
Programa - Comunicação Oral Curta - COC5.6 - Acesso e acolhimento na APS
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
A IMPLANTAÇÃO DO MODELO DE ACESSO AVANÇADO EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA: DESAFIOS E POTENCIALIDADES
Comunicação Oral Curta
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
O modelo de Acesso Avançado (AA) é uma proposta de reconstrução do sistema de agendamento da Atenção Primária à Saúde, com objetivo de equilibrar a demanda dos pacientes com a oferta de cuidados, resolvendo demandas no mesmo dia independentemente do grau de urgência. Faz-se necessário um estudo que descreva o processo de implantação evidenciando contribuições e limitações no contexto brasileiro.
Objetivos
Analisar a implantação do método de Acesso Avançado em uma Unidade de Saúde da Família piloto na perspectiva dos profissionais de saúde da equipe de Saúde da Família, destacando os desafios e potencialidades de sua implantação.
Metodologia
Estudo de abordagem qualitativa. O cenário da pesquisa foi uma Unidade de Saúde da Família piloto na implantação do AA, em cidade do interior do estado de São Paulo. Participaram da pesquisa todos os membros da equipe da USF, totalizando 19 participantes. Para coleta de dados foi utilizada a Observação Participante, visando interação entre o pesquisador, os sujeitos e o contexto, com registros em diário de campo e análise de documentos e relatórios. Foram realizadas entrevistas com a equipe buscando investigar percepções e sentimentos sobre o modelo AA. Para análise do material, utilizou-se o método hermenêutico-dialético aplicado em estudos da saúde, desenhado por Minayo.
Resultados
O AA foi implantado após meses de estudo com a intenção de melhorar o fluxo da unidade após a percepção de que a agenda não respondia às necessidades da população. O período de transição foi difícil e trabalhoso pela sobrecarga da equipe. Após a implantação, cada vez mais pessoas procuram a unidade. De forma inversamente proporcional, está o déficit do número de profissionais da equipe de saúde. A agenda funciona com 60% de vagas para demanda espontânea e 40% de agendamentos programáticos. A opinião dos membros da equipe sobre o modelo é dividida entre os que o consideram adequado para o contexto da população do CS e os que alegam que a integralidade do atendimento foi prejudicada.
Conclusões/Considerações
O modelo de AA enfrenta muitos desafios no contexto do CS estudado. Apesar de adequado às características da população, o desequilíbrio entre oferta e demanda se torna obstáculo para um cuidado integral. Sua implantação deve considerar a história e o contexto da APS em cada unidade e na política municipal, que precisam estar alinhadas aos princípios do SUS e da ESF como organizadora do modelo.
ACESSO A SERVIÇOS DE SAÚDE E VACINAÇÃO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 NA PERSPECTIVA DAS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU
Comunicação Oral Curta
1 UFMA
Apresentação/Introdução
A interiorização dos serviços de saúde em áreas rurais configura-se como um desafio persistente das políticas públicas, exigindo atenção às especificidades socioculturais e econômicas das populações, como exemplificado nas comunidades envolvidas na cadeia produtiva do babaçu, especialmente entre as quebradeiras de coco. Durante a pandemia de covid-19, essa condição se agravou.
Objetivos
Diante desse contexto, esta pesquisa teve como objetivo analisar as barreiras e estratégias relacionadas ao acesso à assistência em saúde durante a pandemia de covid-19, para as mulheres quebradeiras de coco babaçu residentes no estado do Maranhão.
Metodologia
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, realizado entre agosto de 2023 e agosto de 2024, com participantes vinculadas ao Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), que atua nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará. O número de entrevistas baseou-se no critério de conveniência. A coleta de dados foi realizada por meio de grupos focais (GF’s), utilizando um questionário sociodemográfico e um roteiro semiestruturado, cujas informações foram submetidas à análise de conteúdo, na modalidade temática. Ao todo, foram analisadas 29 entrevistas, com a sistematização das falas em três categorias principais.
Resultados
Os relatos evidenciaram um cenário de adversidades no acesso aos serviços de saúde, marcado pela insuficiência de insumos, medicamentos, profissionais capacitados e, sobretudo, pela carência de informações adequadas. Como estratégias para minimizar essas dificuldades, destacaram-se a articulação com gestores e secretários municipais e a participação ativa nos conselhos municipais de saúde. No tocante à hesitação vacinal, observou-se a influência de fatores políticos, religiosos e da disseminação de desinformação. Apesar disso, as participantes demonstraram capacidade de promover a vacinação em suas comunidades,
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a pandemia intensificou os obstáculos já existentes no acesso aos serviços assistenciais e comprometeu significativamente a cobertura vacinal entre essas mulheres. A presente investigação amplia a compreensão sobre as condições de acesso à saúde em contextos de vulnerabilidade social, junto a grupos sociais historicamente marginalizados, como as mulheres quebradeiras de coco babaçu.
ACESSO DOS USUÁRIOS ÀS EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS (EMULTI) NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: ANÁLISE DA DISPONIBILIDADE, ACESSIBILIDADE ORGANIZACIONAL E ACEITABILIDADE
Comunicação Oral Curta
1 IMS-UFBA
2 IMS-UFBA; CES-UC
Apresentação/Introdução
O acesso à atenção primária à saúde (APS) pode ser compreendido como oportunidade de adentrar e utilizar os serviços de saúde. Com a implementação das Equipes Multiprofissionais (eMulti), objetivou-se ampliar o escopo de práticas e a atuação de novas especialidades na APS. Os mecanismos e possibilidades de acesso da população aos profissionais das eMulti ainda não foram devidamente estudados.
Objetivos
Analisar o acesso e a utilização, por parte de usuários, das atividades e atendimentos desenvolvidos pelas Equipes Multiprofissionais (eMulti) em municípios da Bahia.
Metodologia
Trata-se de um estudo de casos múltiplos sobre o acesso e a utilização dos serviços prestados pela eMulti. Os casos foram constituídos pelos municípios de Guanambi e Vitória da Conquista, na Bahia. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas, observação direta e análise documental. Foram realizadas 81 entrevistas semiestruturadas (33 profissionais da eMulti; 23 profissionais das eSF; 20 usuários e 05 gestores). Realizou-se observação direta da atuação das eMulti e da dinâmica das unidades básicas de saúde (UBS). Utilizou-se uma matriz analítica composta por três dimensões do acesso: oferta de serviços; acessibilidade organizacional; e aceitabilidade.
Resultados
Na dimensão oferta de serviços, identificou-se facilidades de acesso às atividades grupais e dificuldades para os atendimentos individuais. A baixa disponibilidade dos atendimentos individuais se relacionou à grande quantidade de equipes apoiadas e às limitações estruturais das UBS. Sobre a acessibilidade organizacional, a forma mais frequente de acesso às eMulti foi por meio dos Agentes Comunitários de Saúde, seguido por encaminhamentos de médicos e enfermeiros e demanda espontânea. A dimensão aceitabilidade demonstrou resistência à participação de grupos terapêuticos de saúde mental, boa aceitação de grupos de atividade física e elevada valorização dos atendimentos individuais.
Conclusões/Considerações
Os resultados demonstraram elevada disponibilidade e aceitabilidade para as ações promocionais e fragilidades no acesso para as ações individuais. Diante disso, é sugestivo que o melhor dimensionamento da quantidade de equipes apoiadas por eMulti, a adequação das condições estruturais das UBS e reordenamento dos aspectos organizacionais têm grande potencialidade para ampliar o acesso dos usuários e aprimorar a resolubilidade na APS.
ACOLHIMENTO À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM ÁREAS SEM CONSULTÓRIOS NA RUA: ESTRATÉGIAS PARA EQUIDADE NO CONTEXTO PÓS-PANDEMIA
Comunicação Oral Curta
1 SUS RS
2 SUS DF
Apresentação/Introdução
O acolhimento da População em Situação de Rua (PSR) na Atenção Primária à Saúde (APS) enfrenta desafios, especialmente em locais sem equipes de Consultório na Rua (eCR). Este estudo investigou práticas e barreiras ao cuidado da PSR após a pandemia de COVID-19, buscando estratégias para promover a equidade no acesso à saúde.
Objetivos
Identificar estratégias para aprimorar o acolhimento da PSR na APS em áreas sem eCR, mapear barreiras e facilitadores ao acesso, e propor ações baseadas em evidências para garantir equidade no cuidado após a pandemia de COVID-19.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo realizada em cinco bases de dados (SCIELO, LILACS, EMBASE, SCOPUS e PUBMED), com artigos publicados a partir de 2020, para contemplar as alterações impostas pela pandemia de COVID-19. Foram incluídos estudos focados no atendimento à PSR na APS, excluindo revisões, estudos com foco exclusivo em eCR ou condições clínicas específicas. A seleção foi realizada na plataforma Rayyan, com triagem por título, resumo e leitura integral. Dois estudos atenderam aos critérios de elegibilidade e foram analisados quanto a barreiras, facilitadores e estratégias de acolhimento na APS.
Resultados
Foram incluídos dois estudos que evidenciaram barreiras como ausência de capacitação, estigmatização, burocracia, dificuldades tecnológicas e ausência de vínculo com os serviços de saúde. Como facilitadores, destacaram-se o cuidado personalizado, a escuta qualificada, o envolvimento de profissionais não clínicos e a flexibilização dos fluxos de atendimento. Ambos os estudos reforçam a necessidade de estratégias que considerem a heterogeneidade da PSR e promovam o acolhimento contínuo, humanizado e acessível dentro da APS, mesmo em contextos sem eCR.
Conclusões/Considerações
O acolhimento da PSR na APS requer abordagens flexíveis e personalizadas, com foco na capacitação das equipes e redução das barreiras estruturais e atitudinais. A padronização do atendimento mostrou-se limitada, sendo essencial investir em estratégias que promovam vínculo, escuta qualificada e equidade no acesso, especialmente em regiões desassistidas por eCR.
ATENÇÃO ÀS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM MUNICÍPIOS SEM CONSULTÓRIO NA RUA: DO ACESSO AO ENFRENTAMENTO DAS INIQUIDADES
Comunicação Oral Curta
1 Prefeitura Nova Serrana
2 UFSJ-CCO
3 Hospital das Clínicas FMUSP
Apresentação/Introdução
A garantia do acesso, da atenção e do cuidado à saúde de pessoas em situação de rua constitui um desafio emergente no campo da saúde pública. É imprescindível a superação das vulnerabilidades e a identificação dos fatores que corroboram para a exclusão institucional, de modo a fortalecer e assegurar a efetivação das políticas públicas voltadas para essas pessoas.
Objetivos
Compreender o acesso e a equidade na atenção à saúde de pessoas em situação de rua, no cotidiano da Atenção Primária à Saúde (APS), em municípios sem equipe de Consultório na Rua (eCR).
Metodologia
Trata-se de trabalho oriundo de dissertação de mestrado, foi utilizada a abordagem qualitativa, conduzida pela Teoria Fundamentada nos Dados e o Interacionismo Simbólico. O cenário deste estudo é constituído por dois municípios de porte médio populacional do Centro-Oeste do estado de Minas Gerais, Brasil, os quais não possuíam equipes de Consultório na Rua. A coleta de dados ocorreu nas unidades de saúde da APS, no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua e na Casa de Acolhimento, em 2022. Foram participantes da pesquisa 30 profissionais da APS e seis da Rede Socioassistencial. As fontes de evidências foram a entrevista aberta individual e registro em memorandos.
Resultados
O atendimento às pessoas em situação de rua tem sido centralizado em unidades de referência da APS. A atuação da Rede Socioassistencial tem contribuído significativamente para a redução das disparidades em saúde e favorecido o acesso. No entanto, o cuidado a essas pessoas permanece desafiador perante comportamentos imediatistas, uso de drogas e o despreparo dos profissionais de saúde para atenção singular. Destaca-se a necessidade de capacitar as equipes para acolhimento e ampliação do acesso, sem distinção, em todas as unidades de APS, para um atendimento oportuno e resolutivo, bem como fortalecer a articulação intra e intersetorial, garantindo a integralidade da atenção.
Conclusões/Considerações
Perante a exclusão institucional de pessoas em situação de rua, a Rede Socioassistencial viabiliza o acesso à saúde, associada à proatividade de alguns profissionais para o enfrentamento das iniquidades, mesmo diante de fatores que dificultam a vinculação e o cuidado longitudinal dessas pessoas, como o nomadismo e o imediatismo. Garantir o acesso à saúde é respeitar a dignidade da pessoa em situação de rua, sem preconceito e quaisquer discriminações.
A FORMAÇÃO E MANEJO DE GRUPOS ENQUANTO RECURSO QUALIFICADOR DO ACESSO À SAÚDE NO CONTEXTO DO CAMPO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO DISTRITO FEDERAL.
Comunicação Oral Curta
1 Escola de Governo FIOCRUZ
Período de Realização
A experiência apresentada tem início em abril de 2024 e se desenvolverá até fevereiro de 2026.
Objeto da experiência
A relação entre a implementação de grupos na Atenção Primária em contextos do campo e a melhoria de acesso à saúde por parte da população.
Objetivos
Identificar e analisar a relação entre o processo de implementação de grupos no contexto da Atenção Primária à Saúde e a qualificação do acesso à saúde por parte da população adscrita de territórios do campo localizados no Distrito Federal.
Descrição da experiência
A experiência se desenvolve em dois diferentes cenários do campo da Região Norte de Saúde do Distrito Federal, a partir do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família com ênfase na Saúde da População do Campo. Durante o tempo da mesma, utilizou-se da implementação e manutenção de práticas grupais enquanto instrumento de qualificação do acesso à saúde na atenção primária em contextos do campo, a partir do conceito ampliado de saúde apresentado na 8ª Conferência Nacional de Saúde.
Resultados
Alguns dos indicativos - existem mais - da relação entre a oferta do grupo e a qualificação do acesso à saúde são: melhoria do vínculo equipe-território-usuário; aumento da adesão - principalmente pacientes cronificados; integralidade do cuidado - para além das consultas e exames; fortalecimento de vínculos comunitários; promoção de autonomia; implementação de estratégias de autocuidado; e melhoria do fluxo de cuidado - redução de hiperfrequentadores e qualificação da demanda.
Aprendizado e análise crítica
Durante o desenvolvimento do trabalho, foi notável a escassez de oferta de serviços de saúde nos territórios do campo, sendo concentrados em maioria na Atenção Primária. Seus moradores apresentam importantes dificuldades de acesso à saúde, lazer e cultura. Identificou-se baixa garantia de acessibilidade, com a falta de trabalhadores e insumos na saúde. Notou-se com a implementação dos grupos a criação de um diferente espaço de cuidado, fortalecendo o vínculo entre território e equipe de saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Destarte uma recomendação: a necessidade de implementação de atividades coletivas nos territórios de saúde. Ficou explícito, no cotidiano de trabalho na APS, que os grupos são uma ferramenta muito potente na qualificação do cuidado e acesso à saúde pelas mais diversas razões. Também, a implementação destes vai de encontro com as competências de APS que, dentre elas, encontra-se a promoção da saúde e o fortalecimento dos vínculos comunitários.
BARREIRAS E DESAFIOS NO ACESSO À VACINAÇÃO EM CAMAÇARI (BA): UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DE USUÁRIOS, PROFISSIONAIS E GESTORES
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS
Apresentação/Introdução
A vacinação é uma importante estratégia para prevenção de doenças infecciosas. O PNI é reconhecido por sua abrangência, no entanto, diversos fatores têm comprometido a cobertura vacinal, incluindo desinformação, hesitação vacinal e barreiras estruturais. Esse estudo descreveu o que interfere no acesso à vacinação em Camaçari (BA) sob a ótica de usuários, profissionais de saúde e gestores do SUS.
Objetivos
Este artigo teve como objetivo identificar as principais barreiras e analisar os desafios enfrentados pela população de Camaçari (BA) para acessar os serviços de vacinação, com base em entrevistas com usuários, profissionais de saúde e gestores.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, baseado em entrevistas semiestruturadas com três grupos de participantes: usuários do SUS (identificados como EU), profissionais de saúde (EP) e gestores (EG). A coleta de dados foi realizada em unidades de saúde do município de Camaçari, com o objetivo de identificar barreiras ao acesso à vacinação e compreender como diferentes atores percebem a oferta e a organização dos serviços.
Resultados
Usuários destacaram a falta recorrente de certos imunobiológicos, outros, porém, relataram que não enfrentavam problemas de disponibilidade e profissionais de saúde confirmaram a oferta ampla, mas mencionaram faltas pontuais. Gestores atribuíram os problemas de oferta a desabastecimentos em nível nacional. A falta de transporte foi apontada como uma das principais barreiras ao acesso e gestores confirmaram a ausência de transporte público no município. Profissionais mencionaram sobrecarga de trabalho comprometendo a qualidade do acolhimento e gestores apontaram deficiências na formação dos profissionais e fragmentação entre as equipes de atenção básica e vigilância em saúde.
Conclusões/Considerações
O acesso à vacinação em Camaçari é influenciado por fatores estruturais, logísticos e organizacionais. A percepção dos diferentes atores aponta para a necessidade de políticas mais integradas, investimento em infraestrutura, qualificação profissional e fortalecimento do acolhimento. Compreender essas barreiras é essencial para avançar rumo a uma cobertura vacinal mais ampla e equitativa.
DISPARIDADES REGIONAIS QUANTO AO ACESSO INADEQUADO AO PRÉ-NATAL NO BRASIL (2014–2022)
Comunicação Oral Curta
1 UFMT
Apresentação/Introdução
As desigualdades de acesso ao pré-natal estão associadas ao perfil sociodemográfico, expressando um dos mecanismos envolvidos nesse processo. O acesso é considerado como a oportunidade de uso do serviço de saúde, influenciando na cobertura assistencial. As disparidades regionais do Brasil interferem na oportunidade de obter cuidados, especialmente em áreas de fragilidade e barreiras geográficas.
Objetivos
Analisar a tendência do acesso inadequado ao pré-natal no Brasil e regiões entre 2014 e 2022.
Metodologia
Estudo ecológico com dados do SINASC (2014–2022), analisando o acesso ao pré-natal, considerando as características: mulheres que não realizaram o pré-natal, ou que iniciaram o pré-natal após o terceiro mês de gestação e/ou que fizeram menos de 03 consultas durante o pré-natal iniciado até o terceiro mês de gestação. Foram aplicadas análises descritivas e regressão de Prais-Winsten para tendência temporal com IC95%, por utilizar dados de domínio público, a pesquisa dispensa a análise e aprovação do sistema Comissão de Ética em Pesquisa (CONEP), conforme a resolução Nº 674, de 06 de maio de 2022.
Resultados
O Brasil registrou um total de 4.811.335 mulheres com acesso inadequado ao pré-natal no período estudado. A tendência nacional foi decrescente, de 21,24% em 2014 para 16,56% em 2022, o que demonstra uma melhora no acesso ao pré-natal. Embora as regiões Norte (27,15%) e Nordeste (17,70%) apresentem uma tendência decrescente na inadequação, ainda se mantém acima da média nacional no período estudado. As demais regiões apresentaram percentuais menores de inadequações e maior estabilidade.
Conclusões/Considerações
As regiões Norte e Nordeste apresentam maiores percentuais de acesso inadequado ao pré-natal em comparação aos percentuais nacionais de outras regiões brasileiras. Desse modo, é primordial o reconhecimento, por parte dos gestores e profissionais de saúde, das disparidades regionais e sociodemográficas, a fim de fortalecer estratégias regionais específicas na Atenção Primária para garantir amplo acesso ao pré-natal.
DIU DE COBRE NA APS: AMPLIANDO ACESSO AOS DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS EM AMBIENTES RURAIS E URBANOS
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Juiz de Fora
2 Secretaria Municipal de Saúde de Governador Valadares
Período de Realização
A experiência foi realizada entre agosto de 2024 e janeiro de 2025.
Objeto da experiência
Elaboração de protocolo para inserção de DIU de cobre na Atenção Primária à Saúde (APS) de um município polo de Minas Gerais.
Objetivos
Descrever e apresentar o percurso entre idealização, elaboração e implementação do protocolo técnico para a inserção do DIU de cobre por profissionais médicos, atuantes nas unidades de APS de um município polo de Minas Gerais e seus distritos rurais e fomentar a iniciativa em outras localidades.
Metodologia
Relato da vivência de um médico de uma equipe de saúde da família rural de um município polo de Minas Gerais, mestrando do programa PROFSaúde, que idealizou, implantou e implementou um protocolo de descentralização da inserção do DIU de cobre na APS. Aliado a outros pares, gestão e equipe multiprofissional foi realizado levantamento dos nós críticos que dificultavam a ação. Após a identificação, foi possível elencar as oportunidades que poderiam ser válidas objetivando contornos e efetivação.
Resultados
Após confecção do protocolo, contendo informações pertinentes a cidade e fluxos da rede municipal, foi possível demarcar o início das capacitações dos profissionais que ainda não estavam familiarizados com a técnica. Cerca de 10 profissionais de MFC e residentes foram capacitados e realizam atualmente a inserção do dispositivo nos respectivos territórios de atuação. Quantitativamente houve um incremento de 100% se comparado com a época na qual o método estava centralizado na atenção secundária.
Análise Crítica
A descentralização da técnica para o nível primário representou não apenas o aumento quantitativo, mas também de forma qualitativa. Promover acesso dentro do território, com a equipe de vínculo longitudinal, aliado ao cuidado centrado na pessoa e na comunidade, tende a aumentar a satisfação tanto dos usuários quanto dos profissionais da equipe. O aumento na resolutividade representa a aquisição de competências desejadas aos MFC, o que qualifica a APS brasileira.
Conclusões e/ou Recomendações
A garantia dos direitos sexuais e reprodutivos é preconizada mundialmente e reafirmada nacionalmente através de políticas integrais de saúde da mulher. A busca por promovê-los na APS deve ser compromisso das sociedades, com o intuito de promover bem-estar social, planejamento familiar oportuno e prevenção do abortamento inseguro e mortalidade materno-infantil. A confecção do protocolo apresentada é uma das frentes possíveis, mas não a única.

Realização: