
Programa - Comunicação Oral Curta - COC13.3 - Equidade, Diversidade e Formação em Saúde: Políticas, Saberes e Práticas
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
A POLÌTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO NEGRA E AS EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS NO E PARA O SUS
Comunicação Oral Curta
1 UFSCAR
2 ENSP
3 UNIFAP
4 UNB
5 -
6 UFRB
Apresentação/Introdução
A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (Portaria nº 992/2009) reconhece que enfrentar o racismo é essencial para garantir a integralidade do cuidado. Em parceria com o Ministério da Saúde, a Fiocruz desenvolve um projeto via TED para mapear práticas educativas antirracistas e propor diretrizes para a formação em saúde no SUS.
Objetivos
Mapear, validar e produzir materiais pedagógicos a partir de experiências formativas antirracistas que colaboram o SUS e a PNSIPN para o enfrentamento do racismo institucional e a promoção da equidade racial na saúde pública .
Metodologia
A metodologia se respalda na pesquisa colaborativa. A partir do dialógo com integrantes da equipe decidiu-se pela realização do mapeamento de experiências relacionadas saúde da população negra e em perspectiva antirracista realizadas por: movimentos sociais, escolas técnicas do SUS e instituições de ensino superior (graduação e pós-graduação) no Brasil. As estratégias para a coleta de dados incluem: entrevistas, oficinas, escutas ativas com movimentos sociais, pesquisadores, professores, gestores e trabalhadores da saúde. A partir da técnica “bola de neve” foram identificados os/as informantes das experiências em diferentes contextos e territórios.
Resultados
O mapeamento identifica e documenta experiências de formação e educação em saúde com enfoque antirracista, muitas ainda invisibilizadas, em todas as regiões do país. Serão selecionadas, com base em critérios em elaboração, para compor orientações aos espaços formativos e fortalecer a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Os dados revelam lacunas nos currículos da saúde, mas também práticas significativas baseadas em saberes acadêmicos, populares e ancestrais, com potencial para formar redes de cooperação. Apesar de desafios logísticos e metodológicos, o projeto amplia a visibilidade de experiências conduzidas por terreiros, quilombos e outras instituições da sociedade civil.
Conclusões/Considerações
O projeto reconhece e legitima epistemologias e práticas formativas antirracistas, promovendo o diálogo entre saberes. As experiências mapeadas podem qualificar a educação permanente como estratégia para formar profissionais comprometidos com a equidade racial no SUS. O acesso aos materiais e a integração dos resultados fortalecerão outras políticas públicas e a perspectiva antirracista na formação em saúde.
AQUILOMBAR SABERES, TRANSFORMAR CUIDADOS: FORMAÇÃO SOBRE GÊNERO, RAÇA E SAÚDE MENTAL NO SUS
Comunicação Oral Curta
1 UFC
Período de Realização
A experiência aqui relatada ocorreu entre os meses de fevereiro e novembro de 2024.
Objeto da experiência
Qualificação das práticas de cuidado em saúde mental no Sistema Único de Saúde (SUS) direcionadas às mulheres negras.
Objetivos
O minicurso “Aquilomba SUS” teve como objetivo facilitar espaços de discussão e reflexão acerca dos processos de discriminação racial e de gênero nos equipamentos de saúde mental do SUS.
Metodologia
Foi direcionado aos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) e dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do município de Quixeramobim-Ce. O minicurso possui encontro único e foi ofertado entre fevereiro e novembro de 2024, atingindo cerca de 180 profissionais e 30 equipes, que foram divididas estrategicamente para facilitar as discussões pretendidas. Além de conteúdos teóricos, trabalhou-se com estudos de casos alinhados à realidade dos territórios de saúde.
Resultados
Surgiram questionamentos acerca do processo de identificação racial: quem é negro no Brasil? e se identificou, na percepção de parte dos participantes, a sobreposição da dimensão socioeconômica à dimensão racial na vida das pessoas negras. Em relação à coleta do quesito raça/cor, parte dos trabalhadores reconheceu sua importância para o cuidado e delineamento de políticas públicas, enquanto outros alegaram reservas relacionada ao procedimento por receio de constranger a usuária.
Análise Crítica
O racismo e o sexismo são sistemas, que estabelecem uma estrutura de desigualdades, marginalizando os corpos e as vidas das mulheres negras. Desse modo, a invisibilização, principalmente, da questão racial nas políticas públicas de saúde corrobora para situações de violência. Por outro lado, o SUS se constitui enquanto campo fértil para o debate dessa temática, visando a ressignificação de saberes e práticas profissionais.
Conclusões e/ou Recomendações
Destaca-se a relevância do processo de educação permanente no contexto da saúde mental com vistas à formação de profissionais aptos a identificar e lidar adequadamente com as demandas apresentadas pela comunidade, evidenciando enquanto elemento importante a corresponsabilização do cuidado pela rede de saúde, com vistas à realização de uma atenção comprometida social, ética e politicamente.
COLETIVO AFROCENTRAR SAÚDE: ILERA DUDU - COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS AFROCENTRADAS DE ENSINO, PESQUISA, EXTENSÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
Comunicação Oral Curta
1 UNEB
Período de Realização
O Coletivo existe desde 2021 mas descreveremos as atividades dos últimos 3 anos.
Objeto da experiência
Experiências de ensino, pesquisa, extensão e desenvolvimento tecnológico alinhados com a PNSIPN e com o paradigma da Afrocentricidade.
Objetivos
Estudar questões da saúde do povo negro, fugindo do sujeito universal do cuidado; fomentar a produção de lógicas, práticas e tecnologias de cuidado centradas nas necessidades biológicas, sociais e culturais do povo negro; e construir coletivamente uma consciência negra de emancipação.
Descrição da experiência
O Coletivo é formado por pessoas negras, graduandas da saúde, profissionais da saúde e de não saúde (administração, comunicação social, pedagogia). Nos organizamos a partir dos valores civilizatórios africanos e do conceito de aquilombamento, buscando produzir ciência afrorreferenciada, além da permanência material e simbólica na universidade. Desenvolvemos parcerias estratégicas com território quilombola, com empresas pretas e organizações civis pretas.
Resultados
No ensino, há formação semanal do grupo resolvendo lacunas do currículo eurocêntrico e a oferta de componente na graduação e pós-graduação. Na extensão, desenvolvemos atividades como o afroturismo, o autocuidado coletivo, o Afrocentrinho com crianças negras, o curso introdutório de formação de intérprete de conferência para negros e a Feira de Saúde Mãe Bina em território quilombola. Na pesquisa, focamos em investigações implicadas além de produzirmos livros e jogos para saúde da população negra.
Aprendizado e análise crítica
Para alcançar a equidade em saúde é preciso ensinar a todos como o racismo se manifesta na medicina, como afeta os resultados na saúde e como combatê-lo. Mas também acreditamos ser importante construir uma formação que debata as singularidades do corpo negro, o que inclui sua fisiologia e sua cultura, a fim de produzirmos intervenções culturalmente relevantes. Se a cultura é parte indissociável do indivíduo tem de ser considerada ao longo do cuidado.
Conclusões e/ou Recomendações
O Coletivo compreende a necessidade de ações em saúde que considerem todas as particularidades do negro, seja relacionada à sua cultura, ancestralidade, determinantes sociais da saúde ou questões genéticas, a fim de produzir uma saúde equânime e integral. Ao mesmo tempo, investimos na consciência preta positiva, autoamor e agência para todos que compõem o coletivo porque antes de sermos cuidadores somos negros na diáspora brasileira.
DESAFIOS E FACILITADORES DA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS DENTRO DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM
Comunicação Oral Curta
1 Unicamp
2 UFAC
Período de Realização
O estudo foi realizado no perdido de setembro de 2023 a maio de 2025, na Faculdade de Enfermagem da Unicamp.
Objeto da produção
Compreender os desafios para a efetiva implementação das Políticas de Ações Afirmativas no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da UNICAMP.
Objetivos
Objetivos:
- Identificar o nível de conhecimento dos gestores quanto a implantação de políticas de ações afirmativas.
- Compreender os mecanismos que levam a não implantação das políticas de ações afirmativas.
Descrição da produção
Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com gestoras que atuaram nas quatro últimas gestões do programa. A seleção dos participantes ocorreu por amostragem intencional e o fechamento por exaustão. A análise dos dados foi conduzida segundo a técnica de Análise Temática de Conteúdo com apoio do software NVivo (versão 1.3), articulando-se aos referenciais teóricos do racismo estrutural e institucional.
Resultados
Os achados foram organizados em quatro eixos temáticos: (1) Percepções sobre as Políticas de Ações Afirmativas na pós-graduação; (2) Estratégias e barreiras na implementação das Políticas de Ações Afirmativas na Unicamp; (3) Entre discussões e decisões: o processo de adoção das Ações Afirmativas na FEnf; e (4) A construção das Ações Afirmativas na FEnf: dilemas e limitações.
Análise crítica e impactos da produção
A análise revelou a existência de diferentes níveis de compreensão sobre as AF entre os gestores, a predominância de prioridades institucionais concorrentes (como internacionalização e avaliação da CAPES), e a fragilidade das políticas de permanência. Embora não tenha sido identificada resistência explícita à adoção das AF, houve dificuldades em operacionalizar critérios de justiça distributiva e em articular políticas de inclusão com ações concretas de suporte acadêmico e social.
Considerações finais
Conclui-se que, para garantir a efetividade das políticas de ações afirmativas no PPG-FEnf, é necessário instituir diretrizes obrigatórias pela universidade, ampliar os espaços formativos sobre equidade racial, e implementar políticas consistentes de permanência. Recomenda-se ainda a realização de novos estudos com estudantes ingressos por ações afirmativas a compreensão os impactos e as lacunas dessas políticas.
MOVIMENTOS DE (RE) EXISTÊNCIA ÉTNICO-RACIAL: PROMOVENDO EQUIDADE NOS CENÁRIOS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DO RJ
Comunicação Oral Curta
1 SMS-Rio
Período de Realização
A oficina foi realizada de dezembro de 2023 a julho de 2024, com agenda para retorno em 2025.
Objeto da experiência
Atuação dos trabalhadores da Atenção Primária em Saúde (APS) do município do Rio de Janeiro como multiplicadores de práticas antirracistas.
Objetivos
Instruir os profissionais sobre a Política Nacional e o Programa Municipal de Saúde Integral da Pop. Negra;
Estimular a atuação profissional enquanto multiplicador antirracista;
Refletir sobre relações de poder (raça, gênero e classe);
Orientar sobre estratégias de acolhimento e intervenção.
Descrição da experiência
Em encontros de dois dias, discutimos as características escravocratas do Brasil e seus reflexos na Saúde Pública, destacando disparidades raciais no cuidado. Trabalhamos a interseccionalidade para mostrar como opressões podem se agravar, a depender dos marcadores de opressão. Profissionais debateram o racismo na APS, abordando suas impressões e impactos institucionais. Com multimídia e dinâmicas, propuseram ações nas UAP, enfatizando a equidade racial como pauta constante em equipes e gestão.
Resultados
No período de dezembro de 2023 a julho de 2024, dezoito turmas foram formadas em dois dias de aula. Ao todo, nove das dez Áreas de Planejamento tiveram as oficinas realizadas, com 858 profissionais tiveram a experiência de passar pela proposta de educação permanente.
Cada território apresentou especificidades em relação às vivências, que incluíam racismo ambiental, cotidiano de trabalho dos profissionais, experiências pessoais e sugestões de ações de promoção de equidade racial nas APS.
Aprendizado e análise crítica
Cada território apresentou especificidades, como racismo ambiental, cotidiano de trabalho, experiências pessoais e sugestões de ações nas APS. Houve aumento expressivo de ações de promoção antirracista nas unidades após as oficinas.
Lidamos com desafios durante o período de oficinas realizadas. Reproduções de racismo cotidiano em sala demandaram da equipe intervenção e mediação. Percebemos aumento na demanda, que exigiu da equipe reduzida bastante manejo para acolher os agendamentos.
Conclusões e/ou Recomendações
A oficina alcançou sucesso e qualificou até o momento 858 profissionais da APS como multiplicadores do cuidado racializado no Rio promovendo reflexões sobre expressões do racismo no SUS. A experiência também destacou a importância de dar continuidade às formações e ampliar estratégias intersetoriais. A alta adesão resultou em ações concretas nas UAPs. Recomenda-se sua institucionalização e o fortalecimento da formação antirracista continuada.
POLÍTICAS AFIRMATIVAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: ENCONTROS FORMATIVOS DO PROJETO AFIRMAÊ SAÚDE COLETIVA
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
2 UFRB
Período de Realização
Desde o início de agosto de 2024 até o presente momento
Objeto da experiência
Atividades educativas de extensão universitária do projeto Afirmaê, transmitidas pelo canal do Youtube do Instituto de Saúde Coletiva (ISC-UFBA)
Objetivos
1) Promover o engajamento da comunidade acadêmica na discussão e fortalecimento das políticas afirmativas (PAF) no ensino superior; 2) Garantir a pluralidade de vozes e corpos nas atividades; 3) Favorecer a formação crítica dos membros da rede de pesquisa AFIRMAÊ
Descrição da experiência
Foram realizados seminários mensais sobre diversas temáticas relativas às PAF no ensino superior, através da plataforma Zoom Meeting, transmitidos pelo canal do Youtube do ISC-UFBA. Docentes, estudantes, pesquisadores e ativistas da comunidade acadêmica de diferentes regiões do país participaram como apresentadores, mediadores e público debatedor. As apresentações foram realizadas por pessoas negras, indígenas, trans/LGBTQI+, etc. Foram realizados debates plurais e inclusivos.
Resultados
Foram abordados os temas: 1. PAF no Brasil; 2. letramento de gênero e racial; 2. privilégio e pacto da branquitude na universidade; 4. PAF para os povos e comunidades tradicionais (indígenas, quilombola e ribeirinhos); 5. pessoas trans e letramento de gênero; 6. PAF para pessoas com deficiência na educação e no trabalho; 7. PAF para populações em deslocamento; 8. mulheres nas ciências e na pós-graduação; 9. estudantes indígenas no ensino superior – graduação e pós-graduação.
Aprendizado e análise crítica
As PAF avançaram mais no acesso do que na permanência dos estudantes, especialmente diante da interseccionalidade de opressões. A diversidade de temas, vozes e corpos envolvidos na atividade descrita ampliou as perspectivas dos membros do AFIRMAÊ e colaborou para a identificação de singularidades nas experiências de gestores, docentes e discentes envolvidos com o tema. Porém, o engajamento no debate é limitado pela baixa interatividade do YouTube e relativo desconhecimento sobre a iniciativa.
Conclusões e/ou Recomendações
A atividade promoveu a participação de diversas vozes e corpos e contribuiu para a formação crítica dos participantes, porém apresentou limitações quanto ao engajamento da comunidade acadêmica mais ampla. Os participantes destacaram singularidades nas experiências dos diferentes estudantes focalizados pelas PAF e nas realidades institucionais. Também, recomendaram fortalecer a atuação dessas políticas sobre a interseccionalidade de opressões.
FORMAÇÃO MÉDICA CRÍTICA: A POTÊNCIA DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA SOBRE GÊNERO, SEXUALIDADE E RAÇA
Comunicação Oral Curta
1 UFOB
Período de Realização
Novembro de 2024 a maio de 2025
Objeto da experiência
Vivências em projetos de extensão que articularam arte, saúde e direitos sociais, com foco em gênero, sexualidade e raça na formação médica
Objetivos
Refletir sobre a formação médica a partir de experiências em educação popular, que integraram saúde, gênero, raça e sexualidade, visando ampliar o compromisso com os direitos humanos, a equidade e a comunicação dialógica nos cuidados em saúde.
Descrição da experiência
Os discentes participaram de duas vivências: Sarau ArtisticaMente em uma escola de ensino médio, onde foram expostas, em sala temática, expressões artísticas sobre raça e saúde (fotografia, pintura, poesias) e linha do tempo de médicos negros; Tenda dos Direitos Civis e Sociais e 1ª Pré-Conferência LGBTQIA+, durante a FLIB Barreiras - BA, debatendo acesso ao SUS, direitos conquistados e marcos históricos. Também foi possível a confecção e distribuição de materiais didáticos instrucionais.
Resultados
As vivências extensionistas ampliaram a formação médica crítica. Foi possível dialogar com a comunidade, principalmente de estudantes do ensino médio, sobre conquistas sociais em políticas públicas, como oferta da PrEP, PEP e de antirretrovirais no SUS e ações afirmativas na universidade e sobre iniquidades em saúde. Favoreceram o contato com realidades diversas, fortalecendo a compreensão da realidade social, essenciais para uma atuação médica sensível, inclusiva e comprometida com a equidade.
Aprendizado e análise crítica
As vivências promoveram rupturas de paradigmas e ampliação crítica sobre saúde, gênero, sexualidade e raça. O diálogo com a população e organização das atividades, provocaram reflexões sobre saberes populares, inclusão e equidade, reforçando a importância de práticas médicas sensíveis à multidiversidades socioculturais. Foi possível a ampliação da compreensão ética dos discentes enquanto profissionais da medicina, assim como desenvolver habilidades comunicativas para diálogos plurais.
Conclusões e/ou Recomendações
As experiências vivenciadas possibilitaram integrar teoria e prática em contextos reais, promovendo escuta, diálogo e empatia, além de ampliar a compreensão das dimensões sociais, culturais e históricas que permeiam a saúde dessas populações. Contribuíram para a formação crítica e humanizada, reforçando com a comunidade o compromisso com a equidade, os direitos humanos e a valorização dos saberes populares na prática médica.
O USO DO ORIGAMI COMO ESTRATÉGIA ANTIRRACISTA PARA A SAÚDE: EXPERIÊNCIAS DE UM PROGRAMA DE EXTENSÃO NA PROMOÇÃO DA VISIBILIDADE DA DOENÇA FALCIFORME
Comunicação Oral Curta
1 UFTM
Período de Realização
O Programa de Extensão foi realizado de 2022 a 2024.
Objeto da experiência
Descrever a estratégia do uso do origami nas ações de educação em saúde para dar visibilidade à doença falciforme (DF) e promover a equidade étnico-racial.
Objetivos
Relatar a experiência de um programa de extensão universitária que adotou o origami como estratégia lúdico-pedagógica de educação em saúde para promover a visibilidade da Doença Falciforme, articulando práticas de educação antirracista em escolas públicas de um município do interior de Minas Gerais.
Metodologia
De 2022 a 2024, a equipe do programa de extensão teve a participação de 03 docentes e 25 acadêmicos. Desenvolveram-se ações de educação em saúde em 03 escolas da Rede Pública de Ensino com a participação de 393 estudantes. Empregou-se o origami em formatos “meia lua” e “leque” como recurso didático para a compreensão dos aspectos genéticos da DF, como também, para mediar os diálogos sobre a invisibilidade da DF, saúde da população negra e os desafios para um cuidado antirracista.
Resultados
As ações de educação em saúde sobre DF prospectaram espaços para o diálogo vinculado aos cuidados em saúde das pessoas com Doença Falciforme, no enfrentamento ao racismo institucional, uma vez que a DF apresenta maior prevalência entre indivíduos afrodescendentes, e na promoção da equidade étnico-racial. Contribuíram para reiterar uma educação antirracista fomentando o acolhimento das pessoas que convivem com DF em prol de ambientes escolares humanizados e acolhedores.
Análise Crítica
A experiência da equipe extensionista destacou o potencial transformador da adoção do origami como estratégia antirracista nas ações de educação em saúde desenvolvidas junto aos alunos das escolas públicas e valorizou o respeito à interculturalidade. Evidenciou a visibilidade da DF e das políticas públicas voltadas à população com DF e à saúde da população negra. Identificou-se a necessidade de ampliação da educação antirracista como ferramenta para a promoção da igualdade étnico-racial.
Conclusões e/ou Recomendações
As ações de extensão albergaram a reflexão sobre as desigualdades sociais e iniquidades em saúde que circundam os cuidados das pessoas com doença falciforme. Contribuíram para o debate do enfrentamento ao racismo e desafios vivenciados pela população negra em várias dimensões. Oportunizaram aos extensionistas olhar crítico, engajamento ético e profissional para a promoção da equidade em saúde da população com DF.
CAMINHOS PARA A EQUIDADE: A CONTRIBUIÇÃO DO PROJETO FALE COM AGENTE NA FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFISSIONAIS.
Comunicação Oral Curta
1 UFRN
Apresentação/Introdução
Enfrentar as iniquidades é um desafio para o acesso e o cuidado em saúde, sendo compreendido a necessidade do seu combate. O projeto Fale com Agente promove diálogos interprofissionais sobre a importância da equidade na saúde. Esta pesquisa aborda as percepções de como as vivências dos bolsistas vem contribuindo para sua formação crítica e suas aplicações ao seu futuro profissional.
Objetivos
Identificar a perspectiva discente sobre a abordagem da equidade na formação profissional e como sua participação no projeto contribui para sua futura atuação frente às iniquidades em saúde.
Metodologia
Foi realizado um grupo focal em 24 de janeiro de 2025 com seis bolsistas do projeto, de cursos diversos (Medicina, Saúde Coletiva, Publicidade, Jornalismo, Serviço Social e História). O grupo foi orientado por roteiro semiestruturado, com questões sobre a abordagem da temática equidade na formação e sobre as contribuições da participação no projeto. As falas foram gravadas, transcritas e analisadas por aproximação temática, considerando elementos como interdisciplinaridade, vivência prática e construção crítica no contexto das formações. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
A maioria relatou que o tema da equidade é pouco abordado nos currículos obrigatórios e, quando presente, aparece de forma superficial ou de forma indireta quando há discussões sobre grupos específicos. Os bolsistas apontaram o projeto como espaço de transformação pessoal e profissional, possibilitando reflexões críticas e trocas interdisciplinares. A vivência com agentes comunitários de saúde e de endemias foi destacada como essencial para romper com visões tecnicistas, especialmente em dinâmicas como a Tenda do Conto e minicursos. Os relatos evidenciaram impactos significativos na postura e no compromisso ético dos participantes com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
Conclusões/Considerações
A experiência reforça o valor de projetos interprofissionais como estratégia formativa sensível à promoção da equidade. Foi analisada a necessidade de ampliação de atividades práticas e dialógicas nos currículos, e a importância ao incentivo à participação em projetos de extensão que fortaleçam o compromisso com a equidade no cuidado em saúde.
RELAÇÃO ENTRE ESTIGMA DO PESO E COMER DISFUNCIONAL NOS FUTUROS PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UFU
Apresentação/Introdução
Sabe-se que o estigma do peso desfavorece mudanças em saúde, sendo assim, a obesidade está entrelaçada a diversas questões sociais, abrangendo atualizações em pesquisas científicas, movimentos de advocacy, e na própria atuação do profissional de saúde. O profissional, sendo o principal condutor desse cuidado, também deve ser considerado para compreender correlações entre alimentação e o estigma.
Objetivos
O presente trabalho busca identificar se há correlação entre as atitudes alimentares disfuncionais dos futuros profissionais da saúde da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em relação à crença explícita sobre a culpabilidade da obesidade.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal com análise quantitativa, realizado entre os meses fevereiro de 2024 a abril de 2025, de forma remota, pela plataforma da Microsoft Forms®, especificamente para estudantes de graduação dos cursos da área da saúde da UFU, de ambos os sexos e maiores de 18 anos. Os participantes responderam as escalas Beliefs About Obese Persons Scale (BAOP) e a Disorder Eating Attitudes Scale - short version (DEAS-s), das quais, avaliam respectivamente, as crenças explícitas sobre as causas da obesidade e as crenças disfuncionais, como também os pensamentos e a própria relação com a alimentação. Aprovação ética, CAAE 74870623.0.0000.5152; Parecer de aprovação N° 6.512.411.
Resultados
Obteve-se o total de 388 respostas, do qual, 279 foram elegíveis para presente análise, contemplando os cursos: Medicina, Nutrição, Psicologia, Enfermagem, Educação Física, Fisioterapia, Odontologia e Biomedicina. Foi identificado uma relação inversa entre as variáveis BAOP e DEAS-s. Observa-se que a força de relação entre estas variáveis se alteram quando comparado aos grupos com todos os cursos incluídos na metodologia do estudo (p<0,05), e ao grupo com exclusão do curso de Psicologia (p<0,01). Quando observado apenas no curso de Nutrição, essa relação não se mostrou significativa.
Conclusões/Considerações
Observa-se que ao acreditar que a culpa da obesidade é do indivíduo, maiores são as atitudes alimentares desordenadas, como também, o inverso. Conclui-se que a relação com a alimentação dos discentes está correlacionada com a crença sobre a culpabilidade da obesidade. Torna-se intrigante a relação inversa e os dados dos cursos de nutrição e psicologia em relação aos demais cursos e entre si, reforçando a necessidade de mais pesquisas na temática.

Realização: