicas e sociais. Na alta dos pacientes do estudo, realizam a transição do cuidado para rede local com relatórios e planos de seguimento.
Análise Crítica
A Enfermagem de Navegação no SUS amplia o acesso e a continuidade do cuidado a pacientes de alto risco, favorecendo desfechos e adesão a tratamentos complexos. Esta experiência inicial evidencia seu potencial na superação de vazios assistenciais e articulação entre serviços. Com a atuação já regulamentada pelo COFEN, este relato contribui como referência para a implantação dessa função estratégica frente aos desafios da Rede de Atenção à Saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
A enfermagem de navegação fortalece a comunicação entre equipes/serviços desaúde, garantindo continuidade do cuidado, superação de barreiras e transições qualificadas. Para sua incorporação no SUS, são necessários avanços em sistemas de informação e tecnologias digitais. Esta experiência, porém, indica que já há condições mínimas para sua adoção no cuidado a pacientes críticos e de alto risco para condições crônicas.