
Programa - Comunicação Oral Curta - COC1.6 - COVID-19 e Condições Crônicas
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
COVID-19 E CONDIÇÕES CRÔNICAS: LIÇÕES PARA FORTALECER O CUIDADO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Comunicação Oral Curta
1 PPGSC/DCV/UNEB
2 PPGSC/ISC/UFBA
Apresentação/Introdução
No Brasil, o Sistema Único de Saúde desempenhou papel central no enfrentamento da covid-19. O esforço para conter a doença e minimizar a morbimortalidade afetou a continuidade dos atendimentos aos usuários com as condições crônicas. O que a pandemia pode nos ensinar sobre o cuidado aos usuários com condições crônicas na Atenção Primária à Saúde (APS) e em cenários de doenças emergentes?
Objetivos
Analisar o processo de trabalho de profissionais da APS quanto às práticas de saúde ofertadas aos usuários com hipertensão e diabetes durante a pandemia de covid-19, em uma capital do nordeste brasileiro.
Metodologia
Foram realizadas 35 entrevistas semiestruturadas com profissionais que realizaram atendimento e acompanhamento a esta subpopulação na APS, assim como análise de documentos municipais e comunicados da secretaria municipal de saúde acerca da covid-19 e da APS. Os critérios para participação no estudo estiveram relacionados a trabalhadores das equipes de APS que atuaram na pandemia de covid-19 na mesma unidade desde o início da pandemia. A sistematização e análise dos dados foram realizadas com base no referencial teórico de Mendes Gonçalves, considerando os elementos do processo de trabalho: agentes, objeto e instrumentos.
Resultados
A pandemia impôs mudanças significativas nas práticas de cuidado da APS. Observou-se uma priorização das práticas voltadas à demanda espontânea as unidades, fragilidades no monitoramento contínuo dos usuários, ênfase na renovação de receitas médicas, dificuldade devido a territórios com grande extensão, com áreas descobertas pela ação dos agentes comunitários de saúde e da Estratégia Saúde da Família. A oferta das ações programadas, pautada com estratificação de risco e o monitoramento dos usuários não foi apontado nas falas dos profissionais. Também não houve relatos de práticas de promoção da saúde e prevenção de agravos, referentes a hipertensão e a diabetes.
Conclusões/Considerações
As práticas de saúde aos usuários com condições crônicas como a hipertensão e a diabetes seguem fragmentadas e precisam ser retomadas, porém, pautadas na equidade, com planejamento, monitoramento e com o conhecimento do seu território, para que se possa ofertar o acesso integral e resolutivo à população que continua “isolada” mesmo com o fim da pandemia.
FATORES DE RISCO PARA INCIDÊNCIA DE INCAPACIDADE FUNCIONAL EM ADULTOS E IDOSOS APÓS DOIS ANOS DA INFECÇÃO PELA COVID-19: ESTUDO PROSPECTIVO
Comunicação Oral Curta
1 FURG
2 UCPEL
3 UFPel
Apresentação/Introdução
A covid-19 tem causado impactos duradouros na saúde, incluindo a covid longa, que pode afetar a funcionalidade e autonomia. A incapacidade funcional é um desfecho relevante, associada à pior qualidade de vida e maior uso de serviços de saúde. No Brasil, são escassos os estudos longitudinais sobre seus fatores após a infecção.
Objetivos
Este estudo avaliou a incidência de incapacidade funcional e seus fatores de risco em adultos e idosos dois anos após a infecção aguda por covid-19.
Metodologia
Estudo longitudinal baseado no inquérito SulCovid-19, que entrevistou residentes de Rio Grande/RS 6 meses (linha de base) e 24 meses (acompanhamento) após infecção aguda pela covid-19. Utilizou-se escala de Lawton e Brody para medir a incapacidade funcional. Variáveis independentes incluíram sexo, idade, cor, situação conjugal, escolaridade, classe social, autopercepção de saúde, fumo, atividade física, morbidades, internação pela covid-19 e covid longa. Foram calculadas as incidências e IC95%. A razão de chances bruta e ajustada e o IC95% foram calculados por meio da regressão logística. Para análise ajustada empregou-se um modelo hierárquico de cinco níveis.
Resultados
Foram investigados 2.919 no estudo de linha de base e 1.925 no acompanhamento. A incidência de incapacidade foi de 27,7% (IC95%25,6-29,9). Fatores de risco significativos incluíram idosos (OR 1,72; IC95%1,24-2,39), morbidades prévias (OR:1,36; IC95%1,05-1,67) e a presença de três ou mais sintomas de covid longa (OR:1,56; IC95% 1,14-2,14). Maior escolaridade se mostrou um fator protetor (OR 0,58; IC95%: 0,42-0,81).
Conclusões/Considerações
Observou-se que a incidência de incapacidade funcional esteve presente em mais de um quarto dos indivíduos pesquisados, e destaca-se que pacientes com sintomas de covid longa apresentam maior incidência de incapacidade funcional, evidenciando a necessidade de modelos de cuidado que considerem esta consequência da pandemia de covid-19 para a demanda dos serviços de saúde.
GRAVIDADE, ÓBITO E SOBREVIDA HOSPITALAR POR COVID-19 EM PACIENTES COM CÂNCER NO RIO DE JANEIRO ATENDIDOS NO SUS
Comunicação Oral Curta
1 FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
A hospitalização pode representar um fator de risco importante para as complicações e para o óbito em pacientes oncológicos. A vulnerabilidade desse grupo se acentuou no contexto da pandemia, tornando-os um ponto crítico de investigação epidemiológica
Objetivos
Analisar a gravidade, o óbito e a sobrevida por COVID-19, em pacientes oncológicos atendidos nos hospitais públicos do município do Rio de Janeiro
Metodologia
Os bancos de dados do SIH e do Sivep-Gripe foram relacionados, entre 2020 e 2022, com quatro etapas de condução: 1) distribuição espacial (Índice de Moran) e temporal (análise não paramétrica) dos casos e óbitos por COVID-19. 2) criação de um modelo de predição de gravidade e óbito, utilizando o método Random Forest. 2) análise dos fatores relacionados à gravidade e ao óbito, por meio de métodos de associação (bivariada e multivariada) e interação (aditivo e multiplicativo) e 4) análise de sobrevida pelo método de Kaplan-Meier e o teste de log-rank, com regressão de Cox.
Resultados
Os resultados identificaram padrões territoriais críticos de hospitalizações, em um cluster de nove municípios (p-valor > 0,01), e evidenciaram que características clínicas e sociodemográficas – como tipo de neoplasia, idade, raça/cor, presença de comorbidades e acesso a ventilação mecânica – influenciaram significativamente o tempo e os desfechos hospitalares. A multimorbidade apresentou efeito sinérgico importante com fatores como ventilação mecânica (AP = 0,54) e hospitalização no período pré-vacinal (AP = 0,29), ampliando o risco de óbito. Além disso, constatou-se que a vacinação impactou positivamente a sobrevida (HR = 0,64), especialmente entre pacientes hematológicas
Conclusões/Considerações
Os resultados deste estudo fornecem informações inéditas sobre a relação entre câncer e COVID-19, contribuindo para o avanço do conhecimento global na interseção entre condições de saúde preexistentes e pandemia futuras
SEMINÁRIO TESTEMUNHO SOBRE COVID LONGA NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz
2 Casa de Oswaldo Cruz/ Fundação Oswaldo Cruz
Período de Realização
O seminário ocorreu entre 21 e 22 de novembro de 2024 na Casa de Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.
Objeto da experiência
Aplicação da metodologia de seminário testemunho como espaço de escuta ativa, troca de saberes e produção coletiva sobre a Covid Longa.
Objetivos
Relatar a experiência do seminário testemunhos sobre Covid Longa que reuniu movimento social, pesquisadores e gestores de diferentes instituições engajados em dar visibilidade e discutir os desafios e vivências de pacientes, bem como articular e subsidiar políticas públicas sensíveis.
Metodologia
O seminário reuniu gestores, profissionais da saúde, pesquisadores e pessoas com Covid longa. Sentados em círculo, os participantes apresentaram suas experiências e trocaram saberes a partir de roteiro dos organizadores, elaborado a partir da trajetória de cada participante. A experiência promoveu escuta qualificada, identificou lacunas assistenciais e fortaleceu articulações entre atores comprometidos com o enfrentamento da Covid longa no Brasil.
Resultados
O evento destacou a invisibilidade da Covid longa nos serviços de saúde e a centralidade da escuta dos pacientes. Emergiram reflexões críticas sobre diagnósticos, protocolos, desigualdades de gênero, raça e território. Consolidou-se uma rede de colaboração e iniciou-se a elaboração de publicações e guias para o SUS, com base nas experiências compartilhadas. Reforçou-se a necessidade de políticas públicas específicas e sensíveis às múltiplas realidades dos pacientes.
Análise Crítica
A experiência evidenciou o papel crucial da escuta e do protagonismo dos pacientes na construção do conhecimento em saúde e das respectivas políticas públicas. Destacou-se a urgência de integrar ciência, cuidado e memória, superando abordagens biomédicas reducionistas. A desigualdade no acesso à saúde e à informação, bem como a ausência de diretrizes claras, agravam o sofrimento dos pacientes. O seminário revelou a potência da articulação entre pesquisa, ativismo e gestão pública.
Conclusões e/ou Recomendações
É necessário consolidar políticas públicas de reconhecimento e cuidado da Covid longa, incluindo escuta ativa, protocolos interdisciplinares e atenção integral no SUS. Recomendamos divulgação dos materiais do seminário, incorporação de vozes de pacientes na produção científica e criação de espaços contínuos de escuta e formação sobre Covid Longa. O seminário demonstrou que reparação e cuidado exigem memória, articulação e vontade política.
TEMPO DE TELA DE ADOLESCENTES DA COORTE BRISA EM PERÍODO PANDÊMICO E NÃO PANDÊMICO DA COVID-19
Comunicação Oral Curta
1 UFMA
Apresentação/Introdução
A adolescência é marcada por diversas alterações biopsicossociais, que tornam esse grupo vulnerável aos efeitos do uso excessivo de telas. Durante a pandemia da Covid-19, o isolamento social intensificou esse comportamento, levantando preocupações sobre seus impactos no bem-estar dos jovens. Dessa forma, evidencia-se a relevância de avaliar o padrão do uso de telas nos últimos anos.
Objetivos
Avaliar a prevalência do tempo de tela de escolares durante período pandêmico e não pandêmico da Covid-19, na Coorte “BRISA Escolar” de São Luís, Maranhão.
Metodologia
Estudo transversal, com 1.626 indivíduos (11 a 13 anos), que utilizou dados coletados entre 2022 e 2023, da terceira fase da coorte de nascimento BRISA de São Luís, Maranhão. O tempo de tela foi avaliado de forma retrospectiva e prospectiva para os períodos pandêmico (2020–2021) e pós-pandêmico (2022–2023), respectivamente, por meio de questionário aplicado aos responsáveis. Consideraram-se diferentes dispositivos eletrônicos. Variáveis demográficas e socioeconômicas foram analisadas. Diante da distribuição anormal dos dados, utilizou-se o teste de Wilcoxon para amostras pareadas para comparar o tempo de tela nos dois períodos. Utilizou-se o programa Stata 15.0 para a análise de dados.
Resultados
Os resultados revelaram uma diferença estatisticamente significativa entre os dois períodos (Z = 15.90, p < 0.001), com uma redução no tempo de tela diário após a pandemia. Durante o isolamento social, aproximadamente 78,5% dos adolescentes utilizavam dispositivos eletrônicos por mais de 5 horas diárias. Com a flexibilização das restrições, houve uma queda de 23,3 pontos percentuais. Durante e após a pandemia, as principais ferramentas eletrônicas utilizadas foram: celular, televisão e tablet. Na população analisada, 53,6% dos adolescentes eram do sexo masculino, 47,4% pertencia à classe econômica C e 99,4% frequentava a escola.
Conclusões/Considerações
No período pós-pandêmico, observou-se uma redução no tempo de tela, possivelmente associada à retomada de atividades presenciais. Ainda assim, a maioria permanecia mais de 5 horas diárias em dispositivos, principalmente celulares. Houve predomínio do sexo masculino e da classe C. Diante dos impactos negativos sobre o bem-estar dos jovens, reforça-se a necessidade de estratégias educativas e políticas públicas sobre o uso consciente da tecnologia.
ESTRATÉGIA DE QUALIFICAÇÃO DA VIGILÂNCIA DO ÓBITO MATERNO, INFANTIL E FETAL E FORTALECIMENTO DOS COMITÊS DE PREVENÇÃO DO ÓBITO NA MACRORREGIÃO NORTE DE MINAS GERAIS
Comunicação Oral Curta
1 SES/MG
Período de Realização
Refere-se a realização de oficinas nos meses de maio e junho de 2025.
Objeto da experiência
Qualificação de profissionais de saúde por meio da realização de Oficinas com a simulação de comitês de prevenção do óbito com análises de casos reais.
Objetivos
Qualificar a Vigilância do Óbito Materno, Infantil e Fetal e fortalecer os Comitês de Prevenção do óbito por meio de oficinas com os profissionais da atenção primária, vigilância em saúde, atenção especializada e hospitalar de 07 microrregiões de saúde.
Descrição da experiência
Realizou-se 07 oficinas, para profissionais de 54 municípios jurisdicionados a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros na Macro Norte de MG, que contaram com parte teórica e a prática com a simulação da realização de reuniões do comitê de prevenção do óbito materno, infantil e fetal com a análise de casos reais, identificando causa do óbito, classificação e evitabilidade, problemas, recomendações, notificações pertinentes e a correlação com a realidade vivenciada por cada profissional.
Resultados
Tivemos a adesão de profissionais de 49 municípios (91%), totalizando 164 profissionais qualificados. Em relação ao fortalecimento dos comitês municipais e hospitalares, com a ativação ou implantação, observa-se que mesmo sendo dado o prazo de julho de 2025, já recebemos documentações comprobatórias da ativação de 04 comitês municipais. Além disso, tivemos a criação e apresentação por um serviço de uma cartilha de orientações sobre síndromes hipertensivas na gravidez.
Aprendizado e análise crítica
As discussões durante as oficinas foram ricas, os casos reais trouxeram a superfície dificuldades enfrentadas e possíveis soluções pelos diferentes serviços na assistência e na vigilância do óbito materno,infantil e fetal. Foram elencados problemas como a efetivação dos comitês nos municípios, alimentação dos bancos de dados da vigilância, a qualificação dos profissionais médicos na atenção primária e na atenção hospitalar, desconhecimento da rede de atenção à mulher e a criança.
Conclusões e/ou Recomendações
Após aplicarmos a ficha de avaliação, observamos o quanto as oficinas foram bem avaliadas e a necessidade de aumento da carga horária e maior frequência desse modelo de qualificação nos territórios. Ademais, nosso objetivo de reestruturação dos comitês de prevenção do óbito materno,infantil e fetal até 31 de julho de 2025 apresentou adesão de todos os participantes bem como a qualificação das investigações dos óbitos.
IMPACTOS DAS RELAÇÕES FAMILIARES NA QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS COM DOENÇA DE CHAGAS: UM ESTUDO QUALITATIVO EM ÁREA ENDÊMICA
Comunicação Oral Curta
1 UFVJM
2 Fiocruz
3 UFMG
Apresentação/Introdução
A doença de Chagas é causada pela infecção pelo protozoário Trypanosoma cruzi e é um importante problema de saúde pública, frequentemente estigmatizada e associada a baixos indicadores socioeconômicos. Os pacientes vivenciam fortes impactos físicos, emocionais e familiares que podem comprometer a qualidade de vida (QV).
Objetivos
Avaliar as experiências e os fatores que permeiam o contexto familiar no deterioramento da QV de pacientes com doença de Chagas.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal de abordagem qualitativa, com amostra de 8 pacientes, determinada pela saturação teórica. Foram conduzidas entrevistas individuais e em profundidade. As entrevistas foram transcritas e analisadas por meio de análise de conteúdo de Bardin, com auxílio do software IRAMUTEQ.
Resultados
Quatro grupos de experiências do contexto familiar que impactam suas QV: estigmas e incompreensão no ambiente doméstico, “Meus irmãos disseram que era invenção, que eu não tinha nada”; sentimentos de abandono e isolamento, presentes em diversos relatos como “Ninguém quer saber de mim mais” ou “O pior do que a doença é o abandono”; sobrecarga emocional decorrente das relações familiares, “Eu fico muito nervosa com minha filha, porque ela briga comigo por tudo. Aí meu coração começa a doer”; e impacto na autonomia e nas dinâmicas familiares, presente em frequentes relatos, como “Se eu morrer, quem vai cuidar dos meninos? Quem vai criar os meninos?”.
Conclusões/Considerações
As relações familiares influenciam a QV de pacientes com Chagas. É essencial combater o abandono, sobretudo de idosos, fortalecer a atenção psicossocial e adotar uma visão holística, considerando o sujeito como ser biopsicossocial, onde aspectos psicossociais são determinantes nos processos de saúde e doença.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ACIDENTES DE TRABALHO COM EXPOSIÇÃO A MATERIAIS BIOLÓGICOS REGISTRADOS NA BAHIA ENTRE 2020 A 2024
Comunicação Oral Curta
1 UESB
2 UNEB
3 UNIFESP
Apresentação/Introdução
Acidentes de trabalho com exposição a material biológico (AT-BIO) representam um grave risco ocupacional em todo o Brasil. Nos últimos anos, o Estado da Bahia, apresentou um crescimento constante no número de casos registrados, tendo como principais afetados, os profissionais de saúde e áreas relacionadas.
Objetivos
Descrever o perfil dos casos de acidentes de trabalho com exposição a material biológico registrados no estado da Bahia.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo e transversal, realizado em junho de 2025 com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizados pelo Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram incluídos todos os casos registrados de acidentes de trabalho com exposição a material biológico na Bahia, no período de 2020 a 2024. As variáveis analisadas foram: ocupação, sexo, faixa etária e vias de exposição.
Resultados
No Estado da Bahia houve o registro de cerca de 16.961 acidentes de trabalho com exposição a material biológico. Desses, 8.700 (51%) ocorreram com profissionais da enfermagem, com maior número de casos em técnicos e auxiliares de enfermagem (n=7.180; 82,5%, enquanto 1.520 (17,5%) envolveram enfermeiros. Maiores frequências foram encontradas no sexo feminino, totalizando 12.248 (76,3%) casos de AT-BIO, na faixa etária de 20 a 39 anos (11.406 casos). Quanto à via de exposição, a forma percutânea foi a mais frequente, com 11.452 notificações (67,5%). Os dados evidenciam uma tendência de aumento nos registros desse agravo, durante o período foi registrado um aumento de 64.3% no número de casos.
Conclusões/Considerações
O perfil epidemiológico dos AT-BIO na Bahia aciona um alerta de saúde. Os números indicam um aumento significativo dos casos, que afetam na sua grande maioria mulheres jovens e profissionais de enfermagem, com a via percutânea como o principal meio de exposição. As consequências desses acidentes vão além do impacto físico, gerando sofrimento psicológico e emocional, além de custos econômicos e sociais relevantes para o sistema de saúde.
PREVALÊNCIA DE DIABETES MELLITUS NA GRAVIDEZ E ASSOCIAÇÃO COM HIPOVITAMINOSE D: ESTUDO EM MATERNIDADE PÚBLICA NO INTERIOR DA BAHIA
Comunicação Oral Curta
1 UEFS
Apresentação/Introdução
A prevalência de Diabetes Mellitus (DM) na gravidez vem crescendo no Brasil e no mundo, sendo o problema metabólico mais comum do período. Divide-se, conceitualmente, em: Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) e DM diagnosticado na gestação. A hipovitaminose D tem sido apontada como um fator de risco potencialmente prevenível para o DM, pela ação da vitamina D no metabolismo glicídico.
Objetivos
Estimar a prevalência de DM na gravidez, fatores associados e sua relação com níveis séricos de 25-hidroxi-Vitamina D em uma população de puérperas internadas em uma maternidade de um hospital público, em Feira de Santana, Bahia.
Metodologia
Estudo transversal realizado em uma maternidade pública de Feira de Santana-BA. A amostra foi composta por 311 puérperas com idade ≥18 anos, nas enfermarias obstétricas. A coleta de dados incluiu aplicação de questionário, análise do cartão da gestante, consulta ao prontuário e exames. Dosou-se a 25-OH-vitamina D no puerpério imediato. Os diagnósticos de DM e de hipovitaminose D seguiram critérios internacionais vigentes. Variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais foram analisadas. A estatística descritiva foi feita com medidas de tendência central e dispersão; testes foram aplicados conforme a natureza dos dados. O estudo foi aprovado por um Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
Após a exclusão de 14 mulheres com diagnóstico de DM previamente à gestação, totalizando uma amostra de 297 puérperas, foi observada prevalência de DM na gravidez de 22,22% (66), sendo 16,8% (50) DMG e 5,38% (16) DM diagnosticado na gestação. A história prévia de DM em gestações anteriores associou-se ao diagnóstico de DM na gravidez entre as puérperas entrevistadas [OR 4,9 e p = 0,04]. O Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional > 29.9kg/m2 também mostrou associação estatisticamente significativa com o diagnóstico de DM na gravidez [OR 2,55 e p<0,001].
Conclusões/Considerações
A prevalência de DM diagnosticado na gravidez nesta pesquisa foi superior à prevalência estimada no Brasil e no mundo. Quanto aos fatores associados, a história de DM em gestações anteriores e a obesidade tiveram associação com a ocorrência de DM na gravidez. Não foi confirmada associação com hipovitaminose D.
HIV NA GESTAÇÃO: TENDÊNCIAS E CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral Curta
1 UFF
Apresentação/Introdução
No Brasil, desde 2000, foram notificados 166.237 gestantes, parturientes e puérperas infectadas por HIV, com taxa de detecção crescente. Em 2023, a taxa de detecção foi de 3,3 casos por mil nascidos vivos (NV), bem acima da meta para eliminação da transmissão vertical preconizada pela OMS. O estado do Rio de Janeiro se destacou com taxa superior à nacional.
Objetivos
Analisar a série temporal das taxas de detecção de gestantes HIV+, segundo características sociodemográficas, no estado do Rio de Janeiro (ERJ) de 2015 a 2024.
Metodologia
Estudo ecológico de série temporal com dados secundários de gestantes HIV positivas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2015 a 2024, no estado do Rio de Janeiro. O SINASC foi usado como base populacional. Foram calculadas taxas de detecção, segundo idade, raça/cor e escolaridade maternas para as quais estimaram-se tendências e mudanças percentuais anuais e IC95%. A análise da série temporal foi realizada pelo modelo de regressão Joinpoint.
Resultados
De 2015 a 2024 foram notificadas 9.019 gestantes HIV + no estado do Rio de Janeiro. A taxa de detecção variou de 3 casos/1.000 NV (2015) a 6 casos/1.000 NV (2024) com mudança percentual anual de 9,7% (IC95% 5,8;14,1). Foi observada tendência crescente em todo o período analisado. Em 2024, as maiores taxas de detecção ocorreram em gestantes com menos de quatro anos de estudo – 16,2/1.000 NV; nas pretas – 8,5/1.000 NV e entre as jovens (9-19 anos) – 6,5/1.000 NV. A tendência crescente foi mais acentuada naquelas entre 4 e 11 anos de estudo e nas pardas.
Conclusões/Considerações
As taxas de detecção de gestantes com HIV no ERJ foram elevadas, superiores ao definido pela OMS (<=2 por mil NV) e crescentes, principalmente em mulheres jovens, naquelas com baixa escolaridade e entre as pardas e pretas. Ressalta-se a importância do monitoramento epidemiológico de grupos sociais vulneráveis no estado do Rio de Janeiro, para o alcance das metas de eliminação da transmissão vertical do HIV assumidas pelo país.

Realização: