Programa - Comunicação Oral Curta - COC5.12 - Experiencias de saúde mental na APS
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
CROCHETANDO AFETO: A ARTE COMO DISPOSITIVO DE PROMOÇÃO À SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz Brasília
2 CASSI
Período de Realização
Março a junho de 2025, com encontros mensais e duração média de duas horas.
Objeto da experiência
Grupo terapêutico com práticas manuais, intergeracional, realizado na APS, focado na promoção da saúde mental e fortalecimento de vínculos.
Objetivos
Promover saúde mental por meio da arte e do crochê; fortalecer vínculos entre usuários e equipe; estimular o cuidado intergeracional e criar espaços de escuta, expressão e pertencimento no cotidiano da atenção primária.
Metodologia
O grupo “Crochetando Afeto” ocorreu mensalmente entre março e junho de 2025 em uma unidade da APS da saúde suplementar do Distrito Federal. Contou com a participação de crianças, jovens, adultos e idosos. Os materiais foram fornecidos pela unidade, e os encontros divulgados por e-mail. Envolveu nutricionista, psicóloga e assistente social. Além da prática do crochê, foram promovidas rodas de conversa e integração entre os participantes, em um ambiente acolhedor e criativo.
Resultados
A avaliação dos encontros foi feita por QR code, com retorno positivo. Os participantes relataram melhora no bem-estar, valorização do convívio e desejo de continuidade. A interação entre gerações enriqueceu as oficinas. A equipe observou fortalecimento de vínculos e aumento da adesão às ações da unidade. O grupo despertou interesse em replicar a atividade com maior divulgação
Análise Crítica
A experiência evidenciou o potencial da arte como estratégia de cuidado na APS. O crochê facilitou a escuta e expressão emocional, integrando saberes e afetos. A proposta foi leve, acessível e intergeracional. Destaca-se como desafio ampliar a divulgação e adesão, além de garantir continuidade. O trabalho em equipe foi essencial para o êxito da ação
Conclusões e/ou Recomendações
Grupos como o “Crochetando Afeto” fortalecem a APS como espaço de cuidado integral. Recomenda-se ampliar ações culturais como dispositivos de saúde mental, estimular o trabalho interprofissional e garantir continuidade. A replicação da experiência pode contribuir para transformar a unidade em espaço de afeto, escuta e pertencimento.
AURICULOTERAPIA EM GESTANTES ATENDIDAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA E MELHORA DA ANSIEDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral Curta
1 UFU
Período de Realização
Entre 2023 e 2024 foram realizados atendimentos de auriculoterapia a gestantes por uma enfermeira.
Objeto da experiência
Gestantes, primigestas ou não, que realizam pré-natal em uma Unidade Básica de Saúde do município Patos de Minas - Minas Gerais.
Objetivos
Reduzir sintomas comuns da gestação como dores, náuseas e ansiedade, provendo bem-estar físico e emocional. Fortalecer o vínculo com a gestante, melhorar a adesão ao pré-natal e integrar práticas complementares seguras ao cuidado da gestante na atenção básica.
Descrição da experiência
Auriculoterapia é uma prática integrada, que utiliza pontos reflexos na orelha para promover equilíbrio do corpo e está incorporada ao Sistema Único de Saúde desde 2006. A partir de capacitação (80 horas) ofertada pela Universidade Federal de Santa Catarina, a enfermeira de uma Unidade Básica de Saúde se tornou apta a aplicar a técnica em gestantes. A auriculoterapia chinesa, com uso de sementes de mostarda, foi aplicada em cerca de 50 gestantes que realizaram pelo menos 4 sessões cada.
Resultados
As gestantes relataram redução de dores lombares, cefaléias, ansiedades, náuseas e melhora na qualidade do sono. A auriculoterapia parece ter favorecido a adesão ao pré natal e fortalecido o vínculo entre profissional e paciente, sendo uma estratégia eficaz e segura no cuidado durante a gestação. Observou-se que a auriculoterapia é uma ferramenta potente e segura no cuidado com gestantes, uma vez que durante o período gestacional há limitações farmacológicas no alívio de sintomas.
Aprendizado e análise crítica
A experiência confirmou que a auriculoterapia é uma ferramenta potente e segura no cuidado com gestantes, pois no período gestacional há limitações farmacológicas para alívio de sintomas. Os principais desafios enfrentados foram a dificuldade de manter uma agenda fixa para realização da auriculoterapia, a resistência de alguns profissionais na aplicação da técnica em gestantes, exigindo educação continuada para valorização das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS).
Conclusões e/ou Recomendações
Integrar a auriculoterapia ao pré-natal na atenção básica é uma prática viável, eficaz e humanizada. Recomenda-se a ampliação da formação dos profissionais de saúde para uso seguro da técnica, além da sensibilização da gestão quanto aos benefícios das PICS. A inserção da auriculoterapia fortalece o cuidado integral à mulher e contribui para o Sistema de Saúde Único mais acolhedor, resolutivo e de baixo custo.
FORMAÇÃO PROFISSIONAL “ACOLHE APS”: CAPACITANDO AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE PARA O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
Comunicação Oral Curta
1 UECE
2 UFC Campus Sobral
Período de Realização
O “Acolhe APS” teve seu planejamento, execução e avaliação no período de agosto de 2021 e novembro de 2022.
Objeto da produção
Curso de formação profissional sobre tecnologias leves em saúde desenvolvido através do Programa de Pós-graduação em Psicologia e Políticas Públicas.
Objetivos
Desenvolver uma capacitação profissional sobre o uso de tecnologias leves em saúde e promoção da saúde mental para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) do Município de Iguatu-CE e promover capacitação teórica e reflexiva sobre as práticas de saúde mental na Atenção Primária à Saúde (APS).
Descrição da produção
O conteúdo programático foi formulado a partir de quatro grupos focais previamente efetivados com 26 agentes comunitários, e teve entre suas temáticas: Políticas de saúde mental na APS, promoção em saúde mental e tecnologias leves em saúde. O curso teve carga horária de 20h/a, e foi dividido em um encontro presencial e duas atividades assíncronas, realizadas durante o mês de maio de 2022. Ao final, 66 participantes cumpriram a carga horária mínima exigida do curso, e foram certificados.
Resultados
Dentre as reflexões elencadas destacaram-se: o desmonte da política de saúde mental e suas repercussões no cuidado ofertado, estratégias de trabalho coletivas para promover saúde mental, e os efeitos do novo modelo de financiamento na construção do vínculo com as famílias e usuários. Os ACS também pontuaram sobre os efeitos da pandemia Covid19 na saúde mental dos trabalhadores e puderam trocar experiências sobre as possibilidades de cuidado em saúde mental.
Análise crítica e impactos da produção
Os participantes realizaram avaliação da formação, bem como os pesquisadores efetivaram devolutiva e feedback aos gestores municipais, em outubro de 2022. Na avaliação, 88,6% dos ACS consideraram o Acolhe APS “muito bom” e sinalizaram que o curso foi importante ao destacar aspectos sobre como realizar uma escuta ativa, fortalecer o vínculo com os usuários e qualificar os encaminhamentos, e sugeriram melhorias para as próximas edições, como aumento da carga horária e inclusão de novas temáticas.
Considerações finais
O uso de metodologias ativas e troca de experiências possibilitou que os participantes se apropriassem do conteúdo ao associarem com as vivências do cotidiano de trabalho. Percebeu-se maior aproximação, trocas e abertura à escuta entre eles. Em edições futuras é importante incluir temáticas como: saúde mental infanto-juvenil, saúde da população LGBTQIA+, e saúde mental dos profissionais da APS.
FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS E PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL JUNTO A MULHERES: UMA EXPERIÊNCIA COM GRUPO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UFSCar
Período de Realização
De março de 2024 a fevereiro de 2025, por residentes multiprofissionais de saúde mental em uma UBS.
Objeto da experiência
Implementar um grupo de promoção de saúde mental e prevenção de agravos psicossociais para mulheres de uma Unidade Básica de Saúde.
Objetivos
Realizar promoção de saúde mental para mulheres, através da ampliação de vínculos comunitários e rede de apoio, identificação de estratégias para manejo de sintomas de ansiedade e depressão, ampliação do repertório ocupacional e fomento do protagonismo das participantes em seu processo de cuidado.
Descrição da experiência
A partir de acolhimentos individuais, foi identificado que havia neste território mulheres com demandas relacionadas a luto, solidão e ansiedade. Elas foram convidadas a participar de encontros semanais em grupo na Unidade Básica de Saúde. Os encontros ocorriam com rodas de conversas, dinâmicas e atividades estruturadas em conjunto que abordaram a temática da saúde mental a partir de uma abordagem psicossocial, valorizando as singularidades das vivências de cada participante.
Resultados
Os resultados esperados incluíam vinculação entre as participantes, aumentando suas redes de apoio, ampliação do repertório ocupacional e reconhecimento de melhora na saúde mental. Durante a execução, observou-se um bom engajamento das mulheres, com aumento do vínculo entre elas e uma compreensão ampliada sobre saúde mental. As usuárias passaram a reconhecer outras práticas de autocuidado, podendo aplicar as estratégias aprendidas no grupo em seu cotidiano.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a potência de ações de promoção de saúde mental na atenção primária à saúde, com metodologias dialógicas e participativas, conduzidas por equipe multiprofissional. No entanto, pode haver resistência dos usuários para participar de atendimentos grupais, considerando a maciça procura por abordagens individualizantes. A ação destaca a importância da articulação entre pontos da RAPS. A promoção da saúde mental é desafiadora e requer práticas inovadoras e inventivas.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência foi eficaz na promoção da saúde mental das mulheres atendidas, fortalecendo vínculos, ampliando a rede de apoio e melhorando a qualidade de vida. A Educação Popular em Saúde se destacou, permitindo que as participantes fossem protagonistas de seu cuidado. O projeto evidenciou a importância da Atenção Básica na saúde mental, especialmente em contextos comunitários, destacando o papel da RAPS na prevenção e promoção da saúde.
MATRIZ FOFA COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UMA EXPERIÊNCIA NO MESTRADO PROFSAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UFOPA
Período de Realização
As atividades aconteceram durante o encontro presencial do mestrado ProfSaúde no mês de junho de 2025.
Objeto da experiência
Vivência coletiva na construção da Matriz FOFA como ferramenta de planejamento em saúde mental na Atenção Primária à Saúde (APS) no mestrado ProfSaúde.
Objetivos
O objetivo desse estudo consiste em relatar as vivências na elaboração da Matriz FOFA para planejamento em saúde mental na Atenção Primária à Saúde (APS).
Metodologia
A Matriz FOFA integra Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças como uma ferramenta de análise estratégica do cuidado em saúde. No campo da saúde mental, sua aplicação permite uma leitura ampliada das potencialidades e desafios que impactam diretamente a oferta e a qualidade do cuidado. No contexto do mestrado ProfSaúde a utilização da Matriz FOFA favorece a reflexão crítica e o engajamento participativo do aluno para o fortalecimento da integralidade do cuidado em saúde mental.
Resultados
As Forças (F) atribuíram-se ao vínculo da APS com a comunidade na detecção precoce de casos em saúde mental. As Fraquezas (O) relacionaram-se a falta de capacitação da equipe, escassez de profissionais especializados e acolhimento inadequado. As Oportunidades (F) apontaram para a integração da APS com a rede e uso de telepsiquiatria na longitudinalidade. As Ameaças (A) relacionaram ao estigma social e a descontinuidade de políticas públicas por mudanças na gestão pública.
Análise Crítica
A experiência contribuiu significativamente para o desenvolvimento de um olhar estratégico do discente profissional em relação campo de prática da APS, além disso, verificou-se a questão participativa e propositiva durante a elaboração da matriz, favorecendo o aprendizado coletivo dos discentes. A matriz FOFA é uma das estratégias de gestão do trabalho que poderá ser usada na saúde mental para autoconhecimento e análise/implementação de melhorias no processo de organização do trabalho na APS.
Conclusões e/ou Recomendações
Portanto, conclui-se que a aplicação da matriz FOFA não apenas qualifica o cuidado em saúde mental na APS, como também potencializa processos formativos de mestrados profissionais, ao se refletir e estudar formas estratégicas para gestão do trabalho. Recomenda-se que em um segundo momento os mestrando apliquem a matriz junto aos profissionais do seu campo de atuação e que sejam trabalhadas outras questões além daquelas do campo da saúde mental.
O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM TERRITÓRIOS RURAIS: UMA REVISÃO DE ESCOPO
Comunicação Oral Curta
1 ISC/UFBA
2 ENSP/Fiocruz
3 Fiocruz/AM
4 ISC/UFF
Apresentação/Introdução
A saúde mental (SM) tem ganhado destaque globalmente, com alta prevalência de transtornos na população rural. Nesse contexto, a Atenção Primária à Saúde (APS) possui papel fundamental, pela sua capilaridade. No entanto, dificuldades de acesso, ausência de políticas públicas sensíveis às particularidades rurais e lacunas na formação em SM de profissionais ainda são desafios a serem enfrentados.
Objetivos
Apresentar os resultados de revisão de escopo acerca das estratégias e ações em SM ofertadas pelos serviços de APS em territórios rurais.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo conduzida conforme o JBI e o PRISMA-ScR, visando mapear ações de saúde mental na APS em áreas rurais. A busca foi realizada nas bases MEDLINE via PubMed e BVS com artigos científicos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol, entre 2014 e 2024, disponibilizados gratuitamente e na íntegra. Os estudos foram selecionados via Rayyan®, analisados em etapas por pares e um terceiro avaliador. A análise focou na caracterização dos estudos, descrição das ações de SM na APS e estratégias de qualificação desse cuidado.
Resultados
Foram identificados 614 artigos, 132 incluídos após triagem. As publicações aumentaram após 2019, com destaque para EUA, Índia, Etiópia e Austrália. Os estudos abordaram depressão, ansiedade, uso de substâncias e grupos vulneráveis como indígenas, mulheres, idosos e trabalhadores rurais. Identificou-se dez grupos de ações: colaboração com especialistas, compartilhamento de tarefas, dispensação de psicofármacos, conscientização contra estigmas, formação de grupos, gerenciamento de caso, ações intersetoriais, visitas domiciliares, intervenção por pares, construção de plano de cuidado. As TICS, a formação em SM e o uso de instrumentos como escalas foram estratégias para qualificar essas ações.
Conclusões/Considerações
Contextos rurais enfrentam desafios como falta de especialistas e barreiras geográficas. A APS pode mitigá-los com estratégias como o desempenho de ações de SM por profissionais leigos capacitados, o cuidado colaborativo com especialistas, as abordagens comunitárias, a intersetorialidade, desenvolvimento de planos de cuidado, o uso de ferramentas de TICS e instrumentos de apoio, como escalas, e a capacitação da APS, promovendo mais equidade.
PASSO A PASSO: UM RELATO DA EXPERIÊNCIA DE ATIVIDADE BIOPSICOSSOCIAL
Comunicação Oral Curta
1 SES/DF
Período de Realização
Foi criado em 2020 e acontece até os dias atuais (2025), toda terça e quinta, das 7h30 até as 9h.
Objeto da experiência
Criação e implantação de um grupo de caminhada, alimentação saudável e promoção da saúde em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do Distrito Federal.
Objetivos
• Promover a saúde física e mental;
• Estimular a adoção do estilo de vida e alimentação saudáveis;
• Incentivar o autocuidado, a interação social e o apoio mútuo entre os participantes;
• Promover o fortalecimento do vínculo entre a população adscrita e as equipes da UBS;
Metodologia
Trata-se de um relato de experiência de cunho descritivo-reflexivo, realizado em um território de alta vulnerabilidade social, que tem como público-alvo pessoas sedentárias ou em sofrimento psicossocial. A condução do grupo ocorre através do revezamento entre os profissionais de saúde. A concentração e alongamento se dá na entrada da UBS, são realizadas orientações, controle de frequência e em seguida todos saem para realizar um percurso no território, de acordo com o ritmo de cada um.
Resultados
Através dessa experiência as equipes obtiveram como resultados: relatos de recuperação de laços sociais; de redução de sintomas de ansiedade, depressão, solidão; de aumento da prática regular de atividade física, da autoestima, da disposição para atividades diárias; bem como aumento do vínculo entre os moradores e a UBS; aumento do número de participantes de dez para setenta; engajamento dos profissionais de saúde na criação de grupos voltados para o cuidado integral à saúde.
Análise Crítica
A criação do grupo levando em consideração a necessidade do território, assim como as estratégias de atuação e comprometimento com os resultados, foi imprescindível para o crescimento e alta adesão.
Ademais, manter a motivação dos participantes e dos profissionais envolvidos requer estratégias contínuas, como criatividade e adaptações para as limitações de cada faixa etária. O grupo demonstra ser uma importante ferramenta do Sistema Único de Saúde (SUS), com viabilidade de replicação.
Conclusões e/ou Recomendações
O grupo mostrou-se uma intervenção eficaz e gratuita, para promoção da saúde integral na Atenção Primária em Saúde, bem como representa uma ferramenta valiosa na prevenção de agravos, aumento da expectativa de vida e maior interação entre a comunidade. Recomenda-se que a experiência seja replicada em outras Unidades Básicas de Saúde pois alinha-se às diretrizes do Sistema Único de Saúde para promoção da saúde e prevenção de doenças.
PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE SOBRE A ASSISTÊNCIA DE SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 Ministério da Saúde
2 Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
Apresentação/Introdução
Atenção Primária à Saúde (APS), enquanto principal componente Rede de Atenção à Saúde, deve atuar ativamente no processo de articulação com os demais pontos desta rede. Assim, a interação entre a Saúde Mental e APS é capaz de impulsionar novas relações e práticas profissionais, podendo desenvolver outros modos de atenção à saúde que vão, sobretudo, em direção à integralidade do cuidado.
Objetivos
Apresentar as compreensões da percepção dos profissionais de saúde de uma unidade de saúde da família, no que tange o cuidado à saúde mental.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, de natureza qualitativa, realizado em uma Unidade de Saúde da Família, em Recife, Pernambuco. A coleta ocorreu entre os meses de abril e agosto de 2022, por meio de entrevistas semiestruturadas, incluindo dados sociodemograficos e referentes ao cuidado em saúde mental na Atenção Primária à Saúde com 13 profissionais de saúde que trabalham há mais de um ano no local. Para a análise das entrevistas foi utilizado o referencial da Análise Temática produzindo códigos dados, posteriormente temas. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, sob parecer nª 5.574.366.
Resultados
Diante da proposta da Análise Temática, emergiram os seguintes temas: Medicalização/ Medicação; Modelo Biomédico; Encaminhamentos para Atenção Especializada; e Capacitação/Educação Permanente em Saúde. Percebeu- se nesta pesquisa, que os profissionais têm suas práticas assistenciais voltadas ainda para um modelo de atenção predominantemente hegemônico, em que a figura do profissional médico tem papel de destaque e os processos de medicalização do cuidado ganham mais espaço.
Conclusões/Considerações
Destaca-se que os recursos estratégicos que facilitam e qualificam a gestão do cuidado encontram-se fragilizados, uma vez que existem falhas nos processos de referência e contrarreferência e ações de Educação Permanente em Saúde pouco exploradas.
POTENCIALIDADES DA EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA O MANEJO ÉTICO E TERRITORIAL DAS SITUAÇÕES DE CRISE EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA
Comunicação Oral Curta
1 Secretaria Municipal de Saúde de Santos-SP
Período de Realização
A atividade foi planejada e executada no período de 27/03 a 29/05/2025 no município de Santos-SP.
Objeto da experiência
O objeto é a Educação Permanente em Saúde (EPS) como ferramenta para discussão e articulação de temáticas complexas vivenciadas na Atenção Básica.
Objetivos
Discutir questões referentes à crise em saúde mental com o coletivo do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Primária à Saúde (PRMAPS), visando a qualificação e a reflexão crítica - baseadas nos princípios da Luta Antimanicomial - dos trabalhadores e residentes inseridos no SUS.
Descrição da experiência
Em momento coletivo do PRMAPS, surgiu a necessidade, por parte dos residentes, de discutir aspectos da crise em saúde mental a partir de experiências vivenciadas nos cotidianos de trabalho. O núcleo de tutoria da psicologia do programa elaborou uma EPS sobre o manejo ético e territorial das situações de crise. A atividade contou com: nuvem de palavras construídas a partir das noções individuais acerca do tema, dinâmica de mitos e verdades, exposição teórica e discussão de casos em grupos.
Resultados
Durante a ação, o coletivo participou ativamente das discussões levantadas, trazendo suas experiências e dificuldades vividas nos territórios, por vezes acompanhadas de estigmas e estereótipos sobre o tema. Entretanto, no decorrer da atividade, os participantes expressaram reflexão crítica sobre suas próprias atuações, escapando do senso comum. O núcleo responsável pela EPS recebeu diversas devolutivas acerca da pertinência e relevância da discussão realizada.
Aprendizado e análise crítica
A construção da EPS possibilitou ao núcleo de psicologia debruçar-se nos estudos acerca da Reforma Psiquiátrica e suas repercussões na Atenção Básica. Ademais, esta ferramenta mostrou-se potente para a discussão e aprendizado coletivo, com trocas horizontalizadas de saberes e experiências. Principalmente as residentes de enfermagem manifestaram necessidade e interesse na discussão, uma vez que, devido às suas rotinas de trabalho e lacunas na formação, são fortemente atravessadas pela temática.
Conclusões e/ou Recomendações
Os objetivos iniciais propostos pela EPS foram atingidos. Ainda assim, há espaço para ampliação da discussão, especialmente no tocante à articulação da rede de cuidados. Devido à pertinência política e ética da temática, além do retorno positivo dos participantes, o planejamento segue para a realização da EPS com as equipes de saúde da família apoiadas pelas eMulti do município de Santos-SP.
SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE SOB A PERSPECTIVA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UECE
2 UFC Campus Sobral
Apresentação/Introdução
A saúde mental na Atenção Primária à Saúde (APS) é um desafio na atualidade. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), por sua proximidade com a população e conhecimento do território, desempenham um papel fundamental na identificação e no cuidado de pessoas com sofrimento psíquico.
Objetivos
Esse trabalho é um recorte de uma dissertação de mestrado e objetivou compreender a percepção dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) sobre o cuidado a pacientes com necessidades de saúde mental na Atenção Primária à Saúde (APS) em Iguatu-CE.
Metodologia
A pesquisa foi efetuada na APS do município de Iguatu-CE, localizado a cerca de 350 km da capital Fortaleza. Constituiu-se de uma pesquisa exploratória e de abordagem qualitativa. Foram realizados quatro grupos focais, com um total de 26 agentes comunitários, que representavam 10,48% da quantidade de ACS que atuavam na cidade. Os grupos foram realizados entre os meses de agosto e setembro de 2021. Os ACS selecionados tiveram, como critério de inclusão, no mínimo dois anos de atuação no território e serem residentes na comunidade em que atuavam. Um grupo foi efetuado de forma presencial, nas dependências da Escola de Saúde Pública, e os demais ocorreram na modalidade on-line.
Resultados
A partir das falas dos participantes pôde-se evidenciar o aumento de sintomas ansiosos e transtornos leves entre os ACS devido à sobrecarga de trabalho durante a pandemia de COVID-19; o crescimento das demandas de saúde mental no território, associado à escassez de profissionais; a medicalização do sofrimento psíquico, evidenciada pela prática de renovação de receitas sem acompanhamento adequado; e a dificuldade em restabelecer o vínculo com os usuários após o período pandêmico.
Conclusões/Considerações
A escuta dos participantes sinalizou a necessidade de olhar para a saúde mental dos próprios ACS, e investir em processos formativos para qualificar o cuidado em saúde mental nos territórios, pois a APS é uma estratégia fundamental para a construção de práticas antimanicomiais. Pesquisas sobre a temática seguem em desenvolvimento e as experiências apontam que a problemática ainda é pertinente, o que reforça a relevância do tema.
Realização: