
Programa - Comunicação Oral Curta - COC2.3 - Ambiente alimentar escolar
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
ANÁLISE DESCRITIVA DA PUBLICIDADE DE ALIMENTOS EM CANTINAS DE ESCOLAS PRIVADAS DAS CAPITAIS BRASILEIRAS
Comunicação Oral Curta
1 ENSP
2 UFRJ
3 UFMG
Apresentação/Introdução
A presença de alimentos ultraprocessados nas escolas é motivo de preocupação, especialmente quando associada a estratégias de marketing que podem influenciar escolhas alimentares. Entender como a publicidade é utilizada nas cantinas escolares privadas brasileiras é necessário para subsidiar políticas que promovam ambientes alimentares mais saudáveis.
Objetivos
Descrever a prevalência de ações de publicidade de alimentos e identificar quais alimentos são mais frequentemente promovidos em cantinas de escolas particulares localizadas nas capitais brasileiras.
Metodologia
Estudo transversal descritivo com dados do projeto Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras. Foram analisadas cantinas de uma amostra aleatória simples de escolas privadas nas 27 capitais e no DF, entre junho/2022 e junho/2024. Investigaram-se características das cantinas, comercialização de alimentos, oferta de combos, promoções e publicidade de 21 alimentos in natura ou minimamente processados (AIMPP) e 29 ultraprocessados (AUP). As frequências absolutas e relativas foram calculadas no software R (v.4.4.0). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: 44440820.4.0000.525).
Resultados
No total, participaram 2241 cantinas escolares, apenas 7,6% delas relataram receber material publicitário de fornecedores. A venda de combos (23,5%) e a realização de promoções (23,3%) ocorreram em menos de um quarto das cantinas. Por outro lado, ações publicitárias estavam presentes em 43,8% dos espaços, sendo mais frequentes nas capitais da região Norte (54,6%) e menos comuns no Nordeste (30,7%). Cantinas com nutricionistas apresentaram maior ausência de publicidade (62,2%). Os alimentos mais frequentemente anunciados foram água (26,5%), refrigerante comum (22,8%), suco natural de fruta (19,8%), picolés ou sorvetes (17,8%) e bombons ou chocolates (16,4%).
Conclusões/Considerações
As cantinas de escolas privadas recorrem à publicidade para promover a venda de alimentos, abrangendo tanto AIMPP quanto AUP, de acordo com o que é ofertado nesses ambientes. Incentivos comerciais, como combos e promoções, foram pouco utilizados. Investigações futuras devem explorar possíveis relações entre características das cantinas e a presença de estratégias publicitárias.
ANÁLISE DO COMÉRCIO INFORMAL DE ALIMENTOS: ESTRATIFICAÇÃO PELO PORTE DOS AMBULANTES NO ENTORNO DE ESCOLAS BRASILEIRAS
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Pernambuco
2 Universidade Federal de Minas Gerais
3 Universidade Federal do Rio de Janeiro
4 Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca.
5 Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar escolar inclui serviços não comerciais e comerciais, formais e informais, que exercem influência sobre o padrão de obtenção e consumo alimentos dentro e fora da escola. Todas as formas de comércio de alimentos devem ser contempladas na análise do ambiente alimentar escolar para que se alcance a melhor descrição da realidade para a exploração do potencial de promoção da saúde.
Objetivos
Analisar o comércio informal de alimentos e bebidas no entorno de escolas privadas brasileiras, estratificando-o pelo porte do ponto do ambulante, com relação aos aspectos de disponibilidade e das características de processamento de alimentos.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal por meio de auditoria de ambulantes no entorno imediato (portaria, calçadas e via pública) de escolas, de ensino fundamental e/ou médio, nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. Aplicou-se um questionário validado para aspectos da força de trabalho e da disponibilidade de alimentos in natura, minimamente processados ou processados e preparações baseadas neles e de alimentos ultraprocessados e preparações com ultraprocessados. Aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis para comparações por macrorregião e porte. A pesquisa integra o estudo “Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras-Caeb”, de 2022 a 2024, com aprovação dos comitês de ética locais.
Resultados
Foi mapeado o comércio informal de alimentos e bebidas no entorno imediato de 2.180 escolas privadas, totalizando 699 ambulantes. Os ambulantes vendiam pelo menos o dobro de opções de ultraprocessados (2,17; IC95% 1,90; 2,45) em relação aos alimentos saudáveis (alimentos in natura, minimamente processados ou processados e preparações baseadas neles). Os ultraprocessados predominavam em pontos de venda de maior porte (14 ou mais itens), exceto no Nordeste, onde predominavam desde o porte intermediário (de 4 a 13 itens). A razão de ultraprocessados sobre alimentos saudáveis variou entre o Nordeste (3,32; IC95% 2,88; 3,75), como o pior cenário, e o Sul (0,21; IC95% 0,05; 0,37), como o melhor.
Conclusões/Considerações
Os ambulantes perpetuam o domínio dos ultraprocessados no entorno escolar. Esta caracterização pioneira dos informais brasileiros e a estratificação de porte pelo tercil de itens, como alternativa à determinação por aspectos gerenciais típicos formais, revelou que a ampliação do ponto de venda se dá pela variedade de ultraprocessados devendo ser tema de ações de formação comercial para o desenvolvimento da economia local e promoção da saúde.
CANTINAS ESCOLARES COMO PROMOTORAS DE SAÚDE: GUIA PRÁTICO PARA APOIAR A TRANSFORMAÇÃO DOS ESPAÇOS ALIMENTARES NAS ESCOLAS.
Comunicação Oral Curta
1 Instituto Desiderata
Período de Realização
Maio de 2024 a junho de 2025.
Objeto da produção
Segunda edição do guia técnico e pedagógico voltado à gestão de cantinas escolares mais saudáveis.
Objetivos
Apresentar a segunda edição do Guia Prático para uma Cantina Escolar Saudável como ferramenta de apoio técnico, operacional e político à implementação das legislações municipais que regulam o ambiente alimentar escolar, com foco em implementação, advocacy e formação local.
Descrição da produção
A produção, de natureza descritiva e qualitativa, foi realizada pelo Instituto Desiderata com universidades públicas. Baseia-se em dificuldades relatadas após a aprovação das leis municipais. O guia foi elaborado a partir da escuta desses desafios para apoiar a gestão das cantinas, fortalecer a comunidade escolar e promover mudanças com base em evidências e exigências legais.
Resultados
O guia oferece subsídios técnicos e operacionais para cantinas escolares, abordando gestão financeira, cardápio, arranjo físico e marketing. Inclui um exemplo fictício baseado em dados reais e propõe ações educativas voltadas à transformação do ambiente alimentar. Destaca-se pelo suporte à sustentabilidade do negócio e à promoção da saúde, além de disponibilizar ferramentas práticas, como fichas técnicas e materiais pedagógicos.
Análise crítica e impactos da produção
A publicação reforça o papel estratégico das cantinas escolares como promotoras de saúde e configura-se como ferramenta de advocacy para apoiar a implementação das leis municipais. Elaborada com base na escuta ativa das dificuldades enfrentadas nos territórios, sua linguagem acessível favorece o engajamento da comunidade escolar e articula setores de educação, saúde e políticas públicas.
Considerações finais
O guia traduz a legislação em ações práticas, contribuindo para a qualificação da operação das cantinas e o fortalecimento do ambiente alimentar escolar. Sua adoção favorece a sustentabilidade do negócio, a promoção de hábitos saudáveis e a integração entre os atores escolares. Trata-se de uma ferramenta potente de apoio à implementação de políticas públicas e de mobilização em torno do direito à alimentação saudável.
CARACTERIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS EM CANTINAS DE ESCOLAS PRIVADAS DAS CAPITAIS BRASILEIRAS
Comunicação Oral Curta
1 UFMG
2 UFRJ
3 UFPE
Apresentação/Introdução
As cantinas escolares são espaços de oferta de alimentos dentro das escolas e influenciam diretamente os hábitos alimentares de crianças e adolescentes. Nesse contexto, compreender a dinâmica de funcionamento e comercialização desses estabelecimentos é essencial para subsidiar ações de promoção da alimentação adequada e saudável no ambiente alimentar escolar.
