
Programa - Comunicação Oral - CO33.6 - Construção do cuidado em saúde
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
O PLANO DE AÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DA REGIONAL DE SAÚDE DE PONTE NOVA: AVANÇOS E DESAFIOS
Comunicação Oral
1 Universidade Federal de Viçosa
2
Período de Realização
Início em julho de 2022 e em vigor até dezembro de 2026
Objeto da experiência
Elaboração, implantação e monitoramento do Plano de Ação da Rede de Atenção Psicossocial da Regional de Saúde de Ponte Nova.
Objetivos
Mapear vazios assistenciais e firmar compromissos municipais para abertura de serviços que compõem a Rede de Atenção Psicossocial da Regional de Saúde de Ponte Nova.
Descrição da experiência
Este relato de experiência é fruto do processo de trabalho enquanto RT em Saúde Mental da Superintendência Regional de Saúde de Ponte Nova. A discussão e elaboração do PAR da RAPS deu início com 2 reuniões com gestores municipais da região, dando origem a pactuação em Comissão Intergestora Regional em agosto de 2022 e origem a Deliberação CIB/SUS-MG 4019, de 17 de novembro de 2022. O PAR se constitui em um diagnóstico da RAPS regional e a definição de compromissos municipais até dezembro de 2026.
Resultados
A região é composta por duas microrregiões e apresentaram dificuldades diversas. Na microrregião de Ponte Nova, com 21 municípios, maioria de pequeno porte, houve a necessidade de abertura de mais CAPS I, CAPS AD, CAPS i, além de Serviço Residencial Terapêutico, devido a cultura da região de concentrar a maioria dos serviços na cidade pólo da micro. Na microrregião de Viçosa, com 09 municípios, evidenciou CAPS suficiente, mas apontou a necessidade de abertura de Centros de Convivência e Cultura.
Aprendizado e análise crítica
Com a elaboração do PAR, foi possível conhecer as demandas por serviços de Saúde Mental da regional e apontar caminhos para melhoria da RAPS, além do fortalecimento do príncipio de regionalização do SUS, que foi possível por meio da discussão e elaboração do PAR, pensando em serviços agrupados e regionalizados. Como desafio demonstra ainda um desconhecimento por parte dos gestores dos municípios acerca dos processos de funcionamento, habilitação e custeio dos serviços que compõem a RAPS no SUS.
Conclusões e/ou Recomendações
A partir do exposto, reconhecemos o avanço que o PAR proporcionou, porém aponta pra necessidade de mobilização constante dos gestores acerca da importância da RAPS, falta de priorização da saúde mental nos territórios, visto pelo pequeno avanço nos compromissos firmados no PAR e aumento de processos de internação compulsória e Comunidades Terapêuticas, que fragilizam o cuidado em liberdade no SUS.
SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL E A CONSTRUÇÃO DA CONTINUIDADE DO CUIDADO DE JOVENS NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Comunicação Oral
1 UFRGS
Período de Realização
A experiência relatada ocorre com base nas experiências de março a dezembro de 2024 em um CAPSij.
Objeto da experiência
A continuidade do cuidado de jovens em acompanhamento nos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis que atingem os 18 anos.
Objetivos
Analisar criticamente, a partir de um relato de caso, as questões que atravessam a experiência de adolescentes e jovens que se aproximam do prescrito como “idade limite” para os serviços de saúde mental infantojuvenis.
Descrição da experiência
O relato parte da experiência da autora enquanto residente multiprofissional em Saúde Mental Coletiva, atuando em um CAPS infantojuvenil na cidade de Porto Alegre/RS. Neste contexto, é realizado o acompanhamento de um jovem, negro, institucionalizado desde a infância, que ao fazer 18 anos passa por diversas mudanças, dentre elas a troca de casa - do acolhimento institucional para um residencial inclusivo - e a troca de serviço - de um CAPSij para um CAPS Adulto.
Resultados
Dessa experiência, evidenciou-se a complexidade do processo de continuidade do cuidado, tomado no cotidiano do serviço como uma atribuição burocrática, mas que carrega uma série de representações para o sujeito acompanhado, como a sensação de abandono e o medo da desorganização psíquica com a perda de vínculo. Ainda, ficou evidente a falta de políticas voltadas para as juventudes e de pesquisas que abordem o processo de saída do CAPSij e a relação deste processo com a reabilitação psicossocial.
Aprendizado e análise crítica
A construção da continuidade do cuidado tem papel fundamental na construção do itinerário terapêutico do jovem acompanhado, em intersecção da experiência da “loucura” com marcadores de raça, gênero e classe. Ainda, analisamos que dentro dos serviços de saúde mental, corre-se o risco de produzir a cronificação e institucionalização dos sujeitos, bem como da produção de um limbo no percurso do cuidado, principalmente para corpo já atravessados por processos de estigmatização e desproteção social.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a continuidade do cuidado pode atuar no sentido do cuidado em liberdade e da promoção de autonomia, fazendo uso de ferramentas já existentes no arcabouço teórico-prático da clínica ampliada, como o Acompanhamento Terapêutico e a formulação de projetos de vida. Ainda, recomenda-se a articulação com a Atenção Primária, o fortalecimento dos espaços de matriciamento e da rede intersetorial nos territórios voltada para as juventudes.
CONSULTÓRIO NA RUA E EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA: OS DESAFIOS DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL COM PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA
Comunicação Oral
1 UNI-FACEF
Período de Realização
A experiência, em ambos os campos, aconteceu de fevereiro à junho de 2025.
Objeto da experiência
Experiência fez parte de atividade acadêmica com objetivo de imersão do estudante de psicologia nos equipamentos da rede de atenção psicossocial RAPS.
Objetivos
Identificar o itinerário terapêutico das pessoas em situação de rua, nos serviços da RAPS, principalmente entre CnR e Serviços de Emergência Psiquiátrica, buscando analisar a comunicação entre serviços, a intersetorialidade e a efetividade do cuidado à pessoa em situação de rua.
Descrição da experiência
No CnR, o estagiário pôde participar com a equipe, tanto de busca ativa quanto de intervenção pontual conhecendo as demandas da população em situação de rua, principalmente em relação ao uso abusivo e/ou dependente de drogas. Na Emergência Psiquiátrica, o contato foi por meio da análise dos prontuários de pessoas em situação de rua, usuários do CnR, que acessaram o serviço de emergência por efeito abusivo de álcool e outras drogas ou em decorrência de um surto, resultando em internação.
Resultados
A partir da experiência vivida nestes equipamentos, foi possível identificar a permanência de um “ciclo” enfrentado por esta população: serviço de emergência – hospital psiquiátrico – retorno à situação de rua. Além disso, observou-se falta de comunicação e integração dentro da própria RAPS, com dificuldade em realizar um trabalho compartilhado e vinculado a estes usuários, dificultando a efetividade do cuidado e fortalecendo, ainda mais, a permanência de um ciclo constante de internações.
Aprendizado e análise crítica
A população em situação de rua não se resume ao consumo de drogas e/ou às crises na emergência psiquiátrica, mas são pessoas de direitos que vivem em determinada condição de adoecimento e vulnerabilidade social. Assim, o cuidado em saúde deve ser um processo complexo e coletivo, levando-se em conta o contexto de desigualdades, privação de direitos e vulnerabilidades e, que só será efetivo, por meio de uma rede intersetorial articulada e integrada, o que muitas vezes não se observa na prática.
Conclusões e/ou Recomendações
A fragilidade da intersetorialidade e a falta, ainda, de uma articulação complexa e integrada entre equipamentos da RAPS potencializa um ciclo de internações e ineficácia do cuidado em saúde a esta população. Isto coloca entre parênteses e fragiliza o cuidado preconizado pelas políticas públicas para que seja universal, integral e equânime, focado na pessoa levando-se em conta seu de seu contexto de complexidade, vulnerabilidade e adoecimento.
SANTA MARIA ACOLHE: A INVENÇÃO DE UM SERVIÇO DE ACOLHIMENTO À CRISE EM SAÚDE MENTAL E SUA IMPORTÂNCIA PARA A POLÍTICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E PARA A REDE DE SAÚDE
Comunicação Oral
1 Secretaria de Saúde de Santa Maria RS
2 Universidade Federal de Santa Maria
Período de Realização
Janeiro de 2013 à maio de 2025
Objeto da experiência
Criação de um serviço de acolhimento em saúde mental frente a um desastre coletivo e sua transformação num serviço de atenção psicossocial à crise
Objetivos
Identificar e refletir sobre as novas demandas em saúde mental;
Analisar e avaliar a responsabilidade dos atuais dispositivos da política de saúde mental nos acolhimentos em situações de crise;
Propor estratégias clínicas e institucionais coerentes aos diferentes tempos do acolhimento e cuidado à crise.
Descrição da experiência
Após o incêndio na Boate Kiss, o município de Santa Maria (RS) criou um serviço de saúde mental para atender à população diretamente afetada. Com o tempo, pessoas que passavam por outros tipos de crise, como luto, trauma e suicídio, sem vínculo com o desastre, passaram a procurar o serviço. Tais demandas não encontravam lugar na RAPS local, permanecendo desassistidas. Em resposta, o serviço passou a acolher esses casos, o que exigiu construir uma identidade própria dentro da rede de saúde.
Resultados
A experiência evidenciou a presença de experiências de sofrimento que permanecem à deriva na rede instituída de saúde mental. Essa condição deixa essa população de usuários – caracterizada por não apresentar transtorno grave, mas em situação de crise - suscetível à medicalização ou à agudização do sofrimento e da sensação de desamparo. Nesse sentido, o percurso do Acolhe Saúde se apresenta como um modelo relevante para ampliar o debate teórico, clínico e político essas questões.
Aprendizado e análise crítica
A presente análise evidencia que, além das demandas amplamente previstas pela política de saúde mental, existem outras formas de sofrimento que precisam ser reconhecidas. Esse cenário requer a invenção de dispositivos que levem em consideração a realidade local, a rede instalada e suas lacunas, a gestão, os recursos humanos e o controle social. De fato, a aposta em respostas e estratégias singulares, adequadas às especificidades de cada contexto, tem se mostrado mais efetiva e resolutiva.
Conclusões e/ou Recomendações
Diante dos fatos e da análise realizada, conclui-se como imprescindível atentarmos para o cotidiano dos serviços de saúde que revelam subjetividades marcadas pelos modos de viver e de sofrer característicos da ordenação neoliberal. Os ideais deste modelo promovem o isolamento, a sensação de fracasso, a ausência de sentido, a naturalização da violência e da autolesão, incluindo o suicídio, experiências de sofrimento que precisam ser consideradas.
DOS ABRIGOS TEMPORÁRIOS AO MATRICIAMENTO: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO DAS ENCHENTES DE MAIO/2024 NO RIO GRANDE DO SUL
Comunicação Oral
1 UFCSPA/ UNILASALLE
2 CAPS Recanto dos Girassóis
3 UFCSPA
Período de Realização
Relatos de experiência de trabalho relacionados às enchentes no Rio Grande do Sul em maio de 2024.
Objeto da experiência
Diferentes experiências de atuação no cuidado à saúde mental (SM) de pessoas afetadas pelas enchentes em Porto Alegre e Região Metropolitana.
Objetivos
Considerando o impacto das enchentes na população afetada e a complexidade das respostas em saúde mental, este trabalho tem como objetivo mapear as estratégias de cuidado em saúde mental neste contexto, em diferentes instituições, através das experiências dos autores deste trabalho.
Descrição da experiência
A catástrofe climática produziu diversas demandas em SM, além de agravar quadros já existentes. As experiências aqui discutidas referem-se ao trabalho voluntário de escuta de famílias atingidas e que precisaram ser realocadas em abrigos temporários, além de experiências de atuação de profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que atenderam diversas demandas decorrentes do evento, além de realizar busca ativa e matriciamento de equipes que acompanharam as famílias nos territórios.
Resultados
A escuta realizada nos abrigos foi organizada pela sociedade civil, apesar da pouca orientação técnica disponível. Parte da atuação nesses espaços também consistiu em intervenções institucionais, visando a produção de um ambiente mais acolhedor para as famílias. Os CAPS foram acionados para orientar manejos, realizar escutas qualificadas, apoiar tecnicamente as equipes atuantes nos territórios afetados e viabilizar fluxos necessários para continuidade do cuidado em saúde mental.
Aprendizado e análise crítica
As experiências relatadas oportunizaram um mapeamento das linhas de cuidado em SM das famílias diretamente atingidas, desde as intervenções realizadas nos abrigos, passando pela atenção especializada, até o matriciamento dos profissionais que atuam no cuidado aos territórios em reconstrução. Observa-se que as vulnerabilidade produzidas pela catástrofes revelaram outras pré-existentes e invisibilizadas, relacionadas aos desamparos psicossociais das famílias e de apoio aos profissionais.
Conclusões e/ou Recomendações
Este mapeamento evidenciou a importância da atuação de diferentes instituições no cuidado à SM de famílias atingidas pelas enchentes, dos abrigos temporários até o cuidado na Atenção Básica. No entanto, também revelou desafios relacionados à formação profissional, articulação intersetorial, cuidado às equipes atuantes e necessidade de políticas públicas específicas para a atenção continuada em SM no contexto do desastre e no pós-desastre.
ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS COMO METODOLOGIA DE DELINEAMENTO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
Comunicação Oral
1 UEFS
Apresentação/Introdução
A Reforma Psiquiátrica Brasileira representou uma conquista social, onde se consolidou como marco da política de assistência à saúde mental com a Lei nº 10.216/2001 (BRASIL, 2001). Essa mudança real no cenário da saúde mental é traduzida pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Apesar das transformações significativas existem evidências dos entraves para efetivação do cuidado (AMARANTE, 2009).
Objetivos
Delinear, a partir da literatura científica nacional, os itinerários terapêuticos como metodologia de compreensão das possibilidades e entraves para articulação da Rede de Atenção Psicossocial.
Metodologia
Para alcançar tal prerrogativa trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, que se configura de tipo exploratória. No que tange ao seu delineamento, se caracteriza como pesquisa bibliográfica. A abordagem de itinerário terapêutico tem se consolidado como uma ferramenta metodológica valiosa para analisar o funcionamento e os desafios da Rede de Atenção Psicossocial no Brasil. Seu mérito está em permitir a identificação das trajetórias fragmentadas, dos múltiplos acessos e das estratégias utilizadas para alcançar cuidado (BRAGA; PEGORARO, 2020).
Ademais, esta investigação está vinculada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-UEFS) e ao Núcleo de Saúde Coletiva (NUSC/UEFS).
Resultados
O processo de desinstitucionalização, implantação e funcionamento da RAPS tem se dado de modo distinto em todo o território nacional (ARAUJO, 2019). A configuração dos serviços pretende romper com a lógica tradicional de assistência em saúde mental. Para tal é necessário a compreensão de estruturas que atendem aos problemas psíquicos na própria comunidade (MAZZAIA, 2018). A abordagem dos itinerários terapêuticos se apresenta como acessório que oferece visibilidade para avaliação da implantação da Política Nacional de Saúde Mental, proporcionando aproximação com a realidade dos saberes e práticas em saúde na perspectiva do usuário (RODOVALHO; PEGORARO, 2020).
Conclusões/Considerações
Dessa forma, o itinerário terapêutico explicita não apenas os serviços procurados, mas também as barreiras enfrentadas, como estigmas, desarticulação da rede e precarização da Atenção Primária à Saúde. A análise desses percursos denuncia a distância entre a proposta ideal da RAPS – centrada na integralidade, territorialização e desinstitucionalização – e a realidade fragmentada de muitos territórios (DE SOUZA; ZAMBENEDETTI

Realização: