
Programa - Comunicação Oral - CO33.8 - Desaprender e aprender para o cuidado em liberdade
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
NÓS NA REDE – PROCESSO FORMATIVO PARA A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – DESATANDO OS NÓS E EDUCANDO OS NÓS
Comunicação Oral
1 Secretaria de Gestão de Trabalho e Educação na Saúde do Ministério da Saúde
2 Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Fiocruz Brasília
Período de Realização
De novembro de 2023 a junho de 2025.
Objeto da experiência
Construção de iniciativa de Educação Permanente em Saúde Mental, intitulada Projeto “Nós na Rede”.
Objetivos
Qualificar 42 mil profissionais da RAPS para o acolhimento e atendimento às pessoas com problemas de saúde mental, álcool e outras drogas e em conflito com a lei, na perspectiva do cuidado em liberdade, da atuação em equipe e em rede a partir dos territórios.
Descrição da experiência
O Nós na Rede é uma iniciativa do Ministério da Saúde, em parceria com a Fiocruz/Brasília, cuja operacionalização envolve Mostra Nacional de experiências em saúde mental e curso de atualização para profissionais da RAPS, com carga horária de 120 horas e modelagem híbrida (presencial e a distância). A governança do projeto é tripartite, envolvendo o Ministério da Saúde, CONASS, CONASEMS e rede de escolas do SUS.
Resultados
Foram recebidas 1.359 experiências, das quais 1.255 (92%) foram selecionadas para compor a Mostra Virtual do Projeto. No tocante à formação, todas as unidades federativas manifestaram interesse em aderir ao Projeto, indicando mais de 90 mil trabalhadores para ocuparem as 42 mil vagas do curso de formação. Tais resultados reafirmam a importância do Projeto e o configuram como uma importante iniciativa de qualificação da RAPS e do cuidado à saúde mental no País.
Aprendizado e análise crítica
O crescimento da desigualdade social, a expansão das cenas de uso de substâncias psicoativas nas cidades e o fortalecimento de discursos proibicionistas e criminalizadores do uso de drogas exigem respostas efetivas da RAPS para assumir seu papel agenciador do cuidado integral. Por outro lado, em relação às pessoas que cumprem medidas de segurança, a partir da desinstitucionalização dos HCT, busca-se alinhar o redirecionamento de demandas e o fluxo assistencial.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto está em fase de execução e já é possível identificar os impactos que provocou nos territórios. Se apresenta como uma das principais entregas em saúde mental do governo federal ao fomentar a educação permanente como uma estratégia para a organização do cuidado e para a oferta de práticas alinhadas às necessidades da população, garantindo o constante aprendizado e inovação para o cuidado em saúde mental.
O CONSULTÓRIO NA RUA COMO CAMPO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA EM SAÚDE MENTAL
Comunicação Oral
1 ESPS
Período de Realização
Março a Junho de 2025
Objeto da experiência
Consultório na Rua em Salvador-BA
Objetivos
Relatar a experiência de residentes do Ano Adicional em medicina de Família e Comunidade (MFC) - Saúde Mental e População em Situação de Rua - de Salvador sobre o cuidado em saúde mental voltado à população em situação de rua.
Descrição da experiência
O Consultório na Rua (CnaR) em Salvador recebe residentes do programa regular de MFC, durante um mês, e do ano adicional com foco em saúde mental e população em situação de rua durante quatro meses meses. A complexidade dos casos e a dinâmica do serviço requer uma clínica que produza movimento, peripatetismo. Buscando tensionar a rede SUS e SUAS para romper as barreiras para os invisíveis sociais, o CnaR propicia ações intersetoriais, educação permanente, consultas conjuntas, TDO, elaboração de PTS.
Resultados
Observamos que a população em situação de rua é extremamente vulnerabilizada e estigmatizada, o que contribui para o agravamento do sofrimento mental e do uso nocivo de substâncias. O cuidado integral desses pacientes vai além da prescrição médica e exige trabalho intersetorial e interprofissional para garantia de direitos - e.g. benefícios, moradia, acesso à saúde - com foco em redução de danos e uso de tecnologias leves, visando ampliação de vida e possibilidade a reorganização psíquica.
Aprendizado e análise crítica
Foi possível perceber a necessidade de uma formação continuada e qualificada para os profissionais envolvidos. A experiência também destacou as limitações e desafios do sistema de saúde público em lidar com essa população, que demanda cuidados urgentes e personalizados, além de políticas públicas integradas. A prática no CnaR mostrou a importância de uma escuta sensível e do desenvolvimento de estratégias de cuidado baseadas no respeito ao indivíduo e na compreensão do contexto de vida.
Conclusões e/ou Recomendações
A vivência no CNAR evidencia que a população em situação de rua enfrenta condições precárias e alta incidência de transtornos mentais, demandando estratégias de cuidado integral. É essencial fortalecer a RAPS, integrando melhor os serviços para um atendimento mais eficiente e humanizado. A experiência reforça o CNAR como dispositivo modelo de formação, cuidado, inclusão social e a promoção da saúde mental da população em situação de rua.
SAÚDE MENTAL DE TRABALHADORES/AS DA SAÚDE DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE: ESTRATÉGIAS DE TRANSLAÇÃO DE CONHECIMENTO
Comunicação Oral
1 UEFS
Período de Realização
Experiências desenvolvidas entre dezembro de 2024 e junho de 2025 vinculadas a projeto de extensão.
Objeto da experiência
Atividades de translação do conhecimento sobre saúde mental de trabalhadores/as da Atenção Básica à Saúde (ABS) em municípios do interior da Bahia.
Objetivos
Publicizar informações sobre Transtornos Mentais Comuns (TMC) em trabalhadores/as da ABS; proporcionar espaço de discussão a respeito da saúde/adoecimento mental e suas relações com o trabalho.
Descrição da experiência
Inicialmente foi realizada revisão de literatura e análise dos dados da fase diagnóstica para construção de boletim epidemiológico sobre TMC em trabalhadores/as da saúde. Os quais foram apresentados em rodas de conversa, com uso de dinâmicas para provocar reflexões críticas: 1) os participantes expressaram percepções sobre saúde mental e trabalho; 2) discutiram frases sorteadas sobre condições laborais e seus impactos no adoecimento.
Resultados
A publicização de informações provocou reflexões críticas sobre o contexto de trabalho e saúde mental. Os relatos dos profissionais evidenciam um cenário de vulnerabilidade institucional: ausência de apoio psicológico, sobrecarga, falhas de comunicação, rotatividade e conflitos interpessoais. A gestão é percebida por eles como ausente e insensível às demandas. A falta de planejamento e de espaços de escuta revela a precarização das relações de trabalho e o silenciamento do sofrimento psíquico.
Aprendizado e análise crítica
A experiência permitiu trazer a temática da saúde mental dos/as trabalhadores/as da saúde, dando visibilidade ao invisível. O enfrentamento do sofrimento psíquico no trabalho parte do entendimento e protagonismo coletivo dos sujeitos, despertando a consciência crítica sobre a importância da saúde mental e a necessidade de enfrentamento coletivo dos fatores que levam ao sofrimento. Para as discentes, contribuiu para o desenvolvimento de técnicas, sensibilidade social e pensamento crítico.
Conclusões e/ou Recomendações
O adoecimento mental na ABS entre os trabalhadores/as é um desafio para o SUS, exigindo uma identificação precoce, um olhar sensível à problemática, um cuidado integral e ações de vigilância. Defende-se a promoção de ambientes saudáveis, espaços de escuta, práticas educativas e gestão participativa, tendo a translação do conhecimento como uma estratégia contribuinte para isso.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA EM CURSOS DE MEDICINA E ODONTOLOGIA DA UFPE: ESTUDO COM ABORDAGEM QUANTI-QUALITATIVA
Comunicação Oral
1 UFPE
2 PREFEITURA DO RECIFE
Apresentação/Introdução
A violência psicológica, marcada por humilhações e intimidações, é comum no ensino superior e afeta a saúde mental e o desempenho dos estudantes. Em cursos da área da saúde, como Medicina e Odontologia, essa prática, muitas vezes vinda de pares, compromete a formação ética e o ambiente acadêmico, exigindo atenção institucional urgente.
Objetivos
Investigar a prevalência e as formas de violência psicológica entre estudantes de Medicina e Odontologia da UFPE, identificando fatores associados e os impactos na formação e saúde mental.
Metodologia
Pesquisa descritiva e exploratória, de abordagem quanti-qualitativa e corte transversal. Aplicou-se questionário autoelaborado e validado em sete etapas, com questões abertas e fechadas, distribuído via Google Forms a 274 estudantes de Medicina e Odontologia da UFPE (campi Recife e Caruaru). A análise quantitativa foi feita no STATA 14, utilizando Qui-Quadrado e regressão logística (p<0,05). As respostas qualitativas foram analisadas por categorias temáticas. A participação foi voluntária, mediante aceite do TCLE, e o instrumento contemplou dados sociodemográficos e relatos de violência.
Resultados
Dos 274 participantes, 37% relataram agressões ou maus-tratos. Houve alta prevalência de violência verbal e psicológica, com maior incidência nos períodos finais. Discriminação por raça, orientação sexual e condição de cotista também foi relatada. Mais da metade dos estudantes mencionou estímulo ao uso de substâncias para desempenho. O período avançado do curso aumentou a chance de sofrer violência. A violência comprometeu a convivência e o acesso a atividades práticas, afetando diretamente a saúde mental dos alunos.
Conclusões/Considerações
A pesquisa aponta a naturalização da violência psicológica na universidade, agravada pela competitividade e ausência de suporte institucional. É urgente implementar ações educativas e psicopedagógicas que promovam o respeito, a saúde mental e a ética na formação acadêmica dos futuros profissionais da saúde.
PROJETO BEM VIVER: REORGANIZANDO O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA APS COM GRUPOS PARA AMPLIAR O ACESSO E FORTALECER VÍNCULOS.
Comunicação Oral
1 Missão Sal da Terra
2 Missão Sal da Terra.
Período de Realização
Janeiro a dezembro de 2024, em 23 unidades de Atenção Primária à Saúde do setor Sul, Uberlândia, MG.
Objeto da experiência
Reorganização do cuidado em saúde mental na APS por meio de grupos de abordagem mista que integram renovação de receitas e ações assistenciais.
Objetivos
Relatar a experiência da reorganização do cuidado em saúde mental na APS, transformando demandas administrativas por receitas psiquiátricas em grupos psicoeducativos e terapêuticos, com entrega das prescrições ao final, qualificando e ampliando o acesso, o vínculo e a continuidade do cuidado.
Descrição da experiência
O Projeto Bem Viver ocorreu em 23 unidades da APS Sul de Uberlândia. O grupo Bem Viver tem finalidade psicoeducativa e terapêutica, é conduzido por psicólogo e integra a renovação de receitas psiquiátricas com acolhimento, orientação, encaminhamento assertivo e corresponsabilização no cuidado, promovendo acesso, vínculo, continuidade do cuidado e redução da fila de consultas individuais. A equipe multiprofissional atua de forma articulada, em fluxo organizado e periódico de cuidado.
Resultados
Foram atendidas 15.555 pessoas nos grupos com psicólogos, em consultas médicas e buscas ativas vinculadas ao projeto, abrangendo 83% da população estimada com transtorno mental do território, com 70% do sexo feminino e 38% entre 40 a 59 anos. O projeto ampliou a cobertura de psicologia em relação à abordagem em consulta individual (73%), qualificou o acesso ao cuidado em saúde mental, favoreceu o vínculo com as equipes, reduziu filas e contribuiu na prevenção de crises e rupturas no tratamento.
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou que é possível qualificar o cuidado em saúde mental na APS mesmo diante de alta demanda e recursos especializados limitados. A estratégia dos grupos possibilitou a ampliação do acesso, fortalecimento de vínculos, maior capilaridade territorial e integração das ações clínicas e administrativas. A abordagem coletiva também promoveu a corresponsabilização dos usuários e da equipe, além de melhor planejamento das ações em saúde mental.
Conclusões e/ou Recomendações
O Projeto Bem Viver demonstrou aplicabilidade concreta e potencial de replicação em outros territórios. Reorganizar os fluxos em torno de dispositivos coletivos permitiu enfrentar a fragmentação do cuidado em saúde mental na APS, ampliando o acesso de forma contínua e qualificada. Recomenda-se sua adoção como estratégia para o cuidado territorial integral e atenção longitudinal a usuários em uso de psicofármacos na rede de atenção psicossocial.
AS BARREIRAS DE ACESSO QUE HABITAM EM MIM
Comunicação Oral
1 UFF
Período de Realização
A experiência iniciou em março de 2024 até junho de 2025.
Objeto da experiência
Este resumo tem como objeto as implicações e instituições da pesquisadora.
Objetivos
Descrever as implicações e instituições que constroem barreiras de acesso invisíveis, porém muito reais, na pesquisadora.
Metodologia
Sou enfermeira, sanitarista e trabalho na vigilância epidemiológica hospitalar estadual. A minha trajetória exigiu muita rigidez, apreço por parâmetros e regras bem definidas, que moldou o meu modo de ver e existir, até o momento que resolvi iniciar o mestrado e me propus a fazer dessa experiência algo que transforme o mundo, começando pelo meu. O tema da minha dissertação é: “Barreiras e Acessos das Pessoas em Situação de Rua à Saúde Mental”.
Resultados
No começo dessa trajetória eu não conseguia compreender como a pesquisa se daria, já que nunca tinha trabalhado com a Análise Institucional francesa. Aos poucos fui me familiarizando com os conceitos, mas não entendia como aplica-los. No decorrer da pesquisa, fui descobrindo que boa parte do meu trabalho estava em identificar as instituições e implicações construídas em mim, a partir das minhas experiências de vida.
Análise Crítica
Para Analise Institucional francesa, não existe pesquisador isento, mas o desafio é identificar nossas instituições e implicações em relação à pesquisa. Durante as reuniões, observei que o maior sentimento dentro de mim era o medo. Medo das minhas reações frente às histórias de vida dessas pessoas, medo de não dar conta, medo de chorar. Essa pesquisa me deixa exposta às relações e eu estou acostumada a me proteger atrás dos números, regras e protocolos.
Conclusões e/ou Recomendações
Pesquisar através da Analise Institucional Francesa é muito diferente, já que não existe isenção. Todos vieram de mundos distintos, e cruzar esses mundos sempre será uma grande empreitada. Durante os encontros é impossível não se afetar, mas cabe ao pesquisador aceitar essa afetação e refletir sobre ela.

Realização: