
Programa - Comunicação Oral - CO26.6 - Saúde dos Trabalhadores da Educação
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
TRABALHO E ANSIEDADE ENTRE DOCENTES DA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
Comunicação Oral
1 UEFS
2 UFRB
Apresentação/Introdução
Os fatores psicossociais relacionados ao trabalho referem-se às interações entre o ambiente de trabalho, o conteúdo, as condições organizacionais e as capacidades dos trabalhadores, que podem trazer efeitos à saúde física e mental do trabalhador. Evidências apontam associação entre fatores psicossociais e problemas de saúde mental, em diversos trabalhadores, inclusive os da docência
Objetivos
Identificar associação entre fatores psicossociais do trabalho e a prevalência de Transtorno de Ansiedade Generalizada(TAG) em docentes da pós-graduação.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal com 149 docentes de programas stricto sensu no estado da Bahia, sendo a variável desfecho o TAG, avaliado pelo General Anxiety Disorder-7 (GAD-7), com pontuação que varia 0 a 21, e ponto de corte de = > 10; Já a variável de exposição principal foram os fatores psicossociais do trabalho, avaliados pelo Job Content Questionnaire (JCQ), que baseia-se no Modelo Demanda-Controle de Karasek (1979).Foi realizada análise descritiva das variáveis e análise bivariada para estimar a Razão de Prevalência (RP) e seus respectivos Intervalos de Confiança(IC95%).
Resultados
A prevalência geral de TAG foi de 47,5%. Ao associar os fatores psicossociais com TAG, identificou-se que os docentes com baixo apoio social (RR = 1,45; IC95%:1,03-2.04) e alta demanda psicológica (RR=1,98; IC95%: 1,31-2,99) apresentaram maior prevalência de transtorno de ansiedade generalizada. Quanto ao controle sobre o trabalho (RP=1,25; IC95%: 0,87-1,80), observou-se maior prevalência de TAG no grupo com baixo controle, porém sem significância estatística. O trabalho em alta exigência, ou seja, aquele com grande demanda e pouca autonomia associou-se à maior ocorrência de TAG (RP=2.25; IC95%:1,26-3,99).
Conclusões/Considerações
Identificar a associação entre os fatores psicossociais e problemas de saúde mental, como o TAG, denota a importância de refletir sobre esses dados como um passo fundamental para deslocar o foco da culpabilização individual para uma crítica à lógica produtivista da pós-graduação stricto sensu, uma vez que os fatores de risco psicossociais estão diretamente relacionados à organização do trabalho.
HÁBITOS ALIMENTARES ENTRE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE ESCOLAS ESTADUAIS DE MINAS GERAIS E FATORES ASSOCIADOS: PROJETO PROFSMINAS LONGITUDINAL
Comunicação Oral
1 Unimontes
Apresentação/Introdução
Hábitos alimentares impactam a saúde e qualidade de vida. O trabalho docente envolve baixo gasto energético, elevando o risco de sobrepeso e obesidade, em comparação à população geral. A escola, como espaço de formação, é estratégica para ações educativas, e os professores, pela convivência diária com os alunos, podem atuar como modelos e promotores de práticas saudáveis no ambiente escolar.
Objetivos
O objetivo do presente estudo foi analisar os hábitos alimentares e fatores associados entre professores da educação básica das escolas estaduais de Minas Gerais (MG).
Metodologia
Trata-se de um recorte transversal de websurvey, intitulado Projeto ProfSMinas longitudinal. Um formulário eletrônico foi enviado aos e-mails institucionais dos professores da educação básica das escolas estaduais de MG participantes do estudo. A coleta ocorreu entre out/2023 e mar/2024. A variável dependente, hábitos alimentares, foi aferida pelo instrumento Escala para Avaliação da Alimentação, conforme Guia Alimentar para a população brasileira. As variáveis independentes foram agrupadas em sociodemográficas, relativas ao trabalho, situações de saúde e hábitos de vida. Foi conduzida Regressão Logística Binária e o modelo final foi ajustado. Estudo aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
Foram considerados 767 professores. Houve predomínio de professoras (71,3%), com idade entre 40 e 59 anos (37,5%). Observou-se prevalência de alimentação saudável em 32,1% dos professores (n = 246), enquanto 67,9% (n = 521) apresentaram padrões alimentares inadequados ou com necessidade de modificação. Quanto ao modelo múltiplo final ajustado das variáveis associadas à alimentação, professores do sexo masculino (OR= 1,75), com vínculo contratado/designado (OR= 1,63), com sobrepeso/obesidade (OR= 1,59), com TMC presente (OR= 1,96), que tinham pior qualidade de vida (OR= 3,33) e eram insuficientemente ativos/sedentários (OR= 1,47) apresentaram maiores chances de pior padrão alimentar.
Conclusões/Considerações
A maioria dos professores apresentaram padrões alimentares inadequados/com necessidade de modificação. O estudo confirmou que pior padrão alimentar associa-se a pior saúde e qualidade de vida, além de ter identificado questões relativas ao trabalho que também se mostraram associadas Tais informações devem subsidiar ações de promoção à saúde, reforçando a conscientização e o incentivo à alimentação adequada entre os docentes e no ambiente escolar.
PARA ALÉM DA UNIVERSIDADE: ESCASSEZ DE TEMPO E SAÚDE MENTAL DE DOCENTES DA PÓS-GRADUAÇÃO
Comunicação Oral
1 UFRB
2 UEFS
Apresentação/Introdução
A sobreposição entre vida profissional e tempo pessoal tem se intensificado no cotidiano de docentes da pós-graduação. Atividades como planejamento de aulas, e-mails, orientações e produção científica extrapolam o horário formal de trabalho e invadem momentos que deveriam ser de lazer e cuidado de si. Esse cenário contribui significativamente para o adoecimento mental desses profissionais.
Objetivos
Avaliar a associação entre a escassez de tempo para o cuidado de si e lazer e a presença de Transtornos Mentais Comuns (TMC) entre docentes de programas de pós-graduação stricto sensu.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal com amostragem por conveniência, realizado em 2023 com docentes de Programas de Pós-Graduação (PPG) stricto sensu na Bahia. A variável desfecho foi a presença de TMC, mensurada pelo instrumento Self Reporting Questionnaire (SRQ-20). A principal variável de exposição foi o conflito trabalho-família, avaliado pela seguinte questão: “Demandas (exigências ou solicitações) familiares e profissionais o/a impedem de usar o tempo desejado para seu próprio cuidado e lazer?” A coleta de dados foi realizada por meio de inquérito eletrônico via plataforma REDCap. Foram conduzidas análises bivariadas e regressão logística binária.
Resultados
Participaram 149 docentes, sendo a maioria mulheres (62,4%), brancas (43,2%), com idade entre 40 e 59 anos (79,1%), em relacionamento conjugal (65,3%) e com filhos (68,9%). A maioria possuía dedicação exclusiva à docência (89,3%) e experiência igual ou superior a seis anos na área (88,6%). Quase metade dos participantes (47,6%) relatou limitação do tempo para autocuidado e lazer. Docentes que referiram essa escassez apresentaram prevalência significativamente maior de TMC (66,7%). A regressão logística confirmou essa associação (RP=1,66; IC95%: 1,09–2,53), mesmo após ajuste por fatores psicossociais no trabalho, como desequilíbrio esforço-recompensa e demanda-controle.
Conclusões/Considerações
A elevada exigência por produtividade na pós-graduação e as novas morfologias do trabalho tem ocupado o tempo que, idealmente, seria dedicado ao lazer, ao descanso e ao cuidado pessoal. Tal desequilíbrio compromete a saúde mental dos docentes, revelando a necessidade urgente de políticas institucionais e apoio sindical para enfrentar os impactos psicossociais que o trabalho acadêmico tem gerado.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DA REDE ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Comunicação Oral
1 UNIMONTES
Apresentação/Introdução
O trabalho docente na Educação Básica é marcado por intensificação, sobrecarga, precarização e adoecimento físico e mental. Este estudo analisa como os professores representam a relação entre sua atividade laboral e o adoecimento sobre a Teoria das Representações Sociais, permitindo compreender como esses significados são produzidos, compartilhados e atualizados no cotidiano profissional.
Objetivos
Compreender a relação entre atividade docente e adoecimento sobre teoria das representações sociais de professores da Educação Básica de Minas Gerais.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa fundamentada na Teoria das Representações Sociais, com análise de conteúdo. Os dados foram obtidos por meio de respostas a duas questões abertas sobre a relação entre atividade docente e adoecimento, coletadas na fase de seguimento do Projeto ProfSMinas Longitudinal. Participaram 731 professores da rede estadual de Minas Gerais. As respostas foram organizadas em eixos temáticos. A análise identificou processos de ancoragem e objetivação, que estruturam as representações sobre como os docentes percebem e significam o adoecimento no trabalho.
Resultados
As representações sociais sobre o adoecimento docente revelam um cenário abalizado por múltiplos fatores, os quais foram organizados em eixos temáticos: sobrecarga de trabalho, ambiente de trabalho, saúde mental, saúde física, impacto da pandemia, condições sistêmicas, reflexões críticas, fatores agravantes e consequências do adoecimento. Os professores relatam excesso de tarefas, acúmulo de funções e conflitos interpessoais e profissional. Evidenciam ainda, as situações de violência, indisciplina, precarização do trabalho, desvalorização da profissão e ausência de apoio institucional. Além disso, atribuem o não adoecimento ao autocuidado e ao bem-estar no ambiente de trabalho.
Conclusões/Considerações
As representações dos professores apontam que o adoecimento docente é um fenômeno socialmente construído, relacionado à sobrecarga, desvalorização, violência, precarização das condições de trabalho e ausência de suporte institucional. O adoecimento físico e mental compromete a saúde e o sentido da prática docente, evidenciando a necessidade de implementação estratégias de cuidados com a saúde e de políticas de valorização e apoio institucional.
APOIO-FORMAÇÃO COMO PARTILHA DO PROJETO RESPIRO
Comunicação Oral
1 FIOCRUZ
2 Universidade de Laval
Apresentação/Introdução
O Projeto Respiro (2020–2023), financiado pelo INOVA Fiocruz, investigou os impactos da pandemia no trabalho e na vida de profissionais da saúde, com foco em desafios e estratégias de (re)existência. Criou o Curso Respiro, unindo apoio e formação, com base teórica na precarização do trabalho e ênfase na reflexão coletiva e buscando coerência com a abordagem metodológica do projeto.
Objetivos
Discutir as expressões de penosidades e (re)- existências no trabalho em saúde suscitadas pela pandemia, através da reflexão sobre as diferentes dimensões do trabalho e suas articulações na contemporaneidade.
Metodologia
A partir da perspectiva -trabalhador no centro, desenvolvemos a abordagem qualitativa apoio-investigação que integra duas dimensões: o apoio, sustentando sentidos que potencializam a vida, e a investigação, aprofundando a compreensão do vivido. Essa abordagem explorou as dificuldades e formas de (re)existência no trabalho em saúde, cujas dimensões ganharam novas ênfases durante a pandemia o que nos levou a criar tecnologias sociais para compartilhamento de conhecimento e fortalecimento dos trabalhadores, denominadas partilhas. Como Partilhas formativas tivemos o - Curso de Formação Profissional Respiro, que reuniu vivências e saberes dos trabalhadores da saúde, gerando importantes reflexões.
Resultados
O curso promoveu reflexões críticas sobre o trabalho em saúde na pandemia, articulando teoria e prática. Os conteúdos produzidos foram convertidos em materiais de divulgação científica. As atividades formativas evidenciaram os efeitos da precarização e da lógica produtivista, que desqualifica o cuidado em seu sentido mais amplo e imaterial. Exigindo que seus trabalhadores se comportem ou se vejam como máquinas, desprovidos de memórias, históricas e sentimentos. O conceito de apoio-formação emergiu como eixo metodológico, integrando vivências e narrativas como dispositivos pedagógicos, valorizando a escuta qualificada e a construção coletiva do conhecimento ancorada na bibliografia estudada.
Conclusões/Considerações
A inter-relação entre apoio-investigação e apoio-formação se fundamenta na construção da autonomia crítica dos sujeitos, alinhando-se aos conceitos de “conscientização” e "inédito viável". Assim, destaca-se a urgência de se reconfigurar o ensino, frente a espaços laborais marcados por adoecimento e metas inatingíveis, levando à articulação do apoio-formação como estratégia para ressignificar esses contextos e promover aprendizagem emancipatória.

Realização: