
Programa - Comunicação Oral Curta - COC34.5 - Arboviroses e Malária
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
AVANÇOS E DESAFIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE VETORIAL DA DENGUE NO ESTADO DE SÃO PAULO SOB O OLHAR DOS GESTORES MUNICIPAIS E PONTOS FOCAIS ESTADUAIS
Comunicação Oral Curta
1 Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (IS/SES-SP), SP, Brasil.
Apresentação/Introdução
O crescente número de casos de dengue em São Paulo, apesar dos esforços de prevenção e controle, levantou a questão central deste estudo referente aos avanços, desafios e estratégias vivenciados pelos municípios paulistas. A lacuna de pesquisas sobre o controle vetorial da dengue em diferentes perfis municipais, sob a ótica de gestores e técnicos, motivou a realização deste estudo qualitativo.
Objetivos
Identificar em amostra de 66 municípios paulistas estratificados por porte populacional e frequência de transmissão de dengue avanços, desafios e estratégias quanto às práticas estabelecidas pelos municípios referentes às ações de controle vetorial.
Metodologia
Este estudo qualitativo utilizou questionários autoadministrados preenchidos por gestores de controle vetorial em 66 municípios, e entrevistas com 9 representantes técnicos regionais da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, no período de 2022 a 2023. Essas fontes primárias forneceram informações sobre as estratégias de intervenção, avanços e desafios enfrentados pelos municípios. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo (Bardin, 2016) com identificação de temas presentes nos trechos transcritos a partir de falas das entrevistas e respostas do questionário seguido de codificação, categorização e interpretação dos resultados obtidos.
Resultados
Como principais resultados, tanto para os gestores locais quanto para as referências técnicas estaduais, os avanços foram observados em destaque nos municípios de pequeno porte populacional e média de frequência de transmissão de dengue. As dificuldades foram maiores em municípios de grande porte e alta frequência de transmissão de dengue. As estratégias apontadas pelas referências técnicas estaduais variaram entre os diferentes perfis de municípios, destacando maior comportamento de busca de soluções diante de dificuldades pelos municípios de grande porte populacional e alta frequência de transmissão de dengue.
Conclusões/Considerações
Apesar de avanços em municípios de menor porte, formular estratégias eficazes para o controle da dengue é um grande desafio, diante da complexidade do tema. É fundamental que soluções sejam adaptadas às necessidades específicas de cada município, considerando demandas e contextos locais, conforme o olhar de gestores municipais, referências técnicas e demais atores envolvidos no processo de implementação de ações e na tomada de decisões.
PRÁTICAS DE TRABALHO DOS AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS: DESAFIOS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DAS ARBOVIROSES
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal da Bahia - Instituto Multidisciplinar em Saúde – (IMS/UFBA)
2 Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR)
Apresentação/Introdução
No cenário persistente das arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya torna-se imprescindível a atuação dos Agentes de Combate às Endemias (ACE). O trabalho do ACE envolve a atuação em atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e promoção da saúde. A educação permanente é uma ferramenta de formação e capacitação dos ACE para lidar com as necessidades e desafios do trabalho em saúde.
Objetivos
Analisar as práticas de trabalho dos agentes de combate às endemias na prevenção e controle das arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya em um município do sudoeste da Bahia.
Metodologia
Estudo qualitativo realizado em localidades de elevado Índice de Infestação Predial do Aedes aegypti. As informações foram obtidas por meio de análise documental, observação participante e entrevistas semiestruturadas. Foram realizadas 22 entrevistas, entre março a julho de 2022, com agentes de combate a endemias, lideranças comunitárias, profissionais da saúde da família e gestores. Para a análise, utilizou-se uma matriz teórica composta pelas dimensões: Processo de trabalho do ACE; Riscos envolvidos no trabalho; e Formação e educação permanente. O material das entrevistas e observação participante foi transcrito, codificado e analisado de acordo com as dimensões da matriz.
Resultados
Sobre o processo de trabalho, identificou-se que os ACE não possuem território fixo e atuam em regime de mutirão em área de maior infestação. Constatou-se uma elevada quantidade de ACE afastados das atividades laborais em decorrência da exposição dos agentes a fatores de risco químicos e físicos, associado a falta de prevenção adequada. No que se refere aos processos formativos, os agentes participam de treinamentos específicos, o que contribui para sua capacidade técnica no registro e interpretação de sintomas das arboviroses. Entretanto, tais treinamentos ocorrem esporadicamente e sem incentivo à participação, acarretando em abstenção de parte da equipe.
Conclusões/Considerações
O estudo aponta entraves para o combate das arboviroses, dentre estes, o quantitativo insuficiente de profissionais em campo somado ao desvio de função devido aos riscos ocupacionais. Além disso, a capacitação e a educação permanente não ocupam lugar de destaque. É necessário que haja não apenas a qualificação técnica do ACE, mas também o reconhecimento social desses profissionais como agentes estratégicos na promoção da saúde coletiva.
PROTOCOLO PARA ROTINA FISCALIZATÓRIA SANITÁRIA DE MAMADEIRAS, BICOS E CHUPETAS
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz
Período de Realização
Março a Maio de 2025
Objeto da produção
Desenvolvimento de um protocolo técnico para padronizar a fiscalização sanitária de produtos voltados à primeira infância.
Objetivos
Criar um instrumento técnico baseado na legislação vigente que qualifique e uniformize as ações da vigilância sanitária na fiscalização de mamadeiras, bicos e chupetas, contribuindo para a proteção da infância e o fortalecimento do aleitamento materno.
Descrição da produção
O protocolo está sendo desenvolvido com base na RDC 908/2024, Lei 11.265/2006 e Decreto 9.579/2018. As exigências legais foram sistematizadas em um checklist com critérios objetivos de conformidade. A construção considera a aplicabilidade em campo, com linguagem técnica acessível e estrutura prática. A proposta está em fase de elaboração e foi apresentada à gerência da vigilância sanitária, contando com o interesse de profissionais da área. A validação institucional ainda será realizada.
Resultados
Apesar de ainda não validado oficialmente, o checklist já apresenta resultados parciais relevantes, como o mapeamento técnico das exigências normativas e a estruturação de um instrumento funcional para a rotina fiscalizatória. O material tem despertado interesse entre os colegas, com potencial de ser adotado como ferramenta padrão após validação.
Análise crítica e impactos da produção
O checklist representa uma iniciativa de qualificação das práticas de fiscalização sanitária voltadas à proteção da infância. Ao organizar exigências legais em um formato prático e replicável, propõe um avanço na capacidade técnica das equipes de vigilância. Tem potencial de promover maior segurança jurídica, fortalecer políticas públicas de incentivo ao aleitamento materno e proteger a saúde de crianças nos primeiros anos de vida.
Considerações finais
Este produto técnico em construção demonstra que ações simples, quando estruturadas com base normativa e voltadas ao cuidado infantil, podem gerar impacto positivo na atuação do SUS. Com o apoio institucional necessário, o protocolo poderá se tornar um instrumento oficial de fiscalização, replicável em diferentes territórios, e contribuir diretamente para a proteção da saúde infantil e o fortalecimento das práticas de amamentação
REGISTROS ELETRÔNICOS DE SAÚDE COMO FERRAMENTAS DE VIGILÂNCIA: PANORAMA DE POTENCIALIDADES E DESAFIOS EMERGENTES
Comunicação Oral Curta
1 UFPR
2 UEA
Apresentação/Introdução
As Tecnologias de Comunicação e Informação em Saúde vêm transformando a vigilância em saúde ao viabilizar a coleta sistematizada de dados via registros eletrônicos. No entanto, persistem lacunas investigativas, marcadas por barreiras linguísticas, delimitação temporal rígida e um foco direcionado à análise de evidências, características comuns às revisões sistemáticas.
Objetivos
Mapear e sintetizar as evidências científicas sobre as potencialidades e os desafios da utilização de registros eletrônicos de saúde na vigilância em saúde.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo conduzida entre os meses de abril e novembro de 2024, conforme as diretrizes do Instituto Joanna Briggs (JBI) e descrita de acordo com o PRISMA-ScR. Foram incluídas seis bases de dados e duas plataformas de literatura cinzenta (MEDLINE, Scopus, CINAHL, Web of Science, Embase, e IEEE Xplore. A busca de estudos na literatura cinzenta deu-se na OpenGrey e Google Scholar. Além disso, realizou-se a busca manual nas listas de referências dos estudos selecionados. A triagem e a análise dos estudos foram realizadas no software Rayyan, com dupla investigação cega e independente.
Resultados
Foram incluídos na revisão 29 artigos, publicados entre 2011 e 2024, em quatro países de três continentes. Com predomínio de estudos transversais. As potencialidades e desafios dos registros eletrônicos de saúde, foram agrupados em cinco categorias: política, técnica, padronização, qualidade dos dados e recursos. Destacou-se a contribuição dos registros eletrônicos na geração de dados em tempo real, com maior cobertura populacional e apoio à vigilância. Entre os desafios, ressalta-se a dificuldade de acesso e análise dos dados, além de questões éticas relacionadas à privacidade e segurança das informações. A interoperabilidade é apontada como essencial à consolidação dos sistemas.
Conclusões/Considerações
Os registros eletrônicos de saúde configuram-se como ferramentas estratégicas e inovadoras no fortalecimento da vigilância em saúde e na gestão de crises sanitárias. Esses registros consolidam-se como soluções tecnológicas promissoras no campo da saúde digital, com potencial para transformar práticas de cuidado, qualificar a tomada de decisão e subsidiar políticas orientadas por evidências, especialmente em contextos complexos e dinâmicos.
RESGATE DA VIGILÂNCIA DA HANSENÍASE NA APS: ACOMPANHAMENTO DE EGRESSOS E CONTATOS FRENTE À FRAGILIZAÇÃO DO CUIDADO PELO PREVINE BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 UFT - Universidade Federal do Tocantins
Período de Realização
Janeiro a abril de 2024, em Unidade de Saúde da Família do município de Palmas (TO)
Objeto da experiência
Acompanhamento de egressos do tratamento de hanseníase e investigação de seus contatos intradomiciliares e peridomiciliares.
Objetivos
Reinstituir o acompanhamento clínico de egressos da hanseníase e identificar sintomáticos entre seus contatos registrados e não registrados, fortalecendo o cuidado longitudinal, a vigilância ativa e a detecção precoce da doença na Atenção Primária à Saúde (APS).
Metodologia
A experiência teve início com capacitação da equipe da UBS sobre vigilância de hanseníase. Após revisão de registros, identificaram-se os egressos dos últimos dois anos. Agentes comunitários agendaram visitas domiciliares para avaliação dermatoneurológica feita por enfermeiras. Contatos foram examinados, e sintomáticos foram encaminhados para consulta médica e Avaliação Neurológica Simplificada. Todo o processo seguiu protocolo clínico-laboratorial.
Resultados
Em três meses, a unidade passou de 2 para 47 casos novos de hanseníase diagnosticados e em tratamento. A maioria dos casos resultou da investigação ativa de contatos registrados e não registrados. A estratégia reafirma a efetividade do rastreio ativo e resgata diretrizes do Programa Nacional de Combate à Hanseníase, demonstrando a importância do acompanhamento dos egressos como eixo estruturante da vigilância em saúde.
Análise Crítica
A substituição do SIAB pelo e-SUS e a adesão ao Previne Brasil reduziram a visibilidade da hanseníase no cotidiano da APS. Com a vinculação de metas financeiras a indicadores desatrelados das doenças negligenciadas, houve desestímulo institucional à vigilância da hanseníase. A experiência demonstrou que a vigilância ativa é viável, mesmo em cenários adversos, desde que haja decisão técnica, apoio institucional e protagonismo da equipe da eSF.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se incluir a hanseníase nos indicadores financiados pelo Previne Brasil e dar visibilidade ao seu acompanhamento no e-SUS. É necessário implementar rotinas de busca ativa e análise de egressos e contatos nas eSF, com suporte em educação permanente, assegurando a centralidade da APS na vigilância e controle da doença. A hanseníase não será eliminada sem vigilância ativa como prática sistemática.
RESPOSTA INTERINSTITUCIONAL AO SURTO DE RAIVA NO MEIO RURAL DE GUANAMBI-BA: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 Secretaria Municipal de Saúde de Guanambi
2 SESAB
3 ADAB
Período de Realização
Dezembro de 2024 a janeiro de 2025
Objeto da experiência
Atuação em rede como estratégia de resposta rápida ao surto de raiva em território rural de Guanambi (BA).
Objetivos
Relatar a articulação intersetorial realizada para enfrentar o surto de raiva no meio rural de Guanambi, evidenciando a integração das vigilâncias, a mobilização territorial e os resultados obtidos na proteção da população exposta.
Descrição da experiência
Relato descritivo de natureza qualitativa, com base em documentos técnicos, registros e observação direta. A experiência teve início com a comunicação da Vigilância Epidemiológica e notificação da ADAB em 18/12/2024 e contou com parcerias entre vigilâncias, ADAB, Secretaria de Agricultura, LACEN e lideranças locais. As ações ocorreram entre dezembro/2024 e janeiro/2025, incluindo vacinação, investigação, educação em saúde e construção de fluxo intersetorial.
Resultados
Foram aplicadas 120 doses de vacina antirrábica em cães e gatos, além da imunização de 22 bovinos e 1 equino. Dezoito pessoas receberam profilaxia pós-exposição. Foram realizadas reuniões em seis comunidades, oficinas com agentes comunitários, ações de orientação com produtores e vigilância ativa de morcegos. A articulação entre os setores possibilitou a construção de um fluxo inédito de manejo de zoonoses no município.
Aprendizado e análise crítica
A formação do GT com diferentes vigilâncias revelou o desafio da cooperação entre áreas com trajetórias e rotinas distintas. Apesar das dificuldades iniciais, o trabalho conjunto se consolidou como um avanço institucional, fortalecendo vínculos e criando uma base concreta para futuras ações integradas. A experiência mostrou o potencial de espaços coletivos de articulação e aprendizado na vigilância em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
O enfrentamento ao surto de raiva em Guanambi evidenciou a importância da vigilância integrada, territorializada e participativa. O modelo de GT intersetorial se mostrou eficaz e replicável para outras situações de emergência em saúde pública. Recomenda-se o fortalecimento das instâncias de vigilância local com base em ações interinstitucionais planejadas, que valorizem o protagonismo dos trabalhadores e das comunidades.
SISTEMA DE INFORMAÇÃO PRÓPRIO “TODOS CONTRA A DENGUE”:MÓDULO DE BLOQUEIO DE CRIADOUROS E DE CONTRARREFERÊNCIA DE PACIENTES SUSPEITOS DE DENGUE NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE.
Comunicação Oral Curta
1 SESAB/SUVISA/BA
2 PMSP/SMS/COVISA
3 PMSP/SMS/CAB
4 PMSP/SMS/DTIC
Período de Realização
Janeiro 2024 - atualmente (em andamento)
Objeto da produção
Sistema para registrar, monitorar e coordenar bloqueios de criadouros por UBS e UVIS, e módulo de contrarreferência de casos suspeitos de dengue.
Objetivos
Organizar o fluxo de bloqueio de criadouros do Aedes aegypti, integrando Atenção Básica e Vigilância e organizar o fluxo de pacientes suspeitos na RAS, por meio de Sistema próprio designado “Todos contra a Dengue”, promovendo eficiência na comunicação, na gestão e tomada de decisão em saúde pública.
Descrição da produção
O Sistema, idealizado e organizado pela Vigilância em Saúde, Atenção Básica e Tecnologia da Informação da SMS, iniciou com mapeamento de fluxo e necessidades, criação de formulário e definição de integração territorial. O sistema possui acesso para Gestor e Agente Comunitário de Saúde para registro e monitoramento de bloqueios de criadouros e o Módulo de Contrarreferência para acompanhamento diário de pacientes suspeitos atendidos em toda a RAS, facilitando a comunicação entre pontos de atenção.
Resultados
A implementação desse Sistema permitiu a integração entre as ações dos ACS e Agentes de Combate a Endemias (ACE) na realização de bloqueio de criadouros de forma oportuna. Os mapas de casos de dengue, inseridos no sistema pela Unidade de Vigilância em Saúde, são visualizados pelas UBS, o que facilitou a integração das ações no território. Já no módulo contrarreferência, as UBS visualizam os casos de dengue atendidos em toda a RAS e que residem na área de abrangência, permitindo o monitoramento.
Análise crítica e impactos da produção
O sistema evidencia a importância das estratégias digitais para fortalecer a vigilância, integrando Vigilância e Atenção Básica para atuação territorial coordenada. O módulo de contrarreferência, por meio do georreferenciamento, ampliou a capacidade de intervenções rápidas. O volume de dados expôs desafios de infraestrutura e necessidade de soluções escaláveis. Consolidou-se como ferramenta estratégica para resposta rápida, planejamento territorial e melhoria contínua das ações de controle da dengue
Considerações finais
O sistema de informação próprio "Todos Contra a Dengue" reforça os princípios do SUS ao articular vigilância, cuidado e gestão da informação. Sua implantação representa inovação institucional, contribuindo para integralidade e equidade no enfrentamento às arboviroses. A experiência demonstra o potencial das ferramentas digitais para fortalecer o SUS, desde que alinhadas às realidades territoriais e com participação dos profissionais da saúde.
SÍFILIS EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS/SP ENTRE 2011 E 2023: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS E TRATAMENTO DO PARCEIRO
Comunicação Oral Curta
1 SÃO LEOPOLDO MANDIC
Apresentação/Introdução
A sífilis, embora prevenível e curável, apresenta alta morbimortalidade no Brasil, inclusive em gestantes. A transmissão e os desfechos adversos da sífilis refletem fragilidades no diagnóstico e tratamento. Destaca-se que Campinas/SP é a maior cidade do interior no Estado de São Paulo e a análise do perfil epidemiológico dos casos é fundamental para a vigilância e ações estratégicas de controle.
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico da sífilis em gestantes no município de Campinas/SP entre 2011 e 2023, segundo as características sociodemográficas e tratamento do parceiro.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico, descritivo, com dados secundários de domínio público referentes a casos de sífilis notificados em gestantes entre 2011 e 2023 e dados de nascidos vivos no mesmo período. Os dados foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação/SINAN e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos/SINASC. Foram analisadas variáveis como distrito de residência, faixa etária, escolaridade, raça/cor, classificação clínica e tratamento do parceiro. Foi utilizada estatística descritiva para análise dos dados, com frequências absolutas e relativas, além do cálculo da taxa de incidência para cada 1.000 nascidos vivos, segundo distrito de moradia e faixas etárias.
Resultados
Foram notificados 3.887 casos de sífilis em gestantes, a maior proporção no distrito Sul (32,3%), na faixa etária de 20–39 anos (77,9%) e com classificação sífilis latente (81,9%). Cerca de 32% dos parceiros não foram tratados, 14,6% por não ter tido mais contato com a gestante e em 6,4% dos casos o parceiro foi convocado, mas se recusou/não compareceu, no entanto, 64,4% das notificações não informavam o motivo do não tratamento. A tendência da taxa de incidência foi crescente entre 2011-2023 em Campinas (6,4 para 39,0/1.000 nascidos vivos), maior no distrito Noroeste (4,4 para 60,0/1.000 nascidos vivos) e na faixa de 10-19 anos (7,7 para 98,3/1.000 nascidos vivos).
Conclusões/Considerações
Os dados mostram aumento da sífilis em gestantes em Campinas/SP, sobretudo nas adolescentes. A elevada proporção de casos latentes e os desafios no tratamento dos parceiros apontam desafios no cuidado pré-natal. Os achados indicam desigualdades territoriais e etárias que demandam ações específicas, como o fortalecimento da testagem precoce, abordagem ativa de parceiros e estratégias educativas voltadas a populações mais vulneráveis.
SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG): PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS NO ESTADO DA BAHIA, 2020-2024
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
2 Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia
3 Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - SESAB
Apresentação/Introdução
A SRAG constitui importante agravo à saúde pública, especialmente após a pandemia de Covid-19, gerando impactos na vigilância e nos serviços de saúde. Apresenta quadro clínico severo de insuficiência respiratória, sendo desencadeada por diferentes agentes etiológicos. Na Bahia foram perceptíveis as mudanças no perfil dos casos, motivada por fatores como vacinação e condutas terapêuticas adotadas.
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico dos casos de SRAG de residentes na Bahia, de 2020 e 2024, considerando os aspectos sociodemográficos, etiológicos, vacinação e tratamento para Covid-19 e Influenza, bem como os desfechos.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório de casos graves de síndromes respiratórias, registrados como SRAG de forma universal no país, por unidades hospitalares. Foi conduzido abrangendo os casos ocorridos no estado da Bahia, entre os anos 2020 e 2024, sendo a fonte de dados o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), disponibilizados publicamente no site openDatasus. Foram estimadas frequências simples e relativas, por ano, das variáveis: sexo, faixa etária, raça, presença de comorbidades, mês de início dos sintomas, agentes etiológicos, vacinação contra Covid-19 e contra Influenza, tratamento para ambas as doenças, classificação e evolução do caso.
Resultados
Na Bahia, foram registrados 121.279 casos de SRAG no período, principalmente entre pessoas do sexo masculino (54%), pardas (56%), cardiopatas (25%), diabéticos (19%), faixa etária de 50-79 anos nos primeiros anos da série (27%, 2022), e menores de 1 ano nos últimos (28%, 2024), ocorrendo mais no mês de maio (12,6%). Quanto aos vírus detectados, até o ano 2022, prevaleceu o SARS-CoV-2 (43%, 2020); já em 2023 e 2024 foi o rinovírus (23%, 2024) e o vírus sincicial respiratório (17%, 2024). Entre os casos com registros sobre vacinação, a maioria não tomou vacina contra Covid-19 (27%) e nem contra Influenza (19%). As maiores proporções evoluíram para cura (64%), seguidos de óbito por SRAG (23%).
Conclusões/Considerações
Portanto, compreender o perfil epidemiológico da SRAG revela-se fundamental para o aprimoramento das ações de vigilância em saúde, o fortalecimento das estratégias de vacinação e na melhoria nos desfechos clínicos, especialmente frente à complexidade das doenças respiratórias virais. Estas medidas auxiliarão na identificação de vulnerabilidades e no fortalecimento da resposta do sistema de saúde.
USO ESTRATÉGICO DO SIES PARA QUALIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VACINAÇÃO EM TODOS OS NÍVEIS DE GESTÃO DO PROGRAMA DE IMUNIZAÇÃO
Comunicação Oral Curta
1 ESP/CE
2 SESA/CE
Período de Realização
Abril de 2025
Objeto da experiência
Cadastros de vacinação no SIES regularizados via ElastiCNES para qualificar a logística dos imunobiológicos no Ceará e ampliar o uso do sistema.
Objetivos
Analisar os dados do SIES para mapear e qualificar o cadastro dos serviços de vacinação no Ceará, subsidiando a gestão logística dos imunobiológicos em todas as instâncias de atuação do programa de imunização.
Descrição da experiência
Em abril de 2025, a Coordenadoria de Imunização do Ceará analisou registros no SIES com base no cadastro nacional CNES, focando nos serviços 173 (logística de imunobiológicos) e 174 (imunização). As unidades foram classificadas em quatro grupos: com cadastro correto, cadastro duplicado, sem serviços cadastrados e com serviços no CNES, mas sem cadastro no SIES. A análise regional identificou inconsistências e orientou ações para descentralizar o SIES em todas as salas de vacina.
Resultados
Foram analisados 2.965 estabelecimentos: 55% têm serviço de imunização no CNES e cadastro no SIES; 29% têm serviço no CNES, mas sem cadastro no SIES; 16% sem serviço no CNES, mas com cadastro no SIES. Identificaram-se 84 cadastros duplicados (4%). A análise revelou lacunas que dificultam o uso pleno do SIES, orientando municípios na regularização dos cadastros e na preparação técnica para adoção da ferramenta.
Aprendizado e análise crítica
A análise mostrou a necessidade de monitorar regularmente os cadastros nos sistemas de logística para imunobiológicos. A falta de integração entre CNES e SIES limita o uso e o monitoramento em tempo real. Destacou-se a importância de ações integradas entre os níveis estadual e municipal e do apoio técnico. O uso qualificado do SIES depende da confiabilidade dos cadastros, exigindo esforço conjunto para atualização, checagem e padronização.
Conclusões e/ou Recomendações
A qualificação do cadastro das salas de vacina é essencial para universalizar o SIES. Recomenda-se validação regular dos dados com o CNES e capacitação contínua das equipes municipais. A experiência mostra que a logística de imunobiológicos depende de dados consistentes e integrados. A adoção plena do SIES proporcionará mais transparência, rastreabilidade e agilidade na gestão da imunização no Ceará.

Realização: