
Programa - Comunicação Oral - CO1.6 - Saúde reprodutiva, condições congênitas e doenças crônicas
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
RACISMO E HIV/AIDS: DESAFIOS DE MULHERES NEGRAS PARA ACESSO AOS SERVIÇOS E A PRECARIZAÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE
Comunicação Oral
1 UEFS
Apresentação/Introdução
A AIDS é causada pela infecção crônica do vírus HIV e apresenta-se como um dos principais agravos à saúde pública. O racismo aumenta a suscetibilidade das mulheres negras à infecção devido às desigualdades socioeconômicas, desafios para o acesso aos serviços de saúde e a precarização do cuidado. As Políticas Públicas voltadas às demandas da população negra enfrentam desafios a serem superados.
Objetivos
Descrever o impacto do racismo no acesso aos serviços de saúde e na precarização do cuidado às mulheres negras que vivem com HIV/AIDS.
Metodologia
Foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados Lilacs, Scielo, PubMed e Medline utilizando as palavras-chave “HIV/AIDS”, “Racismo Estrutural” e “Mulheres negras”. Utilizou-se como critérios de inclusão as produções científicas publicadas entre 2000 e 2024, disponíveis na íntegra e nas línguas portuguesa e inglesa. Inicialmente foram selecionados 56 documentos. Após a leitura dos resumos e dos documentos na íntegra, foram excluídos os documentos que não tinham relação direta com a temática pesquisada, sendo escolhidos 33 documentos que foram analisados de forma descritiva.
Resultados
Mulheres negras que vivem com HIV/AIDS apresentam maior vulnerabilidade em saúde, devido a exposição aos estigmas sociais que propiciam as violências de gênero e de raça. O racismo impacta negativamente no acesso ao tratamento para pessoas que vivem com HIV/AIDS, especialmente às pessoas negras, devido às práticas discriminatórias do racismo institucional que impõem estigmas, silenciamento e invisibilidade das demandas de saúde desse segmento social. Assim, o racismo tem gerado invisibilidade das demandas de saúde das mulheres negras que vivem com HIV/AIDS e, consequentemente, barreiras para o acesso aos serviços e a precarização do cuidado.
Conclusões/Considerações
O enfrentamento do HIV/AIDS entre mulheres negras exige uma abordagem que reconheça como o racismo, as desigualdades sociais e as relações de gênero são fatores que aumentam a vulnerabilidade em saúde. Fortalecer as ações voltadas à igualdade de raça e gênero e intervir na discriminação racial, que ainda perpetua nas instituições de saúde são passos fundamentais para garantir o acesso digno à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E FRAGILIDADES NA CASCATA DE CUIDADO PRÉ-NATAL E PARTO DE GESTANTES HIV+ EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral
1 IESC/UFRJ
2 Área de Epidemiologia/HFSE
Apresentação/Introdução
Apesar das diretrizes consolidadas, a transmissão vertical do HIV ainda ocorre no Brasil. A qualidade da atenção pré-natal e intraparto às gestantes vivendo com HIV é decisiva para a prevenção. A pandemia de COVID-19 pode ter afetado a cascata de cuidado materno-infantil, tornando essencial a análise de fragilidades que possam comprometer a eficácia das estratégias de prevenção.
Objetivos
Analisar o perfil dos casos de crianças expostas ao HIV de 2018 a 2022 em um hospital de referência e identificar fragilidades no cuidado de gestantes HIV+, com ênfase nos casos que evoluíram com infecção do recém-nascido, antes e durante a pandemia.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, descritivo e quantitativo, com base em 932 notificações de crianças expostas ao HIV em um hospital de referência no Rio de Janeiro, de 2018 a 2022. Dados foram extraídos do banco local e de sistemas oficiais (SINAN, SISCEL), e revisão de prontuário em casos específicos. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, clínicas e assistenciais das mães (uso de TARV no pré-natal, carga viral, uso de antirretroviral intraparto e para o recém-nascido). Para a análise estatística utilizou o software RStudio, com distribuição de frequências, testes de associação e comparação entre os períodos pré-pandêmico e pandêmico, para avaliar impactos na qualidade da atenção.
Resultados
Entre os 932 casos analisados, a maioria das mães era negra e com baixa escolaridade. 9 casos evoluíram com transmissão vertical (1,0%), Em 77,8% dos casos infectados, a TARV foi iniciada tardiamente, 66,7% não receberam TARV no parto e 55,6% não tinham carga viral registrada no 3º trimestre. Quatro casos infectados foram regulados para acompanhamento após o diagnóstico. Houve queda nas notificações em 2021-2022, aumento de dados ignorados e um aumento significativo (p<0,001) nas perdas de seguimento das crianças. Durante toda a análise, a adesão à TARV pelas gestantes foi alta (96,4%), mas a qualidade da informação foi prejudicada, comprometendo a vigilância e o acompanhamento das crianças.
Conclusões/Considerações
As falhas na cascata de cuidado da gestante HIV+, como adesão à TARV, registros laboratoriais e vínculo insuficiente com o pré-natal, foram decisivas nos casos de transmissão vertical. A perda de qualidade dos registros e falhas no acompanhamento das crianças expostas comprometem a vigilância, exigindo protocolos mais eficazes, contrarreferência, e continuidade do cuidado. Erradicar a transmissão vertical requer uma rede integrada e vigilante.
PREVALÊNCIA DE ANOMALIAS CONGÊNITAS PRIORITÁRIAS PARA A VIGILÂNCIA AO NASCIMENTO, CEARÁ, 2018 A 2023.
Comunicação Oral
1 UECE
Apresentação/Introdução
As anomalias congênitas (ACs) consistem em alterações na estrutura ou na função de órgãos ou partes do corpo que ocorrem durante a vida intrauterina. Podem ser causadas por uma variedade de fatores etiológicos, dentre os quais: genéticos, ambientais (teratógenos) ou ainda pela combinação entre estes. As ACs são relevantes por serem uma das principais causas de morte no mundo e no Brasil.
Objetivos
Analisar a prevalência de anomalias congênitas prioritárias para a vigilância ao nascimento no Ceará entre 2018 e 2023.
Metodologia
Estudo epidemiológico e descritivo, com a utilização de dados secundários disponíveis na plataforma integrada de vigilância em saúde (IVIS) do Ministério da Saúde. Para a análise dos dados foram incluídos: todos os nascidos vivos (NV); os NV com ACs e os casos de ACs considerados prioritários para a vigilância ao nascimento, conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID-10). A análise estatística incluiu o cálculo da prevalência, considerando a razão entre o total de NV com ACs pelo número total de NV no mesmo período multiplicado por 10 mil. Os dados foram apresentados através de gráfico e tabela. A pesquisa não necessitou de aprovação em Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
Entre os anos de 2018 e 2023 foram registrados 726.245 NV, dos quais 7.360 apresentaram AC, com prevalência de 101,3 casos para cada 10 mil NV no período avaliado. O ano de 2023 foi marcado pela maior prevalência de casos de ACs (108,7/10 mil NV), enquanto a menor prevalência foi observada em 2018 (95,4/10 mil NV). Considerando as ACs prioritárias para a vigilância ao nascimento, apresentaram maior prevalência os defeitos de membros (34,0/10.000 NV), cardiopatias congênitas (7,0/10.000 NV), defeitos de órgãos genitais (6,8/10.000 NV) e fendas ora (6,6/10.000 NV).
Conclusões/Considerações
Os resultados ressaltam a necessidade de reflexão para o enfrentamento dos desafios, além disso, o fortalecimento da vigilância dessas condições contribui para o fortalecimento de medidas de prevenção e controle eficazes a fim de reduzir a prevalência de ACs e auxiliar no aprimoramento das políticas de atenção à saúde materno-infantil.
FLUXO DE ATENÇÃO AO RECÉM-NASCIDO COM SUSPEITA DE ANQUILOGLOSSIA, ACOMPANHADOS EM BANCO DE LEITE HUMANO
Comunicação Oral
1 Instituto de saúde/ SES-SP
2 Banco de Leite/ HMLMB
3 University of Nevada Las Vegas
4 CGCRIAJ/MS
Apresentação/Introdução
Anquiloglossia tem sido apontada como um dos fatores interferentes na amamentação, podendo dificultar a pega/sucção adequadas, estímulo à produção de leite, causar dor e lesões mamilares e baixo ganho de peso. O Ministério da Saúde (MS) estabeleceu critérios para um “Fluxo de Atenção a Anquiloglossia”, visando orientar o cuidado e amamentação do RN com anquiloglossia nas Redes de Atenção à Saúde
Objetivos
descrever aplicação de “Fluxo de Atenção ao RN com suspeita de Anquiloglossia” na identificação oportuna de anquiloglossia e desfechos de amamentação exclusiva aos 3 meses, acompanhados em banco de leite humano
Metodologia
Estudo prospectivo, baseado no fluxo estabelecido na Nota Técnica Conjunta (2023) do MS. Foram acompanhados RN, a termo, saudáveis, Apgar de 5’(>7), nascidos no hosp Leonor M. Barros-SP, credenciado IHAC, com resultado da aplicação do Protocolo Bristol <4, com seguimento até o 3ºm de vida. Excluíram-se casos com baixo peso ao nascer, alterações congênitas, clínicas, patológicas e/ou psicossociais que comprometessem a amamentação. Avaliou-se mamada (LATCH), intensidade de dor (EVA), ganho ponderal, frequência AME, lesões mamilares, severidade da classificação inicial do frênulo lingual, conduta cirúrgica, total consultas. Utilizou-se checklist do STROBE para reportar os métodos e resultados
Resultados
55 casos estudados, sendo os atendidos na 1ªs, casos de anquiloglossia severa, com maior proporção de indicação de frenotomia. Em 87% dos casos houve necessidade cirúrgica no decorrer do seguimento e em 13%, com alterações moderadas, não houve necessidade de cirurgia, com melhora na dor ao amamentar, ganho ponderal e continuidade do AME, mediante manejo clínico. RN que chegaram ao 3m sem estar em AME apresentaram LATCH significativamente mais baixo desde o início. Mensuração inicial/final dos indicadores da amamentação, indicou melhora significativa para LATCH, Escore de Bristol e lesões mamilares ao 3ºm, porém sem diferenças para quantidade de consultas de manejo e realização da frenotomia
Conclusões/Considerações
Pontuações LATCH inferiores desde início reforça proposta sugerida pelo MS sobre importância da avaliação da mamada e não apenas da função da língua. Destaca-se que não há uma quantidade de consultas ideal que assegure a melhora clínica nos casos suspeita de anquiloglossia, sendo necessário conduta personalizada conforme a necessidade clínica. Fluxo mostrou-se efetivo tanto para identificação da anquiloglossia como para avaliar desfechos de AME
ASSOCIAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE REDONDEZA CORPORAL E PRÉ-DIABETES E DIABETES: UM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL COM DADOS LABORATORIAIS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE
Comunicação Oral
1 UFMG
Apresentação/Introdução
O Diabetes Mellitus tipo 2 é uma condição metabólica crônica, precedida pelo pré-diabetes e fortemente associada à obesidade visceral. Medidas como índice de massa corporal, circunferência da cintura e razão cintura-estatura têm limitações, motivando a investigação de novos indicadores, como o índice de redondeza corporal.
Objetivos
Estimar a associação entre o índice de redondeza corporal e os desfechos de pré-diabetes e diabetes em adultos brasileiros, bem como avaliar sua capacidade preditiva em comparação com outras medidas antropométricas.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal baseado na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013. Foram utilizados dados de 8.435 indivíduos para o desfecho diabetes e 7.675 para pré-diabetes, com informações laboratoriais de HbA1c. O índice de redondeza corporal foi calculado a partir da altura e da circunferência da cintura. Modelos de regressão logística multinomial, ajustados por variáveis sociodemográficas e clínicas, foram aplicados para estimar a associação entre as medidas e os desfechos. A capacidade preditiva do BRI foi comparada ao IMC, à CC e à RCE por meio da análise da curva ROC, sensibilidade, especificidade e área sob a curva (AUC). As análises foram realizadas no software Stata 14.
Resultados
A prevalência de pré-diabetes foi de 15,8% e de diabetes 8,6%. O índice de redondeza corporal médio foi 4,64. O BRI mostrou associação significativa com os desfechos: indivíduos nos quartis superiores apresentaram maior chance de pré-diabetes e diabetes. No modelo ajustado, o 4º quartil de BRI teve OR=2,98 para pré-diabetes e OR=8,0 para diabetes. O BRI apresentou AUC de 0,74 para diabetes e 0,67 para pré-diabetes, demonstrando bom desempenho diagnóstico. Comparado a outras medidas antropométricas, o BRI teve maior capacidade discriminatória para detecção de distúrbios glicêmicos.
Conclusões/Considerações
O índice de redondeza corporal associou-se ao pré-diabetes e diabetes na população brasileira. Sua alta acurácia preditiva, superior a medidas tradicionais, reforça seu potencial como ferramenta no rastreamento de doenças crônicas, evidenciando a importância da validação e adoção de novas métricas na saúde pública.

Realização: