
Programa - Comunicação Oral Curta - COC34.3 - Acidentes, Intoxicações e Violências
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
ACIDENTES DE TRÂNSITO COM INTERNAÇÃO HOSPITALAR NO BRASIL ENTRE 2019 E 2023: UM ESTUDO DESCRITIVO
Comunicação Oral Curta
1 UFPI
Apresentação/Introdução
Os acidentes de trânsito representam uma das principais causas de internações por causas externas no Brasil. Nesse sentido, a análise do perfil dessas ocorrências permite identificar grupos mais vulneráveis e subsidiar ações de prevenção e organização dos serviços de urgência e emergência no país.
Objetivos
Descrever o perfil das internações por acidentes de trânsito no Brasil entre 2019 e 2023, segundo sexo, faixa etária e unidade federativa.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, com dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS), disponíveis no Tabnet/DATASUS. Foram utilizados dados das 27 unidades federativas, sendo incluídas internações por causas externas relacionadas a acidentes de transporte terrestre (CID-10: V01–V89), no período de 2019 a 2023. As variáveis analisadas foram sexo, faixa etária e unidade federativa. A análise foi realizada no software SPSS, versão 25.0.
Resultados
O estudo revelou 1.170.838 internações por acidentes de trânsito, especialmente entre homens (77,8%), adultos jovens (20-39 anos: 46,2%) e motociclistas (53,4%), corroborando a literatura que associa gênero masculino, idade economicamente ativa e uso de motos a maior risco. As regiões Norte e Nordeste apresentaram taxas elevadas de acidentes com pedestres e ciclistas, refletindo infraestrutura urbana precária e menor fiscalização, enquanto o Sudeste concentrou casos envolvendo motos e automóveis. A subnotificação de raça/cor limita análises de equidade, mas pardos/pretos representaram 53,4% dos casos, sugerindo vulnerabilidade social, o que reforça a necessidade de políticas intersetoriais.
Conclusões/Considerações
Os acidentes de trânsito seguem como importante causa de internações por causas externas no Brasil, especialmente entre homens jovens. A análise por unidade federativa e faixa etária destaca a necessidade de políticas públicas integradas entre mobilidade urbana, educação no trânsito e organização dos serviços de urgência.
ANÁLISE DO PREENCHIMENTO DAS FICHAS DE NOTIFICAÇÃO DE ACIDENTES POR ESCORPIÃO NO DISTRITO FEDERAL.
Comunicação Oral Curta
1 UNB
Apresentação/Introdução
Os acidentes por animais peçonhentos são caracterizados pela Organização Mundial de Saúde como doenças tropicais negligenciadas, com um destaque para os acidentes por escorpião. No Distrito Federal, os casos anuais subiram de 790 para 3.738 entre 2012 e 2024. Embora a notificação desses casos seja obrigatória no SINAN, muitas vezes o preenchimento dessas fichas é negligenciado.
Objetivos
Descrever o preenchimento das fichas de notificação de acidentes por escorpião do SINAN entre o período de 2014 e 2024.
Metodologia
Foi realizado um estudo descritivo e retrospectivo baseado em dados secundários, por meio da coleta de informações no banco dados de acidentes de animais peçonhentos do SINAN Net entre os anos de 2014 e 2024 no Distrito Federal. Para a sistematização dos dados, foi utilizado o programa Microsoft Office Excel. Na análise, foram incluídos campos essenciais não obrigatórios, sendo eles: Escolaridade, raça/cor, tempo picada-atendimento, manifestações locais, ocupação e evolução do caso. Em uma adaptação do escore de Almeida, Cavalcante e Mise (2023), o preenchimento das fichas foi classificado como muito ruim (<50%), ruim (50% - 80%), regular (80% - 90%), boa (90% - 95%) e excelente (≥95%).
Resultados
Entre 2014 e 2024, foram notificadas 19.123 ocorrências de acidentes por escorpiões no Distrito Federal, com crescimento médio anual de 22%. Os campos raça, tempo entre acidente e atendimento, evolução do caso e manifestações locais tiveram excelente preenchimento. Escolaridade apresentou completude regular (89,8%), enquanto ocupação teve baixa completude (23,8%), atingindo o menor percentual de completude em 2020 (18,5%). A baixa qualidade do campo de ocupação, essencial para caracterizar os casos, indica necessidade de melhorias na coleta. Estudos futuros devem avaliar também a coerência dos dados, além da completude, como sugerido por Brito et al. (2023).
Conclusões/Considerações
O crescimento contínuo dos acidentes por escorpiões no Distrito Federal reforça a necessidade de compreensão dos fatores que ocasionam esse aumento. Para isso, a completude das fichas de notificação é essencial para a caracterização dos casos e a formulação de estratégias para a redução de sua ocorrência. Embora a maioria dos casos apresente uma excelente completude, há uma grande falha no preenchimento do campo “ocupação” e deve ser aprimorado.
ARTICULAÇÃO INTERSETORIAL PARA ENFRENTAMENTO DAS INTOXICAÇÕES EXÓGENAS POR LARVICIDA BIOLÓGICO NA BAHIA
Comunicação Oral Curta
1 SESAB-BA
2 Secretaria Municipal de Sáude de Guanambi-BA
Período de Realização
Coleta de dados de 2015 a 2023. Realização 2025.
Objeto da experiência
Articulação entre Vigilância Epidemiológica, Saúde do Trabalhador, Ambiental e Atenção Primária para prevenir e monitorar intoxicações por VECTOBAC® WG na Bahia.
Objetivos
Fortalecer a articulação entre os setores da saúde para melhorar a resposta à intoxicação exógena ocupacional. Estabelecer fluxos de comunicação e intervenção entre vigilância em saúde e serviços de atenção à saúde, promovendo ações integradas de prevenção, diagnóstico e manejo dos casos notificados.
Metodologia
Diante do aumento das notificações de intoxicação exógena em 2023, foi necessária uma abordagem intersetorial entre vigilância epidemiológica, sanitária, saúde ambiental e saúde do trabalhador. As ações envolveram inspeções nos ambientes de trabalho, adequação dos processos de aplicação do larvicida, emissão de notificações no SINAN e capacitação dos profissionais de saúde. A integração dos setores permitiu recomendações para uso seguro do produto e revisão das medidas de proteção individual.
Resultados
A articulação intersetorial facilitou a identificação de rotas de exposição ao larvicida e viabilizou a adoção de medidas corretivas no ambiente de trabalho. A melhoria na notificação no SINAN permitiu um panorama epidemiológico mais preciso sobre as intoxicações, contribuindo para decisões informadas. O fortalecimento da comunicação entre os setores resultou na emissão da nota técnica SUVISA nº 01/2024, direcionando os municípios na gestão do risco e no acompanhamento dos trabalhadores afetados.
Análise Crítica
A experiência destacou a relevância da intersetorialidade na vigilância da saúde, evidenciando que a colaboração entre setores melhora o fluxo de informações e aumenta a eficácia das ações de prevenção. A incompletude dos registros sobre escolaridade e raça/cor nos sistemas de notificação revelou a necessidade de aprimorar a coleta de dados. O envolvimento das unidades de atenção primária foi essencial para identificar precocemente os sintomas de intoxicação e garantir encaminhamentos adequados.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se fortalecer a integração entre setores de saúde por meio de capacitações conjuntas, aprimoramento nos sistemas de notificação e protocolos padronizados para manejo de intoxicações ocupacionais. A adequação dos EPIs e a educação em saúde para agentes de combate às endemias são fundamentais. A intersetorialidade deve ser um eixo essencial na gestão de riscos químicos, garantindo respostas ágeis e eficazes em emergências sanitárias.
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA DE ACIDENTE DE TRABALHO EM UMA REGIÃO DE SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA, BRASIL, 2020 A 2024.
Comunicação Oral Curta
1 Vigilância em Saúde do Trabalhador/Secretaria da Saúde do Estado da Bahia
2 Vigilância Epidemiológica/Secretaria da Saúde do Estado da Bahia
3 Centro de Informações Estratégicas em Vigilancia em Saúde/ Núcleo Reginal de Saúde Centro Leste/Secretaria da Saúde do Estado da Bahia- SESAB
Apresentação/Introdução
A Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat) tem como finalidade proteger e promover a saúde dos trabalhadores, atuando de forma integral, por meio da análise da relação entre o processo de trabalho e os agravos à saúde, com a incumbência de intervir em situações de risco e desgaste à saúde dos trabalhadores. Portanto, busca dar visibilidade às relações de trabalho que impactam a saúde.
Objetivos
Avaliar o Sistema de Vigilância (SV) de Acidente de Trabalho da Região de Saúde de Feira de Santana, estado da Bahia, Brasil, no período de 2020 a 2024.
Metodologia
Estudo avaliativo analisou dados secundários no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), seguindo as diretrizes do Center for Disease Control and Prevention (CDC). A qualidade dos dados (completude) de campos obrigatórios como Ocupação, Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e Código Internacional de Doenças (CID)10 foi avaliada com os seguintes parâmetros: Excelente = 100%, Regular = 70% a 99,9% e Ruim <70%. O Classificação Nacional de Atividades Económicas (CNAE) foi avaliado como campos essenciais. No atributo de oportunidade analisou-se o intervalo de tempo entre data do acidente e data da notificação e os parâmetros: Excelente ≥90%, Regular =70% a 89,9% e Ruim < 70%.
Resultados
Durante o período avaliado, foram identificadas 3148 notificações A completude dos campos obrigatórios apresentou desempenho regular, com destaque para os campos "ocupação" (94,9%) e "Código da Causa do Acidente" (99,5%). Todavia, o campo referente à emissão da CAT teve desempenho ruim, com apenas 41,9% de preenchimento. Quanto aos campos essenciais, CNAE, teve desempenho ruim em todos os anos avaliados: em 2022, apenas 26 (3,3%) campos foram preenchidos; em 2023, foram 57 (5,6%); e em 2024, 496 (36,7%). Quanto à oportunidade das notificações, apenas 213 (6,8%) casos foram registrados dentro do prazo de 7 dias. O pior desempenho ocorreu em 2023, com apenas 56 (5,5%) notificações oportunas.
Conclusões/Considerações
O estudo concluiu que a qualidade dos dados foi classificada como regular e oportunidade como ruim, indicando que são pouco completos e inoportunos para direcionar ações de vigilância de acidente de trabalho. Assim, se faz necessário a integração das ações da Visat à assistência em saúde para garantir todas as etapas da vigilância em tempo hábil com intuito de reduzir a subnotificação e adoção de medidas oportunas de proteção e prevenção.
CRESCIMENTO DOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA ENTRE 2020 E 2024
Comunicação Oral Curta
1 Escola de Governo Fiocruz Brasília (EGF)
2 Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal
Apresentação/Introdução
Os acidentes com animais peçonhentos são um problema de saúde pública no Brasil. A análise da tendência temporal desses eventos permite identificar padrões de aumento, redução ou estabilidade na incidência ao longo do tempo, auxiliando na formulação de ações de prevenção e controle.
Objetivos
Analisar os casos de acidentes com animais peçonhentos registrados entre 2020 e 2024 nos diferentes estados brasileiros.
Metodologia
Estudo descritivo, baseado em dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), por meio da plataforma TABNET. Foram analisados os casos de acidentes com animais peçonhentos registrados no Brasil entre 2020 e 2024. As variáveis incluíram sexo, faixa etária, raça/cor, gravidade, evolução e soroterapia. Os dados foram organizados e tabulados no Microsoft Excel, permitindo a análise quantitativa (medidas de tendência central, frequência absoluta e relativa) e taxa de incidência (100 mil habitantes) das ocorrências por estado e região.
Resultados
Entre 2020 e 2024, o Brasil notificou 1.492.647 acidentes com animais peçonhentos, um aumento de 28%, de 263.315 casos em 2020 para 336.560 em 2024, com pico em 2023 (344.105). A Região Nordeste apresentou as maiores taxas por 100 mil habitantes, com destaque para Alagoas (432). Por outro lado, o Rio de Janeiro registrou a menor taxa (17). O escorpionismo representou 60% dos casos (902.177). Houve predomínio no sexo masculino (55%; 822.690), entre indivíduos pardos (50%; 752.870) e adultos de 20 a 49 anos (46%; 685.809). A maioria dos casos foi leve (83%; 1.241.724), com evolução para cura (90%; 1.345.336), e 13% (187.756) receberam soroterapia.
Conclusões/Considerações
Os acidentes com animais peçonhentos seguem como um desafio para a saúde pública no Brasil. Mudanças climáticas, urbanização e degradação ambiental contribuem para o aumento dos acidentes. Compreender a epidemiologia desses agravos é essencial para orientar ações de vigilância e prevenção, além de subsidiar políticas públicas mais eficazes e adequadas às realidades locais.
EPIDEMIOLOGIA DOS ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS EM GOIÁS E NO DISTRITO FEDERAL, BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 UniRV
2 UniRV e UFG
Apresentação/Introdução
Acidentes com animais peçonhentos configuram importante agravo de saúde pública no Brasil, sendo de notificação obrigatória. Goiás e Distrito Federal apresentam números expressivos de casos, o que reforça a necessidade de caracterizar o perfil epidemiológico das vítimas para subsidiar ações de prevenção e controle.
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico dos acidentes com animais peçonhentos notificados no estado de Goiás e no Distrito Federal, Brasil, no período de 2013 a 2022.
Metodologia
Este estudo é um recorte de uma pesquisa maior, com dados dos acidentes com animais peçonhentos na região Centro-Oeste do Brasil. Trata-se de uma abordagem ecológica descritiva baseada em dados agregados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) sobre acidentes registrados em Goiás e no Distrito Federal entre 2013 e 2022. As variáveis incluíram faixa etária, sexo, raça, escolaridade, tempo entre o acidente e o atendimento, local da picada, gravidade, animal causador, acidente de trabalho e evolução do caso. Os dados foram apresentados em frequência absoluta e relativa, permitindo comparações entre Goiás e Distrito Federal quanto às características epidemiológicas.
Resultados
Foram registrados 60.611 casos em Goiás e 17.614 no Distrito Federal no período analisado. Predominaram adultos de 20-59 anos (GO: 62,2%; DF: 62,7%), sexo masculino (GO: 58%; DF: 51%) e com ensino médio completo (GO: 20,3%; DF: 11,5%). Escorpiões foram os principais causadores dos acidentes (GO: 56%; DF: 73%). A maioria dos casos foi classificada como leve (GO: 78%; DF: 81%) e o atendimento em até uma hora foi mais frequente em Goiás (55%) que no Distrito Federal (39%). Observou-se que em ambos os estados, os pés foram as partes do corpo mais frequentemente picadas (GO: 23,8%; DF: 25,5%) e ocorreram 115 óbitos em Goiás e 18 no Distrito Federal.
Conclusões/Considerações
Os acidentes com animais peçonhentos em Goiás e no Distrito Federal afetam principalmente adultos jovens e são frequentemente causados por escorpiões. Apesar da maioria dos casos ser classificada como leve, as mortes notificadas evidenciam a necessidade de fortalecer ações de vigilância, educação em saúde e medidas preventivas para reduzir a morbimortalidade.
ESCORPIONISMO EM IDOSOS NA BAHIA - BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
Apresentação/Introdução
Os acidentes por escorpiões configuram um importante problema de saúde pública no Brasil, sobretudo em áreas urbanas e periferias. Apesar de os idosos serem grupo vulnerável, há escassez de estudos específicos sobre escorpionismo nessa faixa etária, comprometendo o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas a essa população.
Objetivos
Analisar a incidência, letalidade e perfil sociodemográfico dos idosos acometidos por escorpionismo na Bahia, entre 2018 e 2024, para subsidiar estratégias de saúde pública voltadas a esse grupo.
Metodologia
Estudo epidemiológico, descritivo e observacional, com base em dados secundários do (Sinan). Foram incluídos todos casos notificados de escorpionismo em indivíduos com 60 anos ou mais, residentes na Bahia, entre 2018 e 2024.As vaiáveis analisadas foram sexo, ,raça/cor, escolaridade e evolução clínica. A incidência foi pela razão entre n° de casos e a população idosa multiplicada por 10n, e a letalidade, pela razão entre óbitos e n° de casos, multiplicado por 100.
Resultados
Foram registrados 142.336 casos de escorpionismo em idosos na Bahia, com coeficiente de incidência de 992 por 100 mil habitantes idosos. A taxa de letalidade foi de 0,01%. Predominaram casos entre mulheres, pessoas pardas, com baixa escolaridade e residentes em áreas urbanas periféricas, evidenciando desigualdades sociais associadas ao agravo.
Conclusões/Considerações
Os resultados reforçam a alta incidência e baixa letalidade do escorpionismo na população idosa da Bahia, destacando a vulnerabilidade social desse grupo. Ressalta-se a necessidade de políticas públicas específicas para prevenção, vigilância e atenção integral à saúde dos idosos, especialmente em contextos de desigualdade social.
PREVALÊNCIA E PERFIL DOS ACIDENTES DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO ENTRE PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO BRASIL, EM 2023.
Comunicação Oral Curta
1 UFRN
2 Observatório de Recursos Humanos/UFRN
Apresentação/Introdução
Embora os acidentes de trabalho com material biológico (ATMB) constituam um problema de saúde pública amplamente notificado no Brasil, são escassos os estudos que investigam sua prevalência entre profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS). Essa lacuna limita o desenvolvimento de estratégias específicas de vigilância e prevenção voltadas aos trabalhadores desse nível de atenção.
Objetivos
Estimar a prevalência de acidentes de trabalho com material biológico entre profissionais da Atenção Primária em Saúde no Brasil, caracterizando os casos segundo perfil sociodemográfico, ocupacional, tipo de exposição e circunstâncias do evento.
Metodologia
Estudo observacional, transversal, com dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Incluíram-se registros de ATMB ocorridos em 2023 entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, odontólogos e técnicos de saúde bucal da APS. As variáveis analisadas incluíram perfil sociodemográfico, ocupação, região geográfica, tipo de exposição e circunstâncias do acidente. A análise foi descritiva. A taxa de ATMB foi calculada pela razão entre casos e total de profissionais por categoria. O estudo integra um projeto do Observatório de Recursos Humanos em Saúde/UFRN com financiamento do Ministério da Saúde.
Resultados
Em 2023, registraram-se 2.091 ATMB entre profissionais da APS, com taxa de 44,35/10.000. Técnicos em saúde bucal apresentaram a maior prevalência (63,4), seguidos por técnicos em enfermagem (37,3) e odontólogos (35,8). A maioria das vítimas era do sexo feminino (91,5%), com idade entre 20–39 anos, raça branca e vínculo formal. As principais circunstâncias foram procedimentos odontológicos (34%) e lavagem de material (21,8%). Regiões Sudeste e Nordeste concentraram os maiores registros. Destacam-se a alta por negatividade do paciente fonte (29%) e por conversão sorológica (2,15%). Observou-se alta incompletude nos campos referentes a tipo de exposição, situação vacinal, agente e uso de EPI.
Conclusões/Considerações
Os achados evidenciam a expressiva ocorrência de ATMB na APS, com maior prevalência entre profissionais de nível médio, especialmente mulheres jovens. As fragilidades nos registros e a incompletude de variáveis críticas comprometem a vigilância da saúde do trabalhador. Reforça-se a necessidade de qualificar os sistemas de informação e fortalecer ações de prevenção e proteção no trabalho em saúde.
QUALIDADE DO SONO E ACIDENTES DE TRÂNSITO COM MOTOCICLISTAS E CICLISTAS
Comunicação Oral Curta
1 Faculdade de Medicina da Bahia - Universidade Federal da Bahia - UFBA
2 Faculdade de Medicina da Bahia - Universidade Federal da Bahia - UFBA; Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho;
3 Faculdade de Medicina da Bahia - Universidade Federal da Bahia - UFBA; Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho;
Apresentação/Introdução
A intensificação da carga laboral, as relações de trabalho e a hiperconexão às redes são fenômenos intimamente ligados à redução da qualidade do sono. A ascensão dos problemas do sono tem impacto sobre as habilidades psicomotoras e podem resultar em acidentes no trânsito. Apesar disso, há escassez de estudos que descrevam a percepção da qualidade do sono entre os condutores.
Objetivos
Descrever características sociodemográficas e a autopercepção da qualidade do sono de motociclistas e ciclistas atendidos em hospital estadual de referência ao trauma por acidente de trânsito.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal sobre a autopercepção da qualidade do sono em motociclistas e ciclistas acidentados no trânsito. As entrevistas foram realizadas no período de dez/2024 a maio/2025. Responderam o questionário os acidentados com idade de 16 anos ou mais, que deram entrada no hospital, nesse período, por acidente de motocicleta ou bicicleta, condutores do veículo. O questionário foi aplicado por entrevistadores habilitados, com perguntas acerca de características sociodemográficas, experiências no trânsito e autopercepção do sono. Para avaliação dos dados foi realizada abordagem estatística descritiva.
Resultados
Houve grande predomínio de homens (92,5%), não brancos (91,8%), com baixa escolaridade (87,4%), sem companheiro(a) estável (76,7%). Dentre os entrevistados, 26,4% afirmaram ter três ou mais dependentes da sua renda para sobreviver e 50,3% informaram ter sido vítima de acidente de trabalho. Em relação ao sono, 31,4% consideram a qualidade do seu sono como baixa/moderada, 30,2% informaram ter dificuldade para dormir e 5,7% fazem uso de medicações para dormir.
Conclusões/Considerações
O número de condutores em situação de trabalho ou percurso de trabalho no momento do acidente evidencia a vulnerabilidade das condições laborais destes indivíduos. Ademais, os achados apontam para baixa qualidade do sono, o que pode impactar na atenção e na segurança dos condutores no trânsito, reforçando a condição vulnerável da direção em duas rodas.
QUALIFICAÇÃO DA VARIÁVEL RAÇA/COR NAS NOTIFICAÇÕES DE VIOLÊNCIA INTERPESSOAL/AUTOPROVOCADA NO MUNICÍPIO DE TANGUÁ-RJ: AVANÇOS E DESAFIOS
Comunicação Oral Curta
1 SMS TANGUA
Período de Realização
Casos de violência interpessoal/autoprovocada registrados no (SINAN) entre os anos de 2020 a 2024.
Objeto da experiência
Notificações compulsórias de violência interpessoal/autoprovocada de residentes de Tanguá (RJ).
Objetivos
Descrever a experiência do município de Tanguá-RJ na qualificação dos dados sobre violência interpessoal/autoprovocada, com ênfase na melhora do preenchimento do campo Raça/Cor na ficha de notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Descrição da experiência
Foi realizada uma análise qualitativa dos casos de violência notificados no município visando identificar incompletudes no campo Raça/Cor. A análise revelou que cerca de 30% das notificações chegavam com essa informação ignorada. Foram implementadas estratégias como capacitações presenciais com profissionais da rede de saúde do município e unidades escolares, além da integração da rede de proteção com os serviços que realizam notificação dos casos.
Resultados
A partir de 2022 foi possível observar a melhora no preenchimento da variável raça/cor: 70% das notificações estavam com o campo informado. Em 2024, 99% continham essa informação. Nesse último ano, chama atenção que 45% dos casos ocorreram na população parda. Tivemos ainda aumento na notificação da ocorrência de violência: de 83 em 2020 para 164 casos notificados em 2024. Foi criado o “Papo de Violência”, um bate-papo presencial sobre cuidado e proteção e a importância da notificação.
Aprendizado e análise crítica
A incompletude do campo Raça/Cor nas notificações de violência limita a identificação de vulnerabilidades e ações direcionadas no território. Com a implementação das capacitações, monitoramento contínuo e devolutivas técnicas às unidades notificadoras, foi possível observar uma melhora significativa na qualidade das informações. Ressaltamos que o trabalho junto à rede de saúde é uma atividade que requer continuidade, visto que os resultados começaram a ficar evidentes no segundo ano de trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
A qualificação do campo Raça/Cor permitiu análises mais detalhadas e revelou desigualdades entre os grupos populacionais, subsidiando ações mais direcionadas de prevenção e cuidado. A experiência demonstra que o fortalecimento da vigilância e sensibilização das equipes é essencial para garantir dados mais completos e promover equidade em saúde. A qualificação da informação em saúde é um passo essencial para o enfrentamento das desigualdades.

Realização: