
Programa - Outras Linguagens - OL6 - Arte e Andanças na Saúde Coletiva
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
PODCASTS VIVA MAIS: PRODUÇÃO ARTISTICA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBT+
Outras linguagens
1 Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais
2 Universidade Federal de Ouro Preto
Período de Realização
Período compreendido entre setembro de 2023 a novembro de 2024.
Objeto da produção
Elaboração e produção de 05 episódios de podcasts em parceria com o projeto de extensão Viva Mais e o projeto Menos Preconceito é Mais Saúde.
Objetivos
Descrever a estratégia do uso de podcasts como ferramenta de comunicação para promover a educação em saúde, visando reduzir a discriminação e o preconceito institucional, que ainda constituem barreiras significativas de acesso da população LGBT+ aos serviços e aos cuidados de saúde.
Descrição da produção
Trata-se da elaboração e produção de podcasts que foi dividida em seis etapas: revisões de literatura; reuniões com os entrevistados; elaboração dos roteiros; ajustes para adequá-los à linguagem radiofônica; orientação para gravação no estúdio; gravação e edição e divulgação. A maioria das reuniões ocorreram via Google Meet e as gravações foram realizadas no estúdio da Rádio UFOP. Os entrevistados possuíam perfis multidisciplinares e colaboraram também representantes da população LGBT+.
Resultados
Foram produzidos 05 podcasts com as seguintes temáticas: contextualização do projeto; Marcos históricos e jurídicos referentes à implementação de direitos à saúde para a população LGBTQIAPN+; Acesso à hormonização na atenção primária à saúde do SUS; Nome social, Respeito e Saúde; Uma conversa sobre o acolhimento LGBTQIAPN+ no SUS e Profilaxia pré-exposição (PrEP) e profilaxia pós-exposição (PEP). Os episódios totalizam 5.335 visualizações e 193 reproduções.
Análise crítica da produção
A produção dos podcasts apresentou-se como um desafio sendo necessário o uso de uma linguagem clara, direta, informativa e que fizesse sentido para um público diverso.
A transmissão dos episódios, via rádio, potencializou o alcance do conhecimento científico para o público sem acesso a recursos digitais, contribuindo para a democratização da informação e para a inclusão de públicos diferentes nos processos de divulgação científica.
Considerações finais
Os conteúdos veiculados dialogam com estudos que ressaltam a importância da informação qualificada como forma de diminuir o preconceito e estigma relacionados á diversidade de corpos que rompem com o padrão heteronormativo, garantindo um atendimento com respeito, acolhimento às demandas especificas da população LGBT+ e, em última instância, promovendo a qualidade de vida dessa população. Será apresentado em 15 minutos um dos podcasts produzidos.
JUSTIÇA REPRODUTIVA EM OUTRAS LINGUAGENS: CINE-DEBATES COMO FERRAMENTAS DE REFLEXÃO SOBRE DIREITOS E EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Outras linguagens
1 ISC/UFBA
2 ENSP/Fiocruz
3 UERJ
Período de Realização
Junho e julho de 2024
Objeto da produção
Cine-debates sobre aborto e justiça reprodutiva voltado à formação de estudantes da área da saúde.
Objetivos
Promover espaços educativos e críticos sobre justiça reprodutiva, superando o binarismo pró ou contra o aborto, com linguagem acessível e artística, estímulo a práticas profissionais comprometidas com os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres, meninas e pessoas que gestam.
Descrição da produção
A Coletiva Flor de Jacarandá produziu três microcurtas e três infográficos sobre justiça reprodutiva, abordando o aborto como parte da vida reprodutiva. As histórias tratam de luto gestacional, aborto medicamentoso e reprodução assistida para pessoas LGBTQIAP+, com ilustrações autorais, acessibilidade em LIBRAS e linguagem sensível. Os materiais foram exibidos em cine-debates, rodas de conversa e oficinas realizadas na Bahia e em Minas Gerais.
Resultados
Em conjunto, os vídeos superaram 20 mil visualizações nas redes sociais. Só em atividades presenciais, cerca de 100 pessoas participaram, em sua maioria estudantes da saúde. As atividades provocaram reflexões críticas sobre aborto, violência obstétrica, racismo institucional e ética do cuidado. Estudantes criaram um grupo de estudos em Justiça Reprodutiva e desenvolveram trabalhos de conclusão com base nos debates. Além disso, reconheceram suas práticas profissionais como espaços de incidência.
Análise crítica da produção
A combinação entre vídeos curtos e debates presenciais revelou-se uma estratégia potente para construir espaços ao mesmo tempo acolhedores e críticos. A linguagem artística possibilitou abordar o aborto de forma sensível e informativa, rompendo com narrativas estigmatizantes e moralizantes. A articulação entre arte, saúde e educação permitiu tratar temas complexos e atravessados por múltiplas interseccionalidades de maneira concreta, e acessível e afetiva.
Considerações finais
As linguagens artísticas têm grande potencial na formação crítica em saúde. Os resultados indicam caminhos para políticas de cuidado comprometidas com os direitos humanos. Pretendemos ampliar a circulação dos vídeos e seguir promovendo espaços de escuta, acolhimento e formação, integrando arte, ciência e justiça social na educação em saúde.
USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS PARA PESSOAS ARRETADAS: APRESENTAÇÃO DE UM ÁLBUM SERIADO.
Outras linguagens
1 Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza
2 Universidade Federal do Ceará
Período de Realização
O álbum iniciou a ser estruturado em 2022 e foi publicado pela SMS de Fortaleza em 2024.
Objeto da produção
Álbum seriado contendo um conjunto de cartazes com charges (desenhos humorísticos com crítica social ou política) organizados de forma sequencial.
Objetivos
Auxiliar os profissionais no desenvolvimento de ações de educação em saúde para a promoção do Uso Racional de Medicamentos (URM), tornando essas orientações mais compreensíveis e contribuindo para desmistificar as informações científicas utilizadas na área da saúde.
Descrição da produção
Foram produzidas dez charges a partir de mensagens educativas contidas em um folder elaborado em 2019 pela SMS Fortaleza. As charges abordam os seguintes assuntos: uso de medicamentos na gestação (1); informações sobre o uso correto de medicamentos (6); automedicação (1); armazenamento (1); validade de medicamentos (1). As charges são acompanhadas de textos orientativos com linguagem regionalizada (cearenses) e são apresentadas por um personagem que lembra um profissional de saúde.
Resultados
Foi realizada a reescrita das frases utilizando uma linguagem regionalizada e elaborado um protótipo com o conteúdo e as ilustrações que foram repassadas em seguida para um chargista profissional. O material preliminar foi avaliado por 61 farmacêuticos, utilizando o Instrumento de Validação de Conteúdo Educativo em Saúde e o Instrumento para Validação de Aparência de Tecnologias Educacionais em Saúde. Por fim, as adequações sugeridas foram realizadas e o material final foi produzido.
Análise crítica da produção
O álbum ainda não foi validado pelos usuários do SUS municipal, contudo, já está sendo utilizado na rede de saúde desde 2024. É necessário compreender se há um reconhecimento das situações apresentadas com as situações do dia a dia dos usuários. Também é necessário capacitar os profissionais para a utilização do material, tendo em vista que alguns farmacêuticos não compreenderam a proposta do álbum e reforçaram a necessidade do uso de termos técnicos nas orientações sobre medicamentos.
Considerações finais
Estima-se que o álbum seriado seja um instrumento que promova discussões quanto ao URM de maneira mais compatível com a realidade da população, por meio da charge como recurso visual de aprendizagem, e da linguagem regionalizada como forma de reconhecimento da identidade cultural dos usuários, desmistificando as informações científicas usadas na área da saúde. Pretende-se realizar uma avaliação do álbum para verificação dos seus impactos.
GIRA SEM FIM: COMEÇO, MEIO E COMEÇO NOS CAMINHOS CRIATIVOS DA FORMAÇÃO E DO CUIDADO EM SAÚDE E A ARTE QUE, EM COLETIVO, ENCONTRA FRESTAS
Outras linguagens
1 UFPB e Samba Se Ata
2 Samba Se Ata
3 UFPB
Período de Realização
O processo de concepção, composição e gravação se deu ao longo do mês de outubro de 2024.
Objeto da produção
Música “Gira sem fim”, composição de médica e professora e execução de grupo de mulheres, com registro disponível em https://youtu.be/82H7aRnuUNo.
Objetivos
Construir canção que reflita sobre a arte como necessidade para a construção de caminhos criativos para a formação e para o cuidado em saúde, considerando as dimensões integral, subjetiva e coletiva desses processos.
Descrição da produção
“Gira sem fim” é obra musical feita inicialmente para compor documentário sobre o processo de formação em medicina, mas que se amplia atravessando também a formação em saúde e o próprio cuidado. Teve como elementos disparadores: fragmentos dos materiais brutos do documentário, a experiência do grupo de samba de mulheres (que executa a música) como espaço de criação e também de cuidado e a vivência da compositora como arteterapeuta, profissional de saúde e professora.
Resultados
A música é composta por quatro parágrafos que refletem sobre o cuidado e o processo de aprender a cuidar de si e do outro, utilizando referências diversas e ritmos como o samba e o ijexá. Com instrumentos como ilu, pandeiro e tamborim, além das vozes, chegou-se a um registro que mescla paisagens sonoras afrobrasileiras e temas diversos, como o isolamento e a coletividade durante a formação em saúde e a sua insuficiência desconfortável e necessária; e a arte que cuida do outro e de quem cuida.
Análise crítica da produção
Durante a formação há angústias sobre si e sobre a suficiência dos saberes no processo de cuidar. Mas, esse é processo de gira com começo, meio e começo, como a circularidade da vida apontada por Nego Bispo. Também, por sermos povo de raiz afroindígena, a coletividade e a criatividade são necessárias, e a arte é fundamental para o caminho desafiador da formação e do cuidado porque “arte é curandeira”, como traz Janaína Portela e “é fazendo festa que se abre a fresta”, como traz Antônio Simas.
Considerações finais
A experiência do grupo musical de mulheres enquanto espaço de cuidado e criação junto com atravessamentos da formação e do cuidado vividos pelos estudantes e pela compositora/professora conecta a obra com a resistência de aprender e cuidar em diversas realidades brasileiras, despertando um lugar necessário e em construção ao longo da formação e do trabalho em saúde: a criatividade, a arte e o coletivo em constante movimento, como “Gira sem fim”.
NOVOS (EN)QUADROS EM UMA MEDICINA AINDA BANDEIRANTE
Outras linguagens
1 Universidade de São Paulo (USP)
Período de Realização
Junho de 2024
Objeto da produção
Ensaio fotográfico performativo com caráter autoetnográfico.
Objetivos
Problematizar a perpetuação de símbolos hegemônicos na formação do profissional de saúde por meio de uma intervenção político-visual que evidencie as ausências e os silenciamentos étnico-raciais, de gênero, sexualidade e classe nos espaços acadêmicos e institucionais da saúde.
Descrição da produção
Intervenção realizada na Faculdade de Medicina - USP, onde uma exposição de retratos de seus diretores está em exposição. Em formato de releitura crítica, ressalta a ausência de diversidade e a reprodução de hierarquias baseadas em corpos brancos e heterocisnormativos, evidenciando como esses marcadores dominam os espaços institucionais e também moldam a produção acadêmica e científica escancarando falta de acesso e a dificuldade de permanência de corpos marginalizados pelo do padrão hegemônico.
Resultados
O ensaio foi apresentado como dispositivo político-pedagógico durante uma disciplina sobre formação e combate ao racismo, e segue impulsionando as discussões sobre racismo institucional, epistemologias do corpo e políticas da memória e do afeto para além do espaço da sala de aula. Contribui para tensionar não somente a formação curricular e dos espaços de prática e aprendizado, mas também para provocar reflexões sobre pertencimento, exclusão e resistência em espaços de poder e branquitude.
Análise crítica da produção
A produção se insere em contexto de crítica decolonial e de reapropriação simbólica de espaços hegemônicos de saber e saúde. Tensiona o projeto civilizatório da medicina brasileira, ainda marcado por epistemicídios, e propõe novas possibilidades de enunciação político-acadêmica por meio de corpos dissidentes e afetos. Questiona silêncios históricos, reposiciona a Saúde Coletiva como campo de disputa simbólica e reside na confluência entre arte, denúncia, cuidado e interseccionalidade em saúde.
Considerações finais
A experiência reafirma a potência da confluência de saberes e arte na construção de pensamento crítico em saúde, reforçando a urgência de ocupar o espaço formativo como território vivo, diverso e em disputa. A Saúde Coletiva precisa incorporar e garantir a permanência e segurança de corpos, cores, saberes e vozes que falam de experiências historicamente marginalizadas e silenciadas pelo patriarcado, pelo colonizador e por sua branquitude.

Realização: