Programa - Comunicação Oral - CO25.2 - Gestão do Trabalho: Relações de Trabalho em Saúde
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
CARTOGRAFIA DA GESTÃO DO TRABALHO DOS MÉDICOS ESPECIALISTAS NA REGIÃO AMAZÔNICA
Comunicação Oral
TOFANI, L.F.N.1, GUERRA, D.M.1, KOIDE, NMRC1, GALINDO, VCS1, RODRIGUES, RPR1, AGUIAR, RLO1, PEREIRA, CMOB1, GUIMARÃES, C.F.1, CHIORO, A.1, ANDREAZZA, R.1
1 Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
Apresentação/Introdução
A gestão do trabalho no SUS inclui ações de formação, valorização, provimento e fixação de profissionais, visando a oferta de serviços de qualidade e garantindo o acesso da população, em especial nos territórios mais vulneráveis e com vazios assistenciais. Apesar dos avanços da última década, o provimento e fixação de médicos especialistas permanece como desafio, sobretudo na região amazônica.
Objetivos
Evidenciar e analisar como se dá a gestão do trabalho de médicos especialistas na região amazônica.
Metodologia
Trata-se de estudo qualiquantitativo realizado em duas etapas. Primeiramente, foram levantados dados secundários dos sistemas oficiais de informação sobre a disponibilidade e distribuição de médicos especialistas cardiologistas, oncologistas, oftalmologistas, ortopedistas e nefrologistas de todos os estados que compõem a Amazônia Legal. Num segundo momento foram realizadas entrevistas semiestruturadas e rodas de conversa sobre a temática com gestores e trabalhadores do SUS, além de observação participante em serviços de saúde ambulatoriais especializados. O material foi transcrito e analisado em reuniões do grupo de pesquisa e em seminário com participação de pesquisadores e convidados.
Resultados
A região possui menores concentrações de médicos em todas as especialidades, sendo a fixação de especialistas um grande desafio para a gestão. Observa-se precarização dos vínculos trabalhistas por contratações eventuais de empresas individuais e pagamentos por atendimentos, gerando grande impacto financeiro. Há impacto no processo de trabalho, com lógica de produtividade centrada no médico, prejuízo no acompanhamento longitudinal e no vínculo com a organização da rede, produzindo fragmentação do cuidado. Estes atendimentos também não são registrados nos sistemas de informação oficiais. Experiências exitosas apontam para ações de telessaúde como facilitador do acesso à atenção especializada.
Conclusões/Considerações
Os resultados do estudo apontam desafios para o acesso à atenção especializada na região amazônica e apontam para a necessidade de políticas de alocação, fixação, formação e interiorização de médicos especialistas, ou seja, estratégias para regulação e gestão do trabalho médico compatíveis com as necessidades em saúde nas áreas prioritárias, considerando-se o perfil epidemiológico da população e a rede de atenção à saúde.
PERFIL DOS SECRETÁRIOS ESTADUAIS DE SAÚDE EM 2025
Comunicação Oral
Brancaglion, M.1, Almeida, J. C.1, Gonçalves, D. V.1
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
Secretários de saúde vêm se consolidando como agentes-chave para implementação de políticas de saúde, compartilhando responsabilidades junto aos governantes que os nomeiam. No entanto, os estados nem sempre obtiveram a atenção proporcional à sua importância, e, do mesmo modo, o perfil do secretariado não é objeto de estudo tão recorrente quanto a administração federal e ministérios.
Objetivos
Apresentar perfis dos secretários estaduais de saúde no posto em janeiro de 2025, com dados acerca de gênero, idade, dados étnico-raciais, formação acadêmica, experiências profissionais e vinculações partidárias.
Metodologia
Trata-se de pesquisa documental, diferenciando-se do método de aplicação de questionários ou entrevistas diretamente aos secretários, o que pode ser encontrado em trabalhos precedentes. Foi realizada consulta abrangente a informações disponíveis publicamente, incluindo Diários Oficiais, portais institucionais de dos estados e municípios, portais de transparência, sites de notícias, bases de dados de currículos (‘Escavador’, ‘Lattes’, ‘Linkedin’), bases jurídicas (TJs, TRFs, Tribunais Superiores, Tribunais eleitorais, TCs, MPCs, MPs).
Resultados
A idade média é de 53a. Mulhere são 37% (10). Pessoas brancas são 24 dos 27 secretários. Homens brancos são pouco mais da metade (15) e 8 secretários são homens brancos médicos (em torno de 30%). Profissionais da saúde são 18 dos 27, sendo metade médicos. Praticamente todos são pós-graduados. Dois secretários são deputados. Em 9 casos alguma vinculação partidária foi encontrada.
Conclusões/Considerações
Os secretários estaduais de saúde possuem considerável formação acadêmica, a nível de pós-graduação, na área de saúde e/ou gestão. Não se ignorando a influência das disputas político-partidárias, por um lado, não se verifica, por outro, um “loteamento” partidário dos assentos, como comumente se afirma. Em dois terços dos casos não se encontrou nenhuma vinculação a alguma agremiação.
TRANSPARÊNCIA PÚBLICA NA GESTÃO DA FORÇA DE TRABALHO EM SAÚDE: ANÁLISE DE DADOS E RESPOSTAS DO SISTEMA ELETRÔNICO DE INFORMAÇÃO AO CIDADÃO (E-SIC) EM MUNICÍPIOS GOIANOS
Comunicação Oral
Chao, M.C.M1, Bahia, L.1, Almeida, C.F1, Santos, H.M.R2
1 UFRJ
2 SMS-RJ
Apresentação/Introdução
A Lei de Acesso à Informação (12.527/2011) garante transparência na gestão pública, através da divulgação de dados como remuneração, lotação e carga horária da força de trabalho em saúde. Municípios goianos devem disponibilizar essas informações ativamente ou via e-SIC, sob prazo de 20 dias (prorrogável). Este estudo analisa a adesão a essas exigências e a eficácia do e-SIC nesses municípios.
Objetivos
Analisar a disponibilidade de dados de remuneração, lotação e carga horária de servidores da saúde (médicos, enfermeiros e técnicos), estatutários e celetistas, em municípios goianos (mais de 200 mil habitantes) incluindo tempo de resposta do e-SIC.
Metodologia
Trata-se de estudo ecológico, descritivo, com análise qualitativa dos portais da transparência de municípios goianos (com mais 200 mil habitantes), tais como: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Luziânia, Águas Lindas e Rio Verde. Avaliou-se: 1) Facilidade de acesso aos portais, referente à folha de pagamento dos médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem (estatutários e celetistas); 2) Transparência ativa referente a remuneração bruta, carga horária e lotação de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem – referente a setembro/2024; 3) Tempo de resposta do e-SIC, em relação às informações não disponibilizadas ativamente, em conformidade com os prazos da LAI.
Resultados
1)Falta de padronização entre os portais. Luziânia e Aparecida apresentaram instabilidade nos mesmos.2) Águas Lindas e Luziânia omitiram dados de celetistas; Aparecida registrou 'credenciados' sem registro de carga horária. Luziânia e Goiânia não divulgaram carga horária de estatutários. Apenas Anápolis cumpriu todas as exigências.3) solicitações via e-SIC, Aparecida respondeu no mesmo dia (resolutiva). Águas Lindas, Luziânia e Rio Verde alegaram não possuir as informações, redirecionando para canais alternativos (e-mail/whatsapp) sem solução até o momento. Goiânia não houve resposta. A morosidade e falta de resolutividade comprometem o acesso à informação.
Conclusões/Considerações
Apesar dos avanços da LAI, a pesquisa identificou lacunas críticas: (1) transparência insuficiente sobre celetistas na saúde; (2) portais despadronizados; e (3) baixa eficiência do e-SIC. Essas falhas comprometem o planejamento da força de trabalho, a equidade na alocação de profissionais e o direito à informação como ferramenta de controle social. Sugere-se padronização dos sistemas de transparência e maior monitoramento por órgãos de controle.
VIVÊNCIA PROFISSIONAL DA SUPERVISÃO IN LOCO AOS SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA ESPECIALIZADA DE ALAGOAS SOB A ANÁLISE DA MATRIZ SWOT/FOFA
Comunicação Oral
Monteiro, D. S.1, Oliveira, H. G. S.2, Tonial, C. R. L. S.2, Reis, J. S.2, Queiroz, I. G.2
1 SESAU AL/UFPA
2 SESAU AL
Período de Realização
A supervisão ocorreu no período de janeiro a março de 2025.
Objeto da experiência
A supervisão do Serviço de Assistência Especializada (SAE) analisou a operacionalização do controle e prevenção Infecção Sexualmente Transmissível.
Objetivos
Relatar a vivência profissional da supervisão do processo de trabalho in loco aos Serviços de Assistência Especializada de Alagoas no primeiro trimestre de 2025 sob a análise da Matriz SOWT/FOFA.
Descrição da experiência
Primeiramente, a análise epidemiológica por meio dos boletins publicados em 2024. A seguir, o planejamento com pactuação de agenda, documentos, recursos e transporte. Executou-se a imersão no território com observação do processo de trabalho seguido de reunião com equipe e gestão sobre recomendações técnicas. No nível central estadual, a análise por meio da matriz SWOT do cenário encontrado. Por fim, relatório final, em etapa de elaboração, para fundamentar o planejamento para apoio estadual.
Resultados
Foi realizado nos sete serviços disponíveis no estado. A supervisão permitiu identificar os padrões nos serviços: os pontos fortes como funcionamento da Profilaxia Pré-Exposição, a assistência farmacêutica ativa e as ações de educação em saúde em sala de espera No entanto, as fragilidades como falhas na gestão de insumos, deficiência em fluxos definidos e formalizados, além de dificuldade na busca ativa com descontinuidade de cuidado. As ameaças externas, como alta rotatividade de profissionais.
Aprendizado e análise crítica
Supervisão foi uma ferramenta essencial para identificar fragilidades e potencialidades do cuidado. Além disso, a articulação entre nível local e estadual estabeleceu um aprendizado para a estruturação de estratégias mais efetivas de prevenção e controle no estado. Ressalta-se que a aplicação da matriz SWOT permitiu uma análise situacional a fim de garantir o atendimento integral e de qualidade às pessoas vivendo com HIV/AIDS e Hepatites Virais e demais Infecções Sexualmente Transmissíveis(IST).
Conclusões e/ou Recomendações
Portanto, a análise SWOT revelou elementos críticos para o fortalecimento da resposta às IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais. Assim, o relatório final, em fase de elaboração, representa um marco para a consolidação do programa estadual. É necessário para o fortalecimento do processo: incorporação do núcleo de epidemiologia, bem como segurança do paciente nos serviços, a câmara técnica municipal de apoio ao matriciamento e descentralização do cuidado
VALORIZAÇÃO DO TRABALHO EM SAÚDE: IMPLEMENTAÇÃO DO ADICIONAL DE INCENTIVO PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E AGENTES DE SAÚDE AMBIENTAL E COMBATE ÀS ENDEMIAS NO RECIFE
Comunicação Oral
NEVES, M. M. G. O.1, FARIA, A. B. S.1, MOURA, M. E. M. H. S.1, PASSOS, M. S.1, BOTSHKIS, R. B. G.1, CABRAL, G. C.1
1 SECRETARIA DE SAÚDE DO RECIFE
Período de Realização
Implementado entre 2021 e 2025, com pagamento anual a partir da aferição de metas do ano anterior.
Objeto da experiência
Sistematização da implementação do Adicional de Incentivo (ADI) para ACS e ASACE como estratégia de valorização profissional.
Objetivos
Compartilhar a experiência de operacionalização do ADI para ACS/ASACE no Recife, destacando os processos de gestão, as ferramentas de monitoramento adotadas e os impactos na valorização profissional e na atenção primária.
Refletir sobre os desafios e aprendizados gerados no processo.
Metodologia
O ADI foi criado pela Lei nº 18.894/2022 para ACS e ASACE em exercício, com pagamento anual calculado sobre 74% do repasse federal da assistência complementar da Lei Federal nº 11.350/2006, tendo seus efeitos retroativos a 2021. Vincula-se ao cumprimento de metas instituídas pelas Portarias nº 036/2023 e nº 027/2025. Conta com ferramentas digitais (tablets, SISAB e eSUS) para registrar e monitorar as ações e Comissão Especial para análise de recursos envolvendo gestão, trabalhadores e sindicato.
Resultados
A experiência fortaleceu a atuação dos ACS/ASACE, aprimorou os registros das ações e ampliou a adesão às metas. O uso de tecnologias ampliou o controle e a visibilidade das ações territoriais. A motivação dos trabalhadores foi impulsionada e observou-se maior aproximação com a comunidade. Apesar dos desafios com conectividade e adequação das metas aos territórios, o processo segue em aprimoramento contínuo, resultando em impactos positivos na eficiência da Atenção Primária à Saúde no Recife.
Análise Crítica
A experiência revelou que a valorização financeira, quando aliada à gestão participativa e à tecnologia, pode fortalecer o SUS no nível local. A introdução do ADI exigiu reorganização do processo de trabalho e provocou um movimento de responsabilização e reconhecimento dos ACS/ASACE. O caráter inovador do modelo está na combinação entre incentivo, transparência e controle social. Destaca-se a importância do monitoramento constante com escuta ativa para adaptação das metas às realidades dos territórios.
Conclusões e/ou Recomendações
A implementação do ADI no Recife demonstra aplicabilidade em contextos urbanos complexos, com potencial de replicação em outras localidades. Reforça-se a necessidade de avaliação contínua, apoio técnico aos trabalhadores e escuta das especificidades locais. Recomenda-se institucionalizar o monitoramento participativo, ampliar o uso de tecnologia e sustentar políticas de valorização para fortalecer vínculos com a comunidade e a Atenção Primária à Saúde.