
Programa - Comunicação Oral - CO18.4 - Sexualidade, Gênero e Tecnologias de Cuidado
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
DIFERENCIAIS DE GÊNERO ASSOCIADOS À ANSIEDADE E AO ESTRESSE PERCEBIDO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 EM ADOLESCENTES DE 13 A 17 ANOS DE COMUNIDADE PERIFÉRICA DE SÃO PAULO
Comunicação Oral
1 FSP/USP
Apresentação/Introdução
A pandemia de Covid-19 escancarou desigualdades estruturais e ampliou vulnerabilidades em comunidades periféricas, afetando intensamente a saúde mental de adolescentes. Este estudo foca a ansiedade e o estresse, dimensões agravadas por rupturas cotidianas como restrições de mobilidade, conflitos familiares, excesso de interações virtuais e desorganização da rotina escolar.
Objetivos
Avaliar associações entre fatores individuais, relacionais e contextuais relacionados à pandemia e estresse percebido e ansiedade em adolescentes de 13 a 17 anos de uma comunidade periférica de São Paulo.
Metodologia
Estudo transversal com dados do Global Early Adolescent Study (GEAS, 2021). Realizou-se inquérito domiciliar autopreenchido em comunidade periférica paulistana, com amostragem por conveniência de adolescentes de 13 a 17 anos. Utilizou-se módulo específico sobre a pandemia de covid-19. Como desfecho, adotou-se nível dicotômico de ansiedade e estresse percebido, mensurados pelas escalas GAD-7 e PSS-10. Regressões logísticas multivariadas estimaram associações com preditores sociodemográficos, relacionais e contextuais, expressas por odds ratios ajustados (ORa) e IC95%. Variáveis com p<0,20 integraram os modelos finais; estabeleceu-se significância a 5%. As análises foram conduzidas no RStudio.
Resultados
Dos 396 adolescentes, 51,3% eram meninas e 29,6% relataram ansiedade moderada/grave. Após ajuste, ansiedade e estresse associaram-se a ser menina (ORa=2,9; IC95%=1,4–6,1 e ORa=2,4; IC95%=1,3–4,4), medo no ambiente familiar (ORa=2,8; IC95%=1,2–6,3 e ORa=2,7; IC95%=1,2–6,6) e ausência de afeto familiar (ORa=3,6; IC95%=1,5–8,6 e ORa=3,4; IC95%=1,5–8,2). Para ansiedade, destacou-se uso digital >3h/dia (ORa=3,0; IC95%=1,5–6,4), estar no ensino médio (ORa=2,3;IC95%=1,1–5,0) e dificuldade de atenção nas aulas (ORa=2,6; IC95%=1,3–5,6). Fatores protetores foram relações conjugais estáveis para ansiedade (ORa=0,4; IC95%=0,2–0,8) e manter as amizades para estresse (ORa=0,4; IC95%=0,2–0,8).
Conclusões/Considerações
Este estudo oferece uma oportunidade ímpar para compreender como adolescentes de comunidades urbanas periféricas experienciaram o período pandêmico, revelando as diferentes formas de adversidade segundo gênero e contexto social. Os domínios da sociabilidade, família e escola alternam-se entre estabilidade e tensão, influenciando aspectos da saúde mental desses jovens, cujas vulnerabilidades múltiplas exigem atenção prioritária.
JUVENTUDES E PREP PARA PREVENÇÃO AO HIV: UMA REVISÃO DE ESCOPO (2001–2024)
Comunicação Oral
1 UFRGS
2 USP
3 UEA
Apresentação/Introdução
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) tem sido reconhecida como uma estratégia biomédica eficaz na prevenção do HIV, especialmente entre populações-chave. No entanto, a implementação, adesão e percepção dessa tecnologia entre jovens ainda constituem um campo em desenvolvimento, permeado por desafios sociais, culturais, éticos e políticos.
Objetivos
Mapear a produção científica existente que discute a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) como estratégia de prevenção ao HIV com populações jovens.
Metodologia
A pesquisa foi realizada utilizando o banco de dados da produção científica global sobre PrEP, construído pelo projeto PrEP América do Sul, foi realizado procedimento de triagem no banco de dados com buscas nos resumos, títulos e palavras-chaves de termos relacionados a jovens, juventudes e adolescência em português, inglês, espanhol, francês e alemão. A busca resultou em 464 trabalhos que tratavam da PrEP com foco direto em jovens como população-chave.
Resultados
Como resultados preliminares destacam-se três achados principais: a centralidade dos marcadores cor/raça/etnia e orientação sexual, em contraste com o declínio da classe social como categoria analítica; a indefinição do recorte etário para o que se entende como "juventude"; a predominância de estudos com homens jovens que fazem sexo com homens (HSH), com forte concentração territorial nos EUA e em países africanos como África do Sul, Quênia e Uganda.
Conclusões/Considerações
A revisão evidencia lacunas importantes, como a escassez de pesquisas com jovens menores de 18 anos, a necessidade de ampliar os contextos geográficos dos estudos e a relevância de incorporar marcadores como escolaridade e territorialidade nas análises sobre juventudes e PrEP.
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AO TRÁFICO PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Comunicação Oral
1 Insittuto Aggeu Magalhães, Fiocruz Pernambuco
2 Fiocruz Ceará
3 UFC
4 Tulane University
Apresentação/Introdução
A exploração sexual comercial de crianças e adolescentes é uma forma grave de violência que se manifesta de diferentes maneiras, sendo o tráfico uma de suas expressões mais extremas. Crianças e adolescentes continuam sendo vítimas de traficantes em todo o mundo, mas ainda há pouca informação relacionada a magnitude e os fatores associados dessa prática abusiva.
Objetivos
Estimar a prevalência e identificar fatores associados ao tráfico para fins de exploração sexual comercial de crianças e adolescentes entre mulheres trabalhadoras do sexo
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal realizado com 300 mulheres jovens entre 18 e 21 anos de idade, residentes na Região Metropolitana do Recife, que vivenciaram exploração sexual comercial na infância ou adolescência. A amostragem foi feita pelo Respondent Driven-Sampling. As entrevistas foram conduzidas por equipe treinada, utilizando questionário estruturado que abordou aspectos sociodemográficos, histórico de exploração sexual, vivências relacionadas ao tráfico para fins sexuais, condições de vida e de trabalho, bem como fatores de vulnerabilidade. A análise buscou estimar a prevalência do tráfico e identificar fatores associados a essa experiência através de regressão logística hierarquizada.
Resultados
28,3% das mulheres foram vítimas de tráfico para fins de exploração sexual comercial durante a infância ou adolescência. A maioria foi recrutada antes dos 15 anos (62%) por conhecidos da família ou parceiros afetivos, possuíam baixa escolaridade (74% tinham até o ensino fundamental) e histórico prévio de abuso sexual (81%). Os principais fatores associados ao tráfico foram: viver em moradias alugadas (OR=2.3), consumo severo de álcool antes dos 18 anos (OR=2.8), uso de drogas ilícitas antes dos 18 anos (OR=1.8), pessoas se agrediam em casa (OR=2.1), sofreu violência psicológica (OR=4.5), participou de atividades de assistência social (OR=3.3) e de ONGs (OR=2.9)
Conclusões/Considerações
Conclui-se que o tráfico para fins de exploração sexual está fortemente relacionado a desigualdades estruturais e experiências adversas na infância. Os achados apontam para a urgência de políticas públicas intersetoriais voltadas à prevenção da exploração sexual comercial de crianças e adolescentese à proteção de meninas em contextos de risco.
TELESSAÚDE COMO APOIO À APS NA ATENÇÃO AO ADOLESCENTE: UMA ANÁLISE DAS TELECONSULTORIAS EM SANTA CATARINA
Comunicação Oral
1 UFSC
Apresentação/Introdução
As teleconsultorias têm sido utilizadas como estratégia de apoio clínico e orientação para o encaminhamento especializado, contribuindo para a tomada de decisão e para um cuidado mais resolutivo pela APS. No contexto da saúde do adolescente, ampliam a capacidade de resposta às demandas dessa fase, marcada por complexidades que exigem atenção integral e qualificada no SUS.
Objetivos
Analisar as teleconsultorias relacionadas ao público adolescente (10 a 19 anos) realizadas pelo Telessaúde UFSC, evidenciando seu potencial no apoio clínico-pedagógico para o manejo qualificado da saúde de adolescentes na APS.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal exploratório descritivo. O banco de dados foi disponibilizado pelo Núcleo Telessaúde da UFSC, preservando o anonimato dos indivíduos. No banco de dados constam todas as teleconsultorias realizadas em Santa Catarina no ano de 2024 (01/01/2024-31/12/2024). Do total de 90.065 teleconsultorias, foram analisadas 3.828 que se referiram àquelas relativas às dúvidas no atendimento de adolescentes (10 a 19 anos). Dados dos pacientes (idade, sexo, município de residência), características das dúvidas clínicas (CID 10, especialidade) e desfechos das teleconsultoria foram as variáveis de interesse, que foram sistematizadas em tabelas de frequência simples e absoluta.
Resultados
Dos adolescentes que geraram as teleconsultorias, 55% eram do sexo feminino, a maioria entre 15 e 19 anos, provenientes de 270 municípios catarinenses (91,5%). 11,6% das solicitações eram referentes às dúvidas clínicas sem intenção de encaminhamento. As especialidades Ortopedia (n=585), Neurologia (n=535), Endocrinologia (n=531), Psiquiatria (n=227) e Cardiologia (n=214) correspondem a mais da metade das solicitações (54,7%). Os CID com maior frequência foram F900 – Distúrbios da Atividade e da Atenção (n=148) e Z35 – Supervisão de gravidez de alto risco (n=104). Em 86,7% das teleconsultorias havia intenção de encaminhamento, sendo indicado o manejo na APS em 43,3% dos casos.
Conclusões/Considerações
As teleconsultorias têm papel relevante no suporte à APS, frente a desafios recorrentes na saúde de adolescentes, marcados por condições como TDAH, autismo e obesidade, que exigem abordagem multidisciplinar e contínua. O perfil das demandas reforça a necessidade de formação específica e apoio contínuo às equipes. Fortalecer essa estratégia pode contribuir para práticas mais integrais, seguras e centradas nas necessidades dos adolescentes.
TECENDO NOVOS CUIDADOS PARA O PÚBLICO INFANTOJUVENIL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral
1 UFSCar
Período de Realização
As oficinas ocorreram no período de férias escolares realizadas em uma Unidade de Saúde da Família.
Objeto da experiência
A ação teve como público alvo crianças e adolescentes, de 1 a 17 anos, moradoras do território de abrangência desta unidade.
Objetivos
Relatar a experiência das ações da residência multiprofissional na elaboração e no desenvolvimento de ações com foco na realização de atividades lúdicas, tendo a criança como um sujeito de direitos em sua totalidade, valorizando o brincar e a promoção de saúde mental.
Descrição da experiência
A ação foi ofertada para crianças e adolescentes do território de abrangência da USF, no mês de julho e dezembro de 2024. Em cada período foram realizados três encontros, totalizando seis no ano, com duração de duas horas cada. Foram utilizadas atividades que resgataram brincadeiras populares como: pular corda, amarelinha, batata quente, além de gincanas, oficinas de massinha e brinquedos recicláveis.
Resultados
Observou-se que este conjunto de vivências obteve uma alta adesão, além do engajamento da população e da equipe, demonstrando relevância no fortalecimento de vínculos entre território e a unidade. A experiência possibilitou para crianças e adolescentes a contribuição para promoção de saúde, desenvolvimento infantil e a ressignificação da relação da população infantojuvenil com a USF, ampliando as ações para o olhar biopsicossocial.
Aprendizado e análise crítica
A saúde da criança e do adolescente na APS é focada em atendimentos pontuais, assim se torna importante a criação de espaços onde é possível trabalhar a criança como um sujeito pleno de direitos, respeitando suas múltiplas dimensões: física, cognitiva, emocional e social, sendo o direito de brincar fundamental para a infância. O resgate de práticas culturais locais também reforça a identidade e o pertencimento social, promovendo cidadania e fortalecendo os vínculos comunitários.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a experiência foi transformadora para os envolvidos, promovendo a ampliação do cuidado individual para o coletivo, contribuindo para a produção de vida de maneira lúdica e inclusiva, consolidando práticas de cuidado integral, equitativo e interdisciplinar. O trabalho ocorreu de forma colaborativa, fortalecendo o vínculo comunitário e possibilitando a identificação de novas demandas e a necessidade de espaços de convivência.

Realização: