
Programa - Comunicação Oral - CO33.3 - Vigilância e Saúde Mental
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
VIGILÂNCIA, MONITORAMENTO E CUIDADO ÀS TENTATIVAS DE SUICÍDIO: PREVENÇÃO E ARTICULAÇÃO EM REDE NA CIDADE DE CAMPINAS
Comunicação Oral
1 Secretaria Municipal de Saúde de Campinas
Período de Realização
Experiência desenvolvida entre os meses de abril de 2024 e junho de 2025.
Objeto da experiência
Processos de articulação em Rede para vigilância e cuidado às pessoas na prevenção do suicídio.
Objetivos
• Analisar os desafios na implementação de estratégias para monitoramento e vigilância às tentativas de suicídio a partir de notificações na Rede de Atenção à Saúde;
• Explorar as potencialidades das articulações entre serviços para a ampliação dos cuidados aos tentantes de suicídio.
Descrição da experiência
Trata-se de experiência de monitoramento das tentativas de suicídio a partir das notificações realizadas pelos serviços de saúde no SINAN/SISNOV. Através da vigilância dessas notificações são disparadas ações de cuidado, que incluem busca ativa a esses pacientes pelos serviços da APS. Os principais notificadores pertencem à RUE, onde os trabalhadores receberam treinamento específico. As notificações e articulações de cuidado envolvem também a Vigilância e a Gestão dos distritos de saúde.
Resultados
As notificações têm servido para disparar ações de cuidado aos tentantes. Em geral, nota-se que parte significativa desses usuários não tinham passagens pela APS. Anteriormente, percebia-se que a passagem dos tentantes pelo pronto-socorro não resultava em ações de cuidado longitudinais, o que contribuí para a ocorrência de novas tentativas. A partir do monitoramento, as equipes da APS realizam avaliações de risco dos casos e planejam melhor o cuidado em saúde mental do território.
Aprendizado e análise crítica
A prevenção ao suicídio segue sendo um desafio no campo da saúde mental. A experiência narrada comprova que a sua efetivação depende da articulação de diversos atores e serviços. Esta vigilância é mais efetiva quando engloba mais serviços, sendo um desafio manter os trabalhadores e pontos de atenção sensíveis ao tema. Nesse sentido, a APS tem um papel central como coordenadora do cuidado, mesmo que a complexidade dos casos demande seguimento em outros equipamentos.
Conclusões e/ou Recomendações
A aproximação entre as ações de vigilância e saúde mental ainda é frágil, mas no caso do suicídio ela é especialmente importante por tratar-se de um problema complexo. Longe de pensar a notificação apenas como um ato burocrático, a adesão a ela é mais efetiva se dispara outras articulações e processos de cuidado. Estamos monitorando para saber quais os impactos das notificações nas taxas de mortalidade por suicídio na cidade.
DETERMINANTES ASSOCIADOS AO TABAGISMO EM ADOLESCENTES BRASILEIROS: UMA ANÁLISE LONGITUDINAL DAS CAPITAIS BRASILEIRAS (2009–2019)
Comunicação Oral
1 UFU
Apresentação/Introdução
O tabagismo em adolescentes constitui uma importante preocupação em saúde pública devido às suas consequências negativas imediatas e a longo prazo. Identificar determinantes associados é essencial para orientar estratégias preventivas.
Objetivos
Avaliar se sexo, dependência administrativa escolar, e o fato de os pais saberem o que os filhos fazem nas horas livres está associados à proporção de adolescentes fumantes nas capitais brasileiras entre 2009 e 2019.
Metodologia
Estudo ecológico longitudinal, utilizando dados do estudo PENSE referentes aos anos 2009, 2012, 2015 e 2019. Foi aplicado um modelo linear misto com interceptos aleatórios por capital para avaliar determinantes da proporção de adolescentes fumantes. As variáveis explicativas incluíram sexo proporcional (masculino ou feminino), dependência administrativa escolar (pública ou privada), conhecimento dos pais sobre atividades dos filhos e tendência temporal (ano).
Resultados
O modelo indicou que uma maior proporção de adolescentes cujos pais conhecem suas atividades nas horas livres esteve associada a uma redução significativa na proporção de fumantes (β=-0,213; p<0,001). Não foi observada diferença significativa entre adolescentes predominantemente femininos e masculinos (β=3,102; p=0,200) nem entre adolescentes das redes privadas e públicas (β=0,198; p=0,913). Foi identificada uma tendência significativa de leve aumento na proporção de adolescentes fumantes ao longo dos anos estudados (β=0,306; p=0,040).
Conclusões/Considerações
O conhecimento dos pais sobre as atividades dos filhos é um fator protetor contra o tabagismo na adolescência. Não houve diferença relevante quanto ao sexo e ao tipo de escola. Observou-se leve aumento de tabagistas com o tempo. Os dados indicam que ações preventivas devem fortalecer a comunicação familiar e o monitoramento parental como estratégias eficazes.
INTERSECCIONALIDADE ENTRE RAÇA/COR E SEXO NAS TAXAS DE TENTATIVA DE SUICÍDIO ENTRE JOVENS ADULTOS NO BRASIL (2014-2023)
Comunicação Oral
1 UFPEL
Apresentação/Introdução
Os comportamentos suicidas (CS) representam um desafio de saúde pública, com impacto desproporcional em jovens (15-29 anos). Evidências apontam que minorias raciais e mulheres são grupos de maior risco para CS, pelas desvantagens sociais acumuladas ao longo da vida. Contudo, persistem lacunas sobre como a interseccionalidade dessas características modula esse risco.
Objetivos
Descrever as taxas anuais, entre 2014 e 2023, de tentativa de suicídio (TS) entre os jovens adultos brasileiros, segundo interseccionalidade entre cor da pele/raça e sexo, em nível nacional e regional, utilizando dados do SINAN e IBGE.
Metodologia
Foram usados dados do SINAN sobre violência autoprovocada (X60-X64, CID-10) em jovens adultos (18-30 anos) como proxy para TS. As taxas anuais (por 100 mil habitantes) foram calculadas usando denominadores populacionais do IBGE. Para análise interseccional, criou-se uma variável combinando raça/cor (branca, preta, parda) e sexo (feminino e masculino), resultando seis grupos. Tendências temporais das TS foram avaliadas por regressão linear e as diferenças entre os grupos, por teste qui-quadrado.
Resultados
Em 2023, as maiores taxas de TS ocorreram entre mulheres brancas (250,8/100 mil), seguidas por pardas (219,0) e pretas (162,2). Mulheres pardas no Norte – N (119,1), Nordeste - NE (169,3) e Centro-Oeste – CO (364,3) lideraram as taxas, enquanto as brancas lideraram no Sudeste - SE (295,8) e Sul – S (322,3). O maior aumento anual das taxas no país ocorreu entre mulheres pardas (25,2%) e no CO (31,9%). No NE e SE, mulheres brancas (29,9 e 25,3%, respectivamente), seguidas por mulheres pardas (27,9% e 23,6%, respectivamente) tiveram as maiores altas. Diferenças significativas entre homens brancos e todos os grupos femininos persistiram durante a década, reforçando as desigualdades de gênero.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciaram um aumento preocupante nas TS entre jovens adultos, especialmente para mulheres pardas e brancas. A abordagem interseccional revelou disparidades regionais, reforçando a necessidade de políticas de prevenção sensíveis à gênero, raça/cor e território. Campanhas direcionadas e capacitação profissional devem priorizar grupos mais afetados, como as jovens pardas do NE e CO.
MORTALIDADE POR DESESPERO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: TENDÊNCIA TEMPORAL DAS TAXAS POR ENVENENAMENTOS, USO DE DROGAS OU ÁLCOOL, TRANSTORNOS MENTAIS E SUICÍDIO, 2006-2021
Comunicação Oral
1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
2 Faculdade de Saúde Pública
3 University of Alberta
4 Universidade Estadual de Campinas
Apresentação/Introdução
O termo ‘mortes por desespero’, relacionadas a envenenamento, uso abusivo de drogas ou álcool, transtornos mentais e suicídio, provém de uma hipótese de que essas se manifestam frente a circunstâncias sociais e econômicas desafiadoras. Apesar da vasta literatura internacional sobre o tópico, são poucos os estudos que analisaram a tendência de mortalidade por desespero na maior megalópole do Brasil.
Objetivos
Analisar as tendências temporais da mortalidade, por grupos de mortes por desespero, segundo sexo e faixa etária, no município de São Paulo, no período 2006-2021.
Metodologia
Estudo de séries temporais, utilizando dados de óbitos do Sistema de Informações sobre Mortalidade, e estimativas populacionais da Fundação Seade, obtidas do TabNet da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Para identificar as mortes por envenenamento acidental ou intencional, doenças induzidas por drogas ou álcool, transtornos mentais e suicídio utilizou-se os respectivos códigos da 10ª Classificação Internacional de Doenças. Foram calculadas as taxas anuais de mortalidade, por grupos de mortes por desespero, segundo sexo e faixa etária (10-19, 20-59, e 60 anos ou mais). Para analisar as tendências, utilizou-se o modelo de Jointpoint, estimando a variação percentual anual (VPA).
Resultados
A análise combinada das causas de morte por desespero mostrou que, até 2019, havia uma tendência de redução da mortalidade por essas causas (VPA=-0,3%/ano), passando para 9,3%/ano em 2020-2021. Em todos os grupos de causas estudados observou-se aumento nas taxas de mortalidade: 11,0%/ano para mortes por envenenamento acidental ou intencional (2012-2021); 5,8%/ano para doenças induzidas por drogas ou álcool (2019-2021), e 49,7%/ano para transtornos mentais (2019-2021). Mortes por suicídio apresentaram taxas de crescimento entre 2006-2011 (1,6%/ano) e 2019-2021 (0,9%/ano) e de redução entre 2012-2018 (-3.1%/ano). Diferentes tendências temporais foram encontradas segundo sexo e faixa etária.
Conclusões/Considerações
As taxas de mortes por desespero, que vinham reduzindo até 2019, aumentaram significativamente durante a pandemia de covid-19, sugerindo agravamento da saúde mental. A assistência em saúde, com foco em salvar vidas de pessoas em desespero, deve ser aprimorada. Além disso, essa complexa questão de saúde pública está ligada a determinantes estruturais de condições de vida; sendo imprescindíveis parcerias intersetoriais para a reversão desse quadro.
SUBDIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) EM MULHERES NO CONTEXTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Comunicação Oral
1 UEFS
Apresentação/Introdução
O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação social e está ligado a comportamentos repetitivos. Apesar do aumento nos diagnósticos e maior prevalência em homens, essa diferença pode ser devido a desafios diagnósticos e fatores socioculturais que dificultam a identificação em meninas. Em mulheres, o diagnóstico tende a ser mais tardio, evidenciando necessidade de atenção.
Objetivos
Analisar o acesso de mulheres com TEA no âmbito do Sistema Único de Saúde, buscando identificar os desafios e particularidades que permeiam a jornada diagnóstica e para essa população específica dentro da rede pública de saúde brasileira.
Metodologia
Realizou‑se uma revisão de literatura no PubMed (jan/2020–mar/2025), usando (women) OR (mulheres) AND (autism) OR (autism spectrum disorder) OR (autismo) OR (TEA) AND (diagnosis) OR (diagnóstico) OR (subdiagnóstico) OR (undiagnosed). Incluíram‑se estudos empíricos e revisões sistemáticas sobre diagnóstico tardio de TEA em mulheres, em inglês ou português; excluíram‑se artigos sem distinção por gênero ou foco apenas em diagnóstico precoce e não disponíveis na íntegra. De 512 registros, a triagem de título e resumo selecionou 75 artigos; 11 avançaram para leitura integral e 6 compuseram a síntese final. As informações foram organizadas por análise crítica temática.
Resultados
O estudo apontou subdiagnóstico e atraso na identificação do TEA em mulheres, devido à sutileza dos sintomas e à “camuflagem social”. Os critérios atuais, baseados no padrão masculino, não captam as manifestações femininas menos expressivas. Profissionais de saúde têm dificuldades no reconhecimento, comprometendo o diagnóstico precoce. No SUS, a fragmentação da rede, a escassez de especialistas e as longas filas dificultam o acesso. A falta de alinhamento entre documentos como a Linha de Cuidado e as Diretrizes de Reabilitação gera inconsistência na aplicação das políticas públicas e impacta a qualidade do atendimento.
Conclusões/Considerações
Há fragilidades no acesso ao diagnóstico de TEA em mulheres no SUS, marcadas por subdiagnóstico e atraso, devido a sintomas atípicos e estereótipos de gênero. É necessário atualizar os critérios diagnósticos, capacitar profissionais de saúde e ampliar políticas públicas que garantam acesso equitativo. Mais pesquisas que aprimorem a prática e a compreensão, além de abordagens inclusivas e intersetoriais são essenciais para reduzir desigualdades.
MONITORAMENTO DE SAÚDE MENTAL A PARTIR DE TESTES DE ESTRESSE NO EXAME PERIÓDICO: EXPERIÊNCIA DE BUSCA ATIVA E CUIDADO COMPARTILHADO NA SAÚDE DO TRABALHADOR
Comunicação Oral
1 CASSI
Período de Realização
Janeiro a dezembro de 2024, considerando todo o ciclo anual de exames periódicos e ações decorrentes.
Objeto da experiência
Desenvolvimento de estratégia para identificação e cuidado dos casos alterados em saúde mental no exame periódico de saúde.
Objetivos
Descrever a construção de uma estratégia para busca ativa dos casos alterados de estresse identificados no exame periódico de saúde.
Apresentar as ações desenvolvidas em saúde mental e o cuidado compartilhado com a equipe de Atenção Primária à Saúde (APS).
Descrição da experiência
A estratégia iniciou-se com a análise dos resultados do teste ISSL-R nos exames periódicos, elegendo casos de “exaustão” e “quase exaustão”. Os dados foram incluídos em um painel BI nacional, acessado semanalmente pelos psicólogos de cada UF. A busca ativa seguiu fluxos e scripts padronizados, com ações categorizadas como “contato com sucesso”, “recusado” ou “frustrado”, permitindo o monitoramento contínuo da efetividade.
Resultados
Com apoio do painel BI, psicólogos das UFs passaram a receber semanalmente os casos prioritários, realizando busca ativa padronizada e orientada por dados. A estratégia fortaleceu a articulação entre Saúde do Trabalhador e APS, com escuta qualificada, encaminhamentos e intervenções precoces. Houve ampliação do olhar integral à saúde, fortalecimento dos vínculos e maior adesão dos trabalhadores ao cuidado em saúde mental.
Aprendizado e análise crítica
A operação em nível nacional demandou padronização de processos, viabilizada pelo uso de ferramentas automatizadas de apoio aos profissionais. O sistema permitiu vigilância contínua e retroalimentação das equipes, garantindo tomadas de decisão baseadas em evidências. A clareza dos indicadores e a atuação integrada entre os níveis de atenção tornaram o cuidado mais efetivo, reforçando o papel estratégico dos exames periódicos na promoção da saúde mental dos trabalhadores.
Conclusões e/ou Recomendações
O uso de tecnologia na gestão de dados em saúde mental ampliou a capacidade de resposta da equipe nacional. A atualização semanal e o monitoramento por meio do painel BI garantiram efetividade à estratégia. O compartilhamento de cuidado entre os níveis assistenciais, sustentado em informação qualificada, mostrou-se essencial para promover saúde mental no ambiente de trabalho de forma equitativa e sistêmica.

Realização: