
Programa - Comunicação Oral - CO21.3 - Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
CANETA DE INSULINA RECARREGÁVEL: ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE NO TRATAMENTO DO DIABETES.
Comunicação Oral
1 UFPI
2 UFDPar
3 CRP-21
Apresentação/Introdução
O diabetes mellitus (DM) é uma condição crônica e sensível aos cuidados de Atenção Primária, em que um de seus tratamentos vem passando por mudanças na forma de apresentação desde março de 2025 em todo Brasil. As insulinas fornecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) agora são disponibilizadas em canetas reutilizáveis, impactando na sustentabilidade e na economia brasileira.
Objetivos
Apresentar uma estimativa do impacto financeiro e ambiental decorrente da adoção da caneta recarregável de insulina em um município piauiense.
Metodologia
Trata-se de um estudo prospectivo quantitativo com análise descritiva e exploratória em Unidades Básicas de Saúde, sediadas em Landri Sales, no Piauí. Realizou-se assim um levantamento quantitativo junto à Secretaria de Saúde dos pacientes insulinodependentes que faziam uso de canetas descartáveis de insulina e seu respectivo consumo mensal. Em seguida, calculou-se a quantidade de canetas recarregáveis que passaria a atender essa demanda; estabelecendo assim, uma projeção do quantitativo gasto de ambas canetas num período de 3 anos, comparando-as e discutindo fatores financeiros e a produção de resíduos ambientais gerados nesse período.
Resultados
Em Landri Sales, 59 insulinodependentes utilizavam 3.060 unidades/ano de canetas descartáveis (255/mês). A transição para canetas recarregáveis, com entrega de 69 unidades (1/paciente/tipo de insulina) com durabilidade de 3 anos, demonstra uma redução expressiva, onde em 3 anos, o consumo das descartáveis atingiria 9.180, contrastando com 69 unidades das recarregáveis. Essa redução de dispositivos descartados gera um impacto ambiental positivo, já que 77% da sua composição é plástico. Ademais, a caneta recarregável (R$ 235,00/unidade, total de R$ 16.215,00 em 3 anos) geraria uma economia de pelo menos R$ 534.585,00 comparada à descartável (R$ 60,00/unidade, total de R$ 550.800,00 em 3 anos).
Conclusões/Considerações
A transição de canetas descartáveis para recarregáveis em Landri Sales permitirá uma redução drástica no consumo de dispositivos em aproximadamente 99% (9.111 unidades), ao longo de 3 anos. Essa mudança ocasionará efeitos positivos tanto ao meio ambiente quanto na economia brasileira, representando um avanço sustentável e econômico no tratamento de insulinodependentes a longo prazo.
GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA MUNICIPAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: UMA AVALIAÇÃO DE ESTRUTURA E PROCESSO
Comunicação Oral
1 IMS/ UERJ
Apresentação/Introdução
Apesar dos avanços da assistência farmacêutica (AF) no SUS, ainda persistem muitas fragilidades e desafios em sua organização e gestão. A organização da AF em nível local é essencial no atendimento das necessidades de saúde da população e no uso apropriado de medicamentos. Na gestão da AF, as condições de estrutura e os processos são determinantes para garantir qualidade na sua execução.
Objetivos
Investigar a situação atual da gestão da assistência farmacêutica nos municípios do Estado do Rio de Janeiro (ERJ), relativa aos componentes de avaliação de estrutura e processo.
Metodologia
Estudo transversal, exploratório e qualiquantitativo, que realizou um diagnóstico situacional da gestão da AF municipal no Rio de Janeiro utilizando um formulário eletrônico no Google Forms, contendo 33 questões dispostas em quatro blocos. O convite foi enviado ao gestor da assistência farmacêutica municipal ou responsáveis pela função nos 92 municípios, após aprovação do Comitê de Ética. Os dados foram analisados de forma agregada, anônima e descritiva, buscando traçar um panorama da gestão da AF nos municípios, considerando as especificidades e contextos locais, fundamentado em estudos sobre a temática.
Resultados
Vinte e sete municípios do ERJ, de todas as nove regiões de saúde, responderam ao survey. A maior taxa de resposta foi dos municípios das regiões Norte e Médio Paraíba e de municípios com pequeno porte populacional (<50.000 habitantes). A maioria dos respondentes se identificou como gestores da AF, com tempo de atuação na gestão da AF superior a 5 anos e vínculos profissionais instáveis. Os resultados evidenciaram ausência de Comissão de Farmácia e Terapêutica formalizada em 48,1% dos municípios, baixa oferta de capacitações aos profissionais de saúde, dificuldades relacionadas à seleção e aquisição de medicamentos e ausência frequente (66,7%) de seguimento farmacoterapêutico aos usuários.
Conclusões/Considerações
O estudo identificou lacunas políticas e institucionais que impactam na gestão da AF dos municípios no ERJ, evidenciando os desafios e a complexidade local. Inexistência ou inadequação de aspectos essenciais da estrutura e processo dificultam o bom desempenho da AF e o consequente alcance dos resultados. Os resultados da pesquisa podem contribuir na qualificação dos serviços farmacêuticos e fortalecimento de políticas públicas de saúde no SUS.
INDICADORES DE MONITORAMENTO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: AVANÇOS NA GESTÃO E VISIBILIDADE DO CUIDADO FARMACÊUTICO NA APS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral
1 SMS/RJ
2 S/SUBPAV/SAP - SMS/RJ
3 S/IVISA-RIO/CTATS/GAF - SMS/RJ
Apresentação/Introdução
O uso de indicadores para monitorar a assistência farmacêutica (AF) pode qualificar a gestão e ampliar a visibilidade do cuidado na APS. Em 2025, a Assessoria de AF da Superintendência de Atenção Primária (SAP) criou e implementou novos indicadores assistenciais e de economicidade, visando superar lacunas anteriores.
Objetivos
Analisar a implementação de indicadores de assistência farmacêutica elaborados pela SAP em 2025, avaliando seus efeitos na gestão e na valorização das ações clínicas e econômicas nas Áreas de Planejamento do município do Rio de Janeiro.
Metodologia
Estudo descritivo, qualitativo e documental, com base em registros eletrônicos (prontuário e SICLOM) e revisão de literatura. Foram analisados os indicadores criados em 2025 pelo Núcleo da AF, com coleta mensal em todas as APs. Os indicadores abordam atendimentos farmacêuticos, ações coletivas, auriculoterapia, cuidado em HIV (TARV, PrEP, PEP) e perdas econômicas (vencimentos e excessos). A análise considerou frequência, cobertura, indução de melhoria e visibilidade das ações farmacêuticas, comparando resultados após a implementação com os meses anteriores.
Resultados
Observou-se aumento expressivo em todos os indicadores, com destaque para atendimentos no tabagismo, ações educativas e dispensações relacionadas ao HIV. Os indicadores econômicos revelaram perdas por vencimento e excesso de medicamentos, permitindo correções pelas coordenações. A padronização favoreceu o fortalecimento do papel do farmacêutico e subsidiou decisões gerenciais baseadas em dados. Todas as APs apresentaram melhorias quantitativas e qualitativas nos registros e utilizaram os dados em pactuações e processos internos.
Conclusões/Considerações
A criação e monitoramento sistemático dos indicadores de AF pela Superintendência de Atenção Primária representam um marco na institucionalização do cuidado farmacêutico no município. Os dados fortalecem a visibilidade da atuação clínica do farmacêutico e contribuem para a sustentabilidade econômica do sistema. A experiência demonstra a viabilidade e impacto de indicadores bem definidos na melhoria da APS.
MATRICIAMENTO E APOIO INSTITUCIONAL PARA QUALIFICAR A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DO SUS: MODELO REAP-QUALI/PB
Comunicação Oral
1 UFPB
2 ESP/PB
Período de Realização
O desenvolvimento a ação se deu entre maio de 2024 e dezembro de 2025.
Objeto da experiência
Desenvolver matriciamento e apoio institucional focado na Assistência Farmacêutica (AF) no SUS que integra gestão, logística, educação continuada e cuidado.
Objetivos
Descrever a construção do modelo, detalhar sua implementação com Gerências Regionais de Saúde (GRS) e avaliar impactos: melhoria de fluxos e procedimentos, adesão municipal ao sistema Hórus, capacitação em oficinas macrorregionais e apoio técnico à elaboração de Relações Municipais de Medicamentos Essenciais.
Descrição da experiência
Três apoiadores institucionais e 12 matriciais articularam a Secretaria de Estado da Saúde, 12 GRS e 223 Secretarias Municipais nos três componentes da AF, cobrindo cerca de 4 milhões de usuários em 56,4 bilhões m². Após diagnóstico situacional, revisaram fluxos e processos, impulsionaram uso de sistemas informatizados para movimentação de medicamentos e insumos através de visitas municipais e conduziram oficinas de educação continuada alinhadas às lacunas diagnosticadas.
Resultados
O diagnóstico situacional envolveu 293 atores da cadeia da AF, entre gestores, farmacêuticos e operadores. A avaliação subsidiou como resultados a construção de 10 procedimentos operacionais nas 12 GRS e a implantação de um fluxo logístico integrado para insulinas humanas, articulado entre as esferas. A cobertura do Hórus na movimentação de medicamentos aumentou. Além disso, foram realizadas três oficinas macrorregionais, que qualificaram 415 profissionais.
Aprendizado e análise crítica
O matriciamento demonstrou que pactuar objetivos comuns e promover espaços horizontais de troca de experiências e gera senso de corresponsabilidade. Além disso, rompe a lógica vertical da AF por meio do protagonismo e aproximação dos sujeitos envolvidos na AF no SUS. O diagnóstico também revelou fragilidades estruturais, como problemas que impactam na prestação de serviços. A sustentabilidade dos benefícios dependerá da institucionalização de processos de trabalho e da geração de indicadores.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que o modelo de matriciamento consolida a AF na Atenção Primária ao alinhar gestão, logística e cuidado ao paciente. Recomenda-se institucionalizar os apoiadores, garantir infraestrutura contínua, vincular indicadores ao planejamento estadual e manter educação permanente para os sujeitos na AF. A replicação em outros estados exige decisão política, financiamento e monitoramento conjunto para sustentabilidade.
POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA - 20 ANOS: PESQUISA EM ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral
1 UFSC
2 USP
Apresentação/Introdução
A Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), fruto de uma construção social, definiu a Assistência Farmacêutica (AF) como “conjunto de ações para promoção, proteção e recuperação da saúde(...), tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e ao seu uso racional”. A PNAF traz o acesso e o uso racional de medicamentos (URM) como centrais em seus 13 eixos estratégicos.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi mapear os estudos publicados sobre AF na Atenção Primária à Saúde (APS) no Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos 20 anos sob a ótica dos eixos da PNAF.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo, cuja pergunta foi “O que foi produzido na literatura científica sobre a AF na APS no Brasil nos últimos 20 anos?”. Utilizou-se como descritores “AF”, “APS” e “Brasil”, utilizando os termos do DECs e do Mesh e os termos booleanos “AND” e “OR”. As buscas foram conduzidas em 2024 nas bases Pubmed, Embase, Scopus, Web of Science, Lilacs e Scielo. Considerou-se o período de 2004 a 2023. Foram incluídos artigos científicos que abordassem algum dos eixos da AF na APS, no âmbito público ou privado e desenvolvidos no Brasil. Foram excluídos outros documentos que não artigos científicos, abordagens em outros níveis de atenção e ensaios clínicos.
Resultados
Foram encontradas 1981 publicações, das quais 320 foram lidas na íntegra e após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão restaram 266 artigos. Observou-se maior número de publicações nos anos de 2021 e 2022. Em sua maioria, eram estudos transversais (70%), com utilização de dados primários (82%). O estado de Minas Gerais teve o maior número de estudos desenvolvidos no período. Quanto ao enquadramento nos eixos da PNAF, 134 abordavam a categoria da promoção do URM, 72 estavam relacionados aos aspectos da qualificação e manutenção dos serviços de AF e 25 tratavam do acesso a medicamentos. Não foram encontrados artigos sobre suprimento pelos laboratórios oficiais e outros 5 eixos.
Conclusões/Considerações
A produção científica em Assistência Farmacêutica na APS no Brasil cresceu nos últimos 20 anos, impulsionada por políticas públicas e financiamento. Destacam-se estudos sobre acesso a medicamentos, uso racional e gestão da AF. Apesar dos avanços, faltam pesquisas de intervenção e análise de impactos. A evidência científica é essencial para políticas informadas e práticas qualificadas.

Realização: