
Programa - Comunicação Oral - CO12.3 - Vacinação no Brasil: Cobertura, Hesitação e Estratégias
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
COBERTURA VACINAL CONTRA O PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) EM CRIANÇAS DE 9 ANOS NO BRASIL: DESIGUALDADES ENTRE SEXOS E REGIÕES
Comunicação Oral
1 UFSC
Apresentação/Introdução
O Papilomavírus humano (HPV) é a infecção sexualmente transmissível mais comum do mundo e está associada a vários tipos de câncer. A vacinação é a principal forma de prevenção e a cobertura vacinal (CV) indica a proporção da população-alvo imunizada, sendo um indicador essencial para monitorar a efetividade das políticas públicas de imunização, e orientar ações mais eficazes em saúde pública.
Objetivos
Analisar e comparar a CV da primeira dose contra o HPV entre meninas e meninos de 9 anos, nas cinco regiões do Brasil em 2022.
Metodologia
Estudo ecológico, descritivo e comparativo, com dados da primeira dose da vacina contra o HPV aplicada em 2022, obtidos do TABNET/DATASUS e das estimativas populacionais de meninas e meninos de 9 anos, extraídas do Censo Demográfico de 2022. A CV foi calculada pela razão entre doses aplicadas e população-alvo×100. Devido à distribuição não normal das variáveis (Shapiro-Wilk: p<0,001), utilizaram-se medianas e intervalos interquartis (IIQ) por sexo e região. As comparações entre regiões foram feitas pelo teste de Kruskal-Wallis, e entre os sexos pelo teste de Wilcoxon rank-sum, adotando-se um nível de significância de 5%. As análises foram conduzidas no software Stata, versão 15.1.
Resultados
No Brasil, a CV foi de 64,5% (IIQ: 50,3–79,8) nas meninas e 15,6% (IIQ: 6,9–33,3) nos meninos, com diferença significativa entre os sexos (Wilcoxon rank-sum: p<0,001). As meninas apresentaram maior CV em todas as regiões: Sul (79,0%; IIQ: 65,7–92,3), Sudeste (66,9%; IIQ: 54,5–80,6), Centro-Oeste (58,9%; IIQ: 47,5–73,3), Nordeste (57,3%; IIQ: 44,9–70,0) e Norte (56,2%; IIQ: 41,5–68,4). Entre os meninos, foram menores: Sul (36,2%; IIQ: 17,6–61,1), Sudeste (16,9%; IIQ: 9,1–33,3), Centro-Oeste (12,3%; IIQ: 5,9–22,2), Norte (10,1%; IIQ: 4,0–20,0) e Nordeste (10,0%; IIQ: 4,1–20,2). O teste de Kruskal-Wallis indicou diferenças significativas entre as regiões para ambos os sexos (p<0,001).
Conclusões/Considerações
Conclui-se que, em 2022, houve baixa CV entre meninos quando comparado às meninas, bem como desigualdades regionais importantes, sobretudo no Norte e Nordeste. Políticas regionais e campanhas voltadas ao público masculino com maior enfoque em determinadas regiões são urgentes para ampliar a adesão. Embora a vacina seja gratuita pelo Sistema Único de Saúde, persistem desigualdades que comprometem a eficácia coletiva da imunização no Brasil.
VACINAÇÃO CONTRA O SARAMPO: DESAFIOS DA VIGILÂNCIA DE COBERTURA VACINAL NO DISTRITO FEDERAL DE 2015 A 2024
Comunicação Oral
1 ESPDF
2 FIOCRUZ BRASÍLIA
3 SES-DF
Apresentação/Introdução
O sarampo é uma doença exantemática infecciosa aguda, extremamente contagiosa, potencialmente grave e transmissível. A melhor proteção contra ela é a vacinação com duas doses com componente sarampo. No Brasil, tal componente está incluso em diversas ações, como a vacinação de rotina, monitoradas pela vigilância das coberturas vacinais que devem atingir a meta de 95% da população-alvo.
Objetivos
Caracterizar a situação vacinal do Distrito Federal frente aos indicadores de imunização contra o sarampo entre 2015 e 2024.
Metodologia
O estudo foi conduzido no Distrito Federal (DF) e contabilizou os vacinados de 1 ano contra o sarampo entre 2015 e 2024. Foram analisadas a cobertura vacinal (CV) da primeira e segunda doses do componente sarampo (tríplice viral e tetraviral) a partir das variáveis: imunobiológico (SCR, SCRV e quádrupla viral), tipo de dose (D1 e D2), UF (DF), idade e estratégia por local de ocorrência (rotina), extraídas do Localiza SUS e TabNet. Os dados foram analisados pelo cálculo dos indicadores de imunização, CV e taxa de abandono (TA) e suas médias (CVm e TAm) por meio do software Microsoft Excel. Foi construída séria histórica, também dividida em períodos pré-pandêmico, pandêmico e pós-pandêmico.
Resultados
A cobertura vacinal no DF não atingiu a meta de 95% contra o sarampo em vacinados de 1 ano de idade em 90% dos anos (2015-2024). A CV média para o período foi de 89,0 (DP:4,4%) para a D1 e de 79,1 (DP: 13,8%) para a D2 e a taxa de abandono média (TAm) foi de 11,3 (DP: 14,2%). O período pré-pandêmico (2015-2019) obteve TAm de -0,1%, (DP: 4,4%). Houve aumento da TA no período pandêmico (2020-2022), que atingiu a TAm de 28,8% (DP: 7,7%). Após a pandemia (2023-2024) a TAm de 13,6% (DP: 6,3%) foi superior ao período pré-pandemia, porém em relevante redução quando comparada ao período pandêmico. A meta de 95% de cobertura vacinal foi alcançada para a D1 apenas no ano de 2024 e para a D2, em 2016.
Conclusões/Considerações
A tendência observada foi o não cumprimento da meta de CV, com expressiva queda durante a pandemia e indícios de retorno à normalidade após esse período. Portanto, estratégias de vacinação mais eficientes são necessárias para atingir a meta de CV. Identificar os fatores que levam à hesitação vacinal, à homogeneidade e ao alcance das medidas tomadas pelo DF são prementes ao considerar a recente recertificação de eliminação do sarampo no país.
TENDÊNCIA TEMPORAL DA COBERTURA VACINAL CONTRA DOENÇA MENINGOCÓCICA EM CRIANÇAS NO BRASIL, 2010-2024
Comunicação Oral
1 UFMA
Apresentação/Introdução
A vacina meningocócica C, contra Doença Meningocócica, está disponível, gratuitamente, na rotina do calendário de vacinação do Programa Nacional de Imunização brasileiro para crianças de até um ano de vida desde 2010. Entretanto, manter metas de coberturas adequadas para a vacina, representa grande desafio para as autoridades sanitárias e profissionais de saúde nos últimos anos.
Objetivos
Analisar a tendência temporal da cobertura vacinal da meningocócica C em crianças de até um ano de vida nas unidades federativas do Brasil no período de 2010 a 2024.
Metodologia
Estudo ecológico de série temporal, de abrangência nacional, com dados dos Sistemas de Informações do Programa Nacional de Imunizações e de Informações sobre Nascidos Vivos. Foram calculados os percentuais de coberturas vacinais da meningocócica C para segunda dose e de reforço, considerando as crianças de até um ano de vida, conforme calendário vacinal de rotina. Utilizou-se doses aplicadas no numerador e a estatística de nascidos vivos dos anos vigentes como denominador. Foram calculadas médias e utilizou-se modelos de regressão por pontos de inflexão para análise de tendência temporal. Estimou-se a variação percentual anual (VPA) e intervalos de confiança de 95%.
Resultados
As médias percentuais de coberturas vacinais da meningocócica C estiveram abaixo de 95% nas unidades federativas brasileiras no período de estudo. Para segunda dose, a maior média foi em Mato Grosso do Sul (90,2%); para o reforço, foi maior em Minas Gerais (81,4%) e menor no Amapá (55,0%). Observou-se tendência negativa significativa das coberturas vacinais para segunda dose em seis unidades federativas (2012-2024), com maior variação no Amazonas (VPA= -11,0; IC95%: -23,9;-1,4). Para o reforço, houve quedas estatisticamente acentuadas em um curto período (2022-2024) em dezessete unidades federativas, sendo maior no Espírito Santo (VPA= -90,0; IC95%: -96,3;-56,3).
Conclusões/Considerações
As quedas das coberturas vacinais da meningocócica C em crianças de até doze meses de vida nos últimos anos em todo território brasileiro, representam um grande desafio para o sistema de saúde pública. Os resultados evidenciam a necessidade urgente de intensificar as estratégias de campanhas educativas e acesso à vacinação para meningocócica C em busca da adesão da população para a vacina em tempo oportuno.
HESITAÇÃO VACINAL DA COVID-19 NO BRASIL: ANÁLISE DOS MOTIVADORES E ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS DE APLICAÇÃO PRÁTICA PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Comunicação Oral
1 UFR
2 UFMT
Período de Realização
Setembro de 2023 a agosto de 2024
Objeto da produção
Material educativo para enfrentamento do problema após identificar motivos relacionados à hesitação vacinal da COVID-19 no Brasil.
Objetivos
Analisar na literatura vigente, os fatores determinantes da hesitação vacinal contra COVID-19 no cenário brasileiro, a fim de produzir materiais informativos aplicáveis à prática dos agentes comunitários com foco na expansão da cobertura vacinal.
Descrição da produção
Revisão da literatura realizada nas bases BVS, SciELO e PubMed. Foram incluídos textos completos, produzidos entre os anos de 2020 e 2023, com foco nos motivos da hesitação vacinal da COVID-19 no Brasil. Selecionou-se oito textos, cujos dados foram sistematizados segundo o modelo dos 5Cs proposto por Razai et al (2021). Os achados subsidiaram a elaboração de cartilha direcionada à Agentes Comunitários de Saúde, para uso em atividades educativas visando a ampliação da cobertura vacinal.
Resultados
Os principais motivos para a hesitação vacinal estão relacionados à desconfiança sobre a eficácia e segurança das vacinas, influência de discursos políticos, subestimação da gravidade da doença e desinformação disseminada por redes sociais. Identificou-se associação entre política e hesitação vacinal, além do nível educacional e das crenças religiosas. A cartilha desenvolvida aborda esses temas, trazendo informações baseadas em evidências, estratégias de abordagem e sugestões de enfrentamento.
Análise crítica e impactos da produção
O estudo evidencia a complexidade da hesitação vacinal e a necessidade de abordagens integradas, considerando fatores políticos, culturais e sociais. O produto técnico representa uma importante ferramenta de educação em saúde, com potencial de impacto nas ações de atenção primária. Sua linguagem acessível e fundamentação científica possibilitam maior compreensão por parte dos agentes comunitários, promovendo o empoderamento desses profissionais para atuação frente às resistências vacinais.
Considerações finais
A hesitação vacinal no Brasil é um fenômeno complexo. Este estudo identificou causas centrais e evidenciou a necessidade de estratégias educativas acessíveis e baseadas em evidências. Como contribuição, produziu-se uma cartilha voltada à prática dos agentes de saúde, reforçando o papel da atenção primária no enfrentamento à desinformação e na promoção da vacinação por meio do diálogo e da escuta ativa.
OPERAÇÃO BAIXAS TEMPERATURAS (OBT) NA CIDADE DE SÃO PAULO: TENDAS DE VACINAÇÃO PARA AS PESSOAS VIVENDO EM SITUAÇÃO DE RUA.
Comunicação Oral
1 PMI/ COVISA/ SMS São Paulo.
Período de Realização
Dados referentes a vacinação das pessoas vivendo em situação de rua nos anos de 2024 a 2025.
Objeto da experiência
Vacinação das pessoas em situação de vulnerabilidade social, como as pessoas vivendo em situação de rua no Município de São Paulo.
Objetivos
Ampliar o acesso aos imunobiológicos de rotina e especiais para as pessoas vivendo em situação de rua nas tendas das operações de baixa temperatura realizada pela Prefeitura de São Paulo, com a participação do Programa Municipal de Imunizações.
Descrição da experiência
A prefeitura publicou a Portaria Intersecretarial nº 514/2024, que instituiu o Plano de Contingência para Situações de Baixas Temperaturas, ações para mitigar os impactos do frio, quando os termômetros alcançarem 13°C ou menos. Nas Operações de Baixas Temperaturas (OBT), são instaladas tendas na cidade para a população em situação de rua. As estruturas funcionam das 18h à 0h, com ações da assistência social e a vacinação extramuro, com a disponibilidade dos imunizantes disponíveis pelo SUS.
Resultados
Em 2024, foram montadas dez tendas da OBT, contemplando toda as regiões de saúde da cidade de São Paulo. No período de funcionamento foram aplicadas 2.033 doses de vacinas, destacamos 1.266 doses da vacina influenza por ser um agravo recorrente do inverno. No ano de 2025 até o dia 15/06/2025, foram montadas onze tendas e foi aplicado 1.540 doses de vacinas, sendo 1.081 contra a influenza.
Aprendizado e análise crítica
A estratégia de vacinação nas Tendas OBT enfrenta desafios como a mobilidade da população em situação de rua, dificuldade de acesso a documentos e resistência à imunização. Ainda assim, a aplicação de 3.573 doses de vacinas em 2024 e 2025 demonstra a relevância da ação. A vacinação é crucial para a promoção da saúde e prevenção de doenças como Influenza, especialmente em populações vulneráveis, reduzindo hospitalizações e fortalecendo a proteção coletiva.
Conclusões e/ou Recomendações
A imunização para essa população, especialmente durante períodos de baixas temperaturas, é um ato de equidade e cuidado. As condições adversas às quais estão expostos tornam a prevenção fundamental para evitar complicações graves. Assim, a vacinação não apenas protege contra doenças, mas também fortalece o vínculo dessas pessoas com o sistema de saúde, promovendo inclusão e dignidade em meio à vulnerabilidade social.
MONITORAMENTO DOS SALDOS DE VACINAS NO LOGVAC: UMA FERRAMENTA INOVADORA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral
1 UFRJ
2 SMS RIO
Período de Realização
A ferramenta foi implementada em agosto de 2023 e segue sendo utilizada em 2025.
Objeto da experiência
A construção de uma ferramenta que aprimorasse a gestão logística dos saldos dos imunobiológicos no município do Rio de Janeiro.
Objetivos
Descrever a elaboração de um ferramenta de análise dos estoques disponíveis de vacinas no Município do Rio de Janeiro (MRJ) e avaliar sua implementação na rotina de trabalho.
Descrição da experiência
A Coordenação do Programa de Imunizações do MRJ desenvolveu a ferramenta LOGVAC. Sua construção foi elaborada a partir de uma planilha Excel contendo as seguintes variáveis: estratégia (diária, semanal ou mensal), vacinas, laboratório, apresentação, quantidade de frascos, lote, validade e saldos de consumo. Posteriormente, foram replicadas 23 planilhas que são digitadas pelas Divisões de Vigilância em Saúde (DVS), Centrais Regionais de Rede de Frio (CRRF) e Serviços Vigilância em Saúde (SVS).
Resultados
O questionário aplicado junto às DVS, CRRF e SVS após 5 meses de sua implementação, indicou que 86% dos profissionais não apresentaram dificuldades em utilizar o LOGVAC. Ademais, 90% atribuíram o instrumento como bom ou excelente. A respeito de como a ferramenta auxilia no processo de trabalho, 52% avaliaram que ela é útil no monitoramento e análise dos saldos, 24% nas solicitações mensais, 14% nos alertas de validade e 10% no cálculo de sustentabilidade.
Aprendizado e análise crítica
Durante o processo, parte dos profissionais questionaram o layout e a periodicidade da digitação dos estoques. Mediante as sugestões, foram realizadas melhorias que facilitaram a sua utilização. Porém, a periodicidade precisou ser mantida, e ao compreender a relevância desta rotina de trabalho, a transição ocorreu de forma satisfatória. A implantação foi uma experiência exitosa ao compilar e otimizar os estoques de vacinas no MRJ de forma fidedigna e oportuna.
Conclusões e/ou Recomendações
O LOGVAC, inovação da SMSRIO, gerou avanço no gerenciamento logístico a partir de informações de estoques por Áreas Programáticas com prioridade de uso, possibilitando identificar a sustentabilidade de cada vacina. Assim, facilitou a criação de evidências para tomada de decisão por gestores no desenvolvimento de estratégias para evitar desabastecimentos, podendo ser replicada em outros serviços devido à praticidade e gerenciamento descentralizado.

Realização: