
Programa - Comunicação Oral - CO7.3 - Comunicação científica, letramento e literacia
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
ENTRE O CELULAR E A UBS: MENSAGERIA PARA PROMOÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE NOS TERRITÓRIOS
Comunicação Oral
1 UFABC
2 UFRGS
Período de Realização
Entre janeiro de 2024 a junho de 2025
Objeto da experiência
Estratégia de envio de mensagens digitais para induzir ações preventivas e ampliar o cuidado a usuários da Atenção Primária em territórios vulnerabilizados.
Objetivos
Aplicação de mensageria como estratégia de equidade e cuidado digital, promovendo o protagonismo do cidadão na gestão da própria saúde. Em territórios com barreiras geográficas e informacionais, buscou-se reduzir o distanciamento por meio de ações que estimulam o autocuidado e o vínculo na APS.
Descrição da experiência
A iniciativa foi conduzida em duas fases: um piloto em quatro municípios de quatro diferentes regiões do país, e uma expansão para outros 12 municípios do Norte e Nordeste. Foram enviadas mensagens digitais a pessoas com hipertensão, diabetes ou com exame citopatológico em atraso, com linguagem acessível e foco no engajamento. As mensagens estimularam ações de cuidado, reforçaram o vínculo com as UBSs e promoveram autonomia em territórios com barreiras de acesso e comunicação.
Resultados
O experimento mostrou aumento médio de 13% para pessoas com condições crônicas e até 80% na realização de exames citopatológicos. Coordenadoras de equipe entrevistadas relataram que a iniciativa contribuiu para maior procura espontânea por atendimentos. Usuários apontaram que as mensagens ajudaram a superar o esquecimento, medo e a desinformação. Dificuldades com cadastros, medo de fraudes e acessibilidade, especialmente entre idosos e pessoas com baixo letramento, foram encontradas.
Aprendizado e análise crítica
A mensageria automatizada pode ampliar o alcance da APS, mesmo em territórios de difícil acesso, chegando a usuários que nem sempre são contemplados por ações presenciais, especialmente em contextos de sobrecarga das unidades. Ao formalizar práticas informais de comunicação já realizadas por muitas equipes com linguagem acessível, fortaleceu a voz da APS municipal sem sobrecarregar os profissionais. Ainda assim, enfrenta limites com pessoas de baixo letramento, medo de fraudes ou dificuldades digitais.
Conclusões e/ou Recomendações
A estratégia de mensageria apresenta potencial para fortalecer a autonomia e o vínculo com usuários em territórios de difícil acesso, sem sobrecarregar as equipes. Observa-se a necessidade de estudos mais amplos sobre como atingir públicos mais vulneráveis e seus efeitos no longo prazo. Caso incorporada às práticas da APS, recomenda-se que venha acompanhada de ações para reduzir barreiras digitais e informacionais.
ESTRATÉGIAS DIGITAIS DE LETRAMENTO EM SAÚDE PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE DA CRIANÇA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Comunicação Oral
1 PUC-PR
Apresentação/Introdução
O letramento em saúde evolui com os avanços científicos e tecnológicos, influenciando desfechos e comportamentos. Estratégias digitais, impulsionadas pela ampla difusão dos dispositivos móveis, são promissoras na educação em saúde. Em crianças, a mediação parental é essencial, gerando desafios na adesão e eficácia dessas intervenções, o que reforça a necessidade de pesquisas para analisá-las.
Objetivos
O objetivo do estudo foi revisar sistematicamente a literatura para mapear estratégias digitais voltadas ao letramento em saúde de pais de crianças de 0 a 10 anos, avaliando sua efetividade na promoção da saúde infantil.
Metodologia
O estudo seguiu o protocolo CRD42023475969, registrado no PROSPERO, e foi relatado conforme o PRISMA. A pergunta norteadora seguiu o acrônimo PICO: População (pais ou responsáveis por crianças de 0 a 10 anos), Intervenção (estratégias digitais para letramento em saúde), Comparação (letramento em saúde) e Outcome (promoção da saúde infantil). Considerou-se como desfecho primário a identificação das estratégias digitais para letramento em saúde aplicadas com o propósito de promover saúde da criança. Foram estabelecidos critérios de inclusão e exclusão para seleção dos estudos. As bases de dados consultadas incluíram PubMed, Scopus, Web of Science, Embase e Biblioteca Virtual em Saúde.
Resultados
Esta revisão sistemática analisou 2.967 estudos, dos quais 27 foram incluídos na síntese final. Seis não identificaram efeitos na saúde infantil, enquanto os 21 eficazes utilizaram conteúdos interativos e culturalmente adaptados, suporte remoto e mecanismos de monitoramento e feedback. As intervenções digitais incorporaram estratégias participativas para otimizar a interface, o design e o conteúdo, promovendo avanços na alimentação, nutrição, atividade física e hábitos de vida. Os achados indicam que essas abordagens promovem avanços na alimentação, nutrição, atividade física e hábitos de vida, resultando em impactos positivos nos níveis de letramento em saúde e na saúde infantil e familiar.
Conclusões/Considerações
A revisão evidenciou a eficácia das estratégias digitais na educação em saúde, com impacto na promoção da saúde infantil. A maioria dos estudos indicou efeitos sustentáveis na modificação de comportamentos e na assimilação de conhecimento por pais ou responsáveis. A adaptação aos contextos culturais, socioeconômicos e psicológicos, combinada à interação com profissionais de saúde e à personalização dos conteúdos, fortaleceu desfechos positivos.
O MOVIMENTO ANTIVACINA E AS INTERFACES COM A RACIONALIDADE NEOLIBERAL E NEOCONSERVADORA
Comunicação Oral
1 ENSP/Fundação Oswaldo Cruz
Apresentação/Introdução
Trata-se de tese que investiga a articulação entre o movimento antivacina no Brasil e as racionalidades neoliberal e neoconservadora, analisando como esses discursos se consolidaram especialmente durante a pandemia de Covid-19. Considera-se a vacinação como prática situada em disputas morais, epistêmicas, políticas e econômicas no contexto do avanço da extrema direita.
Objetivos
Analisar como discursos antivacina no Brasil articulam-se às racionalidades neoliberal e neoconservadora, impactando percepções sociais sobre ciência e liberdade, com foco na construção de subjetividades e no desmonte de políticas públicas de vacinação.
Metodologia
Utilizou-se abordagem qualitativa ancorada na Teoria Fundamentada nos Dados (TFD), incorporando perspectiva situada, engajada e interseccional. O corpus empírico foi constituído por postagens de dois canais antivacina no Telegram e por textos publicados entre 2020 e 2023 no site do grupo Médicos pela Vida. A análise seguiu as etapas de codificação, cruzando evidências empíricas com referenciais teóricos críticos sobre neoliberalismo, neoconservadorismo e desinformação. A análise buscou compreender os sentidos atribuídos às vacinas, à liberdade e ao cuidado.
Resultados
Os resultados mostram que o discurso antivacina vai além do negacionismo e expressa uma racionalidade neoliberal baseada na responsabilização individual e na deslegitimação do Estado. O ideal da liberdade é mobilizado para criticar medidas coletivas de saúde e justificar práticas antidemocráticas. Os discursos associam-se à defesa da família como único espaço legítimo de cuidado, culpabilizando mães, atacando populações LGBTQIA+ e sustentando visões biologizantes. Identificou-se a atuação de médicos na desinformação, reforçando discursos conservadores e conspiratórios. O conteúdo circula em ecossistemas digitais que desconstroem a autoridade científica e promovem desconfiança institucional.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a hesitação vacinal no Brasil é atravessada por disputas ideológicas complexas. A articulação entre neoliberalismo e neoconservadorismo reforça um ecossistema de desinformação sobre vacinas em plataformas digitais. Combater a desinformação exige estratégias de comunicação territorializadas, políticas públicas intersetoriais e reconhecimento da vacinação como prática solidária e democrática, inserida em um projeto de justiça social.
DOCUMENTÁRIO COMO PRÁTICA EDUCOMUNICATIVA: VISIBILIZANDO A EQUIDADE DE GÊNERO NA CIÊNCIA E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE
Comunicação Oral
1 Fiocruz
Período de Realização
A produção técnica foi realizada no período de 16 de outubro de 2024 a 11 de fevereiro de 2025.
Objeto da produção
Transformação de uma tese sobre equidade de gênero na ciência em um documentário de caráter educomunicativo.
Objetivos
Analisar o processo de adaptação audiovisual de uma tese sobre equidade de gênero na ciência, discutindo como o documentário pode ampliar a visibilidade do tema e funcionar como uma estratégia educomunicativa no campo da comunicação e saúde.
Descrição da produção
A produção seguiu abordagem qualitativa e exploratória, com base em estudo de caso sobre o Programa Mulheres e Meninas na Ciência da Fiocruz. O roteiro foi adaptado a partir da estrutura da tese original e reorganizado para linguagem audiovisual. Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas, imagens de apoio, narração em off, infográficos e linha do tempo. O processo incluiu escolhas éticas e estéticas voltadas à equidade, representatividade, acessibilidade e democratização do conhecimento.
Resultados
Realização de um documentário educativo no modo expositivo, com 22 minutos, divido em três blocos temáticos que tratam da exclusão histórica de mulheres na ciência, seus impactos no campo da saúde e estratégias de enfrentamento. O formato permitiu ampliou o alcance do para públicos não acadêmicos, com circulação em acesso aberto na internet, em TVs públicas e educativas, escolas, universidades e espaços de extensão, facilitando o diálogo entre ciência, comunicação, saúde, direitos e sociedade.
Análise crítica e impactos da produção
A transposição da tese para o audiovisual revelou desafios quanto à simplificação de conceitos e à transformação ética de dados e argumentos. No entanto, a linguagem documental se mostrou eficaz para provocar empatia, gerar identificação e ampliar o debate e reflexão sobre o tema. A produção contribui para promover a visibilidade de mulheres na ciência e favorecer uma compreensão mais ampla sobre como a desigualdade de gênero atravessa os campos da ciência e da saúde.
Considerações finais
A experiência evidenciou o potencial do audiovisual, com base na comunicação e saúde, como estratégia de comunicação e educação crítica. A educomunicação apoia a produção acadêmica ao tornar o conhecimento acessível e socialmente relevante, alcançando públicos mais amplos e diversos. A proposta aponta caminhos para integrar ciência, arte e comunicação e sociedade na promoção da equidade e justiça social, especialmente no campo da saúde coletiva.
UTILIZAÇÃO DA XILOGRAVURA COMO ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
Comunicação Oral
1 Fundação Oswaldo Cruz Ceará
Período de Realização
Utilização da Xilogravura como Estratégia de Comunicação e Democratização do Conhecimento em Saúde da Família
Objeto da experiência
Divulgar resultados da pesquisa "Estratégia Saúde da Família" em territórios do Ceará, com a publicação da coletânea "Saberes, Práticas e Inovações"
Objetivos
Construir uma narrativa visual com a segurança textual de forma a tornar as informações mais acessíveis e que gerem conexão com a comunidade; Divulgar o processo e resultados da pesquisa-ação por meio de xilogravuras.
Descrição da experiência
A experiência envolveu a leitura do relatório final da pesquisa, bem como dos cordéis e textos cenopoéticos produzidos pelos participantes. A partir dessas leituras, fotos do campo foram identificadas palavras e frases-chave de cada fase do processo da pesquisa-ação, foram criadas imagens utilizando a técnica da xilogravura.
Resultados
Publicação de cinco cadernos na coletânea "SABERES, PRÁTICAS E INOVAÇÕES NOS CUIDADOS EM SAÚDE NOS TERRITÓRIOS". Essa iniciativa conseguiu tornar o conhecimento científico produzido pela pesquisa mais próximo e compreensível para o público leigo, amplificando o alcance e o impacto das investigações.
Aprendizado e análise crítica
Um dos principais aprendizados foi que a xilogravura, como linguagem artística e parte integrante da cultura nordestina é uma forma de expressão que permite contar histórias, mostrar a vida cotidiana e as tradições. A combinação da xilogravura com a literatura de cordel promove um diálogo rico entre imagem e texto, gerando sentido e forte engajamento emocional. Essa abordagem visual e culturalmente conectada é extremamente eficaz para transmitir ideias e emoções de forma rápida e impactante
Conclusões e/ou Recomendações
A divulgação científica visual com xilogravura é eficaz para comunicar informações rapidamente. Por ser enraizada na cultura nordestina, a técnica conecta-se à identidade regional, tornando o conteúdo científico mais próximo e engajador. Recomenda-se investir em tradução intercultural por imagens para tornar o conhecimento compreensível, assegurando que a mensagem visual seja precisa e respeitosa, crucial para a comunicação em saúde.
A VACINAÇÃO DO HPV NA PERSPECTIVA DOS JOVENS: UM ESTUDO EDUCOMUNICATIVO
Comunicação Oral
1 Fiocruz
Apresentação/Introdução
Este artigo examina as postagens do Ministério da Saúde sobre a vacinação contra o HPV no Instagram e busca cocriar com jovens de 16 a 17 anos estratégias educomunicativas para aumentar o engajamento vacinal. A pesquisa investiga como diferentes abordagens de comunicação podem ser mais eficazes para o público jovem, considerando suas perspectivas e interações com as campanhas.
Objetivos
Analisar as postagens do Instagram do Ministério da Saúde sobre HPV (2013–2023) e cocriar com jovens estratégias educomunicativas para aumentar o engajamento vacinal, com base nas percepções e sugestões dos jovens.
Metodologia
A pesquisa qualitativa foi dividida em duas etapas. Primeiramente, analisaram-se 99 postagens no Instagram do Ministério da Saúde. Em seguida, realizou-se uma oficina educomunicativa com 16 estudantes do ensino médio. Durante a oficina, os participantes analisaram as postagens e propuseram ideias para uma campanha de vacinação mais envolvente, com ênfase em estratégias visuais dinâmicas e linguagem acessível. Os dados foram analisados com base na Análise Temática de Conteúdo.
Resultados
A análise revelou que as postagens com maior engajamento não estavam alinhadas com as preferências juvenis, destacando a necessidade de maior impacto visual e conteúdos interativos. Durante a oficina, surgiram categorias temáticas como "Menos é mais?", "Conectando gerações", "Heróis da vacinação", "Desenhando ideias", "Zé Gotinha transformado" e "Influenciadores digitais". Essas categorias refletiram as sugestões dos jovens de incluir influenciadores digitais, animações e slogans curtos, como estratégias para atrair mais jovens e engajar o público.
Conclusões/Considerações
A pesquisa evidenciou que a educomunicação, centrada no protagonismo juvenil, pode transformar campanhas de saúde pública, especialmente em relação à vacinação contra o HPV. A participação ativa dos jovens mostrou-se essencial para criar campanhas que se conectem com o público jovem, reforçando a importância de abordagens visuais dinâmicas e estratégias de comunicação acessíveis.

Realização: