Programa - Comunicação Oral Curta - COC2.5 - Consumo de produtos alimentícios ultraprocessados: determinantes, métodos e repercussões na saúde
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
ASSOCIAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO E O CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NO BRASIL: ANÁLISE INTERSECCIONAL POR SEXO E RAÇA
Comunicação Oral Curta
Baltazar, M.E.1, Caldeira, T.C.M.2, Silva, L.E.S.3, Claro, R.M.2, Rodrigues, M.P.1, Sousa, T.M.1
1 Uerj
2 UFMG
3 UFPel
Apresentação/Introdução
A literatura tem demonstrado associação entre depressão e padrões alimentares não saudáveis, como o consumo elevado de alimentos ultraprocessados (AUP). No entanto, ainda é necessário compreender a implicação das interseccionalidades de raça e sexo nessa relação.
Objetivos
Analisar a associação entre depressão rastreada por sintomas e elevado consumo de AUP em adultos brasileiros, considerando interseções entre sexo e raça/cor.
Metodologia
Foram utilizados dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 (PNS) de adultos (≥ 18 anos) que se autodeclararam negros (pretos e partos) e brancos. Inicialmente, foram estimadas as prevalências de depressão (Patient Health Questionnaire 9- PHQ-9 ≥ 10) e consumo de AUP (consumo no dia anterior) segundo sexo, raça/cor e suas interseções. Em seguida, foi realizada análise de regressão de Poisson para estimar razões de prevalência ajustadas (RPa), estratificadas por subgrupos, com ajuste por idade, escolaridade, renda per capita e presença de companheiro.
Resultados
A prevalência de depressão foi maior entre mulheres (15,0%) e pessoas negras (11,0%), com destaque para mulheres negras (15,6%). O consumo elevado de AUP foi maior entre homens brancos (16,5%) e menor entre mulheres negras (12,5%). Na análise ajustada, observou-se associação significativa entre depressão e aumento no consumo de AUP no total da amostra (RPa = 1,03; p = 0,007), especialmente entre mulheres (RPa = 1,03; p = 0,008), pessoas negras (RPa = 1,04; p = 0,006) e mulheres negras (RPa = 1,05; p = 0,001). Não foram observadas associações significativas entre homens, brancos ou mulheres brancas.
Conclusões/Considerações
A associação entre depressão e aumento do consumo de AUP é mais evidente entre mulheres negras, evidenciando a importância de abordagens interseccionais na promoção da saúde mental e da alimentação saudável no Brasil.
ASSOCIAÇÃO ENTRE O CONSUMO ALIMENTOS ULTRAPASSADOS E ADITIVOS ALIMENTARES COSMÉTICOS EM ADOLESCENTES E ADULTOS BRASILEIROS EM 2017/2018
Comunicação Oral Curta
Lage, L. G.1, Louzada, M. L. da C.1
1 Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
Os aditivos alimentares cosméticos são amplamente utilizados em alimentos ultraprocessados para modificar características sensoriais (cor, sabor e textura) tornando-os hiper palatáveis e mais atrativos ao consumidor. Esses estímulos podem alterar hábitos alimentares, reforçando o maior consumo de alimentos ultraprocessados. Contudo, pouco se conhece sobre seu consumo na população brasileira.
Objetivos
Este estudo avaliou a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e aditivos alimentares cosméticos, com os dados mais recentes de uma amostra representativa da população brasileira com 10 anos ou mais, em 2017/2018.
Metodologia
Foram utilizados os dados do consumo alimentar da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017/2018. A partir de um recordatório de 24 horas, os alimentos foram identificados segundo o grau de processamento (Nova), para calcular a participação calórica de alimentos ultraprocessados da dieta. Os aditivos alimentares cosméticos presentes nos alimentos foram identificados utilizando a Tabela de Composição dos Aditivos Alimentares no Brasil. A amostra foi estratificada em quartis com base na participação calórica diária de alimentos ultraprocessados. Para cada quartil, analisou-se a prevalência de consumidores de aditivos cosméticos, número médio de funções e de aditivos cosméticos.
Resultados
A prevalência de consumidores de aditivos cosméticos no quartil superior (Q4) foi 5,4 vezes maior que no quartil inferior (Q1) (Q1: 16,2% ; Q2: 23,3% ; Q3: 24,2% ; Q4: 88,1%). O número médio de funções de aditivos cosméticos no Q4 foi 2,9 vezes maior que o Q1 (Q1: 1,3 ; Q2: 2,4 ; Q3: 3,1 ; Q4: 3,8) e o número médio de aditivos alimentares cosméticos no Q4 foi 4,9 vezes maior que o Q1 (Q1: 3,2 ; Q2: 7,2 ; Q3: 11,2 ; Q4: 15,8).
Conclusões/Considerações
Observou-se uma associação positiva entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a exposição, variedade e quantidade de aditivos alimentares cosméticos no Brasil em 2017/2018.
BRASCORE E OBESIDADE: MAIOR ADESÃO AO GUIA ALIMENTAR REDUZ RISCO NA COORTE NUTRINET-BRASIL
Comunicação Oral Curta
Souza, T.N.1, Louzada, M.L.C.1
1 USP
Apresentação/Introdução
O Guia Alimentar para a População Brasileira (doravante referido como Guia Alimentar) fornece recomendações para uma alimentação saudável e sustentável. Ele traz inovações conceituais importantes ao utilizar a classificação Nova de alimentos como base para suas recomendações. O BraScore foi desenvolvido para avaliar a adesão ao Guia Alimentar.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo avaliar a associação entre o BraScore e a incidência de sobrepeso ou obesidade no estudo de coorte NutriNet-Brasil.
Metodologia
Foram utilizados dados de 21.930 participantes que completaram os dois primeiros recordatórios alimentares de 24 horas. O BraScore foi aplicado aos dados de consumo alimentar e inclui 10 componentes, divididos em três dimensões, com pontuação variando de 0 a 100 pontos. A serem consumidos (leguminosas, frutas, verduras e legumes, diversidade), a serem limitados (Ovos, peixes, leite e aves, carne vermelha, alimentos processados, açúcar de mesa, sal de cozinha) a serem evitados (Alimentos ultraprocessados). Foram aplicados modelos proporcionais de Cox brutos e ajustados para avaliar a associação entre o BraScore e sobrepeso/obesidade.
Resultados
Houve 11.516 casos incidentes de sobrepeso ou obesidade ao longo de 58.043,3 pessoas-anos, com um acompanhamento mediano de 28,8 meses. Modelos ajustados mostraram que um aumento de 10% no BraScore foi associado a uma redução de 17% no risco de sobrepeso ou obesidade (HR: 0,83; IC95% 0,82–0,84). De acordo com os quintis do BraScore, o risco de sobrepeso ou obesidade no quintil mais alto foi 48% menor em comparação ao quintil mais baixo (HR: 0,52; IC95% 0,49–0,55).
Conclusões/Considerações
As análises demonstraram que o BraScore está associado a desfechos de sobrepeso e obesidade no estudo de coorte NutriNet-Brasil. Esse resultado destaca a validade preditiva do índice, que tem grande potencial para uso em estudos epidemiológicos sobre padrões alimentares brasileiros, adesão ao guia alimentar e desfechos de saúde.
FATORES ASSOCIADOS AO CONSUMO DE ALIMENTOS À BASE DE PLANTAS NÃO ULTRAPROCESSADOS NO ESTUDO NUTRINET BRASIL
Comunicação Oral Curta
Grassi, A. G. F.1, Rauber, F.1
1 Faculdade de Medicina - USP
Apresentação/Introdução
A exposição ao padrão alimentar ultraprocessado (UP) foi associada a mais de 30 desfechos negativos em saúde. Por outro lado, padrões alimentares baseados em plantas foram associados a um risco reduzido de diversas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Assim, investigar o consumo de alimentos à base de plantas não-UP pode esclarecer fatores associados a padrões alimentares mais saudáveis.
Objetivos
Descrever os fatores sociodemográficos, de estilo de vida e de saúde associados ao consumo de alimentos à base de plantas não ultraprocessados na coorte Nutrinet Brasil.
Metodologia
Estudo transversal realizado com dados da linha de base da coorte NutriNet Brasil. Foram incluídos participantes que responderam a pelo menos dois recordatórios alimentares Nova24h. Calculou-se a contribuição percentual de todos os alimentos à base de plantas não-UP no consumo energético total. Os fatores avaliados foram: idade, sexo, estado civil, macrorregião de residência, escolaridade, renda, raça/cor da pele, nível de atividade física, tabagismo, tempo de sono, tempo de tela em lazer e IMC. As variáveis foram analisadas entre os quartis de contribuição energética de alimentos à base de plantas não-UP por meio de análise de variância ou testes qui-quadrado de Pearson.
Resultados
Dos 30.769 participantes incluídos nas análises, a maioria era do sexo feminino (80,1%) e com a idade média de 42,2 anos. Observou-se que quase todos os fatores considerados estavam associados com a exposição. Em comparação com os participantes no quartil inferior de consumo de alimentos à base de plantas não-UP, aqueles no quartil superior tendiam a ser mais velhos, eram mais propensos a serem mulheres, residir nas regiões Norte ou Nordeste, pertencer ao tercil de renda mais baixa, terem Ensino Superior Completo, não serem brancos, terem níveis de atividade física mais elevados, serem ex-fumantes, passarem um tempo menor em frente às telas e terem um IMC médio mais baixo.
Conclusões/Considerações
O consumo de alimentos à base de plantas não-UP foi maior entre os grupos mais vulneráveis, como participantes de menor renda, moradores das regiões Norte e Nordeste e não brancos. Destaca-se a sinergia desse padrão alimentar com algumas características associadas a um menor risco de DCNT, como maior nível de atividade física, menor tempo de tela em lazer e menor IMC.
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS, DISPONIBILIDADE DE ALIMENTOS E BEBIDAS NO AMBIENTE ESCOLAR E INTERSECÇÕES ENTRE RAÇA/COR E SEXO ENTRE ADOLESCENTES BRASILEIROS
Comunicação Oral Curta
Azevedo, A. B. C.1, Carmo, A. S.1, Canella, D. S.1
1 UERJ
Apresentação/Introdução
A alimentação é influenciada por múltiplos fatores, como variáveis contextuais e individuais. A interseccionalidade é uma abordagem que investiga a possibilidade de intersecção entre desigualdades sociais como medida global. Compreender o papel do ambiente alimentar escolar e da interseccionalidade de sexo e raça/cor da pele na alimentação pode contribuir para ações de promoção da saúde.
Objetivos
Analisar a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) e as intersecções entre raça/cor da pele e sexo entre adolescentes brasileiros e a associação do consumo de AUP com a disponibilidade de alimentos e bebidas no ambiente escolar.
Metodologia
Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2019. A variável dependente foi o consumo elevado de AUP (5 ou mais itens no dia anterior). As variáveis explicativas foram as categorias de intersecção entre raça/cor e sexo (homem branco, homem pardo/preto, mulher branca e mulher parda/preta) e o escore de disponibilidade de alimentos e bebidas no ambiente alimentar escolar. Avaliou-se o efeito da interação considerando os subgrupos de intersecção de raça e sexo como variável modificadora de efeito da relação entre o ambiente alimentar e AUP. Foram realizados Modelos de Regressão Logística Binária e Multinível estratificados pela dependência administrativa da escola.
Resultados
Avaliou-se dados de 145.155 adolescentes. Entre os alunos das escolas privadas, em comparação com os homens brancos, observou-se que homens e mulheres negros apresentaram maior chance e as mulheres brancas menor chance de consumo alto de AUP. Entre os alunos de escolas públicas, o aumento do escore ambiente foi associado com a redução do consumo alto de AUP para homens e mulheres pardos/pretos, e para as demais categorias não houve associação. Entre alunos de escolas privadas, maior escore ambiente foi associado com a redução do alto consumo de AUP entre todos subgrupos de intersecção, e para homens brancos não houve associação. Foi identificada interação significativa em ambos modelos.
Conclusões/Considerações
A associação entre o aumento do escore de ambiente e a redução do alto consumo de alimentos de ultraprocessados entre estudantes homens e mulheres pardos/pretos de escolas públicas e privadas e para mulheres brancas de escolas privadas sugere a importância das políticas públicas voltadas para promoção da saúde dos escolares considerarem a influência da interseccionalidade nas ações propostas.
CONSUMO ALIMENTAR SEGUNDO O GRAU DE PROCESSAMENTO E MULTIMORBIDADE EM ADULTOS BRASILEIROS
Comunicação Oral Curta
San Martini, M.C.1, Assumpção, D.1, Araujo, E. M. S.1, Rodrigues, R. C. M.1, Cornélio, M. E.1
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
A multimorbidade, concomitância de duas ou mais doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), está associada com diversos fatores de risco comportamentais, como sedentarismo, tabagismo e alimentação inadequada. O acúmulo de DCNT, especialmente na fase adulta, compromete a qualidade de vida e representa maior carga de morbimortalidade no Brasil.
Objetivos
Avaliar o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados (AIN/MP) e de alimentos ultraprocessados (AUP), segundo multimorbidade em adultos brasileiros.
Metodologia
Estudo transversal, com dados de 59.800 adultos, entre 18 e 59 anos, que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. O consumo de AIN/MP e AUP no dia anterior à entrevista, foi obtido por meio de perguntas com respostas ‘sim’/‘não’, de 12 subgrupos de AIN/MP e 10 de AUP. Calculou-se o escore de consumo excessivo de AUP (≥5 itens). A multimorbidade, presença de duas ou mais doenças crônicas autorreferidas a partir de diagnóstico médico, foi composta por 12 condições crônicas. Estimaram-se razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas e seus respectivos intervalos de confiança de 95%, por meio de regressão de Poisson com variância robusta.
Resultados
Da população adulta, 52% eram mulheres, 55% tinham 18 a 39 anos, 57% se declararam pardos/pretos, 22% tinham obesidade e 18% multimorbidade. Entre os AUP, a única diferença observada foi o maior percentual de consumo de doces, como sorvete, chocolate, gelatina, flan ou outra sobremesa industrializada, nos indivíduos com multimorbidade (RP= 1,09; p= 0,03). Para os AIN/MP, os percentuais de consumo de cereais (RP=0,97; p<0,01), leguminosas (RP=0,93; p<0,01), carnes (RP=0,98; p<0,01), raízes e tubérculos (RP=0,95; p<0,01), frutas amarelas/alaranjadas (RP=0,89; p<0,01) e legumes (RP=0,95; p<0,01) foram significativamente menores entre os adultos com multimorbidade.
Conclusões/Considerações
Os brasileiros com multimorbidade apresentam uma alimentação inadequada, com menores percentuais de consumo de AIN/MP e ausência de associação com os subgrupos de AUP, denotando um consumo disseminado entre a população adulta investigada. Ressalta-se a necessidade de campanhas para a promoção da alimentação adequada e saudável, a atuação de profissionais de saúde com medidas orientativas visando a prevenção e o controle das doenças crônicas.
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E ÍNDICE INFLAMATÓRIO DA DIETA: UMA ANÁLISE DO ESTUDO NUTRINET-BRASIL
Comunicação Oral Curta
Silva-Junior, L.P.1, Leite, M.A.2, Marques, T. S.2, Frade, E. O. S.1, Steele, E. M.3, Levy, R. B.2
1 Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo.Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), Universidade de São Paulo.
2 Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), Universidade de São Paulo.
3 Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), Universidade de São Paulo.
Apresentação/Introdução
Alimentos ultraprocessados associam-se a doenças cuja base fisiopatológica é a inflamação. O diagnóstico clínico da inflamação por meio da dosagem de citocinas é um processo oneroso para os sistemas e pesquisas de saúde, por isso, criou-se o Índice Inflamatório da Dieta (IID). A relação do consumo de alimentos ultraprocessados com o aumento do IID não foi completamente elucidada.
Objetivos
Descrever o IDD de acordo com a contribuição calórica de alimentos ultraprocessados, definidos pelo sistema Nova de classificação dos alimentos, no estudo NutriNet-Brasil.
Metodologia
Avaliou-se a contribuição calórica de alimentos ultraprocessados na dieta de 36.669 participantes por meio da média de 2-3 recordatórios de 24h (Nova24h), sendo dividida em quintos de acordo com a distribuição amostral. Construiu-se o IID com 39 parâmetros alimentares do banco de composição nutricional utilizado no NutriNet-Brasil e do banco de flavonoides do U.S. Department of Agriculture, o qual varia de -8.87 (maior potencial anti-inflamatório na dieta) a +7.98 (maior potencial pró-inflamatório na dieta). Médias e intervalos de confiança de 95% (IC95%) do IID em cada quinto de participação calórica de ultraprocessados foram analisadas pelo teste de associação linear monotônica de Cuzick.
Resultados
A média de participação energética de alimentos ultraprocessados no total da amostra foi de 22,65%, sendo de 7,50% (0-12,04%) no menor quinto (Q1) e 41,14% (32,38-91,47%) no maior (Q5). A média do IDD foi 1.31 (IC95% 1.28-133) no total da amostra. Observou-se uma tendência monotônica nas médias do IID, que aumentam significativamente conforme há maior consumo de alimentos ultraprocessados, indo de 0.38 (IC95% 0.32-0.44) no Q1 para 0.79 (IC95% 0.73-0.85) no Q2, 1.19 (IC 95% 1.13-1.25) no Q3, 1.64 (IC 95% 1.58-1.70) no Q4 e 2.58 (IC 95% 2.52-2.64) no Q5.
Conclusões/Considerações
As médias do IDD apresentam uma tendência monotônica crescente nos quintos de participação calórica de ultraprocessados, portanto, a recomendação de reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados pode contribuir para a diminuição do potencial pró-inflamatório da dieta, auxiliando na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis.
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NAS MACRORREGIÕES DE SAÚDE DO ESTADO DE GOIÁS
Comunicação Oral Curta
Silva, J. A. A.1, Silva, L. L. S.1, Carvalho, M. M.2, Tavares, S. A. O.2, Peixoto, M. R. G.1
1 UFG
2 Superintendência de Vigilância em Saúde, Secretaria de Estado da Saúde de Goiás
Apresentação/Introdução
Os alimentos ultraprocessados (AUP) são formulações compostas majoritariamente por ingredientes de uso industrial, com baixo valor nutricional e, quando consumidos em excesso, estão associados a diversos desfechos negativos à saúde. Analisar o consumo desses alimentos sob uma perspectiva regional é estratégico para subsidiar políticas públicas mais específicas e eficazes em cada estado.
Objetivos
Identificar a frequência do alto consumo de AUP nas macrorregiões de saúde do estado de Goiás.
Metodologia
Este estudo transversal utilizou dados de 5.018 adultos da primeira pesquisa telefônica "Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico no estado de Goiás”. As macrorregiões de saúde do estado de Goiás são: Centro Norte (n=953), Centro-Oeste (n= 1.050), Centro Sudeste (n= 1.014), Nordeste (n= 1.000) e Sudoeste (n= 1.001). Considerou-se alto consumo de AUP quando o entrevistado relatou, no dia anterior à entrevista, o consumo de pelo menos cinco dos 13 grupos de AUP investigados. A associação entre as macrorregiões de saúde e o alto consumo de AUP foi analisada por meio de regressão de Poisson, considerando p < 0,05.
Resultados
A frequência de alto consumo de AUP foi de 15,9% na macrorregião Centro-Oeste, 16,2% na Centro Sudeste, 19,2% na Centro Norte, 20,5% na Sudoeste e 21,2% na Nordeste. O alto consumo desses alimentos foi 1,33 vezes maior na macrorregião Nordeste (IC95%: 1,02 - 1,75; p=0,03), em comparação com a Centro Sudeste.
Conclusões/Considerações
Observou-se alto consumo de AUP nas macrorregiões de saúde de Goiás, com maior prevalência na macrorregião que apresenta o menor Índice de Desenvolvimento Humano e Produto Interno Bruto dentre as macrorregiões de saúde desse estado. Análises regionalizadas são fundamentais para a implementação de políticas públicas mais efetivas e direcionadas para a redução do consumo de AUP dentro dos estados brasileiros.
IMPACTO DOS ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NO PERFIL DE INGESTÃO DE NUTRIENTES EM PESSOAS COM DOENÇA RENAL CRÔNICA
Comunicação Oral Curta
Machado, A. D.1, Marchioni, D. M. L.1, Lotufo, P. A.1, Benseñor, I. J. M.1, Titan, S. M. O.2
1 USP
2 Mayo Clinic
Apresentação/Introdução
Os alimentos ultraprocessados (AUP) são formulações industriais feitas a partir de alimentos in natura ou minimamente processados com adição de diferentes tipos de aditivos alimentares. Existe evidência científica crescente sobre o consumo de AUP e associação com pior qualidade da dieta. Contudo, ainda são limitados os estudos sobre essa temática na doença renal crônica (DRC).
Objetivos
Avaliar o impacto dos ultraprocessados na ingestão de macro e micronutrientes em pessoas com DRC.
Metodologia
Foi realizado um estudo transversal com dados do estudo Progredir, composto por 436 pessoas com DRC na fase não dialítica. O consumo alimentar foi avaliado por um questionário de frequência alimentar. Foram conduzidas análises de regressão linear entre a ingestão de AUP (g) e de macro e micronutrientes, com ajuste para idade, sexo, renda e energia. Para tanto, todos os dados de consumo foram log-transformados. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS versão 21.0, e foram considerados significativos valores de p<0,05.
Resultados
A mediana de idade foi de 69 anos, e a taxa de filtração glomerular de 40 mL/min/1,73 m². Em relação ao consumo, 16,3% das calorias consumidas foram provenientes de AUP. Na análise de regressão, houve associação direta entre o consumo de ultraprocessados com gorduras totais (β = 0,067, p<0,001), saturadas (β = 0,128, p<0,001) e monoinsaturadas (β = 0,095, p<0,001), açúcares de adição (β = 0,617, p<0,001), fósforo (β = 0,033, p=0,01) e sódio (β = 0,119, p<0,001). Foi demonstrada relação inversa entre AUP e fibras (β = -0,072, p=0,001), potássio (β = -0,048, p=0,001), ferro (β = -0,064, p<0,001), manganês (β = -0,052, p=0,02), vitamina E (β = -0,046, p=0,02) e folato (β = -0,072, p<0,001).
Conclusões/Considerações
O consumo de AUP teve associação direta com nutrientes relacionados a um risco cardiometabólico aumentado, como gorduras totais e saturadas, açúcares de adição, fósforo e sódio. Por outro lado, houve relação inversa com a ingestão de nutrientes associados a uma alimentação mais saudável. Pesquisas futuras devem confirmar esses resultados e avaliar a associação desse grupo de alimentos com desfechos na DRC.
APLICANDO A CLASSIFICAÇÃO NOVA DE ALIMENTOS EM UMA BASE DE DADOS DE RÓTULOS DE ALIMENTOS E BEBIDAS UTILIZANDO A LISTA DE INGREDIENTES: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA
Comunicação Oral Curta
Nunes, B. S.1, Grilo, M. F.2, Dura, A. C.1, Ricardo, C. Z.3, Baraldi, L. G.1, Steele, E. M.4, Borges, C. A.5
1 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
2 The George Washington University
3 Universidade do Chile
4 Universidade de São Paulo (USP)
5 Universide de São Paulo (USP)
Apresentação/Introdução
O interesse pela classificação Nova cresce diante de evidências que associam alimentos ultraprocessados (AUPs) a danos à saúde. Apesar de recomendações internacionais para seu uso em políticas de alimentação, sua aplicação enfrenta desafios. Autores de outros grupos sugerem métodos baseados em marcadores a nível dos ingredientes apoiar sua adoção em pesquisas e políticas regulatórias.
Objetivos
Avaliar o desempenho de diferentes métodos baseados na lista de ingredientes para identificar AUPs, comparando-os com o método clássico da classificação Nova.
Metodologia
Este estudo transversal analisou 9.860 produtos disponíveis em uma base de dados de rótulos de alimentos e bebidas embalados coletados nas cinco maiores varejistas de alimentos do Brasil em 2017. Cinco cenários foram desenvolvidos para identificar AUPs, utilizando marcadores presentes na lista de ingredientes, como substâncias alimentares de nenhum ou raro uso culinário e/ou aditivos com função cosmética, variando o nível de complexidade por cenário. As prevalências e o desempenho dos cenários foram comparados ao método clássico da classificação Nova, que geralmente usa o nome e a categoria do produto, com análises de acurácia, incluindo sensibilidade, especificidade e área sob a curva ROC.
Resultados
A prevalência de AUPs variou de 47% (IC 95%: 46,1-48,1) a 72% (IC 95%: 70,8-72,6) do primeiro ao quinto cenário, em comparação com 70% (IC 95%: 69,6-71,3) pelo método clássico. O cenário três, que utilizou substâncias alimentares de nenhum ou raro uso culinário e/ou aditivos alimentares com função exclusivamente cosmética, identificou 65% (IC 95%: 64,1–66,0) de AUPs e apresentou a melhor performance na análise da área sob a curva ROC (AUC = 0,797), com sensibilidade de 82,6% e especificidade de 76,8%.
Conclusões/Considerações
O estudo mostra que um método padronizado, baseado em marcadores disponíveis na lista de ingredientes dos alimentos, apresenta bom desempenho na identificação de AUPs, em comparação ao método clássico. Assim, os achados contribuem para a padronização, reprodutibilidade e apoio à aplicação da classificação NOVA em diferentes contextos, fortalecendo pesquisas e políticas públicas voltadas à garantia do direito à alimentação adequada e saudável.