Objetivos
Caracterizar as cantinas e a comercialização de alimentos em escolas privadas do ensino fundamental e médio das capitais brasileiras.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal com 2.241 cantinas de escolas privadas de ensino fundamental e médio nas 26 capitais e no Distrito Federal, com dados coletados entre 2022 e 2024. Utilizou-se instrumento validado para aferir número de funcionários, tipo de gestão e perfil da oferta alimentar. Foram calculados o Índice de Saudabilidade (IS), a Razão alimentos ultraprocessados (AUPP)/alimentos in natura e minimamente processados (AIMPP) e o percentual de cantinas com maior variedade de AUPP em relação a AIMPP. As análises descritivas consideraram frequências relativas, médias e intervalos de confiança de 95% (IC95%). O estudo foi aprovado por comitês de ética nas diversas localidades.
Resultados
No Brasil, a maioria das cantinas é terceirizada (55,1%), possui até cinco funcionários (77,1%) e oferta lanches (92,5%). A variedade de AUPP é 40% superior à de AIMPP. O IS médio foi 56,8 (IC95%: 56,4–57,2), e 65,8% das cantinas (IC95%: 63,8–67,7) ofertam maior variedade de AUPP. Apenas a macrorregião Sul apresentou menor razão AUPP/AIMPP (0,84; IC95%: 0,7–0,9) e menor percentual de cantinas com predominância de AUPP (47,7%; IC95%: 40,4–55,1), sugerindo ambiente alimentar escolar mais saudável.
Conclusões/Considerações
As cantinas de escolas privadas brasileiras, em sua maioria, expõem os alunos a ambientes alimentares com alta oferta de ultraprocessados, dificultando escolhas saudáveis. A macrorregião Sul se destaca positivamente no cenário nacional. Os achados reforçam a urgência da implementação de políticas públicas que regulem a comercialização de alimentos no ambiente escolar, promovendo a saúde de crianças e adolescentes.
ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO DE REDES DE SUPERMERCADOS NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Minas Gerais
2 Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
O setor varejista de alimentos tem passado por profundas transformações impulsionadas pelos avanços tecnológicos. Nesse contexto, os supermercados adaptaram-se rapidamente, oferecendo plataformas de comércio eletrônico que ampliam o acesso da população a alimentos, influenciando padrões de consumo e tornando-se determinantes importantes do ambiente alimentar digital.
Objetivos
Desenvolver um instrumento de auditoria para avaliar o comércio eletrônico de redes de supermercados, alinhado às diretrizes alimentares brasileiras e à legislação vigente sobre rotulagem e publicidade de alimentos.
Metodologia
Estudo metodológico que envolveu a elaboração de um instrumento de auditoria com base em revisão da literatura científica sobre o ambiente alimentar digital e nas normativas brasileiras sobre rotulagem e publicidade de alimentos. O instrumento foi submetido à avaliação de um painel de especialistas quanto à clareza, adequação, consistência, relevância e abrangência. O Índice de Validade de Conteúdo (IVC) foi utilizado para mensurar a concordância entre os avaliadores. Atualmente, o instrumento encontra-se em fase de validação empírica.
Resultados
O instrumento foi estruturado em quatro blocos principais: (1) Informações gerais (identificação e caracterização do estabelecimento); (2) Página inicial (presença de publicidade de alimentos e bebidas); (3) Lista de alimentos (disponibilidade, variedade, faixa de preços, tipo de precificação, informações nutricionais e de rotulagem); e (4) Dados de pagamento. O IVC médio foi de 0,80, indicando boa concordância entre os especialistas sobre os critérios avaliados.
Conclusões/Considerações
A criação de um instrumento para avaliação do comércio eletrônico de supermercados representa um avanço metodológico para o monitoramento do ambiente alimentar digital. Sua aplicação poderá subsidiar a formulação de políticas públicas voltadas à regulação de práticas comerciais em plataformas virtuais, promovendo a conformidade com as diretrizes alimentares e a proteção da saúde da população.
ESTADO DA ARTE DO AMBIENTE ALIMENTAR INFORMAL: INSIGHTS DE UMA REVISÃO DE ESCOPO
Comunicação Oral Curta
1 UFOP
2 UFMG
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar informal, caracterizado por sistemas de venda não regulamentados, exerce um papel crucial tanto no acesso a alimentos e na segurança alimentar das comunidades mais pobres, quanto na geração de renda para populações vulneráveis, especialmente em países de baixa e média renda, como o Brasil. Apesar da relevância, os desafios de investigá-lo geram escassos estudos na literatura.
Objetivos
Identificar o estado da arte do ambiente alimentar informal, bem como principais aspectos avaliados nas pesquisas.
Metodologia
Revisão de escopo segundo as recomendações do JBI e PRISMA-ScR, visando mapear pesquisas sobre o ambiente alimentar informal. A busca incluiu as bases Web of Science, PubMed, BVS e LILACS, empregando uma combinação de termos controlados e livres. Artigos abordando o ambiente alimentar informal publicados em periódicos online revisados por pares e conduzidos em grupos populacionais de baixa renda foram incluídos, sem restrições de idioma e data. A triagem e extração de dados foram realizadas em duplicidade com consenso em casos de divergências, com a presença de um terceiro revisor.
Resultados
A partir de 10920 artigos inicias, a revisão incluiu 44 estudos na análise final, os quais tinham foco predominante na avaliação do tipo de alimentos vendidos no setor informal (59%) e na distribuição e disponibilidade dos pontos de venda (55%). Outros aspectos relevantes avaliados incluíram a distribuição dos pontos em função da renda (14%), urbanidade (11%) e o acesso a alimentos saudáveis e não saudáveis (25%). Quanto a contribuição geográfica, os estudos sobre ambiente alimentar informal concentraram-se majoritariamente na América Latina (32%), África (25%) e Ásia (22%). A contribuição da América do Norte, Europa e Oceania juntos (20%) foi inferior à do continente asiático.
Conclusões/Considerações
Os achados revelam a predominância das pesquisas na caracterização da disponibilidade de alimentos, e a relação com os fatores socioeconômicos como renda e urbanidade, indicando a preocupação dos pesquisadores com as questões de iniquidades e acesso a alimentos. A concentração das pesquisas no Sul Global estabelece um marco ao contrastar com a dominância dos países de alta renda nas investigações sobre o ambiente alimentar formal.
EVOLUÇÃO TEMPORAL DO AMBIENTE ALIMENTAR DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS BRASILEIRAS: ANÁLISE DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO ESCOLAR (PENSE) (2012, 2015 E 2019)
Comunicação Oral Curta
1 UERJ
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar das escolas é um importante influenciador da alimentação de crianças e adolescentes, considerando que os estudantes permanecem longos períodos na escola, local onde realizam ao menos uma refeição.
Objetivos
Avaliar a evolução temporal do ambiente alimentar de escolas públicas e privadas brasileiras, a partir de dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE).
Metodologia
Avaliação da evolução temporal de escolas com turmas de 9º ano do ensino fundamental da PeNSE nos anos de 2012, 2015 e 2019. O ambiente alimentar foi avaliado pelo indicador “Disponibilidade de alimentos e bebidas no ambiente alimentar escolar”. Foram calculados o escore total e sub-escores para cantinas e pontos alternativos de venda de alimentos no entorno, no qual maiores valores representavam um ambiente mais saudável. As variáveis foram descritas para o contexto nacional, regional e de localização do município (capital ou não capital). Todas as análises foram estratificadas em escolas públicas ou privadas. Intervalos de confiança de 95% foram utilizados para identificar diferenças.
Resultados
Observou-se elevada prevalência da disponibilidade de alimentos ultraprocessados em todos os anos analisados. Escolas públicas (Brasil e região Sudeste) apresentaram melhora entre 2012 e 2015, seguida de piora entre 2015 e 2019. Escolas privadas em municípios capitais apresentaram melhora entre 2015 e 2019. Quando considerados os sub-escores, observou-se melhora nas cantinas entre 2015 e 2019 (escolas públicas: Brasil e regiões Norte e Centro Oeste; escolas privadas: Brasil, regiões Norte e Nordeste e municípios capitais). No entanto, sub-escores dos pontos alternativos pioraram no período (escolas públicas: Brasil, regiões Norte e Sudeste e municípios capitais e não capitais).
Conclusões/Considerações
O ambiente alimentar das escolas brasileiras apresentou mudanças período analisado, sendo as negativas mais frequentes. Ações mais efetivas para promover ambientes alimentares mais saudáveis dentro e no entorno das escolas são necessárias.
PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES SOBRE AMBIENTE ALIMENTAR ESCOLAR: RELATO COM GRUPOS FOCAIS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE FORTALEZA-CE
Comunicação Oral Curta
1 UECE
2 UFOP
3 UFMG
Período de Realização
Dezembro de 2023 a dezembro de 2024, incluindo planejamento e realização dos grupos.
Objeto da experiência
Compreender a percepção de estudantes de escolas públicas sobre o ambiente alimentar escolar.
Objetivos
Relatar a realização de grupos focais com adolescentes, com enfoque no ambiente alimentar de escolas públicas de Fortaleza-CE.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu em seis escolas públicas de Fortaleza-CE, com a realização de um grupo focal por escola, com adolescentes das séries do 7° ao 9° ano do ensino fundamental. Foram convidados a participar estudantes que morassem no entorno da escola e estivessem matriculados há pelo menos um ano. Os grupos foram realizados por nutricionistas e graduandos de nutrição da Universidade Estadual do Ceará, utilizando um roteiro semiestruturado de perguntas sobre o ambiente alimentar escolar.
Resultados
Um total de 51 alunos participaram dos encontros, variando entre 5 a 12 por grupo. Os participantes se mostraram interessados em falar sobre a temática e pontuaram principalmente aspectos do ambiente interno das escolas. A importância da alimentação escolar é percebida pelos estudantes, porém melhorias e adequações para o cardápio escolar foram sugeridas. Os relatos evidenciaram a influência do comércio de alimentos do entorno no consumo alimentar.
Aprendizado e análise crítica
A refeição ofertada na escola pública é importante para garantir uma alimentação saudável, porém o ambiente alimentar externo impacta na formação dos hábitos dos estudantes. A realização de grupos focais oportuniza a escuta dos estudantes e possibilita a reflexão sobre questões alimentares tanto da escola quanto do entorno. Além disso, revela demandas reais, importantes na construção de uma alimentação escolar saudável, mais aceita pelos alunos e de acordo com as suas necessidades.
Conclusões e/ou Recomendações
Os grupos focais com adolescentes sobre ambiente escolar são importantes para permitir a reflexão dos aspectos internos e externos que influenciam a alimentação nesse contexto. A troca grupal permite a ampliação de conhecimento, a liberdade do pensamento crítico e a autonomia em propostas de melhorias. Assim, a escuta dos estudantes se faz necessária para garantir um ambiente alimentar saudável associado a ações de políticas públicas intersetoriais.
REGULAMENTAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS NO AMBIENTE ALIMENTAR ESCOLAR E O SEU EFEITO NA DISPONIBILIDADE E VARIEDADE DE ALIMENTOS EM CANTINAS DE ESCOLAS PRIVADAS
Comunicação Oral Curta
1 UFMG
Apresentação/Introdução
Escolas privadas têm se tornado ambientes obesogênicos, com alta oferta de alimentos ultraprocessados (AUPP). Medidas regulatórias vêm sendo implementadas para mitigar esse cenário, tornando relevante avaliar o efeito dessas legislações. Contudo, há uma lacuna de estudos nacionais sobre a influência da existência e da qualidade das legislações na comercialização de alimentos em cantinas escolares.
Objetivos
Compreender a influência da existência e qualidade de regulamentações de comercialização de alimentos na disponibilidade e variedade de alimentos comercializados em cantinas de escolas privadas brasileiras.
Metodologia
Estudo ecológico realizado com cantinas de escolas privadas das 26 capitais e do Distrito Federal participantes do estudo CAEB. Medidas regulatórias foram obtidas por busca sistemática em sites governamentais e classificadas conforme critérios de Rocha et al. (2023). Regulamentações de escore ≥8 foram consideradas efetivas para promover um ambiente alimentar saudável. Modelos lineares generalizados e regressões logísticas avaliaram associação entre presença de regulamentações, média de variedade de AUPP maior que alimentos in natura e minimamente processados (AIMPP) e índice de saudabilidade das cantinas, ajustados por tipo de gestão, nº de clientes e funcionários e presença de nutricionista.
Resultados
Observou-se que 16,5% das cantinas estavam localizadas em cidades com regulamentação apenas estadual, enquanto 32,4% encontravam-se em municípios com regulamentações municipal e estadual simultâneas. Cantinas situadas em cidades com pelo menos uma regulamentação vigente (municipal e/ou estadual), especialmente aquelas com maior pontuação nos critérios de qualidade normativa, apresentaram maiores valores no índice de saudabilidade. Além disso, nessas localidades, identificaram-se menores chances de que a média de variedade de AUPP superasse a de AIMPP, indicando o efeito positivo da regulamentação sobre a oferta alimentar nas cantinas.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam que a presença e a qualidade das regulamentações estaduais e municipais estão positivamente associadas à maior saudabilidade das cantinas e menor variedade de AUPP em relação aos AIMPP. Tais achados reforçam a relevância de políticas públicas integradas e eficazes para a promoção de ambientes alimentares escolares saudáveis, especialmente no setor privado.
SAUDABILIDADE DOS ALIMENTOS COMERCIALIZADOS EM CANTINAS DE ESCOLAS PRIVADAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO ANTES E DEPOIS DA PROMULGAÇÃO DA LEI Nº. 7.987/23
Comunicação Oral Curta
1 CM UFRJ-Macaé
2 UFMG
3 UFRJ
4 UERJ/CF
5 UFPE
6 Ensp/Fiocruz
Apresentação/Introdução
Cantinas comerciais são a principal fonte alimentar em escolas privadas, com alta oferta de alimentos ultraprocessados (AUP). No Rio de Janeiro, a proibição recente da comercialização e publicidade de AUP em instituições de ensino, oferece uma oportunidade inédita de avaliar os efeitos de uma regulamentação local sobre o ambiente alimentar escolar e subsidiar ações similares em outros contextos.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é comparar a saudabilidade de cantinas de escolas privadas cariocas antes e depois da promulgação da Lei nº. 7.987/23, que proíbe a venda de alimentos ultraprocessados nas instituições de ensino da cidade do Rio de Janeiro.
Metodologia
Estudo transversal repetido com amostras aleatórias de escolas privadas com ensino fundamental e/ou médio do Rio de Janeiro, a partir de dados dos estudos Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras (Caeb) (2022) e Impacto da Regulamentação do Ambiente Alimentar Escolar (2024). Foi avaliada a comercialização de 29 AUP e 21 alimentos in natura, minimamente processados ou processados (AIMPP). Foram calculadas os indicadores de saudabilidade denominados Proporção de AUP, Proporção de AIMPP e Índice de Saudabilidade (IS), um escore que pontua positivamente AIMPP e negativamente AUP. Utilizando R (v. 4.4.2), foram calculadas médias e intervalos de confiança de 95% (IC) desses indicadores.
Resultados
Em 2022 e 2023, foram avaliadas, respectivamente, 100 e 134 cantinas. Em 2022, a Proporção de AUP foi igual a 37,1% (IC: 35,4-38,9), a Proporção de AIMPP foi de 21,0% (19,2-22,7) e o IS foi igual a 45,4% (44,31-46,49). A Lei nº. 7.987, implementada no Rio de Janeiro em 2023, antes da segunda avaliação, proibiu a comercialização de AUP. Em 2023, a Proporção de AUP não teve redução estatisticamente significativa (32,1% (27,5-36,8)), embora a Proporção de AIMPP ofertados tenha aumentado para 31,1% (28,3-33,8). O IS, que é uma medida síntese da qualidade da alimentação disponível, aumentou 12 pontos (57,4 (55,0-59,7)).
Conclusões/Considerações
Houve melhora da saudabilidade das cantinas cariocas, atribuída sobretudo ao aumento da oferta de AIMPP, mas sem redução significativa de AUP. Embora tenham ocorrido mudanças positivas em curto prazo após a nova norma, essas ainda são insuficientes. A regulamentação do ambiente alimentar escolar tem potencial transformador, mas sua efetivação no Rio de Janeiro exige ações de fiscalização e apoio à transição para um modelo de cantinas saudáveis.

Realização: