Programa - Comunicação Oral Curta - COC1.1 - Vigilância e Perfis Epidemiológicos das DCNT
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
A EXPERIÊNCIA FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS: SUBSÍDIOS QUALITATIVOS PARA UM CORE SET DA CIF
Comunicação Oral Curta
Patiely M. Coelho1, Natielle C. S. Ottone1, Paulo V. M. Santos1, Rafael O. Castro1, Kaio C. Pinhal1, Sara G. Souza1, Henrique S. Costa1, Marcus A. Alcantara1
1 UFVJM
Apresentação/Introdução
A Doença de Chagas (DC) compromete dimensões físicas, emocionais, sociais e espirituais da vida dos pacientes. Este estudo qualitativo busca compreender essas experiências a partir da perspectiva dos acometidos, contribuindo para a construção de um Core Set da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) centrado no paciente.
Objetivos
Identificar, por meio de um estudo qualitativo com pacientes, as categorias do Core Set da CIF para a DC, com foco na identificação das dimensões funcionais mais impactadas a partir da perspectiva dos próprios acometidos.
Metodologia
Os dados foram coletados por meio de entrevistas em grupos focais conduzidas por moderador experiente. As falas foram transcritas, analisadas pelo método de condensação de significado e vinculadas à CIF por dois avaliadores independentes. O processo foi orientado pelo protocolo de validação de Selb et al. (2015). A saturação teórica determinou o encerramento da coleta. As categorias emergentes foram comparadas com a lista da CIF 2.1a para identificação de convergência.
Resultados
Foram identificados 248 conceitos vinculados a 47 categorias da CIF. Em Funções do Corpo (b), 46,4% referiam-se a funções mentais, especialmente sono, emoções e fadiga. Em Estruturas do Corpo (s), 65,5% diziam respeito a estruturas do movimento. Em Atividades e Participação (d), destacaram-se vida comunitária (34,8%), mobilidade (25,8%) e vida doméstica (22,7%). A religião e espiritualidade emergiu como estratégia importante de enfrentamento (16,7%). Entre os Fatores Ambientais (e), o apoio da família imediata (21,4%) e os serviços de saúde foram os aspectos mais mencionados pelos participantes.
Conclusões/Considerações
Este estudo identificou categorias da CIF que traduzem, sob a perspectiva dos pacientes, os principais impactos funcionais da Doença de Chagas. Aspectos como dor, sono, sofrimento emocional, espiritualidade e apoio familiar emergiram como centrais, evidenciando a necessidade de um Core Set que reflita essas dimensões e oriente avaliações e cuidados mais sensíveis e integrados.
ACIDENTES DE TRABALHO COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL (2015-2024): INCIDÊNCIA, TENDÊNCIA E PERFIL DEMOGRÁFICO
Comunicação Oral Curta
Matias Pontes, G. B.1, Melo, A. C.1, Alves, D. F.1, Vasconcelos Filho, E. V.1
1 UFPB
Apresentação/Introdução
Acidentes ocupacionais com animais peçonhentos ameaçam trabalhadores de um país sabidamente tropical, bem como desafiam o SUS rotineiramente. As distribuições, tendências e vulnerabilidades associadas a essas ocorrências permanecem pouco mapeadas, prejudicando o desenvolvimento de ações que visem enfrentar tal problema de saúde pública.
Objetivos
Calcular e comparar a incidência anual média de notificações (IAMN) dos acidentes ocupacionais com animais peçonhentos no Brasil e identificar os 5 estados mais afetados, suas respectivas tendências e o perfil demográfico no Brasil de 2015 a 2024.
Metodologia
Estudo quantitativo, descritivo e transversal, com dados do DATASUS/TABNET referentes às notificações de acidentes ocupacionais com animais peçonhentos no período de 2015 a 2024. Foram calculadas as IAMN em casos por 100.000 habitantes e seus respectivos coeficientes de variação (CV) para o Brasil, Distrito Federal e 26 estados, considerando-se as projeções populacionais do IBGE. As tendências foram estimadas por meio de regressão linear de Prais-Winsten (em software RStudio), com base no coeficiente de regressão anual (β) e p-valor. Os perfis demográficos foram determinados pelas proporções das notificações por sexo, faixa etária e raça.
Resultados
Registraram-se 235.462 notificações de acidentes por animais peçonhentos relacionados ao trabalho no Brasil, com IAMN de 11,3/100.000 e CV≈11,49%. Os 5 estados mais afetados foram ES (IAMN≈46,81/100.000; CV≈19,63%); AP (IAMN≈27,91; CV≈25,09%); RR (IAMN≈26,13; CV≈21,69%); TO (IAMN≈22,69; CV≈10,82%) e PA (IAMN≈22,33; CV≈6,84%). Todos os β oscilaram de –0,402 a +1,404 com p>0,05 sem variações estatisticamente significativas. No Brasil, cerca de 80% das vítimas foram do sexo masculino; 56,86% pretas/pardas, 35,42% brancas, 4,70% não foram identificadas, 1,84% indígenas e 1,20% amarelas; enquanto as faixas etárias de 20 a 39 e 40 a 59 anos representaram 41,99% e 37,71% dos casos, respectivamente.
Conclusões/Considerações
Vê-se a Região Norte como epicentro do desfecho pesquisado, enquanto ES, no sudeste, lidera o ranking do Brasil. A ausência de evidência robusta de tendência crescente ou decrescente sugere estagnação dos casos. Nesse sentido, urge fortalecer a vigilância ocupacional, ampliar a cobertura direcionada de soros/antídotos, EPIs e EPCs nas atividades de risco e aperfeiçoar os sistemas de notificação para subsidiar análises temporais mais sensíveis.
ANÁLISE DA INCLUSÃO DE ENTREVISTAS REALIZADAS POR TELEFONES MÓVEIS NA VIGILÂNCIA DOS FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
Rodrigues, L. C.1, Veiga, I. P. A.1, Cardoso, L. O.2, Caldeira, T. C. M.1, Claro, R. M.1
1 Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
2 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
A queda da cobertura de telefonia fixa dificultou a realização de inquéritos telefônicos no país. Em resposta, o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis por Inquérito Telefônico (Vigitel), maior inquérito de saúde do país realizado desde 2006, incluiu entrevistas por celulares em sua metodologia a partir de 2023.
Objetivos
Analisar a inclusão de telefones celulares no Vigitel e seu impacto na vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissível (DCNT) no Brasil.
Metodologia
Foram analisados dados do Vigitel 2023 para comparação de entrevistas realizadas por telefone fixo e celular, além da realização de quadro duplo (telefone fixo e celular). Fatores de ponderação ajustaram as probabilidades desiguais de seleção e parearam a distribuição sociodemográfica da amostra entrevistada àquela de projeções populacionais. A distribuição da amostra segundo características sociodemográficas e a prevalências de 23 indicadores de saúde foram estimadas (com e sem ponderação) para a amostra fixo, celular e duplo quadro. Modelos de regressão de Poisson foram utilizados para comparar as estimativas entre as amostras. O efeito do método foi estimado para todos os indicadores.
Resultados
A amostra não ponderada de celulares teve maior proporção de homens e jovens, sendo mais próxima à distribuição populacional. Dos 23 indicadores, 14 tiveram estimativas semelhantes entre as amostras. Fumar, uso de cigarro eletrônico e consumo episódico pesado de álcool foram mais prevalentes na amostra de celulares. Já o consumo de frutas e hortaliças, inatividade física e tempo de tela elevado com TV foram mais prevalentes na amostra de telefones fixos. O uso de cigarro eletrônico foi subestimado na amostra ponderada de fixos, enquanto inatividade física e tempo de tela elevado com TV foram superestimados. Nenhum indicador teve alto efeito do método na amostra de quadro duplo.
Conclusões/Considerações
A inclusão de celulares na coleta do Vigitel representou um avanço metodológico importante, tornando a amostra mais representativa. O uso da amostra com quadro duplo minimizou o efeito de método, contribuindo para a melhora da qualidade e validade das estimativas, fortalecendo a vigilância de DCNT no Brasil.
ANÁLISE DESCRITIVA DAS INTERNAÇÕES POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO EM PERNAMBUCO DE 2013 A 2022
Comunicação Oral Curta
Bezerra, J.K.S.1, Fariais, S.J.M1, Maia, L.T.S2
1 FIOCRUZ/IAM
2 UFPE/CAV
Apresentação/Introdução
O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é um evento cardiovascular grave e repentino que pode gerar incapacidades e morte, possui necessidade de atendimento de urgência com uso de tecnologias duras na alta complexidade. Constitui-se uma importante causa de hospitalização e gastos para o Sistema Único de Saúde (SUS) sendo um problema de saúde pública por sua magnitude e severidade.
Objetivos
Descrever as características epidemiológicas das internações hospitalares por IAM em Pernambuco (PE) no período de 2013 a 2022.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, observacional, retrospectivo e quantitativo, sobre as internações hospitalares por IAM de residentes do estado de Pernambuco, no período de 2013 a 2022, com base nos dados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH). Foi analisada a tendência temporal das internações, considerando dois quinquênios, a descrição do perfil epidemiológico, segundo sexo, raça cor e faixa etária, as características das internações, valor total e média de permanência, e a distribuição espacial por região de saúde de Pernambuco. Foram utilizados o Excel 2016, o Joinpoint Trend Analysis e TerraView. Adotou-se frequência absoluta e relativa e taxa de internação hospitalar.
Resultados
Entre os anos de 2013 e 2022 foram registrados 45.803 internações por IAM, o que correspondeu a uma taxa de internação hospitalar de 48,23 a cada 100.000 habitantes, valor total de R$ 189.788.258,35 e tempo médio de permanência de 8,29 dias. Na comparação dos quinquênios houve aumento na taxa, mas não houve tendência de crescimento estatisticamente significante (p-valor >0,05). Em relação às características epidemiológicas, 57,20% das internações foram na população masculina, acima de 60 anos (64,51%), de raça/cor negra (63,31%). A maior taxa de internação hospitalar foi no interior do estado, na região de Salgueiro com 105,84 internações por IAM a cada 100.000 habitantes.
Conclusões/Considerações
Os resultados deste estudo poderão servir de subsídio para a tomada de decisão na gestão em saúde estadual, no processo de elaboração e implementação de políticas públicas de promoção da saúde e prevenção de doenças, com ações voltadas para grupos prioritários, aqui explanados, conforme especificidade dos territórios do estado de Pernambuco, visando as articulações em redes regionalizadas de saúde.
CONDIÇÕES DE SAÚDE E PREVALÊNCIA DE DOR CRÔNICA NA COLUNA: DADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2019
Comunicação Oral Curta
SOARES, Maria da Conceição Cavalcante Rodrigues1, TORRES, Bárbara de Paula Andrade1, SANTOS, Emanuelly Barbosa1, BARROS, Monike Couras Del Vecchio1, ABDON, Ana Paula Vasconcellos1
1 Universidade de Fortaleza
Apresentação/Introdução
A dor crônica na coluna está entre os principais fatores de incapacidade global, implicando em grande impacto econômico e funcional. Sua etiologia é multifatorial, englobando aspectos biomecânicos, psicológicos e outras condições clínicas crônicas. A presença de doenças crônicas sistêmicas, como hipertensão, diabetes e artrite, está associada a pior desfecho, como intensificação e manutenção da dor.
Objetivos
Analisar a relação entre condições clínicas e a presença de dor crônica na coluna na população brasileira através dos Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019.
Metodologia
Tratou-se de um estudo transversal, baseado em dados secundários da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Foram incluídos indivíduos com 18 anos ou mais, de ambos os sexos, que responderam afirmativamente à pergunta: “O(a) Sr(a) tem algum problema crônico de coluna, como dor crônica nas costas ou no pescoço, lombalgia, dor ciática, problemas nas vértebras ou disco?”. Do total de 90.846 entrevistados, 19.206 (21,1%) relataram dor crônica na coluna. A análise dos dados foi realizada por meio dos softwares R (versão 4.3.1; R Core Team, 2021) e SPSS para Macintosh (versão 23.0; IBM Corp., Armonk, NY).
Resultados
A amostra contou com 90.846 indivíduos, dos quais 19.206 relataram dor crônica na coluna, apresentando uma média de idade de 52,4 anos (± 15,8). No que se refere às características sociodemográficas, observou-se predominância do sexo feminino entre os acometidos (58,3%; n=11.193) e a maioria pertencia à classe social D (54,9%; n=10.551). Dentre os achados, verificou-se que pessoas com dor crônica na coluna apresentaram proporções mais altas de diagnóstico de doenças crônicas quando comparadas ao grupo total da amostra. As condições mais prevalentes entre aqueles com dor crônica foram hipertensão arterial (38,1% vs. 23,1%), dislipidemia (25,3% vs. 12%) e artrite/ reumatismo (19,2% vs. 4,9%).
Conclusões/Considerações
Esses achados indicam que indivíduos com dor crônica na coluna tendem a apresentar maiores comorbidades clínicas, o que reforça a importância de abordagens interdisciplinares para o manejo adequado desses pacientes. Além disso, esse estudo sugere a necessidade de uma vigilância maior na atenção primária à saúde, com foco em intervenções preventivas, visando reduzir o impacto funcional e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
DOR CRÔNICA NA COLUNA EM ADULTOS BRASILEIROS: FATORES COMPORTAMENTAIS E CORPORAIS ASSOCIADOS
Comunicação Oral Curta
Souza, E.G.S.1, Donato, T.A.A.1, Netto, F.N1, Bezerra, V.M1
1 Universidade Federal da Bahia, Instituto Multidisciplinar em Saúde (UFBA-IMS)
Apresentação/Introdução
A dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial. Essa experiência influenciada por fatores biopsicossociais apresenta uma alta prevalência na coluna vertebral. Embora cumpra um papel adaptativo, a mesma gera impacto na saúde da população como, na incapacidade das atividades e participação de vida diária.
Objetivos
Determinar a prevalência da Dor Crônica na Coluna (DCC) na população adulta brasileira e sua associação com fatores comportamentais (inatividade física, comportamento sedentário, tabagismo e consumo de álcool) e Índice de Massa Corporal (IMC).
Metodologia
Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2019) realizado com 65.803 indivíduos adultos (18 a 60 anos). Para determinar a DCC considerou-se a pergunta: "O(a) Sr(a) tem algum problema crônico de coluna, como dor crônica nas costas ou no pescoço, lombalgia, dor ciática, problemas nas vértebras ou disco?”. As explicativas principais foram inatividade física, comportamento sedentário, tabagismo, consumo excessivo episódico de álcool e IMC ajustadas por perfil sociodemográfico, doenças crônicas não transmissíveis e utilização de serviços de saúde. Foi adotado a regressão de Poisson com variância robusta e valor de p≤0,05 como significativo.
Resultados
A prevalência de DCC entre adultos foi de 18,9% (IC95%: 18,4;19,6). Observou-se que inatividade física, tabagismo e IMC mantiveram associação significativa com DCC. A prevalência de DCC em insuficientemente ativos foi menor quando comparado aos ativos (RP: 0,9; IC95%: 0,85–0,96). Os tabagistas apresentaram maior prevalência de DCC quando comparado aos não fumantes (RP: 1,18; IC95%: 1,14–1,24). Aqueles com sobrepeso/obesidade apresentaram associação positiva (RP: 1,05; IC95%:1,02–1,08) com o desfecho.
Conclusões/Considerações
A associação entre inatividade física, tabagismo, sobrepeso/obesidade e a presença de dor crônica evidencia que fatores comportamentais e corporais são determinantes para a ocorrência desse agravo. O estudo reforça a importância das ações de saúde voltadas para a promoção de hábitos saudáveis no tratamento e prevenção de condições crônicas através de estratégias intersetoriais, visando reduzir a DCC na população.
EL BONO DE DESARROLLO HUMANO Y LA MORTALIDAD CARDIOVASCULAR PREMATURA EN ECUADOR: UN ESTUDIO DE PANEL CON EFECTOS FIJOS A NIVEL CANTONAL DEL 2010 AL 2019
Comunicação Oral Curta
Moncayo, A.L.1, Ruiz, R.2, Pescarini, J.M.3, Guimarães, J.M.N.4, Silva, S.A.G.D.4, Barreto, M.L.4, Craig, P.5
1 Centro de Investigación para la Salud en América Latina (CISeAL), Pontificia Universidad Católica del Ecuador, Quito, Ecuador
2 Universidad Internacional del Ecuador, Quito, Ecuador
3 Centre for Data and Knowledge Integration for Health (CIDACS), Oswaldo Cruz Foundation, Salvador, Brazil & Faculty of Epidemiology and Population Health, London School of Hygiene & Tropical Medicine, London, United Kingdom
4 Centre for Data and Knowledge Integration for Health (CIDACS), Oswaldo Cruz Foundation, Salvador, Brazil
5 Health Economics and Health Technology Assessment, School of Health and Wellbeing, University of Glasgow, Glasgow, UK
Apresentação/Introdução
Estudios vinculan fuertemente los factores socioeconómicos con un mayor riesgo de enfermedades cardiovasculares (ECV) en países de bajos y medianos ingresos. Los Programas de Transferencias Monetarias Condicionadas (PTMC), como el Bono de Desarrollo Humano (BDH) en Ecuador, podrían reducir la mortalidad prematura por ECV al incrementar los ingresos y abordar los determinantes estructurales de la salud.
Objetivos
Este estudio tiene como objetivo evaluar la asociación entre el Bono de Desarrollo Humano (BDH) y la mortalidad prematura por ECV en el Ecuador desde el 2010 al 2019.
Metodologia
Consiste en un estudio ecológico mixto, que combina grupos múltiples con tendencia temporal. Los 221 cantones del Ecuador constituyeron la unidad de análisis, en el período comprendido entre 2010 y 2019. La variable independiente fue la cobertura del BDH calculada sobre la población elegible y categorizada según sus cuartiles. Las variables dependientes fueron las tasas de mortalidad prematura (ajustada por edad) por todas las causas y por ECV. Para el análisis se utilizó un modelo de regresión binomial negativa con efectos fijos para datos en panel, ajustado por covariables socioeconómicas y de salud relevantes. Se estimaron Razones de Tasas (RT) y sus intervalos de confianza al 95%.
Resultados
Una mayor cobertura del BDH se relacionó con reducciones significativas en la mortalidad prematura por todas las causas (RT 0,974; IC 95% 0,951-0,997), por ECV (RT 0,874; IC 95% 0,829-0,922), por enfermedad cerebrovascular (RT 0,809; IC 95% 0,739-0,886) y por enfermedad isquémica (RT 0,257; IC 95% 0,226-0,292) comparado con el grupo de menor cobertura. La asociación fue significativa solo en mujeres para la mortalidad prematura por todas las causas (RT 0,924; IC 95% 0,892-0,958), mientras que ambos géneros se beneficiaron de manera similar en cuanto a la reducción de la mortalidad por ECV (hombres: RT 0,866; IC 95% 0,812-0,925 y mujeres: RT 0,866; IC 95% 0,802-0,935).
Conclusões/Considerações
Este estudio mostró el potencial del BDH para mejorar la salud de la población adulta. En este contexto, los responsables de desarrollar estrategias para reducir la mortalidad prematura por enfermedades cardiovasculares deberían considerar, no solo el fortalecimiento de los sistemas de salud y la mejora en el acceso a servicios de salud de calidad, sino también la expansión de programas sociales.
PERFIL DE MORTALIDADE POR DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM ADOLESCENTES NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
JESUS, I.L.R1, FIGUEREDO, K. A2, PIMENTEL, M.C3
1 UNB
2 Fiocruz - Brasília
3 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) afetam a qualidade de vida, exigindo uso contínuo de medicamentos e mudanças nos hábitos, com impactos físicos, emocionais e sociais, especialmente na adolescência. Apesar dos marcos legais garantirem direitos, ainda há invisibilidade das DCNT nas políticas de saúde para adolescentes, que priorizam outros agravos e comportamentos de risco.
Objetivos
Identificar o perfil de mortalidade por DCNT nos adolescentes brasileiros no período de 2013 a 2022, visando subsidiar ações de fortalecimento e formulação de políticas públicas para enfrentar à morbimortalidade por DCNT nessa população.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo, realizado por meio da análise de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), considerando óbitos pelos quatro grandes grupos de doenças crônicas não transmissíveis, em que doenças crônicas respiratórias correspondem aos CID J30 a J99, exceto J36, neoplasias aos CID C00 a C97, doenças cardiovasculares CID I00 a I99 e diabetes CID E10 a E14. Foram analisadas as variáveis de sexo, região e Unidade da Federação (UF), no recorte temporal de 2013 a 2022, na faixa etária de 10 a 19 anos por meio do cálculo de taxas e variável raça/cor por percentual, utilizando o software Tabwin e o editor de planilhas da microsoft, Excel.
Resultados
As DCNT foram responsáveis por 27.100 óbitos de adolescentes (10 a 19 anos) no Brasil, de 2013 a 2022. A taxa de mortalidade por DCNT no país variou entre 8,9 e 8,1 óbitos por 100.000 habitantes nesse período, com picos em 2015 (9,2) e em 2016 (9,1). Houve queda na região sul, de 8,1 (2013) para 6,4 (2022). As maiores taxas de mortalidade ocorreram em adolescentes de 15 a 19 anos, com destaque para neoplasias e doenças cardiovasculares em ambas as faixas etárias (10 a 14 / 15 a 19). O sexo masculino apresentou maior mortalidade, exceto para diabetes. Em 2022 adolescentes pardos concentraram 48,8% dos óbitos.
Conclusões/Considerações
A adolescência é um período de intensas mudanças e mais desafiador quando marcado por uma DCNT. De 2013 a 2022, a maior mortalidade ocorreu entre jovens de 15 a 19 anos, pardos, sexo masculino, nas regiões Nordeste e Sudeste. São poucos os estudos que relacionam as DCNT e adolescentes, especialmente sobre gênero e raça, sendo análises urgentes para orientar políticas públicas eficazes, bem como, sua relação com políticas de outros setores.
PERFIL CLÍNICO, EPIDEMIOLÓGICO E LABORATORIAL DA FEBRE AMARELA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: UMA ANÁLISE ABRANGENTE (2017-2025)
Comunicação Oral Curta
Silva, L.M.A.1, Takahashi, T.T.1, Dias, S. L.1
1 HCFMUSP
Apresentação/Introdução
A febre amarela permanece como uma séria ameaça à saúde pública devido à sua alta letalidade e potencial epidêmico, especialmente com a expansão do vetor para centros urbanos como São Paulo. Investigar seu perfil clínico, epidemiológico e laboratorial é essencial para compreender melhor os determinantes da doença e aprimorar as estratégias de prevenção, vigilância e resposta rápida aos surtos.
Objetivos
Caracterizar o perfil demográfico, clínico, epidemiológico e laboratorial dos casos confirmados de febre amarela no município de São Paulo entre 2017 e 2025, visando otimizar estratégias locais de vigilância e
intervenção.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico realizado com dados obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), abrangendo o período de janeiro de 2017 a abril de 2025. Foram analisadas variáveis demográficas (sexo, idade, raça e escolaridade), clínicas (sintomas, intervalos entre início dos sintomas, internação e óbito), epidemiológicas (vacinação, ocorrência de casos autóctones, presença de vetor, epizootias) e laboratoriais (resultados de IgM e RT-PCR, além de exames bioquímicos como bilirrubinas e transaminases). A análise estatística foi realizada utilizando-se Microsoft Excel Versão 2505 e Power Query para cálculo de médias, percentuais e desvios padrão.
Resultados
Foram encontrados 309 casos confirmados. A maioria dos casos era do sexo masculino (80%), com idade média de 43 anos, predominantemente brancos (57%) e ensino médio completo (18,1%). Sintomas predominantes foram dor abdominal (52,1%), oligúria (31,1%), sinais hemorrágicos (23,3%) e sinal de faget (12,9%). A taxa de internação foi de 91,3%, tendo uma média de 4,8 dias entre início de sintomas e internamento. A taxa de letalidade foi de 32,7%, com média de 9,8 dias entre início de sintomas e óbito. Observou-se índice vacinal de 16%. No diagnóstico, nota-se aumento expressivo de dano hepático, AST e ALT (média 5.667 e 3.679 U/L), e de billirrubinas, total e direta (média 3,7 e 3 mg/dL).
Conclusões/Considerações
A febre amarela persiste como desafio em São Paulo, com baixa vacinação, evolução rápida e letalidade expressiva. A alta frequência de sintomas graves e atraso na internação reforça a necessidade de
capacitação profissional para diagnóstico precoce. Destacamos a urgência de ampliar a cobertura vacinal, reduzir o tempo até diagnóstico e aprimorar a qualidade dos registros para subsidiar respostas em saúde
pública e prevenir novos surtos urbanos.
ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR NO MANEJO DA DOR CRÔNICA NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE: PERCEPÇÕES DOS USUÁRIOS DIANTE DOS ATENDIMENTOS PRESTADOS
Comunicação Oral Curta
Carvalho, A.L.P1, de Assis, A.R.M1, Pereira, F. W. A2
1 UnB
2 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
Os programas de Residência Multiprofissional em Saúde são formações em serviço de profissionais da saúde para atuação no SUS. A inserção no cenário da residência e a participação nos grupos da Unidade Básica de Saúde permitiram observar o perfil do território, inclusive as principais demandas dos usuários, sendo evidente a prevalência de pacientes com queixas relacionadas à dor crônica.
Objetivos
Refletir sobre a percepção dos pacientes em relação às abordagens multidisciplinares no manejo da dor crônica, no contexto de uma Unidade Básica de Saúde do Distrito Federal.
Metodologia
A pesquisa é de natureza qualitativa e segue uma abordagem de pesquisa-ação. Foi conduzida entre outubro e novembro de 2024 com 19 pacientes que participaram dos grupos de dor crônica na unidade básica de saúde. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas individuais, permitindo explorar as percepções, crenças, valores e sentimentos dos pacientes sobre o atendimento recebido. A análise dos dados seguiu a metodologia de análise de conteúdo proposta por Bardin (2016), permitindo a identificação de temas e padrões recorrentes nas falas dos participantes.
Resultados
Foram entrevistados 19 usuários em tratamento de dor crônica, sendo a maioria do sexo feminino. As queixas mais citadas foram dores lombares e articulares. Os usuários relataram múltiplas tentativas de tratamento, com uso predominante de medicamentos, além de práticas integrativas e acompanhamento psicológico. Ainda, relataram melhora na dor, na funcionalidade e na socialização a partir do acompanhamento com fisioterapeutas, médicos, enfermeiros e psicólogos. A fisioterapia destacou-se como profissional central no controle da dor. A integração entre profissionais, aliada ao acolhimento e à escuta qualificada, foi apontada como essencial para o cuidado integral e contínuo.
Conclusões/Considerações
A análise das percepções dos pacientes contribui para a compreensão das dinâmicas de atendimento no manejo da dor crônica na APS, evidenciando aspectos que podem ser aprimorados para otimizar os cuidados prestados. O estudo reforça a importância da atuação multidisciplinar, especialmente quando integrada às equipes da ESF. A colaboração entre os profissionais de diferentes áreas fortalece a abordagem holística e o cuidado centrado no paciente.