
Programa - Comunicação Oral - CO11.3 - Equidade e Acesso em Saúde
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO HUMANIZADO: GUIA PARA O CUIDADO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA
Comunicação Oral
1 UFMG
Período de Realização
Esse trabalho detalha o desenvolvimento de um guia construído em 2024 e publicado em maio de 2025.
Objeto da produção
O guia "Atendimento Odontológico Humanizado: Guia para o cuidado de pessoas em situação de rua (PSR)" surge de uma lacuna na literatura sobre o tema.
Objetivos
Este guia objetiva auxiliar profissionais de saúde bucal e outras áreas sobre principais desafios e questões de saúde geral e bucal enfrentados por PSR, além de fornecer informações sobre cuidado odontológico humanizado para este público, diminuindo estigma e garantindo o direito à saúde bucal.
Descrição da produção
Realizou-se uma revisão de escopo com uma equipe de pesquisadores com estudantes, pós-graduandos e docentes, com estudos que sintetizaram o conceito, perfil e condições gerais de saúde da PSR; saúde bucal, incluindo hábitos, necessidades odontológicas e impacto na qualidade de vida; além de aspectos do cuidado odontológico, como barreiras e facilitadores de acesso, organização dos serviços, impacto do tratamento e políticas públicas.
Resultados
Com base na análise dos resultados dos artigos incluídos, foram sistematizadas diretrizes práticas para profissionais de saúde bucal, englobando acolhimento, ações intersetoriais, fluxos de atendimento e adaptação das práticas clínicas à realidade social dessa população. Além de fornecer elementos para reflexão e sensibilização acerca da PSR, o guia contribuirá para o cuidado em saúde bucal atento, humanizado e voltado para as reais demandas de um público ainda invisibilizado.
Análise crítica e impactos da produção
O guia impacta PSR, estudantes e profissionais, promovendo compreensão e empatia no cuidado bucal. Ele empodera PSR ao informar sobre direitos e serviços, incentivando a busca por assistência odontológica. Para estudantes e profissionais, orienta sobre atenção humanizada, estimulando engajamento e empatia. Além disso, auxilia outros profissionais, como assistentes sociais, psicólogos, educadores e equipes de consultório na rua, ampliando sua utilidade.
Considerações finais
Conclui-se que o guia poderá suprir a lacuna de conhecimento sobre o tema e proporcionar uma atenção mais humanizada, digna, equitativa e eficaz, reforçando o papel das equipes de saúde bucal na redução das desigualdades em saúde. Pode ser uma ferramenta poderosa para promover a saúde, a dignidade e a inclusão social das PSR, ao mesmo tempo em que educa e sensibiliza os futuros profissionais e a sociedade em geral.
QUANDO A MORTE É UMA CORRESPONSABILIDADE: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE VIVÊNCIAS EM UMA COMUNIDADE COMPASSIVA
Comunicação Oral
1 Centro Universitário de Brasília (CEUB)
Apresentação/Introdução
Os cuidados paliativos oferecem atenção integral a pessoas com doenças graves. As comunidades compassivas, fundamentadas nessa abordagem, mobilizam a coletividade para cuidar de seus membros elegíveis à assistência paliativa. Ao integrar saúde pública e ação comunitária, tais iniciativas contribuem para a redução das iniquidades e para a democratização do acesso aos cuidados paliativos no Brasil.
Objetivos
Discutir e suscitar reflexões a respeito das relações de cuidado estabelecidas na atuação de cuidados paliativos em uma comunidade compassiva a partir da narrativa de seus agentes.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza básica e caráter exploratório. A coleta de dados envolveu observação participante em uma comunidade compassiva, além de entrevistas semiestruturadas com nove integrantes da iniciativa: três coordenadoras, cinco voluntários e uma cuidadora de uma pessoa assistida pelo projeto. As observações foram realizadas entre novembro de 2023 e maio de 2024, e registradas em diário de campo. Em seguida, tanto os relatos das entrevistas quanto as observações registradas foram submetidos à análise de conteúdo temática, proposta por Bardin. Esse método permitiu a identificação de núcleos de sentido e a interpretação dos dados, resultando em quatro categorias.
Resultados
Os achados evidenciaram que a comunidade compassiva ampliou o acesso aos cuidados paliativos na região, promovendo uma abordagem integral e multidimensional de atenção à saúde. Voluntários atuam no fortalecimento do suporte em territórios vulnerabilizados, suprindo lacunas do SUS. No entanto, persistem desafios, como a centralidade médica, a hierarquização dos saberes e o estigma social em torno da morte. Observou-se, ainda, uma participação comunitária limitada. Os resultados reforçam a potência do modelo, que amplia e favorece a democratização dos cuidados paliativos, mas destacam a necessidade de capacitação contínua e de políticas públicas que sustentem sua consolidação.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que as comunidades compassivas são uma estratégia promissora para fortalecer os cuidados paliativos no Brasil. Destacam-se os desafios na integração comunitária, políticas públicas e barreiras culturais constatados neste estudo, que apontam para a necessidade de avanços. Recomenda-se investir em pesquisa e conscientização para ampliar essas iniciativas e promover dignidade no adoecimento e no fim da vida.
MAPEAMENTO DE CONHECIMENTOS AGROECOLÓGICOS EM ASSENTAMENTOS DO MST EM MINAS GERAIS: PROMOÇÃO DA SAÚDE CAMPONESA E ENFRENTAMENTO ÀS INIQUIDADES GERADAS PELO AGRONEGÓCIO
Comunicação Oral
1 UFOP
2 Unicamp
Período de Realização
Março e abril de 2025, com desenvolvimento de etapas metodológicas em três regionais do MST-MG.
Objeto da experiência
Mapear, de modo participativo, conhecimentos agroecológicos em assentamentos da Reforma Agrária, visando a transição agroecológica e promoção da saúde.
Objetivos
Identificar os conhecimentos camponeses por meio do mapeamento de práticas agroecológicas em três regionais do MST-MG; subsidiar a transição agroecológica em assentamentos da Reforma Agrária; apoiar um processo de promoção da equidade e da saúde frente às iniquidades estruturais do agronegócio.
Descrição da experiência
A experiência é parte do projeto Metodologia Camponês a Camponês, realizado nas Regionais Vale do Rio Doce, Zona da Mata e Sul de Minas do MST em MG. Foram desenvolvidas três formações/oficinas com camponesas/es, utilizando metodologias participativas para mapear conhecimentos agroecológicos e construir um inventário de saberes locais. Buscou-se, assim, sistematizar conhecimentos para a disseminação horizontal da agroecologia, fomentar o protagonismo camponês e fortalecer a autonomia produtiva.
Resultados
Participaram, no total, 168 pessoas. Das 45 técnicas agroecológicas apresentadas aos participantes, as mais frequentes foram rotação de cultivos, cobertura seca solo e adubação com esterco, sendo que nenhuma das 45 técnicas foi registrada como desconhecida. Nas três Regionais foram identificadas médias maiores de técnicas conhecidas pelas mulheres, indicando destaque no acúmulo e na preservação dos saberes agroecológicos pelas camponesas.
Aprendizado e análise crítica
O mapeamento revelou a riqueza e o potencial dos conhecimentos das camponesas/es para a disseminação horizontal (de camponês a camponês) da transição agroecológica pelo MST-MG. A experiência vem apoiando a estruturação de um processo de Promoção da Saúde por meio da teoria e prática da equidade, viabilizando a valorização e a utilização dos conhecimentos presentes nos territórios e subsidiando a autonomia camponesa no processo de superação do agronegócio (determinante de iniquidades e injustiças).
Conclusões e/ou Recomendações
A agroecologia atua diretamente sobre determinantes sociais da saúde ao promover a superação das iniquidades produzidas pelo modelo do agronegócio mediante a identificação, valorização e incorporação dos saberes camponeses. Recomendamos o apoio institucional à transição agroecológica e à construção de políticas públicas que valorizem a participação popular e os modos de vida dos povos do campo.
VIVÊNCIAS NO CUIDADO DE PROFISSIONAIS DO SEXO: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS FRENTE ÀS DETERMINAÇÕES SOCIAIS
Comunicação Oral
1 Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
2
Período de Realização
Experiência vivenciada durante o período de janeiro a dezembro de 2024.
Objeto da experiência
Atendimento em saúde a mulheres profissionais do sexo, considerando vulnerabilidades e barreiras de acesso ao serviço de saúde.
Objetivos
Relatar uma experiência de cuidado em saúde junto a profissionais do sexo, refletindo sobre os desafios enfrentados, as estratégias de articulação participativas adotadas e os determinantes sociais envolvidos.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu em uma Unidade Básica de Saúde na zona sul de São Paulo, após identificação de casas noturnas no território, com mulheres com vínculo fragilizado no serviço. Utilizou-se o modelo de Pesquisa Participativa Baseada na Comunidade, seguindo etapas de contexto, parcerias, ações/intervenções, pesquisas e resultados de justiça social e saúde. Estabeleceu-se parceria com moradora do território, cuidadora dos filhos dessas mulheres, envolvida nas ações realizadas nos encontros.
Resultados
Foram promovidas ações de educação em saúde no domicílio da parceria do território, ofertado apoio social com orientações sobre direitos, atendimentos de saúde, contracepção, distribuição de preservativos e lubrificantes. Também, foi identificada uma gestação, seguida da abertura de pré-natal. A escuta qualificada, o respeito à autonomia e a adaptação ao contexto fortaleceram o vínculo entre equipe e usuárias, ampliando o acesso, apesar dos desafios impostos pelo estigma.
Aprendizado e análise crítica
Evidenciou-se que o cuidado a mulheres profissionais do sexo exige abordagens sensíveis, intersetoriais e decoloniais. Ademais, revelou desafios como alta rotatividade e barreiras de acesso destas, além de desconfiança em relação aos profissionais de saúde. Estratégias baseadas na construção de vínculo com participação da comunidade mostraram-se promissoras. Refletir sobre o papel do profissional da Atenção Primária à Saúde na inclusão desses sujeitos foi essencial para promover acesso à saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
O cuidado a profissionais do sexo requer abordagem sensível e adaptada às suas realidades, o que demanda escuta ativa, flexibilidade e articulação comunitária. Recomendam-se práticas que considerem os determinantes sociais em saúde e promovam acesso com dignidade, reconhecendo-as como sujeitos de direitos e protagonistas do cuidado.
VIVÊNCIA DE MULHERES PERIFÉRICAS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA NA COMUNIDADE DE PEIXINHOS, OLINDA, PERNAMBUCO
Comunicação Oral
1 Fundação Oswaldo Cruz
Período de Realização
A experiência foi desenvolvida no segundo semestre de 2023 a primeiro semestre de 2024
Objeto da experiência
Criação de uma horta comunitária agroecológica desdobramento do Curso Promoção e Vigilância em Saúde com ênfase na saúde integral das mulheres.
Objetivos
Relatar a experiência de criação de uma horta comunitária agroecológica como desdobramento de processo formativo com ênfase na promoção da saúde das mulheres realizado durante a pandemia da covid-19.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu entre o segundo semestre de 2021 e primeiro semestre de 2022, envolvendo o grupo Coletivo Mulheres Periféricas LGBTQIAPN+, que integraram o Curso em Promoção e Vigilância em Saúde: com ênfase na saúde integral das mulheres.
Elas relataram que após discussão do eixo sobre sustentabilidade e economia feminina, o grupo percebeu que poderiam se dedicar à criação da horta para produção de alimentos e ervas medicinais para benefício do grupo e comunidade.
Resultados
Os conhecimentos da formação aliados às práticas de cuidados desenvolvidas pelo Coletivo despertou para construção da horta comunitária agroecológica. Atualmente elas relataram sobre a importância da horta como fonte de cuidado na saúde mental de muitas das integrantes. Como desafio atual, elas apontaram a necessidade de investir em estratégias de comunicação para divulgação da existência da hora, bem como estão em busca de beneficiar as respectivas produções para fortalecimento do Coletivo.
Aprendizado e análise crítica
É notável que os processos formativos, quando dialogam em linguagem, conteúdos e respeito aos sujeitos e territórios, têm penetração e estimulam os sujeitos a pensar, ler criticamente sua realidade e intervir nas próprias vida e nos respectivos territórios. A criação de uma horta comunitária agroecológica como estratégia de promoção da saúde é uma experiência que precisa ser compartilhada e estimulada em vários territórios, especialmente os historicamente vulnerabilizados.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência do Coletivo Mulheres Periféricas LGBTQIAPN+ evidencia como a formação em saúde promove ações vinculadas ao cuidado individual e coletivo, sustentabilidade e resistência no território de Peixinhos. A horta comunitária agroecológica tornou-se símbolo de fortalecimento coletivo, resistência, saúde e geração de renda, revelando o potencial transformador da educação popular e da agroecologia em territórios vulnerabilizados.
SAÚDE RURAL ITINERANTE: DESAFIOS E APRENDIZADOS NA REALIZAÇÃO DE UMA PRÁTICA DE TERRITORIALIZAÇÃO EM UMA REGIÃO RURAL DE GOIAS
Comunicação Oral
1 UFCAT
2
3 UNB
Período de Realização
Os atendimentos foram realizados de agosto de 2023 a junho de 2025.
Objeto da experiência
Vivência dos profissionais no atendimento dos usuários que residem nas áreas rurais aos serviços da APS, por meio de ações itinerantes de cuidado.
Objetivos
Adaptar os atendimentos às realidades locais das comunidades rurais atendidas; Fortalecer os vínculos entre usuário, profissional de saúde e rede de atenção Compartilhar os aprendizados e desafios enfrentados por uma equipe multiprofissional, durante a implementação de atendimentos itinerantes.
Descrição da experiência
A cada 15 dias profissionais da USF III, junto aos servidores da SMS, se desloca até a Igrejinha do Bonito, onde salas foram adaptadas para atendimento. A ação exige planejamento prévio, organização de materiais e insumos, e transporte de profissionais e equipamentos. O deslocamento envolve um trajeto de 16km de estrada. São ofertadas consultas médicas e de enfermagem, coleta de preventivo, vacinação, dispensação de medicamentos, agendamento de exames, procedimentos e consultas especializadas.
Resultados
Desde o início da experiência, observou-se uma redução significativa nas faltas aos agendamentos de consultas, além de maior adesão dos usuários e comprometimento com às ações de saúde. Destaca-se o aumento da detecção precoce de problemas relacionados à saúde, permitindo uma intervenção mais oportuna. Além disso, considera-se a satisfação dos usuários quanto à facilidade nos agendamentos de exames, procedimentos e consultas especializadas, não havendo a necessidade do deslocamento à zona urbana.
Aprendizado e análise crítica
A experiência reforça a importância da territorialização e da adaptação dos serviços à realidade local. O absenteísmo nas consultas agendadas na sede da unidade pela população rural, motivou a implementação da ação itinerante, como estratégia para redução das barreiras geográficas, econômicas e socioculturais. Durante a ação foram identificados casos de usuários com condições de saúde importantes e que não possuíam o costume de ir à sede unidade devido à distância e dificuldade de deslocamento.
Conclusões e/ou Recomendações
A realização de iniciativas itinerantes é fundamental, garantindo o acesso da população rural aos serviços de saúde e ao cuidado integral e humanizado. Tais ações estão em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta e da Política Nacional de Promoção da Saúde. Recomenda-se que gestores e profissionais de saúde considerem a realização de ações semelhantes em outros territórios.

Realização: