Programa - Comunicação Oral Curta - COC1.8 - Mortalidade, Tendências e Políticas
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
COMORBIDADES CARDÍACAS DE ELIXHAUSER E A MORTALIDADE EM PACIENTES INTERNADOS POR DOENÇAS CARDIOVASCULARES NO SUS: APRENDIZADO DE MÁQUINA APLICADO À BASE NACIONAL DE SAÚDE
Comunicação Oral Curta
VILELA, M. R. S. P.1, CASTAÑEDA, J., A. V.1, ROCHA, H. A.1, CHERCHIGLIA, M. L.1, REIS, I. A.1
1 UFMG
Apresentação/Introdução
No Brasil, 30% das mortes são atribuídas às doenças cardiovasculares (DCV), destacando-se as doenças isquêmicas do coração (DIC) e doenças cerebrovasculares (AVC). Dada a relevância da mortalidade por DCV, é essencial utilizar dados longitudinais para avaliar a contribuição das comorbidades, como as de Elixhauser, no risco de óbito ao longo do tempo em pacientes internados por DCV no SUS.
Objetivos
Mapear as comorbidades cardíacas de Elixhauser e os óbitos intra-hospitalares, até 30 dias e até 1 ano após alta hospitalar nas internações por DCV no SUS, usando análise de correspondência múltipla (ACM), em dados da Base Nacional de Saúde (BNS).
Metodologia
A ACM, método de aprendizado de máquina não supervisionado, foi usada para reduzir a dimensionalidade de tabela de contingência multivariada. Aplicou-se aos dados de uma coorte retrospectiva construída por pareamento determinístico-probabilístico dos sistemas de informação Ambulatorial (SIA), Hospitalar (SIH) e Mortalidade (SIM), no período de 2000-2015. O mapeamento relacionou pacientes adultos, de ambos os sexos, internados por DIC (I20-I25) e AVC (I60-I69) na ausência ou presença de insuficiência cardíaca (IC), arritmias cardíacas (AC) e doenças valvulares (DV) aos desfechos. A ACM foi avaliada por estatística de qui-quadrado com nível de significância de 5%, no software R (4.5.0).
Resultados
Avaliou-se 2.288.044 internações por DCV sendo 48.7% por DIC e 51.3% por ACV. Nos pacientes internados por DIC, 10.2% foram a óbito na internação, 1.8% até 30 dias após a alta e 4.4% até um ano após a alta hospitalar. Entre eles, a prevalência de IC foi de 8.2%, de AC 2.0% e de DV 0.7%. Nos pacientes internados por AVC, 23.4% foram a óbito na internação, 4.9% até 30 dias após a alta e 9.2% até um ano após a alta hospitalar. A prevalência das comorbidades foi de 8.2% para IC, 1.4% para AC e 0.4% para DV. Em ambas as DCV, a comorbidade IC esteve mais próxima do óbito até 1 ano após a alta e, em seguida, do óbito em até 30 dias após a alta e mais longe do óbito na internação.
Conclusões/Considerações
Entre as três comorbidades cardíacas de Elixhauser, a insuficiência cardíaca foi a mais próxima dos três desfechos, com menor distância quanto maior o tempo até o óbito. Nosso trabalho contribui para a compreensão das comorbidades cardíacas em relação com a mortalidade dos pacientes internados por DCV no SUS, utilizando métodos de aprendizado de máquina aplicados aos dados dos sistemas de informação do sistema de saúde.
INTERNAÇÕES POR DOENÇA CORONARIANA E A ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE NO RIO DE JANEIRO: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE 2008 A 2022
Comunicação Oral Curta
Alves, L.T.S.1, Graever, L.1, Silva, V.C.1, Medeiros Junior, E.S.1, Pinto, R. C.2, Anjos, V. S.1, Oliveira, D. M1
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro
2 ENSP/Fiocruz
Apresentação/Introdução
A Doença Arterial Coronariana (DAC) é uma das principais causas de internações no Brasil. Apesar da expansão da APS no município do Rio de Janeiro, as taxas de internação por DAC continuam elevadas. A investigação da rede de atenção, desigualdades territoriais e vigilância em saúde pode subsidiar melhorias na gestão do cuidado cardiovascular.
Objetivos
Analisar a evolução das internações por DAC no Rio de Janeiro entre 2008 e 2022 e sua relação com a estruturação da rede de atenção à saúde, com foco em desigualdades territoriais, perfil populacional e vigilância em saúde cardiovascular.
Metodologia
Trata-se de estudo retrospectivo, observacional, descritivo-exploratório, com análise de série temporal de 2008 a 2022. Foram utilizados dados secundários públicos do SIH, SIM, SIA, PNS e documentos oficiais da SMS-RJ. Foram analisadas taxas de internação por DAC, procedimentos realizados e cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF), além da evolução da rede ambulatorial especializada. As análises incluíram estatística descritiva, elaboração de linha do tempo das reformas e análise territorial das internações por Áreas de Planejamento. O estudo também produziu um relatório técnico-científico com diretrizes para o cuidado ambulatorial da DAC, validado por especialistas.
Resultados
Foram registradas 1.592.979 internações por DAC no período. Houve aumento de 109,46% nas internações entre 2008 (77.052) e 2022 (161.387), com maior incidência entre homens de 60 a 69 anos. A AP 3.3 concentrou 18% das internações. Apenas 2% dos casos resultaram em procedimentos, sendo 38% angioplastias com stent. Apesar da ampliação da cobertura da ESF, não houve redução proporcional das internações. Persistem desigualdades territoriais e raciais, além de lacunas nos registros de cor/raça e integração da rede. As internações são mais frequentes onde há menor acesso à atenção qualificada e vigilância efetiva.
Conclusões/Considerações
A ampliação da cobertura da APS não se traduziu diretamente na redução das internações por DAC. Ações integradas e sustentadas são necessárias para melhorar os desfechos.
RELAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL COM A PRESENÇA DE SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS TRANSPLANTADOS
Comunicação Oral Curta
Vieira C. R.1, Mata, D. I.1, Schincaglia, R. M.1, Marcola, M. C. D.2, Ferreira, J. S.2
1 Universidade Federal de Goiás
2 Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi
Apresentação/Introdução
Pacientes renais crônicos transplantados têm maior risco de comorbidades metabólicas, que afetam a função do enxerto e a qualidade de vida. O estado nutricional, especialmente o excesso de peso e a obesidade abdominal, está ligado à síndrome metabólica e desfechos negativos, sendo crucial para o manejo clínico.
Objetivos
Investigar a associação entre o estado nutricional e o desenvolvimento de síndrome metabólica e comorbidades em pacientes renais crônicos transplantados.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal com 43 pacientes renais crônicos transplantados. Dados foram obtidos de prontuários, incluindo variáveis antropométricas (peso, IMC, circunferência da cintura), bioquímicas (glicemia, perfil lipídico) e clínicas pré e pós-transplante. Utilizou-se média e desvio padrão para variáveis numéricas. A normalidade foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk. Aplicou-se teste t-Student para variáveis com distribuição normal e U-Mann-Whitney quando não normal. Variáveis categóricas foram comparadas por teste qui-quadrado de Pearson ou Exato de Fisher (p<0,05). A análise foi feita no STATA® 14.0
Resultados
Os resultados indicaram que pacientes com excesso de peso (CC média = 89,17 cm, dp = 11,95) apresentaram maior prevalência de comorbidades como hipertensão (58,14%) e dislipidemia (18,60%), além de níveis alterados de glicemia (128,50 mg/dL, dp = 51,30) e triglicerídeos (154,36 mg/dL, dp = 75,86). Pacientes com IMC elevado (média = 24,15 kg/m², dp = 4,48) também apresentaram maior frequência de síndrome metabólica, com 53,85% dos pacientes classificados como portadores da condição, reforçando que o estado nutricional é um fator importante no desenvolvimento de comorbidades em pacientes renais transplantados.
Conclusões/Considerações
O estudo indica que excesso de peso e obesidade abdominal estão associados a comorbidades e síndrome metabólica em pacientes renais crônicos transplantados. O monitoramento nutricional contínuo é essencial para melhorar o prognóstico. Futuras pesquisas devem explorar intervenções que favoreçam um estado nutricional adequado e reduzam complicações metabólicas.
SÍNDROME DO RISCO COGNITIVO MOTOR EM IDOSOS COM DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS
Comunicação Oral Curta
Rodrigures, R. S. P.1, Menezes, I.M.A.1, Pontes, L. S.1, Leon, E. B.1, Campos, H. L. M.1, Costa, R. M.2, Gomes, A. A.1
1 UFAM
2 UNIR
Apresentação/Introdução
A Síndrome do Risco Cognitivo Motor (SRCM) é um importante indicador para identificação precoce do desenvolvimento de síndromes demenciais, e, por isso, uma ferramenta de importante uso no contexto de saúde da atenção primária em uma população suscetível a esse risco como indivíduos idosos com diagnóstico de Diabetes Mellitus, que habitam no interior e na capital do estado do Amazonas.
Objetivos
Identificar a presença e possíveis fatores de exposição à Síndrome do Risco Cognitivo Motor em idosos com diagnóstico de Diabetes Mellitus no contexto amazônico.
Metodologia
Foram avaliados 258 idosos, do interior e da capital do estado do Amazonas quanto à presença de SRCM (queixas cognitivas subjetivas, redução da velocidade de marcha e ausência do diagnóstico de demência) e possíveis fatores de exposição como residir no interior ou na capital do estado, prática de atividade física semanal, sexo, nível de escolaridade, tempo de diabetes, índice de massa corpórea e estado civil. As queixas cognitivas foram baseadas em respostas dadas a pergunta “Você se sente com mais problemas de memória do que a maioria?” da Escala de Depressão Geriátrica (GDS- 15). Velocidade de marcha menor que 0,8 m/s foi considerada reduzida (verificada em percurso de 8m com cronômetro).
Resultados
Verificou-se prevalência de 42,6% da Síndrome do Risco Cognitivo Motor (SRCM), semelhante entre idosos com diabetes mellitus da capital e do interior do Amazonas. Queixas cognitivas foram relatadas por 60,5% da amostra e 63,6% apresentaram redução da velocidade de marcha. A escolaridade foi o único fator associado à SRCM, comparados a analfabetos, os idosos com até 9 anos de estudo tinham 2,6 vezes mais chance de ter SRCM; com 10 a 12 anos, 3,4 vezes; e com 13 anos ou mais, 6,7 vezes. Sexo, idade, IMC, atividade física, tempo de diagnóstico da diabetes e localidade não tiveram associação significativa, reforçando a complexidade da síndrome e a necessidade de avaliação multidimensional.
Conclusões/Considerações
Observou-se maior risco de SRCM entre indivíduos com maior escolaridade, há possibilidade de que mais anos de estudo estejam associados a menor índice de satisfação de vida e aumento de sintomas depressivos. Estes resultados são importantes para a saúde no contexto amazônico, contribuindo para identificação precoce de risco de desenvolvimento de síndromes demenciais, apoiando a prevenção e controle na população idosa na Atenção Primária em Saúde.
TENDÊNCIAS TEMPORAIS E FATORES ASSOCIADOS À MORTALIDADE POR CÂNCER DE COLO UTERINO NA REGIÃO METROPOLITANA DO PARÁ: UMA ANÁLISE ECOLÓGICA (2014-2023)
Comunicação Oral Curta
Cruz, M. L.1, Furtado, R. S.1, Silva, A. L. M.1, Souza, A. M. F.1, Miranda, C. S. C.1, Veiga, N. G.1, Figueiredo, E. R. L.2
1 UEPA
2 UFPA
Apresentação/Introdução
O câncer de colo uterino (CCU) é um problema de saúde pública nacional. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, a taxa padronizada de mortalidade pela população mundial CCU em 2021, na região norte, foi de 9,07 por 100 mil mulheres, sendo a primeira causa de morte por câncer feminino no território. Entretanto, há indisponibilidade de dados robustos a nível local e os condicionantes dessa doença.
Objetivos
Analisar as tendências temporais da mortalidade por CCU nos municípios da região metropolitana do Pará entre 2014 e 2023 e investigar possíveis associações entre essas taxas e indicadores de desenvolvimento humano e cobertura de saúde suplementar.
Metodologia
Estudo ecológico, com dados secundários de mortalidade (Sistema de Informações de Mortalidade), populacionais (Censo Demográfico) e cobertura de planos de saúde (ANS). Análise descritiva por meio do cálculo de taxas de mortalidade por 100.000 habitantes, médias, medianas, desvio padrão e intervalos interquartis para comparação das tendências centrais e variabilidade entre municípios. Análise inferencial foi empregada pelo teste de tendência com regressão linear para avaliar aumento/diminuição das taxas ao longo dos anos por município. Utilizou-se coeficientes de Spearman para associar as taxas de mortalidade com IDHM, IDHM Renda e IDHM Educação e cobertura de planos de saúde suplementar.
Resultados
Nenhum município teve tendência significativa (p>0,05), com aumentos marginais em Santa Bárbara do Pará (β=0,89; p=0,102) e Marituba (β=0,72; p=0,144). Correlações positivas entre IDHM Educação e mortalidade (r=0,64) e IDHM e mortalidade (r=0,60) sugerem limitações metodológicas, como defasagem temporal (IDHM-2010 vs. mortalidade 2014-23) e viés ecológico. Multicolinearidade crítica (IDHM-2010 vs. IDHM Educação; r=0,95) comprometeu análises multivariadas. Cobertura de saúde suplementar teve associação fraca (r≈0,40). Enquanto limitações a amostra pequena (n=8), reduzindo poder estatístico; dados socioeconômicos desatualizados; e subnotificação em áreas de menor acesso.
Conclusões/Considerações
As taxas de mortalidade por CCU mantiveram-se estáveis na região. Associações paradoxais entre IDHM e mortalidade sugerem viés ecológico ou defasagem temporal dos dados. A multicolinearidade entre indicadores sociais exige seleção criteriosa de variáveis em estudos futuros. Recomenda-se priorizar municípios com piores indicadores socioeconômicos para vigilância dos óbitos e melhorias nas políticas de rastreamento.
TEMPO DE INTERNAMENTO DE GESTANTES DE ALTO RISCO: ANÁLISE DE SOBREVIVÊNCIA E FATORES DE RISCO EM UNIDADE DE REFERÊNCIA DE MUNICÍPIO DE GRANDE PORTE BAIANO.
Comunicação Oral Curta
Souza Neta, Amanda Nunes de Cerqueira1, Campos, Mayana de Mello Bastos1, Rios, João Victor Guimarães Lima1, Rocha, André Ricardo Silva1, Palma, Tarciso de Figueiredo1
1 Centro Universitário de Excelência – UNEX de Feira de Santana/BA
Apresentação/Introdução
A gestação de alto risco envolve complicações que exigem atenção especializada. As condições de vida, trabalho e acesso aos serviços de saúde compõem um panorama que potencializam morbidades crônicas como diabetes e hipertensão. Compreender os fatores contextuais que vulnerabilizam a mulher nesta fase da vida é fundamental para o planejamento e cuidado em saúde materno-infantil
Objetivos
Analisar fatores sociodemográficos, clínicos e obstétricos associados ao tempo de internação de gestantes de alto risco em hospital público de Feira de Santana, Bahia, e avaliar a relação entre comorbidades, idade gestacional e internação.
Metodologia
Estudo de coorte retrospectiva realizado com gestantes de alto risco internadas em hospital público de Feira de Santana-BA, em 2024. A amostra final consistiu de 1.308 gestantes com dados completos. As variáveis analisadas incluíram idade, raça/cor, escolaridade, comorbidades (hipertensão, diabetes e/ou morbidades associadas), idade gestacional e tempo de internamento. Foi realizada análise de sobrevivência com curvas de Kaplan-Meier (log-rank) e regressão de Cox; regressão de Poisson para verificar fatores de risco de internamento prolongado (> 5 dias), com teste U de Mann-Whitney para identificar diferenças no tempo de internação (Risco Relativo com intervalos de confiança de 95%).
Resultados
Foram registradas 1.308 gestantes de alto risco, no ano de 2024. A maioria tinha entre 18 e 29 anos (56,8%), negras (92,9%), haviam completado o ensino médio (51,8%), solteiras/separadas (80,1%) e trabalhadoras domésticas (40,7%). As comorbidades mais prevalentes foram hipertensão (16,1%) e diabetes (8,2%). O tempo médio de internamento foi de 4 dias. Gestantes hipertensas (RR=1,42), diabéticas (RR=1,25) (e/ou multimórbidas, RR=1,31) apresentaram tempos mais longos de internação (5 dias) (p<0,01). A idade gestacional inferior a 34 semanas também esteve associada a maior tempo de internamento (6 dias), refletindo a complexidade clínica desses casos.
Conclusões/Considerações
Comorbidades como hipertensão e diabetes, aliadas à idade gestacional, estão associadas ao aumento do tempo de internação em gestantes de alto risco. Pacientes com essas condições apresentam hospitalização mais longa, evidenciando a necessidade de cuidados intensivos e personalizados. Destaca-se, assim, a importância de monitoramento contínuo e intervenções adequadas para melhores desfechos materno-infantis.
PREVALÊNCIA E DETERMINANTES ASSOCIADOS AO TABAGISMO PASSIVO NO DOMICÍLIO ENTRE ADULTOS NO BRASIL: RESULTADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE, 2019
Comunicação Oral Curta
Prates, E. J. S.1, Sá, A. C. M. G. N.1, Satiro, M. P. S. M.1, Malta, D. C.1
1 UFMG
Apresentação/Introdução
O tabagismo passivo é um importante fator de risco para doenças crônicas e representa um desafio para a saúde pública no Brasil e no mundo. Embora seja um agravo prevenível, mais de 21 mil mortes foram atribuídas a esse fator no Brasil em 2019. Torna-se, portanto, fundamental compreender a magnitude e os determinantes desse agravo entre adultos brasileiros.
Objetivos
Estimar a prevalência de tabagismo passivo no domicílio entre adultos brasileiros em 2019 e identificar fatores individuais, sociais e contextuais associados.
Metodologia
Estudo transversal analítico com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, envolvendo 77.245 adultos com 18 anos ou mais. O desfecho foi a exposição à fumaça do tabaco no domicílio. As variáveis explicativas foram selecionadas com base em modelo teórico sustentado na literatura. Foram realizadas análises bivariadas com cálculo das razões de prevalência brutas (RPb), seguidas de regressão de Poisson com variância robusta para estimativa das RP ajustadas (RPaj), incluindo variáveis com p ≤ 0,20. Permaneceram no modelo final aquelas com p < 0,05. As análises consideraram os pesos de pós-estratificação e foram conduzidas no Stata.
Resultados
A prevalência de tabagismo passivo no domicílio foi de 9,2% (IC95%: 8,77–9,60). Houve associação com sexo feminino (RPaj: 1,26; IC95%: 1,15–1,39), raça/cor parda (1,12; IC95%: 1,01–1,24) e preta (1,15; IC95%: 1,00–1,33), regiões Nordeste (1,21; IC95%: 1,06–1,39), Sudeste (1,46; IC95: 1,28–1,67) e Sul (1,41; IC95%: 1,22–1,63), áreas rurais (1,27; IC95%: 1,13–1,42), morar com 3–4 pessoas (1,45; IC95%: 1,25–1,69) ou 5 ou mais (2,31; IC95%: 2,01–2,66), e presença de asma (1,22; IC95%: 1,06–1,40), depressão (1,19; IC95%: 1,05–1,35), distúrbios do sono (1,31; IC95%: 1,17–1,47) e saúde regular (1,17; IC95%: 1,05–1,31) ou ruim (1,26; IC95%: 1,08–1,48).
Conclusões/Considerações
A exposição domiciliar ao tabagismo passivo afetou cerca de um em cada dez adultos no Brasil em 2019, estando associada a desigualdades sociais, regionais e condições de saúde. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas que assegurem ambientes livres de tabaco no domicílio, com foco em grupos mais vulneráveis.
VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT): DESAFIOS E AVANÇOS NO ESTADO DE RONDÔNIA, BRASIL
Comunicação Oral Curta
Costa,G.M1, Silva,F.S.B1, Pinto, L.S1, Kubota,L.A.A1, Romano,J.V.C1, Baldez,M.A.G1
1 AGEVISA
Apresentação/Introdução
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são a principal causa de morte global, responsáveis por mais de 70% das mortes no Brasil. No estado de Rondônia, o monitoramento das DCNT e seus fatores de risco é fundamental para a formulação de políticas públicas eficazes, visando reduzir a mortalidade prematura e desigualdades em saúde.
Objetivos
Analisar as tendências da mortalidade prematura por DCNT em Rondônia (2021-2024), identificar disparidades regionais e raciais, e avaliar os avanços e desafios na vigilância e prevenção dessas doenças no contexto estadual.
Metodologia
Estudo epidemiológico descritivo com dados secundários do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Vigitel – Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, no período 2021-2024. Foram analisadas taxas de mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT, estratificadas por regiões de saúde, raça/cor e faixa etária. A análise temporal permitiu identificar variações e disparidades, subsidiando avaliação das políticas públicas estaduais de prevenção, alinhadas ao Plano Nacional de DCNT e ao Plano Estadual de Saúde 2024-2027.
Resultados
A taxa de mortalidade prematura por DCNT em Rondônia reduziu de 255,78 (2021) para 238,77/100 mil hab. (2024), com variações regionais importantes: queda expressiva no Cone Sul e aumento no Vale do Guaporé. Raça/cor parda apresentou maior vulnerabilidade, enquanto brancos e indígenas registraram melhorias. Faixa etária 60-69 anos manteve maiores taxas. Os dados indicam avanços e desafios para controle das DCNT, exigindo estratégias regionais e sociais específicas.
Conclusões/Considerações
Os dados evidenciam avanços na vigilância das DCNT em Rondônia, mas ressaltam desafios persistentes nas regiões e grupos sociais vulneráveis. A redução da mortalidade prematura requer ações intersetoriais, fortalecimento da atenção primária e controle dos fatores de risco, alinhados às metas do Plano Estadual e Nacional para enfrentar as DCNT com equidade
PERFIL NUTRICIONAL DE SUJEITOS COM CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO ATENDIDOS EM SERVIÇO PÚBLICO DE REFERÊNCIA EM ONCOLOGIA NO INTERIOR DA BAHIA
Comunicação Oral Curta
Oliveira, N.S1, Jesus, C.F.2, Macedo, M.M3, Reis, T.G4, Oliveira, M.C2, Bessa Junior, J.2
1 UNEB
2 UEFS
3 Núcleo de Pesquisa em Câncer e Cabeça e Pescoço, Bahia
4 UNACON, Santa Casa de Misericórdia, Feira de Santana, Bahia
Apresentação/Introdução
O câncer de cabeça e pescoço (CCP) é uma malignidade marcada por desigualdade sociais, diagnóstico tardio e comprometimento do estado nutricional. Caracterizar o perfil nutricional em sujeitos com CCP é essencial para incentivar a identificação precoce de risco nutricional/desnutrição, afim de melhorar a assistência terapêutica e favorecer melhora do prognóstico e da qualidade de vida destes doentes.
Objetivos
Descrever o perfil nutricional de sujeitos com câncer de cabeça e pescoço atendidos em serviço público de referência em oncologia no interior da Bahia, com base em indicadores antropométricos e instrumentos de avaliação nutricional.
Metodologia
Estudo descritivo, com sujeitos maiores de 18 anos com CCP, atendidos em serviço de referência oncológica no interior da Bahia, entre 2016 e 2022. Foram analisadas as variáveis: IMC, prega cutânea tricipital (PCT), espessura do músculo adutor do polegar (EMAP), circunferência da panturrilha (CP), percentual de perda de peso (%PP), além de avaliação subjetiva global (ASG) e mini avaliação nutricional (MNA), dados sociodemográficos e clínicos. Variáveis contínuas foram descritas por mediana e intervalo interquartil e variáveis categóricas em frequências relativas. Este estudo tem aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, sob parecer nº 1.399.962.
Resultados
Foram incluídos 110 sujeitos, com mediana de idade de 64 anos [55-75,5], maioria do sexo masculino (80%), baixa escolaridade (82,6%), baixa renda familiar (80%) e 87% etilistas e tabagistas, 54% apresentaram tumores na cavidade oral e 41% na laringe (41%); 67,3% dos casos estavam em estadiamento clínico avançado (III, IV). O perfil nutricional dos sujeitos foi caracterizado por IMC de 23kg/m² [20,5-25,9], com EMAP de 10,5cm [8-13], PCT de 9mm [6,7-13] e CP de 33cm [31,4 -35,3]. Quanto ao %PP 36% apresentaram perda ponderal significativa em 3 meses. A ASG demostrou 63% de desnutrição moderada ou grave e a MNA demonstrou 56% de risco nutricional/desnutrição.
Conclusões/Considerações
A amostra analisada demonstra o cenário de baixa condição socioeconômica e alta prevalência de risco nutricional e desnutrição no CCP. Estes achados reforçam necessidade de avaliação nutricional precoce neste público, afim de direcionar estratégias nutricionais e terapêuticas para intervir o quanto antes no quadro de risco nutricional/desnutrição e dessa forma, contribuir para melhora do prognóstico e qualidade de vida nestes doentes.
TAXA DE MORTALIDADE PREMATURA (30 A 69 ANOS), PLENAMENTE ATRIBUÍVEL AO ÁLCOOL, ENTRE MULHERES, NO BRASIL – 2000 A 2023
Comunicação Oral Curta
Comini, L. O.1, Silva, I.C.G.1, Carvalho, L.S.L.1, Azevedo, C.2, Patriota, E.S.O.P.1, Alverga, C. C. F.1, Ortelan, N.1, Cardoso, L. O.3, Albuquerque, G. M.4
1 CGDNT/DAENT/SVSA/MS
2 CGVIVA/DAENT/SVSA/MS
3 DAENT/SVSA/MS
4 CGDNTDAENT/SVSA/MS
Apresentação/Introdução
A prevalência de consumo episódico pesado de álcool entre mulheres adultas vem crescendo desde 2006 no Brasil. Esse fator de risco está associado ao óbito por 40 agravos diretamente atribuíveis ao álcool. Além de ser causa evitável de mortes e lesões no trânsito, o álcool aumenta o risco de violência e impacta a saúde mental.
Objetivos
Descrever a taxa padronizada de mortalidade prematura (30 a 69 anos), plenamente atribuível ao álcool, entre mulheres, ao longo dos anos 2000 e 2023, no Brasil.
Metodologia
Foram extraídos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) dados referentes ao total de óbitos plenamente atribuíveis ao álcool, entre mulheres de 30-69 anos, de 2000 a 2023, no Brasil e nas Unidades da Federação segundo faixa etária. A tabulação considerou a soma dos óbitos por causa básica de doenças do aparelho digestivo; transtornos mentais e comportamentais; envenenamento/intoxicação; outras doenças, codificadas pelos códigos da Classificação Internacional de Doenças – 10ª Revisão. Foi calculada a taxa de mortalidade padronizada por idade, utilizando o censo de 2022 como população de referência. O comportamento da taxa foi descrito ao longo do período avaliado.
Resultados
Entre 2000 e 2023, a taxa de mortalidade prematura atribuível ao álcool entre mulheres no Brasil reduziu 2,8%, passando de 3,4 para 3,3 por 100 mil. No período entre 2006-2013, a mediana da taxa foi 4,0. A faixa de 60-69 anos apresentou um aumento de 35,8% no período, enquanto entre 30-39 anos, a taxa caiu 38,5%. Regionalmente, houve aumento ao longo do período nas taxas nas regiões Norte (74,7%), Nordeste (41,9%) e Centro-Oeste (29,2%) e redução nas regiões Sudeste (24,3%) e Sul (18,5%). O Nordeste teve aumento de 2,4 (2000), com pico de 4,9 (2012), reduzindo para 3,4 em 2023. O Norte teve elevação da taxa de 1,1 para 2,0. O Centro-Oeste teve o maior valor anual do país: 5,4 em 2013.
Conclusões/Considerações
A taxa de mortalidade prematura atribuível ao álcool entre mulheres manteve-se relativamente estável no Brasil entre 2000 e 2023. No entanto, destacam-se variações por faixa etária e região, com taxas elevadas entre mulheres de 50 a 59 anos e crescimento em regiões como Norte e Nordeste. Esses resultados indicam a necessidade de políticas públicas específicas, voltadas à prevenção e redução dos danos relacionados ao álcool.