
Programa - Comunicação Oral Curta - COC13.20 - Formação em Saúde, Experiências Curriculares e Práticas de Ensino no SUS
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
EXPECTATIVAS DE ESTUDANTES DO INTERNATO EM MEDICINA SOCIAL EM UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA BAHIA (2024-2025)
Comunicação Oral Curta
1 UFBA, Departamento de Medicina Preventiva e Social
Período de Realização
Julho de 2024 a abril de 2025
Objeto da experiência
Analisar registros de estudantes de Medicina da UFBA no início do Internato em unidades do SUS em Salvador e Palmeiras, Bahia.
Objetivos
Analisar as expectativas de estudantes de medicina no início do Internato em Medicina Social (IMedSocial), os sentidos atribuídos à sua atuação em Unidades de Saúde da Família (USF) e suas relações com os objetivos pedagógicos do componente curricular
Descrição da experiência
O IMedSocial se desenvolve em rodízios de 8 semanas em 9 USF, com preceptores da unidade e sob supervisão de docentes do Departamento de Medicina Preventiva e Social. Cada unidade recebe de 2 a 5 internos por rodízio, que produzem registros reflexivos no início, na 3ª. semana e ao final. Os objetivos do IMedSocial são: compreender os determinantes sociais da saúde; realizar nas USF, sob supervisão, ações de promoção, prevenção, vigilância e atenção à saúde; e gestão e organização de serviços.
Resultados
O estudo analisou os registros iniciais de 154 discentes das turmas 3 a 6 de 2024 e 1 e 2 de 2025 (média de 25,5 por turma). A maioria dos estudantes identificou o Internato como sendo de Medicina de Família e Comunidade. A “atenção primária” foi citada 115 vezes, sendo muito citadas também “promoção” (87), “prevenção” (86) e “sociais” (72). Chamou atenção a escassa menção a temas como ‘vigilância’ (1) e ‘organização’ (2) dos serviços.
Aprendizado e análise crítica
A experiência reafirma o valor do registro reflexivo como ferramenta pedagógica fundamental nas vivências em território. A distância entre as percepções iniciais dos estudantes e os objetivos do Internato evidencia a necessidade de explicitar o escopo da Medicina Social/Saúde Coletiva e consolidar sua identidade formativa. O texto orientador inicial do IMedSocial pode ter contribuído para certa confusão, como se fosse um internato de Medicina de Família e Comunidade.
Conclusões e/ou Recomendações
O IMedSocial pode contribuir significativamente para a formação crítica orientada ao SUS, desde que seus objetivos estejam claramente comunicados e discutidos desde o início. Apesar de ter como cenário principal a ESF, essencial para o modelo assistencial, o internato deve ir além, promovendo a compreensão dos determinantes sociais do processo saúde-doença. Recomenda-se manter os registros reflexivos como estratégia formativa e avaliativa.
FORMAÇÃO MÉDICA PARA O CUIDADO INFANTIL NA APS: EXPERIÊNCIA COM O ARCO DE MAGUEREZ EM ESCOLA PÚBLICA DE GOIÁS
Comunicação Oral Curta
1 UNIFAN
Período de Realização
Abril a maio de 2025, durante o Programa Integrado de Ensino, Serviço e Formação (PINESF/UNIFAN).
Objeto da experiência
Relato de experiência pedagógica com o Arco de Maguerez, integrando estudantes de Medicina e escolares da APS em contexto de vulnerabilidade
Objetivos
Relatar uma experiência de formação médica em APS com foco na saúde da criança, por meio de ação educativa baseada no Arco de Maguerez, promovendo a sensibilização dos estudantes de Medicina para o cuidado integral, humanizado e territorializado no SUS.
Metodologia
A experiência foi realizada com 51 crianças de 9 a 11 anos de uma escola pública da região metropolitana de Goiânia. Estudantes de Medicina conduziram entrevistas individuais com os alunos, dialogaram com os professores e identificaram os principais problemas vivenciados pelas crianças. A partir do Arco de Maguerez, planejaram e executaram uma feira de saúde como culminância do processo pedagógico, com oficinas lúdicas sobre excesso de telas, higiene corporal e prevenção da violência.
Resultados
A ação favoreceu a ampliação do conhecimento em saúde entre as crianças e promoveu mudanças significativas nos estudantes de Medicina. Estes relataram ter superado visões limitadas e desconectadas da realidade social ao vivenciarem realidades diversas, desenvolvendo empatia, criticidade e compromisso social. A experiência despertou maior valorização da APS e do SUS, reforçando a importância do cuidado integral, da humanização e da atuação médica ética, sensível e territorializada.
Análise Crítica
A experiência evidenciou o potencial transformador das metodologias ativas na formação médica. O Arco de Maguerez favoreceu a imersão dos estudantes em realidades concretas e vulneráveis, promovendo o despertar para a empatia, o pensamento crítico e o compromisso social. Estudantes antes desmotivados passaram a valorizar o papel da APS, compreendendo que escuta, vínculo e atuação ética são pilares para um SUS efetivo, humano e resolutivo.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a incorporação de metodologias ativas na formação médica, como o Arco de Maguerez, ferramenta potente para integrar teoria e prática, fortalecer a APS, estimular vínculos com a comunidade e formar profissionais éticos, críticos, humanos e comprometidos com os princípios e desafios do SUS. No entanto, sua aplicação técnica não basta: exige compromisso e entrega do docente como mediador inspirador.
UTILIZAÇÃO DO DOCUMENTÁRIO “SAÚDE TEM CURA” COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA E POLÍTICA EM FÓRUM UNIVERSITÁRIO SOBRE O SUS
Comunicação Oral Curta
1 UFCAT
Período de Realização
Abril de 2025, nos dias 29 e 30, com organização de discentes da Universidade Federal de Catalão.
Objeto da experiência
Reflexão coletiva sobre o SUS, utilizando o documentário “SAÚDE TEM CURA” como recurso de sensibilização, crítica e mobilização política.
Objetivos
Proporcionar um espaço de discussão e formação política entre estudantes e território, com a promoção do conhecimento das diretrizes do SUS, o incentivo ao protagonismo discente e a valorização do uso de ferramentas cinematográficas como dispositivos educativos e mobilizadores.
Metodologia
O Fórum de Saúde, realizado em dois dias, pela Liga Catalana de Saúde Coletiva (LCSC) utilizou o documentário “Saúde Tem Cura” dirigido por Silvio Tendler com o apoio da Fiocruz, disponível por meio do link https://www.youtube.com/watch?v=b-kZMfwvKsM&rco=1, como ponto de partida para debates sobre o SUS. No primeiro dia, houve exibição e discussão do filme; no segundo, foram retomados conceitos-chave articulados a direitos e diretrizes do sistema, com ampla participação do público universitário.
Resultados
O uso do documentário gerou reflexões críticas e a compreensão do SUS como conquista da luta popular e não como mero serviço assistencial. Os debates favoreceram a articulação entre estudantes e a comunidade catalana, além de promover a integração entre teoria e prática política em saúde, aproximando a formação acadêmica da realidade social.
Análise Crítica
A experiência evidenciou que o uso de recursos cinematográficos, como o documentário “Saúde Tem Cura”, amplia o alcance das práticas educativas, que possibilita o acesso ao direito à informação e a formação em saúde. A mobilização popular retratada no filme inspirou a análise das ameaças ao SUS e a necessidade urgente do protagonismo estudantil na luta por sua defesa, haja vista, que a saúde ultrapassa o modelo biomédico e exige práxis coletiva.
Conclusões e/ou Recomendações
O uso de ferramentas audiovisuais no contexto universitário amplia o impacto das ações formativas, sendo recomendável sua inclusão em projetos de extensão. Além disso, fóruns como este reforçam a importância da participação popular e da educação política para consolidar o SUS, como ferramenta universal, pública e com equidade. Recomenda-se que novas ações integrem arte, diálogo e crítica social em defesa da saúde coletiva.
IMPLEMENTAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE COLETIVA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA (FOP/UNICAMP): UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral Curta
1 FOP/UNICAMP
Período de Realização
A Liga Acadêmica de Saúde Coletiva (LISC) foi fundada em 11/06/2024 e permanece em atividade.
Objeto da experiência
Graduandos e pós-graduandos da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas (FOP-UNICAMP) integrantes da LISC.
Objetivos
Relatar a experiência de implementação da LISC na FOP-UNICAMP; apresentar sua composição e estrutura organizacional; evidenciar as ações desenvolvidas a partir do tripé universitário ensino, pesquisa e extensão, e refletir sobre seu impacto na formação acadêmica e vínculo com a comunidade externa.
Metodologia
A LISC é composta por estudantes de graduação, colaboradores da pós-graduação e professores orientadores. Com base no tripé universitário, desenvolveram-se ações integrando teoria e prática. No eixo do ensino, foram promovidas palestras e workshops. A extensão incluiu atividades em espaços comunitários, como a ONG Gaia e a Casa do Hip Hop de Piracicaba. Na pesquisa, desenvolvem-se estudos sobre educação em higiene bucal e Tratamento Restaurador Atraumático (ART).
Resultados
A criação da LISC gerou impactos significativos na formação dos estudantes e na comunidade atendida. No âmbito acadêmico, criou espaço para debate de temas como violência doméstica, saúde LGBTQIAPN+, práticas integrativas e população em situação de rua. No território externo à universidade, contribuiu para a promoção da saúde bucal, ampliando o acesso a ações educativas e atendimentos clínicos a populações em vulnerabilidade.
Análise Crítica
A experiência da LISC evidenciou a falta de discussões estruturadas sobre saúde coletiva no currículo da FOP-UNICAMP e a escassez de ações com a comunidade externa. A liga consolidou-se como espaço de articulação entre o saber técnico e os determinantes sociais da saúde, promovendo o protagonismo estudantil e a responsabilidade social universitária. Destacou ainda seu potencial como catalisadora do interesse pela saúde pública, na clínica, pesquisa e docência.
Conclusões e/ou Recomendações
O relato reforça a importância de ligas acadêmicas voltadas à saúde coletiva nos cursos de Odontologia. A experiência da LISC evidencia como essas iniciativas ampliam o pertencimento estudantil, fomentam a produção científica, a atuação ética e cidadã, e aproximam a universidade de populações negligenciadas. Recomenda-se que outras instituições incentivem espaços semelhantes, voltados ao SUS.
MARCADORES SOCIAIS DA DIFERENÇA NA FORMAÇÃO MÉDICA: EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA COM ABORDAGEM INTERSECCIONAL EM UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA
Comunicação Oral Curta
1 Faculdade Souza Marques / IMS UERJ
Período de Realização
Março a junho de 2025, em componente curricular do primeiro ano do curso de Medicina.
Objeto da experiência
Experiência de incorporação do ensino de marcadores sociais da diferença, com ênfase em raça/cor, gênero, classe e território, a partir do componente curricular
Objetivos
Promover uma formação crítica e comprometida com a equidade em saúde por meio da abordagem interseccional dos marcadores sociais da diferença; estimular a reflexão sobre desigualdades estruturais e seus impactos nos processos de saúde, doença e cuidado no SUS.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu na disciplina de Medicina Social com estudantes do 1º ano. Foram realizadas aulas dialogadas, estudos de caso, mapas conceituais, entrevistas sobre acesso à saúde, análises de músicas e seminários sobre políticas com foco em equidade do SUS. Temas como racismo, sexismo, LGBTIA+fobia, capacitismo, etarismo, situação de rua e desigualdade territorial foram debatidos em articulação com a prática médica e os princípios do SUS.
Resultados
Observou-se maior engajamento discente com temas relacionados às iniquidades em saúde e à responsabilização social da medicina. Muitos estudantes relataram mudanças em suas percepções sobre o cuidado e reconheceram a importância de considerar os determinantes sociais e culturais no atendimento. A abordagem interseccional contribuiu para a desnaturalização das desigualdades e a ampliação da escuta qualificada. A produção coletiva evidenciou diferentes vivências e fortaleceu vínculos na turma.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a potência das metodologias ativas e da abordagem interseccional na formação médica crítica e ética. Houve resistências iniciais e o desafio de aproximar estudantes de contextos privilegiados das desigualdades sociais. A escuta das vivências discentes e a valorização de saberes não hegemônicos foram centrais. A transversalidade dos marcadores sociais foi estratégica para tensionar o modelo biomédico.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que incluir marcadores sociais e interseccionalidade de forma transversal é essencial para formar profissionais comprometidos com a equidade. Recomenda-se que escolas médicas promovam espaços de escuta, diálogo e análise crítica das desigualdades, com participação ativa de docentes, discentes e comunidades. Destaca-se a importância da formação docente nesses temas.
O APRENDIZADO EM GRUPO E O SENSO DE PERTENCIMENTO NO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS CLÍNICAS FARMACÊUTICAS
Comunicação Oral Curta
1 UFMG
Apresentação/Introdução
Muitos farmacêuticos se formaram sem foco clínico em suas graduações, sendo desafiados a desenvolver competências no exercício profissional. A aprendizagem entre pares é uma estratégia comum no campo da educação de profissionais de saúde. Torna-se relevante compreender como essa estratégia pode contribuir para o fortalecimento da prática no cuidado farmacêutico.
Objetivos
Compreender como os farmacêuticos desenvolveram competências clínicas para o cuidado farmacêutico a partir da aprendizagem em grupo, entre pares, contribuindo para a consolidação da prática clínica e para ações de educação permanente em saúde (EPS).
Metodologia
Pesquisa qualitativa orientada pela Teoria Fundamentada nos Dados construtivista (Charmaz). Foram realizadas nove entrevistas em profundidade com farmacêuticos egressos de um Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica (CEAF), grupo com mais de 20 anos de experiência no Cuidado Farmacêutico (Pharmaceutical Care). A amostragem teórica foi complementada por entrevistas informais e diário de campo até a saturação teórica. Coleta e análise ocorreram simultaneamente. A análise incluiu codificação no NVivo 12, memorandos analíticos e análise colaborativa, com aporte teórico da Problematização, EPS e aprendizagem ao longo da vida e o Pharmaceutical Care.
Resultados
Os dados indicam que o aprendizado em grupo , sobretudo entre pares farmacêuticos, favoreceu o desenvolvimento de competências clínicas, por meio do compartilhamento de experiências, da escuta qualificada e da discussão de casos reais. A participação nas reuniões clínicas promovidas pelo centro de estudos por meio de um grupo de estudos fomentou o sentimento de pertencimento, o acolhimento e o apoio mútuo. Esse ambiente funcionou como uma forma de tutoria informal, suprindo a ausência de preceptoria na formação dos participantes. A prática colaborativa consolidou-se como estratégia potente de aprendizagem, contribuindo para a construção de uma identidade profissional voltada ao cuidado.
Conclusões/Considerações
A aprendizagem em grupo entre pares se configurou como uma estratégia formativa potente ao favorecer processos contínuos de construção coletiva do conhecimento. Para além da transmissão de saberes, ela fortalece vínculos, sustenta trajetórias profissionais e impulsiona o compromisso ético com o cuidado. Investir em espaços de troca e apoio mútuo é fundamental para consolidar práticas clínicas críticas e transformadoras.
O ENSINO DO PLANEJAMENTO EM SAÚDE NA FORMAÇÃO DE ENFERMEIROS DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA
Comunicação Oral Curta
1 UNEMAT
Período de Realização
Experiência vivenciada semestralmente entre os anos de 2014 a 2025
Objeto da experiência
Compreensão do processo de planejamento e priorização de problemas locais de saúde.
Objetivos
Relatar a experiência de docentes no ensino de planejamento e programação em saúde a nível local, durante as aulas da disciplina “Enfermagem em Saúde Coletiva”, no curso de enfermagem da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)- Campus de Diamantino.
Descrição da experiência
A experiência se oriunda das atividades de “planejamento e programação para necessidades de saúde locais”, assim, os acadêmicos são divididos em grupos, orientados a realizarem entrevista a campo em Unidades de Saúde da Família para levantamento de dados secundários sobre o perfil populacional dos moradores, participam da oficina de priorização de problemas através da técnica “árvore de problemas e de objetivos”, e após discussões são construídos planejamentos para cada realidade.
Resultados
Inicialmente os acadêmicos fazem os levantamentos dos dados secundários do perfil populacional (moradias, perfil etário segundo sexo, gestantes, necessitados de suporte domiciliar, quantitativos de portadores de doenças crônicas ou negligenciadas, outros), durante as oficinas discutem e priorizam dois problemas que afetam a saúde dos usuários e constroem os planejamentos (problema priorizado, objetivos, ações, recursos, instituições externas envolvidas, prazos e responsáveis) para cada realidade.
Aprendizado e análise crítica
As atividades de ensino proporcionam aos acadêmicos um contato com as equipes, com o território, com o perfil de saúde e necessidades de saúde de moradores dos diferentes bairros da cidade. A cada semestre é possível notar mudanças nos indicadores de saúde, com destaque ao crescimento de doenças crônicas não transmissíveis, evidenciando gargalos e descaracterização dos serviços de atenção primária.
Conclusões e/ou Recomendações
A realização das atividades descritas oportunizou aos acadêmicos o desenvolvimento de habilidades gerenciais de investigação, planejamento, programação, trabalho em equipe e compreensão de enfrentamento de problemas de modo intersetorial. Recomenda-se que atividades desta natureza sejam realizadas ainda na graduação de modo formar profissionais comprometidos com serviços públicos de saúde, capazes de atuar de modo assistencial e gerencial.
SIMULAÇÃO REALÍSTICA COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO NA MEDICINA: RELATO DE CASO DOS ATENDIMENTOS A PESSOAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE
Comunicação Oral Curta
1 Centro Universitário São Camilo
Período de Realização
fevereiro a maio de 2025
Objeto da experiência
A simulação realística como recurso pedagógico em Saúde Coletiva para o sexto semestre do curso de graduação em Medicina.
Objetivos
Descrever o impacto do recurso pedagógico da simulação realística no desenvolvimento de competências clínicas e humanísticas em estudantes do curso de medicina, no atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Descrição da experiência
As simulações realísticas ocorreram após aulas expositivas e dialogadas sobre a saúde da população imigrante, em situação de rua e rural. Estudantes foram divididos em quatro grupos que rodiziaram nas simulações em consultório estruturado, com ator caracterizado a partir de casos elaborados por docentes capacitados. Avaliaram-se os domínios: (1) acolhimento e comunicação; (2) raciocínio clínico; (3) planejamento do cuidado e (4) postura ética.
Resultados
Durante o debriefing, os estudantes relataram dificuldades iniciais relacionadas a preconceitos inconscientes, construção de vínculo, estigmas e desafios na abordagem ao paciente. No entanto, demonstraram evolução na compreensão da importância do estabelecimento de vínculos, na identificação das barreiras de acesso à saúde e na valorização do cuidado intersetorial. A experiência permitiu reflexões sobre estratégias de acolhimento, oferta de cuidado em tempo oportuno e atendimento integral.
Aprendizado e análise crítica
As dificuldades identificadas como preconceitos inconscientes, construção de vínculo, estigmas e desafios na abordagem ao paciente, foram fundamentais para reflexão sobre seu futuro papel profissional frente as adversidades humanas, e possibilitaram perceber a importância de uma atuação médica inclusiva e acolhedora. No entanto, é necessário que haja um aporte teórico prático robusto para apoiar as dificuldades que emergiram no debriefing.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a simulação realística é um recurso pedagógico fundamental para que futuros médicos estejam preparados para acolher de forma humanizada e inclusiva os diversos grupos populacionais, especialmente aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade. A simulação foi fundamental para que a teoria dialogada em sala de aula, seja vislumbrada de forma prática como parte do aprendizado dinâmico e construtivo.
O TERRITÓRIO E A TEORIA: A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MEDICINA SOCIAL NO PRIMEIRO SEMESTRE DA FORMAÇÃO MÉDICA
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
Período de Realização
De 24 de março a 14 de junho de 2025.
Objeto da experiência
Reflexão crítica sobre o ensino de Medicina Social no 1º semestre do curso de Medicina, a partir de vivências teóricas e práticas.
Objetivos
Evidenciar como os conteúdos teóricos da Medicina Social contribuem para uma formação integral e crítica, indo além do enfoque biologicista predominante no início do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia.
Descrição da experiência
Foram integradas atividades práticas e teóricas da disciplina de Medicina Social, cursada no 1º semestre de Medicina na UFBA. As aulas abordaram SUS, vigilância, clínica ampliada, medicalização, multiprofissionalidade e a história da Medicina Social. As práticas incluíram visitas a idosas atendidas na atenção primária em comunidade periférica.
Resultados
As aulas ofereceram um marco fundamental para compreender o campo da saúde além do modelo centrado na doença. Em um semestre com forte presença de disciplinas biologicistas, a Medicina Social trouxe um olhar ampliado sobre o processo saúde-doença, revelando o peso dos determinantes sociais, das desigualdades e das formas de cuidado no território. Na prática com as idosas, as reflexões sobre clínica ampliada, comunicação em saúde e medicalização social se materializaram em vivências reais.
Aprendizado e análise crítica
Estudar Medicina Social no primeiro semestre confrontou os estudantes com questões essenciais sobre a formação médica e o tipo de saúde a ser promovida. Enquanto aprendiam conteúdos biologicistas, os debates sobre SUS, determinantes sociais e abordagem familiar mostraram que cuidar envolve compreender o sujeito integralmente. As visitas domiciliares reforçaram a importância da escuta, do trabalho multiprofissional e dos princípios do SUS, fundamentando uma formação mais humana.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência reafirma a importância da Medicina Social no currículo médico, especialmente no início da graduação. A combinação de teoria e prática permite romper com a formação tecnicista e desenvolver consciência crítica e socialmente comprometida. Recomenda-se fortalecer esse espaço pedagógico, ampliando carga horária, valorizando docentes e mantendo a integração ensino-serviço-comunidade, para formar médicos sensíveis ao SUS e à população.
‘O QUE NÃO TINHA MUITA IMPORTÂNCIA NA CIDADE, MANDAVAM PARA O INTERIOR’: FORMAÇÃO SUPERIOR E TRAJETOS PROFISSIONAIS DE INDÍGENAS
Comunicação Oral Curta
1 ILMD-Fiocruz/UFAM
2 ILMD-Fiocruz
Apresentação/Introdução
O acesso ao ensino superior, por povos indígenas, iniciado no final dos anos 1970, se deu de diferentes formas, desde a oferta de bolsas via incentivo filantrópico e internacional à criação de políticas, voltadas para a criação cursos e vagas específicas e/ou vagas suplementares, a partir dos anos 2000.
Objetivos
Caracterizar a formação superior e o trajeto profissional de indígenas, especialmente que seguiram carreira na área da saúde.
Metodologia
Trata-se de recorte de pesquisa exploratória mais ampla, sobre contexto de vida de indígenas com atuação em espaços institucionais (universidades, congresso nacional, judiciário, executivo) e não institucionais (organizações e redes sociais, produções de arte) e suas formas de ativismo no âmbito da saúde (CAAE: 65290122.0.0000.0006). Foram realizadas entrevistas não estruturadas, com indígenas falantes da língua portuguesa e maiores de 18 anos e, depois de transcritas, as entrevistas foram analisadas. No presente recorte, foram analisadas dez entrevistas, de egressos dos cursos de enfermagem, medicina, odontologia, biologia, ciências sociais, cursados no Amazonas e em Brasília.
Resultados
Os egressos dos cursos de enfermagem, medicina, biologia, sociologia e antropologia, atuavam na área da saúde, sendo que a inserção dos egressos da sociologia e antropologia na saúde, ocorreu em virtude de oportunidades de trabalho e/ou formação complementar. O curso de filosofia, em particular, ofertado de forma descentralizada no interior do Amazonas foi, para os entrevistados, disponibilizado porque “não tinha muita importância na cidade”, “ninguém gostava muito da filosofia”. Entretanto, no interior, tal formação se mostrou fundamental”, pois “a equipe da filosofia ocupou o poder local”, exercendo cargos como prefeitos, secretários e dirigentes de entidades em diferentes momentos.
Conclusões/Considerações
Na realidade pesquisada o acesso indígena à formação superior ocorreu, não raro, através de cursos menos valorizados socialmente nos espaços urbanos. Porém, ao acessá-los seus egressos ressignificam essa formação e percorrem distintos e valorizados trajetos profissionais, por vezes, distantes da formação inicial.

Realização: