Programa - Comunicação Oral - CO12.7 - Inovações e Experiências em Saúde Pública: Ferramentas Digitais e Estratégias de Campo
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
FERRAMENTA “CG SEM RAIVA”: SOLUÇÃO DIGITAL ESCALÁVEL PARA A QUALIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO ANTIRRÁBICO HUMANO NO BRASIL
Comunicação Oral
Graeff, S. V.1, Oliveira, S. M. V. L.2, Zanoni, D. A.3, Lopes, E. M. F.3, Anacleto, W.3, Medeiros, A. C.3, Mergareno, L. F.3, Nogueira, A. P. N.3, Cunha, M. A. C.3, Kassar, T. C.3
1 UFMS e PMCG
2 FIOCRUZ/MS
3 PMCG
Período de Realização
Maio de 2024 a outubro de 2024
Objeto da produção
Ferramenta digital de apoio ao manejo clínico, notificação e monitoramento de casos de atendimento antirrábico humano.
Objetivos
Apoiar tecnicamente os profissionais na tomada de decisão frente aos acidentes com risco de raiva; padronizar condutas clínicas conforme protocolos vigentes; reduzir erros na indicação profilática; promover o uso criterioso dos imunobiológicos; potencializar a notificação e o encerramento dos casos.
Descrição da produção
A ferramenta foi construída por equipe multidisciplinar da SESAU, UFMS e Fiocruz/MS, a partir de achados em pesquisa que identificou elevada inadequação profilática em Campo Grande/MS. O desenvolvimento envolveu validação de especialistas e testes de usabilidade com os profissionais da rede municipal de saúde. A plataforma apresenta perguntas guiadas, algoritmos baseados no protocolo do Ministério da Saúde, telas de notificação e monitoramento, e integração com setores da vigilância.
Resultados
A tecnologia visa a padronização de condutas e apoio à tomada de decisão, permitindo a personalização da conduta conforme o tipo de animal, exposição e histórico do paciente, além de centralizar dados para análise epidemiológica e planejamento das ações de saúde pública. Está em uso desde outubro de 2024 na unidade de referência municipal para atendimento antirrábico humano em Campo Grande/MS. Já foi utilizada para notificação e acompanhamento de mais de 300 pacientes.
Análise crítica e impactos da produção
A ferramenta representa inovação ao aliar tecnologia, ciência e gestão pública, promovendo o uso racional de recursos, maior segurança clínica e agilidade nos processos assistenciais. Sua reprodutibilidade permite aplicação em outros contextos municipais e regionais. O impacto da ferramenta na prática clínica e na vigilância demonstra o valor da pesquisa aplicada como propulsora de mudanças estruturais no SUS, reforçando a abordagem One Health e o enfrentamento a doenças negligenciadas.
Considerações finais
O produto técnico “CG sem raiva” é exemplo de como a integração entre pesquisa, tecnologia e gestão pode gerar soluções efetivas, sustentáveis e replicáveis no SUS. Ao promover maior segurança clínica, reduzir desperdícios e fortalecer a vigilância epidemiológica, contribui significativamente para o alcance da meta global de eliminação de mortes humanas por raiva até 2030.
RELATO DE EXPERIÊNCIA EM VACINAÇÃO EXTRAMUROS: O POTENCIAL DOS MERCADOS PÚBLICOS DO DISTRITO SANITÁRIO II DA CIDADE DO RECIFE.
Comunicação Oral
Miranda, B. F. P. V.1, Dos Santos, R. A. V.2, Beltrão, M. E. P.1, Andrade, A. C. R.2, Da Silva, A. V. C.2, Coutinho, K. R. V.2, Moreno, E. A. C.2, Ramalho, I. A. B.2, Souto, M.F.3
1 IAM/Fiocruz Pernambuco
2 Prefeitura do Recife
3 SESAU Recife
Período de Realização
A experiência ocorreu entre os meses de outubro de 2024 e maio de 2025.
Objeto da experiência
Ações de vacinação extramuros realizadas em mercados públicos e em outros espaços do Distrito Sanitário II da Cidade do Recife.
Objetivos
Descrever o impacto das ações de vacinação extramuros, destacando os resultados dos mercados públicos, seus desafios e potencial como estratégia para ampliar o acesso à imunização nos territórios e em locais de grande circulação popular.
Metodologia
Entre outubro de 2024 e maio de 2025, foram realizadas 14 ações extramuros abertas ao público, sendo 3 em mercados públicos e as outras 11 em outros locais do território, como o Centro Comunitário da Paz (COMPAZ), igrejas, praças públicas, associações de moradores e outros equipamentos sociais. As ações contaram com planejamento logístico, equipe de profissionais da saúde, além de materiais e equipamentos para garantir a qualidade e segurança das atividades.
Resultados
As 14 ações obtiveram um total de 2.401 doses aplicadas. Dessas ações, 2 aconteceram em praças públicas, 3 em mercados públicos e 9 em outros equipamentos sociais. Em relação às doses aplicadas, 8,29% (n=199) foram em praças públicas e 38,23% (n=918) em outros equipamentos sociais. Em contrapartida, os mercados públicos foram responsáveis pela aplicação de 53,48% (n=1.284) das doses, ou seja, mais da metade do total de doses, enquanto as outras 11 ações somaram, juntas, 46,52% (n=1.117).
Análise Crítica
A experiência evidenciou que os mercados públicos oferecem grande potencial frente a ações extramuros, devido à boa adesão espontânea da população, quando comparados a outros locais do território. Também é possível refletir sobre as diferenças expressivas entre locais de grande circulação, visto que as praças do mesmo território, por exemplo, não performaram como os mercados. Portanto, o planejamento estratégico é essencial para garantir o sucesso diante dos desafios das ações extramuros.
Conclusões e/ou Recomendações
A inclusão de mercados públicos como locais estratégicos na vacinação aponta bons resultados e viabilidade, mesmo diante da complexidade das ações extramuros. Visto que a articulação prévia com os espaços e feirantes, o acondicionamento e transporte das vacinas, a logística de profissionais e materiais devem ser bem integradas para assegurar a eficiência. Dessa forma, é possível garantir o acesso a uma vacinação de qualidade e de direito.
ESTRATÉGIA DE BUSCA PARA IDENTIFICAÇÃO DE EVIDÊNCIAS SOBRE FUNCIONALIDADE NA DOENÇA DE CHAGAS COM BASE NA CIF
Comunicação Oral
Ottone, N. C. S.1, Castro, R. O.1, Santos, P. V. M.1, Pinhal, K. C.1, Souza, G. S.1, Costa, H. S.1, Alcantara, M. A.1
1 UFVJM
Apresentação/Introdução
Embora bem descrita clinicamente, a Doença de Chagas ainda carece de compreensão aprofundada sobre seus impactos funcionais. Compromete funções físicas, emocionais e sociais, sobretudo em populações vulneráveis. A revisão sistemática é essencial para reunir evidências sobre esses impactos e orientar abordagens integradas na perspectiva biopsicossocial.
Objetivos
Mapear, por meio de uma estratégia sistematizada de busca bibliográfica, as evidências científicas sobre os impactos funcionais da Doença de Chagas com base na CIF, subsidiando a construção de um Core Set específico para essa condição.
Metodologia
Foi realizada uma estratégia de busca sistematizada nas bases PubMed, SciELO, Scopus e Web of Science. Foram aplicados filtros para idiomas (português, espanhol e inglês), ano de publicação a partir de 2001 (ano de publicação da CIF) e tipo de documento (artigos revisados por pares). As buscas foram organizadas em seis blocos temáticos: (1) combinações amplas; (2) combinações por tema; (3) variações linguísticas; (4) componentes específicos da CIF; (5) estudos qualitativos; e (6) subdivisão por domínios da CIF. Foram utilizados descritores controlados e não controlados combinando operadores booleanos (AND/OR) em três idiomas.
Resultados
A leitura de 27 estudos identificou 310 desfechos funcionais relacionados à Doença de Chagas, dos quais 200 foram vinculados a 42 categorias de segundo nível da CIF. Todos os componentes da CIF foram representados: Funções do Corpo (52%), Estruturas do Corpo (17%), Atividades e Participação (21%) e Fatores Ambientais (11%). As categorias mais recorrentes foram: b130, b152, b410, s410, e110 e e580.
Conclusões/Considerações
O estudo permitiu mapear categorias da CIF mais frequentemente associadas à Doença de Chagas na literatura científica, evidenciando impactos em funções do corpo, estruturas, atividades e fatores ambientais. Os achados oferecem subsídios iniciais para o desenvolvimento de um Core Set específico, sensível às necessidades funcionais dessa população e útil para práticas clínicas e reabilitadoras.
SALA DE SITUAÇÃO EM SAÚDE: EXPERIÊNCIA NO ENFRENTAMENTO DA SÍFILIS EM CAMPINAS, SÃO PAULO
Comunicação Oral
Paiz, L. M.1, Almeida, V. C2, Borsato, B. R.2, Belo, K. O.2, Nascimento, C. A.2, Lima, A. L. C.2, Krutinsky D. H.2, Benetti, M. R. S.2, Almeida, T. L. S.1, Von Zuben, A. P. B.2
1 Universidade Estadual Paulista (UNESP)
2 Secretaria Municipal de Saúde de Campinas
Período de Realização
O relato refere-se às reuniões Sala de Situação de Sífilis, de outubro de 2022 a fevereiro de 2024.
Objeto da experiência
A experiência baseia-se no aumento da taxa de detecção de sífilis em Campinas-SP, que, apenas para sífilis adquirida, foi de 174,9% entre 2013 e 2023.
Objetivos
Utilizar a estratégia da Sala de Situação em Saúde para compreensão do aumento das taxas de sífilis em um Distrito de Saúde de Campinas-SP, subsidiando a gestão do processo de trabalho e a tomada de decisão compartilhada entre Vigilância em Saúde (VS) e Atenção Primária à Saúde (APS).
Descrição da experiência
Reuniram-se mensal ou bimensalmente representantes da gestão e das 12 Unidades Básicas de Saúde do Distrito de Saúde Norte, da Vigilância em Saúde regional e central, além de atores da Universidade Estadual de Campinas e, eventualmente, outros atores estratégicos. Realizou-se integração de bases de dados, com análise e monitoramento contínuos, por meio de um painel digital automatizado contendo indicadores de sífilis, que subsidiou discussões e pactuações no âmbito da Sala de Situação.
Resultados
Destacam-se cinco dimensões de intervenções: diagnóstico situacional, capacitações, registro de informações, gestão do processo de trabalho e monitoramento/avaliação. A partir do diagnóstico, reconheceram-se experiências exitosas, as equipes de APS foram capacitadas e os processos de trabalho foram revisitados, com repactuação de fluxos da Linha de Cuidado Materno-Infantil, fortalecimento de comitês de vigilância e mortalidade materno-infantil e revisão de instrumentos de monitoramento de casos.
Aprendizado e análise crítica
A Sala de Situação é uma estratégia relevante no campo da Saúde Coletiva, especialmente por organizar um espaço multiprofissional, interdisciplinar e intrasetorial. Esta pode ser uma estratégia para enfrentar o desafio de refletir sobre os processos de trabalho na rotina da APS e de transformar os dados de VS em conhecimento. Nesse espaço, profissionais da APS e VS puderam traçar estratégias baseadas em dados, considerando aspectos além da dimensão biomédica, como desigualdades dos territórios.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência da sala de situação de sífilis do Distrito de Saúde Norte, em Campinas, pode ser replicada a outras localidades, como uma estratégia para aprimorar a gestão e o enfrentamento não somente da sífilis, mas de problemas em Saúde Pública. Promoveu-se um espaço multiprofissional para definição de condutas, subsidiadas por um diagnóstico situacional abrangente, com integração de dados epidemiológicos, assistenciais e gerenciais.
DINÂMICA “FESTA DOS FLUIDOS” COMO ESTRATÉGIA EDUCATIVA EM SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA PARA ADOLESCENTES
Comunicação Oral
SILVA, Paulo Henrique Vicente da1, SILVA, Gabriella Estigarribia1, PAULA, Elza Maria de Queiroz Venancio de1, OLIVEIRA, Adriely de1
1 Secretaria Municipal de Saúde de Dourados e Fundação Oswaldo Cruz
Período de Realização
Março a abril de 2024.
Objeto da experiência
Promover reflexão crítica sobre IST, prevenção e direitos sexuais entre adolescentes, fortalecendo o vínculo e o acesso qualificado à APS.
Objetivos
Desenvolver ação intersetorial entre saúde e educação para promover reflexão crítica de adolescentes sobre IST, prevenção e direitos, ampliando o vínculo com a APS e fomentando o cuidado integral e participativo.
Descrição da experiência
Foram realizadas oito oficinas com turmas finais do ensino fundamental e médio de uma escola pública, mediadas por residentes do LABINOVAAPS. Utilizou-se a dinâmica “Festa dos Fluidos”, na qual os alunos simularam trocas de líquidos entre copos, representando interações sociais. A revelação, com luz ultravioleta, da transmissão simbólica de IST favoreceu o impacto visual e o engajamento, seguida de diálogo educativo. A ação evidenciou a potência da intersetorialidade.
Resultados
Os adolescentes participaram ativamente e expressaram dúvidas sobre IST, métodos contraceptivos e direitos sexuais. Em todas as oficinas, observou-se aumento dos copos com fluorescência, evidenciando a eficácia lúdica da dinâmica e facilitando a compreensão da transmissão invisível de infecções. O engajamento favoreceu o esclarecimento de conceitos e fortaleceu o vínculo com a USF, ampliando a percepção do SUS como espaço legítimo de escuta e cuidado.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou que o uso de linguagem acessível, métodos interativos e abordagem acolhedora favorece a escuta qualificada de adolescentes. As inquietações expressas apontaram a importância de práticas educativas que considerem suas vivências. Reforçou-se a necessidade de intervenções educativas regulares, intersetoriais e participativas como ferramentas de equidade e promoção da cidadania em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
A ação reafirmou o potencial das intervenções intersetoriais como estratégia para promoção da saúde de adolescentes. Recomendam-se abordagens educativas permanentes, alinhadas às demandas juvenis, que fortaleçam o vínculo com a APS e consolidem o território como espaço legítimo de cuidado, escuta e cidadania, contribuindo para a efetivação do direito à saúde sexual e reprodutiva.
PERFIL DE LAS MUJERES EN EDAD FÉRTIL DIAGNOSTICADAS CON LA ECC EN LOS MUNICIPIOS DE IMPLEMENTACIÓN DEL PROYECTO CUIDA CHAGAS EN EL PARAGUAY
Comunicação Oral
Lesmo, V.1, Heredia, H.2, Silvestre, A.2, Vermeij, D.2, Chena, L.2, Santacruz, P.1, Román, J.1
1 SENEPA - CUIDA Chagas
2 Fiocruz/INI - CUIDA Chagas
Apresentação/Introdução
En 2018 el Paraguay logró la certificación de la interrupción de la transmisión vectorial de la enfermedad de Chagas. Sin embargo, se estima que existen 150.000 niños y adultos infectados. Actualmente la vía transmisión más importante es la vertical, la prevalencia de la Enfermedad de Chagas Crónica (ECC) en embarazadas a nivel nacional oscila entre 2 y 5%, llegando hasta 15% en algunos municipios
Objetivos
Caracterizar el perfil de las mujeres en edad fértil (MEF) diagnosticadas con la ECC en los seis municipios del Paraguay donde se implementa el proyecto CUIDA Chagas
Metodologia
Estudio transversal vinculado a la investigación de implementación del proyecto CUIDA Chagas, con aprobación ética de la OMS y Laboratorio Central de Salud Pública (LCSP) de Paraguay. El análisis se centra en las MEF (15 a 49 años) diagnosticadas en el período de noviembre de 2023 al 31 de mayo del año 2025, en los 6 municipios incluidos en el proyecto. Las siguientes variables fueron analizadas: número de tamizajes, número de casos confirmados de MEF, lugar de residencia, etnia, estado civil, grupo etario, nivel de educación, profesión, ocupación, ingreso familiar. Los datos fueron registrados en el REDCap y los reportes de salida se construyeron en el Power BI
Resultados
Se tamizaron 15.870 MEF, de las cuales 210 fueron diagnosticadas con ECC, 20 (9,5%) estaban embarazadas. El mayor número de casos está en Mariscal Estigarribia (80) seguido de Caacupé (55), Concepción (26), Villa Elisa (25) y Paso Horqueta (3). La prevalencia más elevada fue en Mariscal Estigarribia (4,5%) y Caacupé (1,6%). Del total de casos, 67% viven en zonas rurales, especialmente en Mariscal Estigarribia, donde 91% de las MEF diagnosticadas son indígenas. El grupo de edad predominante es el de 40 a 49 años (47%), 64% están casadas, y 32% solteras; 31% tienen primaria incompleta. La ocupación principal es ama de casa (52%), el ingreso familiar en el 21% fue de 700.000-1.200.000 guaraníes
Conclusões/Considerações
El perfil de las MEF diagnosticadas con la ECC varían según municipios y existen desigualdades en la distribución de la ECC. El proyecto CUIDA Chagas ha permitido ampliar el acceso al diagnóstico de MEF en áreas descubiertas zonas de difícil acceso como Mariscal Estigarribia. Las MEF jóvenes son las menos tamizadas, por lo que es importante diseñar estrategias para asegurar el acceso al diagnóstico y tratamiento precoz de este grupo