Programa - Comunicação Oral Curta - COC2.8 - Estratégias de promoção da alimentação adequada e do cuidado em saúde
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
ALIMENTAÇÃO COMO CONSTRUÇÃO COLETIVA PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE NOS TERRITÓRIOS DE MATRIZ AFRICANA
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz Brasília
Apresentação/Introdução
O estudo qualitativo em sete terreiros da RIDE-DF analisa a alimentação em territórios de matriz africana como prática de resistência cultural, construção comunitária e promoção da saúde. Destaca que a alimentação vai além do aspecto nutricional, fortalecendo saberes, vínculos sociais e rituais, especialmente na cerimônia do Olubajé, frente à insegurança alimentar.
Objetivos
Compreender como as práticas alimentares nos terreiros de matriz africana promovem saúde, fortalecem identidade e resistência cultural, articulando saberes ancestrais, espiritualidade, cuidado coletivo e soberania alimentar.
Metodologia
Adotou-se uma abordagem qualitativa, fundamentada na antropologia da alimentação e em métodos etnográficos. A pesquisa foi conduzida em sete terreiros na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (RIDE-DF), no âmbito do projeto ECOILÊ. Utilizaram-se observação participante, entrevistas semiestruturadas, diário de campo e técnica de história de vida, respeitando protocolos éticos e os códigos internos das comunidades. Este conjunto metodológico possibilitou captar as dimensões simbólicas, sociais e espirituais das práticas alimentares nos terreiros.
Resultados
Os resultados indicam que a alimentação nos terreiros de matriz africana transcende a nutrição, constituindo-se como elemento central na transmissão de saberes ancestrais e no fortalecimento das identidades afro-diaspóricas. As práticas alimentares reforçam vínculos comunitários e configuram-se como estratégias de resistência cultural, política e espiritual. A cerimônia do Olubajé sacraliza os alimentos, integrando dimensões simbólicas, terapêuticas e de bem-estar coletivo. Ademais, os terreiros promovem assistencialismo alimentar, fortalecendo redes solidárias e posicionando a alimentação como tecnologia social e instrumento de cura integral em diálogo crítico com modelos biomédicos hegemônicos.
Conclusões/Considerações
A alimentação nos terreiros de matriz africana fortalece identidade, saúde integral e espiritualidade. Mais que nutrir, preserva saberes ancestrais, promove cuidado coletivo e resistência cultural. Reconhecer essas práticas como patrimônio e estratégia de promoção da saúde é essencial para sociedades mais justas, valorizando a diversidade de epistemologias no campo alimentar e da saúde coletiva.
DESAFIOS E POTENCIALIDADES DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE NO CUIDADO A PESSOAS COM SOBREPESO E OBESIDADE NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO - RJ
Comunicação Oral Curta
1 UERJ e SMS-RIO
2 UERJ
Apresentação/Introdução
O excesso de peso tem sido considerado um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, apresentando crescentes prevalências em todas as fases da vida. Torna-se premente investir na atenção à saúde das pessoas nessa condição, assegurando um cuidado integral, que contemple a promoção da saúde, a prevenção, o tratamento e a reabilitação, tendo a Atenção Primária à Saúde (APS) como ponto de partida
Objetivos
Analisar a organização do cuidado a pessoas com sobrepeso e obesidade no município de São Gonçalo-RJ, com o foco na construção e implementação de uma Linha de Cuidado específica, identificando os desafios e potencialidades desse processo.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter analítico-interpretativo com base no estudo de caso e fundamentada no referencial de Redes de Atenção à Saúde (RAS), integralidade do cuidado e dimensões da gestão do cuidado em saúde. Foram utilizados dados secundários de bases oficiais e registros municipais, além de 13 entrevistas semiestruturadas e 4 grupos focais (38 participantes), com gestores e profissionais da Secretaria Municipal de Saúde e da APS. A análise abrangeu as dimensões: Sistêmica, Organizacional, Profissional e Macro/Microprocessos de Linha de Cuidado, considerando a trajetória da Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade (LCSO) no município de São Gonçalo.
Resultados
A RAS municipal passou por melhorias na infraestrutura e conta com ações, serviços, estratégias e programas que podem apoiar a LCSO. Entretanto, há forte fragmentação entre seus níveis de atenção com práticas descontínuas, ausência de protocolos e fluxos para o cuidado das pessoas com sobrepeso e obesidade e fragilidades nos papéis da APS. A construção da LCSO foi protagonizada pela Área Técnica de Alimentação e Nutrição, porém não se institucionalizou pela reduzida força política da Área. A implementação enfrenta entraves como a rotatividade de profissionais, interferências político-partidárias, vínculos de trabalho precários e ausência de políticas de educação permanente.
Conclusões/Considerações
A consolidação da LCSO exige vontade política de atores com poder de decisão, esforços intersetoriais, fortalecimento da governança da APS, institucionalização de práticas, articulação entre os pontos da RAS, investimentos na organização dos serviços, ampliação e qualificação de profissionais e superação das limitações da rede especializada. Assim, pode-se alcançar uma atenção integral, longitudinal e centrada na pessoa.
ATUAÇÃO DOS NUTRICIONISTAS DE EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS DE SAÚDE COM POPULAÇÕES EM PROCESSOS DE VULNERABILIDADE SOCIAL
Comunicação Oral Curta
1 ESP/CE
2 ISC/UFBA
Apresentação/Introdução
Os processos de vulnerabilidade social trazem impactos negativos nas condições de saúde, no aumento das doenças e na perda da qualidade de vida. Esse cenário impõe desafios à atuação dos nutricionistas na Atenção Primária à Saúde, que lidam com as consequências das desigualdades e com os impactos do desmonte das políticas de Segurança Alimentar e Nutricional ocorridas nos últimos anos.
Objetivos
O estudo objetiva compreender as percepções dos nutricionistas das equipes multiprofissionais sobre a atuação com populações em situações de vulnerabilidade social, e analisar as perspectivas e desafios da atuação nestes contextos.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, realizado com nutricionistas que atuaram em equipes multiprofissionais na Atenção Primária à Saúde entre 2018 e 2023, período marcado pelo agravamento da fome no Brasil. A produção dos dados ocorreu por meio de entrevistas individuais, semiestruturadas, realizadas presencialmente ou de forma remota. As informações foram organizadas e interpretadas com base na técnica de análise de conteúdo. A análise resultou em cinco categorias temáticas: perspectivas da atuação, percepções sobre a vulnerabilidade social, desafios do cuidado, estratégias de intervenção e recomendações para o fortalecimento da atenção integral.
Resultados
Os relatos evidenciam que a dificuldade de acesso a alimentos, a escassez de recursos e a fragilidade da articulação com a rede de saúde e intersetorial geram frustração e sentimento de impotência nos nutricionistas diante das demandas complexas. Como estratégias, destacam-se a atuação interprofissional e intersetorial, o fortalecimento do vínculo, a humanização do cuidado e os grupos de promoção da saúde, que, mesmo sem foco específico na vulnerabilidade social, favorecem a identificação de demandas. A educação popular, a educação alimentar, a escuta qualificada e a articulação com outras políticas públicas foram citadas como caminhos para um cuidado ampliado, integral e resolutivo.
Conclusões/Considerações
O estudo destacou a atuação dos nutricionistas em equipes multiprofissionais frente à vulnerabilidade social, evidenciando desafios, estratégias e a importância da formação baseada nas experiências nos territórios. Ressaltou a necessidade de considerar os Determinantes Sociais da Saúde no cuidado. Limitações incluem o recorte geográfico, indicando a necessidade de estudos em diferentes contextos.
PROMOÇÃO DA INTERSETORIALIDADE EM NÍVEL LOCAL VOLTADA AO CUIDADO DA OBESIDADE INFANTIL: AS INTERAÇÕES ENTRE PROTEJA E PSE
Comunicação Oral Curta
1 UFPR
2 Unicesumar
3 UFAL
Apresentação/Introdução
Diante do crescimento da obesidade infantil no Brasil, o Ministério da Saúde instituiu o PROTEJA – Estratégia Nacional de Prevenção e Atenção à Obesidade. Em 2021, 1320 municípios pactuaram a implementação de ações para a reorganização do cuidado relativo à obesidade infantil, buscando também fortalecer programas e estratégias correlatas vigentes como o Programa Saúde na Escola (PSE).
Objetivos
A partir da perspectiva teórica do conceito de dependência de trajetória, avaliar se as articulações intra e intersetoriais durante a implementação do PROTEJA impulsionaram as ações no âmbito do PSE.
Metodologia
Trata-se de pesquisa de triangulação de métodos abrangendo os 35 municípios selecionados para o eixo qualitativo da avaliação da implementação do PROTEJA. Os municípios eram provenientes das 5 regiões e possuíam diferentes níveis socioeconômicos e de desempenho no cumprimento das metas do PROTEJA. Os métodos triangulados foram as análises de conteúdo das entrevistas realizadas com responsáveis técnicos do PROTEJA (percepções sobre as interações intersetoriais) e dos questionários aplicados prospectivamente para o monitoramento da implementação e a análise dos indicadores vinculados aos repasses financeiros anuais (desempenho). Os dados foram codificados e analisados no software ATLAS.ti.
Resultados
Os municípios que articularam apoio intra e intersetorial tal como proposto pelo PROTEJA conseguiram atingir o objetivo de catalisar programas já existentes nos territórios, como é o caso do PSE, superando a dependência de trajetória relativa a práticas limitadas e de cunho biomédico relativas ao cuidado infantil, rumo a um conjunto mais amplo de ações intersetoriais. Já aqueles que mantiveram a dependência de trajetória em relação ao PSE tiveram dificuldades de articular trabalho intersetorial mais amplo e efetivo, apresentando dificuldades para a construção e/ou pleno funcionamento do grupo de trabalho intersetorial, uso dos recursos e efetivação de ações intersetoriais.
Conclusões/Considerações
As lições aprendidas em relação à implementação do PROTEJA mostram que, para se romper com dependência de trajetória ligada a ações restritas, de cunho biomédico e realizadas sem um planejamento estratégico, devem coexistir programas com objetivos mais gerais, como é o caso do PSE, e programas mais específicos como o PROTEJA, para catalisar objetivos e processos de trabalho intersetoriais específicos para os territórios em questão.
GUIA ALIMENTAR PARA MENORES DE 2 ANOS: ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL NA INTRODUÇÃO ALIMENTAR EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Comunicação Oral Curta
1 Fundação Oswaldo Cruz - Distrito Federal
2 SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL
Período de Realização
Março de 2025 a junho de 2025.
Objeto da experiência
Guia Alimentar para menores de 2 anos como apoio à introdução alimentar em famílias vulneráveis da Atenção Primária à Saúde.
Objetivos
Promover práticas alimentares saudáveis na introdução de alimentos para crianças menores de dois anos; fortalecer a segurança alimentar; ampliar o vínculo entre equipe de saúde e famílias vulneráveis; e reduzir a oferta precoce de alimentos ultraprocessados.
Metodologia
A experiência ocorreu em uma UBS do Distrito Federal, em área periférica. Foram realizados grupos quinzenais com pais, utilizando o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos. As ações incluíram rodas de conversa, atendimentos individuais e antropometria. A parceria com a eSF aumentou a adesão das famílias aos grupos. A estratégia buscou qualificar a orientação sobre introdução alimentar e fortalecer o cuidado integral na Atenção Primária à Saúde.
Resultados
Cerca de 50 pessoas participaram, em sua maioria mulheres. Observou-se maior adesão ao aleitamento materno exclusivo até seis meses e à introdução de alimentos in natura, com redução de ultraprocessados. As mães demonstraram mais autonomia no preparo das refeições. A antropometria mostrou bom desenvolvimento das crianças em AME. A experiência fortaleceu o vínculo entre profissionais de saúde e comunidade, promovendo práticas alimentares mais saudáveis.
Análise Crítica
A experiência ressaltou a importância da abordagem educativa e intersetorial da nutrição na introdução alimentar saudável, especialmente em contextos vulneráveis, onde renda, gênero e raça influenciam a insegurança alimentar. O trabalho multiprofissional com nutricionista, eSF e ACS fortaleceu o vínculo e o acompanhamento. É fundamental ampliar políticas públicas que garantam o direito e o acesso à alimentação adequada.
Conclusões e/ou Recomendações
A promoção da introdução alimentar adequada para crianças menores de 2 anos na APS é fundamental para a educação alimentar, a redução das desigualdades e a promoção da saúde infantil. É imprescindível fortalecer políticas públicas intersetoriais que incentivem a atuação multiprofissional, apoiando as famílias no desenvolvimento da autonomia para escolhas alimentares saudáveis.
AMBIENTE ALIMENTAR NO ENTORNO DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA CIDADE DE SÃO PAULO
Comunicação Oral Curta
1 Unifesp
Apresentação/Introdução
A avaliação do ambiente alimentar investiga a disponibilidade de alimentos no território. O consumo alimentar é determinado pela renda, acesso, habilidades culinárias, recursos e conhecimento sobre nutrição. Pessoas com restrição a esses recursos têm uma capacidade limitada a resistir às tentações dos ambientes alimentares obesogênicos, aumentando o risco de doenças crônicas não transmissíveis
Objetivos
Avaliar o ambiente alimentar do entorno de Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Metodologia
Estudo ecológico do entorno de 20 UBS da cidade de São Paulo. A avaliação do ambiente alimentar é realizada utilizando-se o instrumento de auditoria do ambiente alimentar AUDIT-NOVA. Este instrumento avalia os produtos, variedade e preços de alimentos e bebidas em estabelecimentos como supermercados, açougues, sacolão, mercado e hortifrutis no raio de 400m de cada UBS do estudo. Os dados dos comércios avaliados foram agregados nas áreas de cada UBS e calculadas as seguintes variáveis: número, proporção e densidade (número/km2) de comércios classificados de acordo com a oferta predominante de alimentos, in natura, processados ou ultra processados.
Resultados
Foram coletados dados do ambiente alimentar no entorno de 20 UBS da cidade de São Paulo, sendo 4 na zona norte, 6 na região sudeste, 6 na zona Sul e 4 na zona leste. Foram 131 estabelecimentos auditados sendo 20 açougues, 27 hortifrutis, 79 mercados pequenos (de rede ou de bairro), 2 supermercados e 3 estabelecimentos em outras categorias. Em relação ao grupo alimentar predominante nos estabelecimentos auditados, em 37% deles foram os alimentos ultra processados, seguidos pelos in natura com predominância em 35% dos estabelecimentos e os processados com predominância em 28% dos estabelecimentos.
Conclusões/Considerações
Este estudo identifica a predominância de alimentos ultra processados concorrendo com a oferta de frutas, verduras e legumes para a população que mora no entorno das UBS analisadas. Espera-se que este mapeamento auxilie no debate da comunidade local, profissionais de saúde e gestores públicos na priorização de ações e políticas públicas que promovam maior eficiência nos sistemas alimentares locais.
REESTRUTURAÇÃO DO CUIDADO NUTRICIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE COMO ESTRATÉGIA PARA REDUÇÃO DE FILAS, PRIORIZAÇÃO DE VAGAS E AMPLIAÇÃO DO ACESSO
Comunicação Oral Curta
1 Missão Sal da Terra
Período de Realização
A experiência a ser relatada iniciou-se em junho de 2024 e está em vigência até o momento.
Objeto da experiência
Reestruturação do cuidado nutricional a partir da organização e padronização das agendas e definição de critérios de encaminhamento.
Objetivos
A reestruturação do cuidado nutricional na atenção primária à saúde teve como objetivos: organizar e padronizar as agendas dos nutricionistas; definir critérios de encaminhamentos para o serviço de nutrição; otimizar e priorizar vagas; reduzir filas de espera e ampliar o acesso.
Descrição da experiência
A experiência a ser apresentada aconteceu em etapas: organização e padronização das agendas dos nutricionistas, com horários protegidos para as diferentes atividades; montagem da agenda de grupos; definição de critérios de encaminhamento para o serviço de nutrição, estabelecendo quais pacientes serão encaminhados para grupo e quais serão encaminhados para atendimento individualizado; e capacitação com a equipe responsável pelos encaminhamentos e agendamentos para informar sobre o novo fluxo.
Resultados
Com as mudanças implementadas, o agendamento individual e sem critérios, que gerava filas de espera de até cinco meses, foi substituído por um modelo mais estruturado. Casos prioritários mantêm agendamento individual, e os demais são agendados em grupos conforme critérios definidos. Houve redução do tempo de espera para até dois meses ou até semanas em algumas unidades, priorização de casos urgentes, redução do absenteísmo e ampliação do acesso com maior oferta de vagas para atendimento em grupo.
Aprendizado e análise crítica
A reestruturação do cuidado nutricional na atenção primária foi essencial para obter um serviço mais organizado e equitativo. Além da redução das filas de espera e priorização das vagas, houve organização e padronização das agendas dos profissionais para que tivessem tempo hábil de realizar todas as atividades requiridas. As agendas possuem vagas para os atendimentos individuais e horários protegidos para reunião, demandas administrativas, visitas domiciliares, atendimento em grupo e retornos.
Conclusões e/ou Recomendações
A adoção de estratégias relativamente simples, centradas no planejamento e na organização dos processos de trabalho, demonstrou-se eficaz na qualificação do cuidado e na promoção de um serviço mais equitativo e resolutivo. Os resultados positivos evidenciam o potencial de replicação em outros contextos da Atenção Primária à Saúde, reforçando a relevância do planejamento e da organização para a melhoria contínua da qualidade do cuidado ofertado.
ELABORAÇÃO DE DESENHO AVALIATIVO PARA INTERVENÇÃO EM ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE COM BASE NO MODELO DE HABICHT
Comunicação Oral Curta
1 Beneficência Portuguesa de São Paulo – BP
2 NUPENS/USP
Apresentação/Introdução
O QualiGuia APS é um projeto de intervenção para qualificação da Atenção Primária à Saúde (APS) de 120 municípios de pequeno porte, na Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) e Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS), no âmbito do PROADI-SUS. A avaliação de intervenções avalia programas nos serviços de saúde. Para tanto, o modelo de Habicht é uma referência para orientar esse processo.
Objetivos
O objetivo deste estudo é elaborar um desenho avaliativo para uma intervenção em alimentação e nutrição na APS com base no modelo avaliativo de Habicht.
Metodologia
A construção do desenho avaliativo foi baseada no modelo de Habicht, que propõe uma abordagem para avaliar programas de saúde pública, a partir de dois eixos: os tipos de indicadores necessários para a avaliação (oferta, utilização, cobertura e impacto) e de inferência causal (adequação, plausibilidade ou probabilidade).
Para elaborar o desenho, foram realizadas as seguintes etapas: leitura do artigo, análise documental do projeto e definição dos indicadores avaliativos correspondentes a cada dimensão do modelo. A seleção dos indicadores e a estruturação do desenho foram validadas em reuniões técnicas com especialistas em nutrição e a coordenação científica do projeto.
Resultados
A qualificação profissional e o apoio às ações de PAAS e VAN foram definidos como indicadores de oferta, pois avaliariam a disponibilidade das atividades formativas e de apoio. O número de profissionais participantes foi considerado indicador de utilização, que mensuraria o uso do serviço ofertado. O percentual de profissionais do município envolvidos nas ações foi considerado cobertura, pois verificaria o alcance desejado. As informações do SISVAN foram os indicadores de impacto, pois analisariam mudanças no desempenho do município na VAN.
Com relação à inferência causal, a avaliação encontra-se no nível de adequação, buscando identificar se a intervenção alcançou os objetivos estabelecidos.
Conclusões/Considerações
A elaboração do desenho avaliativo com base no modelo de Habicht facilita a avaliação prática da intervenção, pois a classificação dos indicadores e da inferência proporciona uma estrutura sistemática. A avaliação sistemática permite verificar os efeitos reais da intervenção e contribui para o aprimoramento e desenvolvimento de futuras ações em alimentação e nutrição na APS.
ESTRUTURA E PROCESSOS DE TRABALHO: CRECHES PÚBLICA COMO ESPAÇO PROMOTOR DO ALEITAMENTO MATERNO (AM)
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Pernambuco
Apresentação/Introdução
A entrada das crianças nas creches é um fator contribuinte à interrupção do AM, com poucas mantendo-o após seis meses ou exclusivamente. A falta de diretrizes nacionais obrigatórias é uma barreira crucial. É necessários políticas claras e integração com a saúde, transformando as creches em verdadeiros espaços de apoio e incentivo ao AM
Objetivos
Analisar a estruturação e os processos de trabalho das creches públicas com berçário do Recife, identificando os elementos que contribuem para promoção do aleitamento materno (AM) e o desenvolvimento pleno infantil
Metodologia
Foram entrevistados 17 gestores de creches públicas com berçários no município do Recife. O instrumento de coleta de dados foi um questionário semiestruturado, elaborado para abranger diversos aspectos cruciais. As perguntas exploraram desde a cobertura e a atuação da Estratégia Saúde da Família (ESF) no espaço das creches até a existência de ações de saúde específicas. Também foram investigados a estrutura disponível para o aleitamento materno e o nível de capacitação dos funcionários para apoiar essa prática.
Resultados
Dos 17 gestores que responderam ao formulário, observou-se que apenas 29,4% relataram a realização de atividades de educação com temática de aleitamento materno voltadas à comunidade escolar no ano vigente. O treinamento dos profissionais do berçário sobre ordenha, armazenamento e oferta do leite materno foi ainda menos frequente, sendo mencionado por apenas 23,5% das unidades. Já as ações de incentivo e promoção do aleitamento materno com as famílias das crianças estiveram presentes em 47,1% das respostas. A atuação do Programa Saúde na Escola foi registrada em 58,8% das unidades, enquanto 88,2% dos gestores relataram que existem mães que continuam amamentando seus filhos.
Conclusões/Considerações
Pode-se concluir que, apesar do baixo incentivo atual, mães relatam continuidade do AM. Isso sugere que, ao transformar as creches em espaços de apoio efetivo, a oferta de leite materno seria uma realidade no espaço, fortalecendo a prática e contribuindo para o desenvolvimento integral. Assim, são essenciais estruturação política, capacitação das equipes e ações integradas com a saúde.
Realização: