
Programa - Comunicação Oral Curta - COC23.8 - Cuidados Paliativos, Planejamento Regional e Acesso a Serviços
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
A RENOVAÇÃO DO PARQUE TECNOLÓGICO DO INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA): A DEPENDÊNCIA DE EMENDAS PARLAMENTARES COMO UM SINTOMA DE SUBFINANCIAMENTO ESTRUTURAL
Comunicação Oral Curta
1 INCA/MS
Período de Realização
Captação de emendas parlamentares via Portfólio anual de investimentos entre os anos de 2022 e 2024
Objeto da experiência
Elaboração de Portfólio de prioridades institucionais para atualização do parque tecnológico do INCA (equipamentos médico-hospitalares e de pesquisa).
Objetivos
Ampliar a captação de emendas parlamentares, a fim de viabilizar a renovação do parque tecnológico do INCA, por meio da aquisição de novos equipamentos médico-hospitalares e de pesquisa. Estratégia adotada para compensar a limitação orçamentária dos recursos federais destinados a investimentos.
Metodologia
O Portfólio do INCA, elaborado anualmente com as prioridades institucionais, contém o nome do equipamento, a sua finalidade, o valor estimado e os benefícios advindos da aquisição. Este portfólio é constituído a partir das demandas das áreas finalísticas e depois validado na Comissão de Orçamento e Gestão, instância deliberativa responsável pela gestão orçamentária do Instituto. Após a validação, o portfólio de investimentos é apresentado diretamente aos parlamentares pela Direção-Geral.
Resultados
Ao longo dos últimos três anos houve um incremento significativo na captação de recursos por emenda parlamentar, saindo do patamar de 4,71 milhões de reais em 2022 para 14,34 milhões em 2024. De 2023 para 2024, o aumento na captação foi de 64%. Alguns dos equipamentos médico-hospitalares e de pesquisa adquiridos: mamógrafo, oftalmoscópio, neuronavegador, videogastroscópio, videocolonoscópio, dermatoscópio, ultrassom intraoperatório, sequenciador genético de larga escala e citômetro de fluxo.
Análise Crítica
A apresentação do Portfólio de prioridades mostrou-se eficaz ao ampliar a captação de recursos. No entanto, é insustentável que uma instituição de Ciência e Tecnologia dependa de emendas parlamentares para dispor de um parque tecnológico moderno e inovador, à altura de sua relevância nacional. O financiamento público, no caso do INCA exclusivamente federal, precisa ser suficiente para as suas demandas e necessidades, o que não tem acontecido, em especial, para investimentos.
Conclusões e/ou Recomendações
O trabalho revela que a sistematização das prioridades institucionais de investimentos em um Portfólio conferiu credibilidade à Instituição, tendo sido um ponto favorável para o processo de captação de emendas junto aos parlamentares. O aumento de recursos captados tem contribuído para a atualização do parque tecnológico, diante da insuficiência do orçamento próprio frente às crescentes demandas de incorporação de novas tecnologias na Oncologia.
AVALIAÇÃO DE CUSTO-EFETIVIDADE DA INSERÇÃO DE DIU POR ENFERMEIROS NA REDE PÚBLICA DE PERNAMBUCO: ANÁLISE DE DECISÃO POR MODELO DE MARKOV
Comunicação Oral Curta
1 UFPE
2 IFPE
3 UPE
Apresentação/Introdução
A inserção de dispositivos intrauterinos (DIU) por enfermeiros pode ampliar a oferta no Sistema Único de Saúde (SUS). Diante da baixa prevalência de uso, gravidezes indesejadas e desperdício de insumos na rede de atenção à saude, torna-se relevante avaliar o custo-efetividade em curto prazo da capacitação desses profissionais para ampliação da oferta.
Objetivos
Analisar o custo-efetividade da ampliação da oferta de DIU por enfermeiros capacitados na rede pública de Pernambuco, utilizando modelo de decisão econômica baseado em Markov.
Metodologia
Trata-se de uma avaliação econômica, por modelo de Markov, realizada no software TreeAge® Pro Healthcare 2023. Foram simulados quatro cenários de ampliação da oferta de DIU no SUS: cenário atual em Pernambuco (0,24) e projeções de aumento de oferta para 2%, 3,2% e 4%. Consideraram-se custos diretos com capacitação, insumos e procedimentos, usando custeio por absorção. Os efeitos foram medidos em anos de vida ajustados por qualidade (QALY). A robustez foi testada por análises de sensibilidade determinística e probabilística com 10.000 interações Monte Carlo.
Resultados
O cenário com oferta de 2% (cenário 1) foi o mais custo-efetivo, com custo incremental de R$ 16.382,00 por QALY e ganho de 0,2 QALY em comparação ao cenário atual. Os cenários com 3,2% e 4% foram dominados por apresentarem maior custo e menor efetividade. A análise de sensibilidade reforçou a robustez do modelo, com o cenário 1 permanecendo como o mais vantajoso mesmo em variações de parâmetros. A ampliação controlada da oferta, associada à capacitação de enfermeiros, mostra-se eficaz para melhorar indicadores reprodutivos e otimizar os recursos do SUS.
Conclusões/Considerações
Capacitar enfermeiros para inserção de DIU é uma estratégia custo-efetiva, capaz de ampliar o acesso e reduzir gravidezes indesejadas. O cenário com 2% de oferta representa equilíbrio entre impacto clínico e viabilidade econômica. A adoção dessa medida pode melhorar a eficiência do SUS e apoiar políticas públicas baseadas em evidências para saúde sexual e reprodutiva.
DESAFIOS NA ASSISTÊNCIA À MULHER DURANTE O CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL EM CUIABÁ - MATO GROSSO
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Mato Grosso
2 Instituto de Saúde Coletiva - Universidade Federal de Mato Grosso
Apresentação/Introdução
A mortalidade materna segue como um importante desafio de saúde pública, refletindo desigualdades no acesso e na qualidade do cuidado às gestantes. O estado de Mato Grosso apresenta razão de mortalidade materna acima da média nacional, evidenciando limitações na organização dos serviços e na articulação entre os níveis de atenção.
Objetivos
Analisar a percepção dos profissionais de saúde de hospitais de referência ao ciclo gravídico-puerperal de Cuiabá sobre os desafios na assistência à gestante, em relação ao hospital e à rede de atenção.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, realizada em hospitais de referências para o cuidado materno no município de Cuiabá. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas realizadas de maio a agosto de 2024, com profissionais de saúde que atuam nos três hospitais com leito SUS, sendo um hospital de referência para risco habitual, e dois hospitais referência para gestação de alto risco. A questão disparadora da entrevista referia-se aos principais desafios à assistência à gestante no hospital e na rede de serviços. A pesquisa seguiu os critérios éticos para pesquisas envolvendo seres humanos e possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFMT.
Resultados
Os dados indicam fragilidades no pré-natal e alta demanda associada a recursos limitados. Em relação às fragilidades do pré-natal: falta de informação e de preparo das gestantes quando chegam ao hospital; as gestantes desconhecem o processo de parto, dificultando o atendimento hospitalar; o histórico do pré-natal não apresenta informações para a equipe de saúde do parto; é comum encontrar mulheres sem a realização mínima de seis consultas de pré-natal ou sem os exames mínimos de pré-natal. Em relação a alta demanda e recursos limitados: quantitativo de leitos insuficientes e; em alguns deles, o dimensionamento da equipe inadequado, comprometendo o tempo de dedicação individual às mulheres.
Conclusões/Considerações
A partir dos resultados, destaca-se que o enfrentamento da mortalidade materna implica no fortalecimento da Rede de Atenção à Saúde, a partir da Atenção Primária em Saúde, qualificação das equipes e processos de trabalho, e investimento na infraestrutura dos serviços. A participação dos profissionais pode ser essencial para a efetivação de práticas que assegurem o cuidado integral voltado às necessidades das gestantes.
DESEMPENHO DAS TECNOLOGIAS DE MEDICINA NUCLEAR NO ESTADO DE SÃO PAULO (2021–2024)
Comunicação Oral Curta
1 Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN)
Apresentação/Introdução
A medicina nuclear é uma especialidade que utiliza radiofármacos para o diagnóstico e tratamento de doenças complexas, a exemplo das doenças cardíacas, neurológicas e oncológicas. Embora São Paulo seja o estado com maior número de Instalações de Medicina Nuclear no Brasil, enfrenta dificuldades na universalização de acessos a essas tecnologias.
Objetivos
Avaliar o desempenho dos serviços de medicina nuclear no Estado de São Paulo; Identificar os fatores que influenciam o acesso aos serviços de medicina nuclear.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa, no período de 2021–2024, a partir de fonte de dados secundários obtidos por meio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA), da Tabela Unificada de Procedimentos do SUS (SIGTAP), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A análise estatística compreende a avaliação de frequências absolutas e das variáveis por número de habitantes.
Resultados
Os serviços de medicina nuclear cresceram 22% em São Paulo entre 2021 e 2024. Foram realizados 184.605 procedimentos de diagnósticos por imagem, correspondendo a 4,15 procedimentos por 1.000 habitantes. A cintilografia foi o principal exame, com 180.963 registros e crescimento de 27% e a cintilografia do miocárdio registrou 54.731 atendimentos. No campo terapêutico, a Iodoterapia com dose de 50 mCi, registrou 38 atendimentos. O estado conta com 228 câmaras gama e 35 PET-CT cadastrados no CNES, 127 instalações autorizadas pela CNEN, atendendo, em média, 194 mil e 1,26 milhão de habitantes. Existem regiões com ausência ou baixa oferta dos serviços, indicando vazios assistenciais.
Conclusões/Considerações
O número de locais com instalações de equipamentos de Medicina Nuclear registrados na CNES é superior as instalações autorizadas pela CNEN. Os procedimentos de terapias são de baixa produção anual. Verifica-se que há informações detalhadas que não constam nas fontes de dados disponíveis, para oferecer um estudo mais detalhado para medidas de um atendimento equilibrado, de qualidade e acessível a população do Estado de São Paulo.
FATORES ASSOCIADOS À SOBREVIDA DE PACIENTES COM CÂNCER DE PRÓSTATA NO ESTADO DE SÃO PAULO
Comunicação Oral Curta
1 USP
Apresentação/Introdução
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre homens, representando 13,1% das mortes por câncer na população masculina brasileira em 2019. A Lei 12.732/2012 exige que pacientes diagnosticados com câncer iniciem o tratamento no SUS até 60 dias após o laudo. Este estudo visa avaliar o cumprimento dessa lei e sua relação com desfechos clínicos e econômicos.
Objetivos
Analisar os fatores vinculados ao tempo de sobrevida de pacientes com cancer de próstata no estado de São Paulo, especialmente tempo entre diagnóstico e início do tratamento.
Metodologia
Foram utilizados dados individuais de pacientes diagnosticados com câncer de próstata entre janeiro de 2000 e junho de 2020, disponibilizados pela Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP). As análises estatísticas foram conduzidas por meio de modelos de sobrevida no software Stata (versão 17). Foram avaliados fatores potencialmente relacionados à sobrevida dos pacientes, como idade, escolaridade, estadiamento, tempo até início do tratamento, tipo de tratamento, presença de recidiva e custos segundo tipo de tratamento.
Resultados
Observou-se maior sobrevida entre pacientes mais jovens, com menor intervalo entre diagnóstico e início do tratamento, maior escolaridade, menor gravidade no estadiamento e ausência de recidiva. Pacientes tratados com cirurgia apresentaram melhores desfechos clínicos. A radioterapia e a quimioterapia apresentaram melhor relação entre custo e efetividade no tratamento de câncer de próstata no período entre o diagnóstico e o início do tratamento, enquanto estratégias combinadas (incluindo cirurgia, radioterapia, quimioterapia e/ou hormonioterapia conjuntamente) apresentaram melhor relação entre custo e efetividade após o início do tratamento.
Conclusões/Considerações
A sobrevida de pacientes com câncer de próstata está substancialmente relacionada à agilidade no início do tratamento, ao nível de escolaridade e à gravidade clínica. Os achados destacam a importância do diagnóstico precoce e da efetiva implementação da Lei dos 60 dias como estratégia de promoção da equidade em saúde e de otimização de recursos no sistema público.
ITINERÁRIOS DE PACIENTES ELEGÍVEIS A CUIDADOS PALIATIVOS NA REDE PÚBLICA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS
Comunicação Oral Curta
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
A universalidade do Sistema Único de Saúde (SUS), o aumento de doenças crônicas e da expectativa de vida da população geral demandam redes de atenção integradas para atender necessidades progressivamente mais complexas dos usuários, sobretudo dos elegíveis aos cuidados paliativos (CP). Este estudo aborda seu itinerário na rede pública da Região Metropolitana de Campinas (RMC).
Objetivos
Analisar os itinerários de pacientes elegíveis a CP na rede pública, identificando os pontos de transição do cuidado e propor estratégias para otimizar a continuidade da assistência.
Metodologia
Pesquisa descritiva, baseada na análise de documentos oficiais sobre as Redes de Atenção à Saúde (RAS) e o Plano de Ação Regional da Rede de Urgência e Emergência (PAR-RUE) da RMC. Incluiu a revisão de conceitos de RAS, atenção primária à saúde (APS) e CP. O PAR-RUE forneceu dados demográficos, epidemiológicos e a estrutura dos serviços de saúde em Campinas. Foram aplicados questionários e realizadas entrevistas com trabalhadores da rede municipal, que ocupam papéis cruciais na definição de fluxos assistenciais na rede. Os dados foram analisados qualitativamente. (CAAE:83590424.4.0000.5404)
Resultados
Embora robusta em urgência/emergência, apresenta fragmentação e insuficiência de leitos de cuidados prolongados e equipes de atenção domiciliar/paliativa. A APS é central, mas a conexão com outros níveis é frágil para pacientes portadores de doenças graves, ameaçadoras da vida. Identificou-se a necessidade de expandir equipes de cuidados paliativos, qualificar profissionais, e fortalecer a integração digital e de fluxos entre APS, UPA, SAMU e hospitais. Protocolos de transferência de cuidado são essenciais para a continuidade assistencial, especialmente para pacientes de alta complexidade, com necessidades peculiares e complexas.
Conclusões/Considerações
A pesquisa identificou que há fragilidade nos pontos de transição de cuidados e dificuldades para o manejo adequado dos pacientes elegíveis a CP nos diversos equipamentos. Reiteramos a necessidade do fortalecimento da RAS da RMC, com a integração efetiva entre os pontos de atenção, a expansão e qualificação das equipes de cuidados paliativos, e a garantia de continuidade do cuidado como maneiras de assegurar uma assistência humanizada e integral.
PERCEPÇÃO DE GESTORES LOCAIS EM MUNICÍPIOS DE SÃO PAULO NA IMPLEMENTAÇÃO DO PROTEJA: BARREIRAS E FACILITADORES.
Comunicação Oral Curta
1 Faculdade de Saúde Pública / USP
Apresentação/Introdução
A obesidade infantil tem aumentado em diversos países e se tornado uma emergência de saúde pública. A Estratégia de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil (PROTEJA) foi um programa intersetorial impulsionado pelo Ministério da Saúde, vigente de 2021 a 2023, visando conter o avanço da obesidade infantil por meio de ações pactuadas com municípios no âmbito do Sistema Único de Saúde (Brasil, 2022).
Objetivos
Identificar barreiras e facilitadores percebidos por gestores e profissionais de saúde no processo de implementação do PROTEJA em municípios paulistas de pequeno porte.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo realizado em cinco municípios do estado de São Paulo que aderiram ao PROTEJA. A seleção dos municípios considerou critérios como a adesão ao programa e a prevalência de obesidade infantil. Foram realizadas 12 entrevistas com gestores municipais e responsáveis técnicos do PROTEJA. A identificação inicial dos atores chaves foi feita por análise documental, sendo complementada por amostragem bola de neve. As entrevistas foram guiadas por um roteiro semiestruturado, foram gravadas, transcritas e analisadas com suporte do software NVivo, seguindo a abordagem temática indutiva proposta por Braun e Clarke (2006).
Resultados
Foram identificadas seis categorias temáticas referentes às barreiras e quatro aos facilitadores. As principais barreiras incluíram baixo envolvimento do gestor da saúde, alta rotatividade e sobrecarga de profissionais, fragilidades na articulação intersetorial e resistência das escolas privadas. Além disso, nota-se a ausência de protocolos de implementação e desconhecimento de materiais técnicos previstos pelo PROTEJA. Como facilitadores, destacaram-se o apoio técnico e financeiro do programa, o envolvimento de prefeitos, a integração com ações de rotina da Atenção Primária à Saúde e a articulação com políticas como o Programa Saúde na Escola, que já promovia práticas alimentares saudáveis.
Conclusões/Considerações
A análise do processo de implementação do PROTEJA evidencia a importância de programas integrados com a rotina da Atenção Primária à Saúde. O estudo revela que a indução técnica e financeira é estratégica, mas insuficiente sem o engajamento do gestor local e da articulação intersetorial. Recomenda-se que políticas e programas considerem as especificidades locais, promovendo adaptações que reforcem a autonomia municipal e a efetividade das ações.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E ANÁLISE DE CUSTOS DO CÂNCER COLORRETAL ESTÁGIO II EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL
Comunicação Oral Curta
1 Laboratório de Patologia Molecular do Câncer, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil
2 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil
3 Laboratório de Patologia Molecular do Câncer, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil.
4 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil; Instituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde (IATS), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Apresentação/Introdução
O câncer colorretal (CCR) é a terceira neoplasia mais incidente no Brasil, com cerca de 46 mil casos anuais. Dados sobre custos e uso de recursos no tratamento de casos não metastáticos no SUS ainda são escassos. Compreender esse cenário é essencial para qualificar a gestão, o planejamento e o cuidado oncológico.
Objetivos
Analisar o perfil epidemiológico, a utilização de recursos e os custos do tratamento de pacientes com CCR II após cirurgia, utilizando uma abordagem de microcusteio e dados de mundo real, na perspectiva do SUS.
Metodologia
Estudo descritivo e retrospectivo que analisou dados de 13 pacientes com CCR estágio II submetidos à ressecção tumoral no Hospital Universitário de Brasília. Foram incluídos pacientes diagnosticados com CCR II e submetidos à cirurgia entre 2014 e 2017, garantindo três anos de acompanhamento sem interferência do período da pandemia de COVID-19. As informações foram extraídas de prontuários eletrônicos, incluindo características clínicas e histológicas, conduta terapêutica, consultas, exames e hospitalizações. A análise de custos adotou a abordagem de microcusteio. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
Resultados
Dos 13 pacientes incluídos, a maioria era do sexo masculino (n=8; 62%), com mediana de idade de 60 anos (IQR 25-75: 52–66). Tumores retais foram os mais frequentes (n=6; 46%). Onze pacientes(85%) apresentavam alto risco de recidiva, dois (15%) evoluíram com recidiva e um (8%) foi a óbito. O custo mediano total do tratamento foi de R$ 9.488,32 (IQR: R$ 6.346,83 – R$ 15.681,82) no primeiro ano, reduzindo para R$ 879,82 (IQR: R$ 447,13 – R$ 1.581,67) no segundo ano e R$ 394,10 (IQR: R$ 101,85 – R$ 564,37) no terceiro ano. Procedimentos cirúrgicos e quimioterapia foram os principais determinantes de custo no início, enquanto consultas ambulatoriais e exames predominaram nos anos subsequentes
Conclusões/Considerações
Os custos anuais do tratamento do CCR estágio II reduziram progressivamente ao longo do tempo, com maior concentração no primeiro ano, em função das intervenções iniciais. Este estudo fornece informações relevantes para subsidiar o desenvolvimento de políticas públicas, o aprimoramento de diretrizes clínicas e a tomada de decisão baseada em evidências no contexto da oncologia pública
REDUÇÃO DE ABSENTEÍSMO EM EXAME DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM NA REDE SUS-BH ENTRE 2024 E 2025
Comunicação Oral Curta
1 SMSA/BH
Apresentação/Introdução
O absenteísmo em exames de imagem no SUS, como a ressonância magnética, compromete a agilidade no diagnóstico e no tratamento de doenças, prejudicando o uso eficiente dos recursos. Em novembro de 2024, a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte alterou o processo de agendamento e comunicação com pacientes para reduzir faltas e filas, melhorando o acesso e a qualidade do atendimento.
Objetivos
O objetivo deste estudo foi comparar o absenteísmo observado antes e depois da mudança no processo de agendamento dos exames de ressonância magnética em Belo Horizonte, no qual houve maior flexibilidade na escolha de dia e horário aos pacientes.
Metodologia
Em fevereiro de 2025 foi realizada a coleta de dados sobre aos agendamentos e às faltas para o exame de Ressonância Magnética em dois períodos: entre 1º de julho e 11 de novembro de 2024 (pré-intervenção) e entre 12 de novembro de 2024 e 31 de janeiro de 2025 (pós-intervenção). Na análise estatística, utilizou-se o teste Z para comparar duas proporções amostrais, com o objetivo de verificar se existe uma diferença estatisticamente significativa entre elas. Para a realização dos testes de hipóteses, foi adotado o nível de significância de 5% (ou α = 0,05), rejeitando a hipótese nula no teste bicaudal de igualdade entre as proporções caso o valor do teste Z seja superior a 1,96.
Resultados
Foram analisadas as marcações de 11.228 pacientes no processo antigo e 5.865 no novo. A proporção de faltas sobre os pacientes agendados caiu de 0,81% para 0,24%. Quando considerados apenas os atendimentos com desfechos registrados, a evolução foi de 1,03% para 0,31%. Em qualquer cenário, a redução do absenteísmo foi superior a 300%. Os dados sugerem uma melhoria no comparecimento dos pacientes. Em relação ao absenteísmo sobre todas as marcações, o valor de Z foi 4,52 (p-valor < 0,001) e 4,48 (p-valor < 0,001) para os atendimentos concluídos. A hipótese nula foi rejeitada para ambas as comparações, indicando uma redução significativa no absenteísmo após a mudança no processo de agendamento.
Conclusões/Considerações
A implementação da nova metodologia de agendamento de exames de ressonância magnética no município mostrou resultados expressivos na redução do absenteísmo, especialmente em relação ao percentual de faltas sobre as marcações realizadas. Os dados demonstraram que a diferença observada entre os dois períodos foi estatisticamente significativa, validando a hipótese de que a mudança no processo de agendamento proporcionou maior adesão dos pacientes.
REGISTRO DO CÂNCER – CMMG: UMA ANÁLISE PRELIMINAR
Comunicação Oral Curta
1 FCMMG
Apresentação/Introdução
Os registros de câncer são sistemas fundamentais para o seguimento dos pacientes nos serviços especializados. Eles representam uma importante ferramenta para a área da saúde , ao oferecer dados relevantes sobre diagnóstico, tratamento e desfechos clínicos, subsidiando políticas de prevenção, controle e planejamento da assistência oncológica.
Objetivos
Analisar dados preliminares do Registro do Câncer referentes aos casos atendidos no Instituto de Oncologia Ciências Médicas de Minas Gerais -IONCMMG
Metodologia
Foram analisados os pacientes portadores de neoplasias atendidos no IONCMMG entre novembro de 2024 e maio de 2025. As informações foram coletadas com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 80030024.6.0000.5134). Os dados incluem registros epidemiológicos dos pacientes e informações clínicas relacionadas ao tipo da neoplasia. Foi realizada análise estatística descritiva das variáveis sociodemográficas e clínicas. As variáveis categóricas foram apresentadas por meio de frequências absolutas e relativas (%), enquanto as variáveis contínuas foram descritas por mediana e intervalo interquartil (IIQ). A tabulação e análise foram realizadas utilizando a plataforma REDCap e software R.
Resultados
748 pacientes foram analisados, predomínio do sexo feminino (59%; n=437) e mediana de idade de 64 anos (53–73). A maioria se autodeclara parda (75%; n=557), seguidos de brancos (13%; n=93) e negros (10%; n=77). 282(41%) têm antecedentes familiares para neoplasia, 220(31%) consomem álcool e 212 (30%) afirmaram ser fumantes. Em relação a comorbidades, 361(48%) apresentam Hipertensão Arterial e 125(17%) Diabetes Mellitus. Em relação ao tipo de câncer: mama (23%; n=174), próstata + tumores urológicos (20%; n=147) e gastrointestinal (13%; n=94), Mieloproliferativas Crônicas (10%, n= 77), leucemias (7,1%;n=53), Linfoma Não Hodgkin (7%, n= 48 )e Mieloma Múltiplo (6,4%; n= 48).
Conclusões/Considerações
A análise dos dados sociodemográficos permitiu identificar o perfil dos pacientes atendidos no IONCMMG, refletindo as tendências epidemiológicas de neoplasias mais comuns. A elevada prevalência dos fatores de risco : histórico familiar de câncer, consumo de álcool e tabagismo destaca a necessidade de intervenções preventivas. As comorbidades associadas ao câncer, como hipertensão e diabetes, exigem um acompanhamento integral ao paciente.

Realização: