
Programa - Comunicação Oral - CO1.3 - Câncer, Envelhecimento e Condições Crônicas de Alta Carga
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E ANÁLISE ESPACIAL DOS CASOS DE CÂNCER DE TESTÍCULO NO BRASIL, ENTRE 2013 E 2021
Comunicação Oral
1 FMUSP
2 UFMA
3 UESPI
Apresentação/Introdução
O câncer de testículo (CT) é uma neoplasia maligna rara, que acomete aproximadamente 1 a cada 250 homens ao longo da vida. Trata-se de um tumor sólido que afeta predominantemente homens jovens, especialmente aqueles com histórico familiar da doença. Sua prevalência é mais elevada em países desenvolvidos, e a incidência global tem dobrado nas últimas décadas, principalmente entre caucasianos.
Objetivos
Analisar o perfil epidemiológico e a distribuição espaço-temporal dos casos de câncer de testículo no Brasil, entre os anos de 2013 e 2021.
Metodologia
Estudo ecológico com abrangência nacional, utilizando dados secundários do Painel-Oncologia entre 2013 e 2021, com base no código CID-10 C62, correspondente à Neoplasia Maligna dos Testículos. Para a caracterização do perfil epidemiológico, foram analisadas as variáveis: ano de diagnóstico, faixa etária, modalidade terapêutica, estadiamento, realização e tempo de início do tratamento. Na análise temporal, calculou-se a taxa de detecção por 100 mil habitantes e, por meio do método Joinpoint, estimou-se a variação percentual anual (APC) e seus intervalos de confiança de 95% (IC95%). Por fim, a análise espacial foi realizada através de mapa temático da taxa bruta de detecção.
Resultados
No Brasil, foram identificados 12.314 casos de CT entre 2013 e 2021. A taxa média de detecção foi de 1,3 por 100 mil habitantes, com crescimento de 80% entre o primeiro e último ano analisado. A maioria dos casos ocorreu em homens de 20 a 39 anos (66,9%). A principal forma de tratamento foi a cirurgia (55,1%), com estadiamento clínico 3 (13,1%). Em 93,8% dos casos foi realizado algum tipo de tratamento e, em 67,9%, o início ocorreu em até 30 dias após o diagnóstico. A análise por Joinpoint indicou tendência crescente, com aumento anual médio de 10% (IC95%:5,5-14,6;p=0,001). A distribuição espacial foi irregular, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste, especialmente em São Paulo.
Conclusões/Considerações
Diante do exposto, observam-se indicadores preocupantes relacionados ao CT no Brasil. Dessa forma, é imprescindível que as políticas públicas de diagnóstico e tratamento sejam implementadas de maneira universal e integral. Além disso, é fundamental que os profissionais de saúde estejam preparados para lidar com os paradigmas socioculturais associados a essa neoplasia, a fim de atuarem de forma eficaz na conscientização da população.
CARGA DO CÂNCER COLORRETAL NO BRASIL E REGIÕES, 1990 A 2019.
Comunicação Oral
1 IPTSP/UFG
Apresentação/Introdução
O câncer colorretal (CCR) é o terceiro câncer mais frequente em todo o mundo, com aumento da carga global anualmente. A carga de uma doença é uma medida que mostra o impacto na qualidade e expectativa de vida influenciadas por doenças, e para isso ela utiliza a mortalidade e morbidade (sofrimento e incapacidade causados por doenças) para quantificar esse impacto
Objetivos
Analisar as tendências das taxas relacionadas aos indicadores da carga de CCR no Brasil e regiões por sexo, de 1990 a 2019.
Metodologia
Estudo descritivo, que utilizou dados do Global Burden of Diseases Study 19 (GBD19) para os cálculos das taxas e tendências dos indicadores DALY (Disability-adjusted life year ¬¬¬– Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade), YLL (Years of Life Lost – anos de vida perdidos devido à mortalidade prematura) e YLD (Years Lived with Disability – anos vividos com incapacidade) em indivíduos com 30 anos e mais. Para as taxas padronizadas por idade, considerou-se a população padrão GBD19. As tendências foram estimadas pela mudança percentual média anual (AAPC) e intervalo de confiança de 95%, por regressão de Joinpoint.
Resultados
De 1990 a 2019, embora as maiores cargas de câncer colorretal tenham sido registradas no Sul e Sudeste, as maiores tendências de crescimento ocorreram no Nordeste, com aumentos anuais para DALY masculino 1,9% (IC95%: 1,9–2,0), feminino 1,3% (1,3–1,4); YLD masculino 2,7% (2,7–2,8), feminino 2,1% (2,0–2,2); YLL masculino 1,9% (1,9–2,0), feminino 1,3% (1,3–1,4). Já nas regiões Sul e Sudeste, apesar das altas cargas absolutas, as tendências de crescimento foram significativamente mais discretas, com aumentos inferiores a 1% ao ano para ambos os sexos.
Conclusões/Considerações
O CCR é um problema crescente no Brasil, colocando sua população em risco de morte prematura e sofrimento. Os resultados reforçam a importância de implementação de programas de rastreamento mais eficazes para a detecção precoce da doença que favorece o tratamento oportuno, aumentando assim a qualidade de vida e expectativa dos acometidos.
CARGA DO CÂNCER DE MAMA NO CONTINENTE AMERICANO: UMA ANÁLISE TEMPORAL
Comunicação Oral
1 UFJF
2 UFV
Apresentação/Introdução
Na população feminina, exceto pelo câncer de pele não melanoma, o câncer de mama (CM) é a neoplasia mais diagnosticada e a principal causa de morte por câncer a nível mundial. O diagnóstico precoce, estimulado por políticas de alerta para os primeiros sinais e sintomas, como também os avanços em pesquisas aliado ao tratamento podem resultar em melhoria na sobrevida da paciente.
Objetivos
Investigar a tendência temporal da carga do CM através da incidência e da mortalidade, em grupos etários específicos, em países do continente americano, e verificar a associação com os índices sociodemográficos (ISD).
Metodologia
O desenho da pesquisa consistiu em um estudo ecológico misto de séries temporais e de comparações geográficas. Foram selecionados países do continente americano de alto ISD (Canadá, EUA), alto-médio ISD (Argentina, Chile e Uruguai) e médio ISD (Brasil, Colômbia, Costa Rica e Cuba) e extraídos dados de incidência e de mortalidade de mulheres em grupos etários específicos: idade padronizada, 15-49; 50-69 e 70 anos ou mais. A investigação utilizou a base dados do Global Burden of Disease (GBD). Para análise das mudanças nas tendências temporais foi utilizado o modelo de regressão Joinpoint que identifica alterações de padrão em pontos específicos.
Resultados
Ao analisar as taxas padronizadas por idade, destaca-se a queda da incidência e da mortalidade por CM no Canadá e EUA, países de alto ISD, porém os valores das magnitudes superam os demais países. Na faixa etária de 50 a 69 anos, dos 9 países analisados, 6 tiveram tendência crescente na incidência (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e Cuba) e 6 foram decrescentes na mortalidade (Argentina, Canadá, Chile, Cuba, EUA e Uruguai). Na faixa etária de 70 anos ou mais, exceto pelos Canadá e EUA, todos os países tiveram incidência crescente e para mortalidade 5 foram decrescentes (Argentina, Canadá, Chile, Colômbia e EUA), 3 crescentes (Brasil, Costa Rica e Cuba) e 1 estável (Uruguai).
Conclusões/Considerações
As variações em incidência e mortalidade por CM ocorrem territorial e temporalmente de acordo com a dinâmica social, cultural e econômica de cada país. Apesar do aumento global dos indicadores relacionados ao câncer de mama, sabe-se que a carga da doença possui tendência de maior impacto em países com menor ISD. Espera-se que os resultados possam contribuir nas estratégias de prevenção, tratamento precoce e políticas públicas.
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO NO ESTADO DE SÃO PAULO: UM ESTUDO DE BASE HOSPITALAR
Comunicação Oral
1 Fundação Oncocentro de São Paulo - FOSP
Apresentação/Introdução
O câncer do colo do útero é um dos principais problemas de saúde pública que afeta a população feminina e está entre as principais causas de morte prematura na maioria dos países. No Brasil, segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) são esperados 15,4 casos novos/100.000 mulheres em 2025, sendo o quinto mais incidente entre as mulheres na região Sudeste e Estado de São Paulo.
Objetivos
Analisar o perfil do câncer do colo do útero em mulheres atendidas nos hospitais que integram o Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo (RHC/SP) ao longo das últimas duas décadas.
Metodologia
Casos analíticos de câncer do colo do útero (C53), diagnosticados entre 2000 e 2021, foram obtidos no RHC/SP e avaliados por estadiamento clínico (EC) ao diagnóstico e Departamento Regional de Saúde (DRS) de residência das pacientes. O EC ao diagnóstico foi classificado em in situ, inicial (I e II) e avançado (III e IV). A sobrevida global para o período de até 5 anos, por EC, foi obtida para casos diagnosticados entre 2000 e 2019 e seguidos até o final de 2024.
Resultados
Foram identificados 53.754 casos de câncer do colo do útero, que passou da 2ª para 3ª posição entre os mais frequentes em mulheres desde 2006, atrás do de mama e colorretal. Na comparação entre 2000–2010 e 2011–2021, houve estabilidade nos diagnósticos in situ (44,5% vs. 45,3%), queda no EC inicial (30,8% vs. 28,6%) e aumento do avançado (24,7% vs. 26,1%). Exceto os DRS da Baixada Santista, Piracicaba, Registro e Taubaté, os demais tiveram mais diagnósticos in situ. Entre os invasivos, destacam-se Baixada Santista, Taubaté, São João da Boa Vista e Piracicaba, com maior proporção de EC avançado. A sobrevida em 1 e 5 anos, para EC inicial vs. avançado, foi de 84% vs. 45% e 68% vs. 26%.
Conclusões/Considerações
Apesar da alta proporção de diagnósticos in situ, entre os casos invasivos não houve mudança significativa nas proporções de EC inicial e avançado em duas décadas, com muitas mulheres ainda sendo diagnosticadas tardiamente, o que reduz a sobrevida. O câncer do colo do útero é prevenível. É essencial ampliar o acesso ao rastreamento, vacinação, diagnóstico precoce e tratamento adequado.
TENDÊNCIAS DA CARGA DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA ÁFRICA, 1990 A 2021: RESULTADOS DO GLOBAL BURDEN OF DISEASES STUDY, 2021
Comunicação Oral
1 UFG
Apresentação/Introdução
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) representam um desafio de saúde pública na África, impactando significativamente a economia dos países. Estas condições são responsáveis por mortes prematuras e perda de qualidade de vida. Poucos estudos analisaram a tendência da carga da mortalidade e os Anos de Vida Ajustados por Incapacidade (DALY) por DCNT.
Objetivos
Analisar a tendência dos indicadores de carga das DCNT (câncer, diabetes, doenças cardiovasculares, doenças crônicas respiratórias) nos 54 países africanos entre 1990 e 2021
Metodologia
É um estudo descritivo com base nas estimativas do Global Burden of Diseases (GBD) de 2021. Extraímos dados do GBD para analisar a carga das DCNT da África em termos de anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs) e a taxa de mortalidade padronizada por idade e sexo com intervalos de incerteza de (95%UI), com base as tendências anualizadas na carga global entre 1990 à 2021. O GBD apresenta mais de 286 causas de morte, 369 doenças e lesões e 87 fatores de risco em 204 países e territórios, com o uso das medidas de mortes, Anos de vida perdidos (YLLs), Anos vividos com incapacidade (YLDs) e DALYs.
Resultados
Entre 1990-2021, observou-se (42.547,50 mortes [95%UI: 37.206,44; 48.088,00]) e (37.831,29 mortes [95%UI: 31.234,55; 45.314,34]) respectivamente com uma redução na taxa de mortalidade padronizada por idade (4,96% [95%UI: -14,24; 6,68] por 100 mil hab.). Em relação aos DALYs, verificou-se (25.645,65 milhões [95%UI: 132.5661,15; 1.722.923,31]) em 1990 e (1.350.382,58 milhões [95%UI: 1.137.646,75; 1.594.222,24]) em 2021, com uma redução de (5,19% [95%UI: -12,23; 3,35]). Os homens apresentaram redução de 4,73% [95%UI: -13,93; 7,17] na mortalidade e 5,17% [95%UI: -12,61; 4,13] em DALYs; mulheres tiveram redução de 4,80% [95%UI: -15,04; 8,30] na mortalidade e 4,93% [95%UI: -12,13; 3,83] nos DALYs.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam declínio modesto, porém consistente, na carga de DCNT na África entre 1990-2021. Apesar deste progresso, as DCNT permanecem como importante causa de morbimortalidade no continente. Esses achados reforçam a necessidade de políticas integradas de saúde pública que abordem simultaneamente doenças transmissíveis e não transmissíveis.

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