
Programa - Comunicação Oral Curta - COC33.3 - RAPS: Experiências, Desafios e Inovações no Cuidado
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
A ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS): RELATO DE EXPERIÊNCIA E REFLEXÕES SOBRE DESAFIOS E POTENCIALIDADES DO CUIDADO
Comunicação Oral Curta
1 UNEB
Período de Realização
Realizado entre março a junho de 2025, durante o Estágio supervisionado no CAPS II em Salvador-BA
Objeto da experiência
Relato da atuação do nutricionista no CAPS II em Salvador-BA, com ênfase nas ações em nutrição e nos desafios do cuidado em saúde mental.
Objetivos
Analisar a atuação do nutricionista no CAPS II em Salvador, destacando contribuições para a saúde mental; descrever estratégias do estágio e refletir sobre desafios e potencialidades da prática nutricional na atenção psicossocial, visando o bem-estar dos usuários
Descrição da experiência
Durante a realização das atividades do Estágio supervisionado em Nutrição Social do Curso de Nutrição, lotado no Departamento Ciências da Vida da Universidade do Estado da Bahia no Centro de Atenção Psicossocial - CAPS II de Salvador-BA, entre março e junho de 2025. O estagiário integrou a rotina do serviço, realizando oficinas terapêuticas, atendimentos nutricionais, auriculoterapia e cultivo de PANCs, priorizando cuidado integral e escuta qualificada
Resultados
As ações nutricionais integradas às práticas psicossociais fortaleceram vínculos e adesão ao cuidado. Oficinas e atendimentos individuais ampliaram a conscientização sobre hábitos alimentares e saúde mental. Apesar de desafios estruturais e resistências culturais, evidenciou-se o potencial do nutricionista em promover integralidade e humanização no CAPS, facilitando o acesso e a autonomia dos pacientes para gerir sua alimentação e saúde.
Aprendizado e análise crítica
A vivência mostrou a complexidade do cuidado nutricional em saúde mental e a importância de abordagens integradas e individualizadas. Apesar da resistência dos usuários e limitações estruturais, o vínculo e a escuta qualificada tiveram impacto positivo. Destaca-se o papel do nutricionista na equipe multiprofissional para práticas éticas e humanizadas. Fortalecer o cuidado nutricional na atenção primária é essencial para prevenir obesidade, desnutrição e doenças relacionadas.
Conclusões e/ou Recomendações
A atuação do nutricionista no Centro de Atenção Psicossocial - CAPS é essencial para o cuidado integral em saúde mental, promovendo autonomia e qualidade de vida dos pacientes. Recomenda-se fortalecer sua inclusão nas equipes de saúde, aprimorar a infraestrutura e investir em ações educativas individualizadas. Políticas públicas devem reconhecer e valorizar esse papel para garantir atendimento humanizado e efetivo.
CONSTRUÇÃO COLABORATIVA DE CHAMADA PÚBLICA PARA SUPERVISÃO INSTITUCIONAL NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: AÇÃO INTERINSTITUCIONAL PARA O FORTALECIMENTO DA RAPS
Comunicação Oral Curta
1 NUSMAD/Fiocruz Brasília
2 DESMAD/SAES/MS
Período de Realização
Janeiro a maio de 2025
Objeto da experiência
Elaboração interinstitucional de Chamada Pública para o fomento de supervisão institucional na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) nas 27 UF do país.
Objetivos
Relatar a construção colaborativa da Chamada Pública, seus fundamentos metodológicos, princípios ético-políticos e impactos esperados para o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial por meio da Supervisão Institucional nos Centos de Atenção Psicossocial (CAPS).
Descrição da experiência
Relato de experiência sobre a elaboração de uma Chamada Pública conduzida por equipe interinstitucional do Ministério da Saúde e da Fiocruz Brasília, a partir da identificação de uma lacuna em relação ao incentivo dessa prática por parte do governo federal nos últimos anos. O processo foi orientado por princípios da saúde coletiva, da desinstitucionalização e do cuidado em liberdade e considerou as necessidades de saúde mental da população em geral e as especificidades de grupos vulnerabilizados.
Resultados
A experiência evidenciou o potencial do trabalho interinstitucional na formulação de políticas públicas que abrangem todo o território nacional. Incorporaram-se critérios que buscam promover a equidade, diversidade e democratização na seleção de pessoas supervisoras que atuarão em CAPS de todo o país. A Chamada fortalece a RAPS e, por consequência, a qualificação da atenção e da gestão dos serviços e a difusão de práticas de cuidado democráticas, inclusivas e responsivas.
Aprendizado e análise crítica
O processo mostrou que a elaboração interinstitucional favorece diferentes saberes e perspectivas, potencializando a entrega. Normativas atuais que dispões sobre ações afirmativas foram incorporadas para a institucionalização de ações mais inclusivas, efetivas e democráticas, como orientam os princípios do SUS. O tempo político é um desafio a ser superado na inclusão efetiva de trabalhadores e usuários da RAPS em processos de elaboração de políticas públicas.
Conclusões e/ou Recomendações
A construção interinstitucional se consolida como estratégia potente de formulação de políticas públicas em saúde mental. É fundamental investir na articulação entre cuidado, gestão e formulação de políticas públicas como forma de fortalecer o SUS e a Reforma Psiquiátrica. Recomenda-se maior confluência entre os tempos de formulação e de entrega e a instituição de mecanismos efetivos para a intersetorialidade e o protagonismo dos usuários.
FORMAÇÃO DE ATENÇÃO À CRISE EM SAÚDE MENTAL PARA REDE: INTEGRANDO E COMPARTILHANDO CONHECIMENTOS E PRÁTICAS
Comunicação Oral Curta
1 Área de Práticas Assistenciais. Hospital Israelita Albert Einstein
2 CAPS AD III Paraisópolis. Hospital Israelita Albert Einstein
Período de Realização
Uma turma por semestre com início em agosto de 2024 e atualmente em andamento
Objeto da produção
Curso de formação de atenção à crise em saúde mental para profissionais da atenção primária à saúde (APS) e especializada na zona sul de São Paulo
Objetivos
Promover o desenvolvimento das equipes assistenciais no atendimento de situações de crise em saúde mental com base nas diretrizes da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e nos Protocolos Institucionais, colaborando para uma assistência de qualidade, segura e em rede
Descrição da produção
Encontro presencial semestral de 4 horas e meia, com metodologias ativas com base em estudos de caso, exposição dialogada sobre diretrizes da RAPS e protocolos institucionais (Avaliação e Manejo do Risco de Suicídio e Manejo do Paciente Agitado, Agressivo e/ou Violento) e treinamento prático de contenção terapêutica. Direcionada à profissionais da APS e especializada com ensino superior, com 50 vagas por turma. É previsto que esses profissionais possam ser multiplicadores em suas unidades
Resultados
Realizadas duas turmas entre 2024 e 2025, 72 profissionais formados e duas multiplicações locais em unidades básicas de saúde (UBS). Aplicado pré e pós teste com perguntas sobre manejo de crise e formulário de avaliação do encontro. Profissionais apresentaram curva ascendente de aprendizado entre pré e pós teste, além de afirmarem que a formação auxilia na identificação de práticas adequadas e éticas, quebra barreiras de estigma e elucida fluxos da rede fortalecendo a relação entre os serviços
Análise crítica e impactos da produção
Essa formação está em fase inicial, incluímos a atenção especializada (AMAE, AMA e UPA) por entender que esses serviços recebem muitos usuários em situação de crise. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) não foram incluídos, ainda, pois já realizam capacitações locais, mas serão convidados a participar como apoio matricial na multiplicação local. Desafios se mostram na proteção de agenda dos profissionais e apoio na sustentação da multiplicação local como ação matricial
Considerações finais
Essa formação foi construída como uma ação PLAMEP (Plano Municipal de Educação Permanente em Saúde) entre Einstein e a Supervisão Técnica de Saúde da região, sistematizada pela área de apoio técnico da instituição juntamente com profissionais da ponta (CAPS AD) a partir de uma necessidade local dos serviços, isso demonstra potencial de gerar melhoria nos processos de trabalho em rede e na qualidade no cuidado em saúde mental
FORTALECIMENTO DA RAPS E CUIDADO CONTÍNUO: RELATO DA QUALIFICAÇÃO DE UM CAPS II PARA CAPS III DA REGIÃO METROPOLITANA II DO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral Curta
1 ENSP/Fiocruz
2 CAPS
Período de Realização
A experiência foi vivenciada de 2022 a 2024. O CAPS III foi inaugurado em março de 2023.
Objeto da experiência
O processo de adaptação e qualificação de um CAPS tipo II pré-existente e modificado para o atendimento 24h, com leitos de acolhimento noturno.
Objetivos
Relatar a qualificação de um CAPS II para CAPS III na Região Metropolitana II do Rio de Janeiro, com ênfase nas mudanças institucionais, estruturais e nos processos de trabalho, considerando os desafios enfrentados e a conquista que esse novo dispositivo representou para a população.
Metodologia
Em 2022, iniciou-se a discussão sobre a ampliação do CAPS II para CAPS III, com cinco leitos de acolhimento noturno. Em novembro, tiveram início as obras de adequação e a contratação de novos profissionais. Nos primeiros meses, o serviço passou por uma ampliação gradativa do horário de funcionamento até atingir o regime integral, todos os dias da semana. No mês anterior à inauguração, a equipe já estava completa e disponível para ofertar estratégias de cuidado ampliadas ao longo das 24 horas.
Resultados
Destacam-se como principais resultados: ampliação da equipe; transição para funcionamento integral; inclusão de quartos e farmácia na estrutura; e revisão dos processos de trabalho, alinhados às portarias vigentes e à literatura. Parte da equipe, presente desde a fundação do CAPS há cerca de dez anos, teve mais dificuldades na transição, especialmente por conta da escassez de discussões entre gestão, equipe e usuários nos espaços coletivos e formativos do serviço.
Análise Crítica
A Política Nacional de Saúde Mental vem sendo retomada, especialmente após a Portaria 757/2023, que revogou a 3.588/2017 e os desmontes. Com foco na desinstitucionalização, observam-se avanços na ampliação e qualificação da RAPS. A transformação dos CAPS II pré-existentes é uma das estratégias para evitar reinternações e fortalecer o cuidado em liberdade. A experiência mostrou que essas mudanças devem ser contínuas e dialogadas com a equipe em espaços coletivos, formativos e institucionais.
Conclusões e/ou Recomendações
A qualificação de CAPS II para III fortalece a RAPS e o cuidado em liberdade, apesar dos desafios estruturais, institucionais e nos processos de trabalho. Recomenda-se que esse processo seja guiado por planejamento, escuta das equipes e usuários, educação permanente, supervisão clínico-institucional e apoio da gestão, promovendo o investimento coletivo necessário às mudanças e à consolidação do novo modelo de cuidado.
PERCEPÇÕES PROFISSIONAIS SOBRE O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NOS CAPS DA MICRORREGIÃO DE PONTE NOVA: INTERFACES COM AS DIMENSÕES DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Viçosa - UFV
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa de doutorado em andamento é fruto de inquietações vivenciadas no campo profissional, ancorada nos ideais da Reforma Psiquiátrica e tem como foco analisar as percepções dos profissionais dos CAPS da microrregião de Ponte Nova sobre sua prática de cuidado e a relação com as dimensões da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Objetivos
Conhecer as percepções dos profissionais de saúde dos CAPS da microrregião de saúde de Ponte nova acerca do cuidado e as relações com as dimensões da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Metodologia
Como método de pesquisa utilizaremos o materialismo histórico- dialético, com base qualitativa, análise bibliográfica, através de revisão de literatura. A pesquisa está utilizando como campo de análise os CAPS dos municípios de Alvinópolis, Rio Casca e Ponte Nova. A coleta de dados por meio de entrevistas com 30 profissionais. Foi feito 15 entrevistas até o momento. A análise dos dados será por meio de análise de discurso crítica, que ainda não foi iniciada.
Resultados
Consideramos o caráter heterogêneo e a leitura crítica das dimensões da RP e adentramos nos seus fundamentos e divergências paradigmáticas no campo de estudo da saúde mental. Compreendemos a loucura e a internação em Foucault (1978), e a saúde mental enquanto problema social, por demanda capitalista e posteriormente com a RP e as ações de desinstitucionalização e fim dos manicômios. Realizamos 15 entrevistas em 2 CAPS. As equipes não estavam completas, de acordo com a Portaria 336 de 2002 e possuíam contratos instáveis. 12 do sexo feminino e 03 masculinos. 10 com renda entre 2 e 5 salários mínimos e 05 até 2 salários mínimos. 07 de nível superior, 03 de nível técnico e 05 de nível médio.
Conclusões/Considerações
Com o estudo realizado até o momento, compreendemos que os profissionais estão inseridos num contexto dinâmico, construído e reconstruído por relações sociais, políticas e econômicas, que refletem relações de poder, onde o indivíduo ora pode ser parte do processo de resistência, ora parte do processo de dominação. Por isso, para o avanço do campo do cuidado em saúde mental nos CAPS, a relevância de estudos acerca da Reforma Psiquiátrica.
VIVÊNCIAS EM UM CAPS AD E O IMPACTO NA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
Período de Realização
Vivências iniciadas em outubro de 2024, de caráter semestral.
Objeto da experiência
Atividades desenvolvidas em um Centro de Atenção Psicossocial II Álcool e outras Drogas (CAPS II ad), na cidade de Salvador-BA.
Objetivos
Este resumo objetiva expressar a perspectiva de discentes envolvidos no estágio, tecendo uma análise crítica acerca dos benefícios proporcionados pelas práticas ao processo formativo dos mesmos, considerando o contato com a estratégia de Redução de Danos (RD) e demais aspectos do cuidado no serviço.
Descrição da experiência
Trata-se de um estágio desenvolvido por estudantes de uma Liga Acadêmica em parceria com professor vinculado a um CAPS ad. De caráter semestral, as atividades envolvem o acompanhamento do cotidiano do serviço. São exemplos: ações no território com redutores de danos; grupos de relaxamento e informática; acolhimentos/atendimentos individuais por técnico de referência; atendimentos médico e de assistência social. De forma transversal às atividades realizadas, o serviço atua na perspectiva da RD.
Resultados
Ao longo dos semestres, foram vivenciadas semanalmente as atividades realizadas no serviço, conforme listadas. As experiências convocaram o acesso a tecnologias leves, tais como a escuta ativa e o vínculo, bem como às nuances do cuidado, do toque físico e do ser facilitador de acessos na rede de atenção à saúde. Além disso, a todo momento foi demandada atenção dos discentes às coisas que os mobilizassem, visto que o contexto suscita atravessamentos emocionais e requer uma autopercepção sensível.
Aprendizado e análise crítica
Nessa perspectiva, tais vivências promoveram o desenvolvimento de sensibilidade na escuta e afastamento de concepções que estigmatizam a população assistida. Além disso, possibilitaram compreender o cuidado em saúde como fator emancipatório, crítico e transversal à cultura, política e aspectos socioeconômicos de um território, enfatizando o papel do serviço como facilitador de participação social e desconstrução de estigmas através da educação em saúde no contexto de uso de substâncias.
Conclusões e/ou Recomendações
Assim, é perceptível como o estágio no CAPS ad é um importante espaço de formação ética, crítica e humanizada, aproximando a universidade da realidade social e ampliando o olhar dos futuros profissionais. Nesse sentido, é essencial que o processo formativo se constitua também a partir dessas vivências, que extrapolam as concepções teóricas e agregam nuances sensíveis inerentes à prática relatada.
“MINHA VIDA VIROU DE PONTA CABEÇA”: SAÚDE MENTAL SOB A PERSPECTIVA DE TRABALHADORES INFECTADOS PELA COVID-19, NA BAHIA
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
2 UFT
Apresentação/Introdução
As alterações multissistêmicas pós-infecção pelo novo coronavírus, conhecida como “Covid Longa”, podem incluir, o agravamento ou surgimento de sofrimento psíquico, a partir de distintas manifestações sintomáticas, tais como depressão, transtornos de ansiedade e ataques de pânico, comprometendo, de modo significativo, o desenvolvimento ou retorno ao trabalho.
Objetivos
Compreender os impactos psíquicos da Covid Longa em trabalhadores acompanhados em um ambulatório público, localizado em Salvador, Bahia.
Metodologia
Realizou-se um estudo de abordagem qualitativa, do tipo analítica-descritiva, com aplicação de questionário semiestruturado, numa entrevista em profundidade. A amostragem da população estudada foi do tipo intencional, composta por 11 trabalhadores, acompanhados no Centro Pós-Covid-19 (CPC), no estado da Bahia. As entrevistas individuais foram realizadas, entre abril e julho de 2022. A análise baseou-se em aproximações com a hermenêutica-dialética, em intersecção com estudos das Ciências Sociais em Saúde, sobretudo, com o enfoque de gênero. O estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal da Bahia.
Resultados
Os resultados apontam que o sofrimento psíquico dos trabalhadores surgiu ou foi intensificado após a experiência de adoecimento por Covid-19, observou-se também a instauração de um medo generalizado, intensificado pela infodemia e disseminação de fake news, nesse sentido, a experiência da Covid figurou-se como sinônimo de medo. A análise demonstrou que a Covid Longa culminou em reações emocionais associadas à possibilidade de retorno ao trabalho. Para os homens desta pesquisa o processo de sofrimento, foi marcado pela preservação ou não do potencial laborativo. A exposição ao vírus resultou em uma multiplicidade de comprometimentos e foi impactada por questões de gênero e raça.
Conclusões/Considerações
Considerando a possibilidade de novas pandemias, em curto ou médio prazo, bem como a inexistência de criação e implementação de políticas efetivas direcionadas à reparação das vítimas da Covid-19, espera-se que esse estudo colabore com o desenvolvimento de ações e políticas públicas de amparo social especializadas, de atenção psicossocial e reabilitação aos trabalhadores, a partir do reconhecimento e visibilidade da temática.
SAÚDE MENTAL DIGITAL: PROPOSITURAS E ESTRATÉGIAS A PARTIR NÚCLEO DE SAÚDE DIGITAL DA UNIFESP
Comunicação Oral Curta
1 UNIFESP
Período de Realização
2024-2025
Objeto da experiência
Implementação de tecnologias digitais e sociais de cuidado em saúde mental no SUS, desenvolvidas pelo Núcleo de Saúde Digital da Unifesp
Objetivos
Apresentar as ações de saúde mental do NSDUnifesp no que se refere à estrutura, soluções digitais, processos e estratégias desenvolvidas com vistas ao enfrentamento às barreiras de acesso às populações usuárias radicais de drogas, vítimas de violência, indígenas, situação de rua e do campo.
Descrição da experiência
A saúde digital pode incidir na redução das barreiras de acesso ao cuidado em saúde mental por meio do cuidado comunitário, intervenção entre pares, suporte digital, articulação territorial; inovações tecnológicas para manejo medicamentoso, práticas emancipatórias, suporte ao manejo de casos graves de uso de drogas e ampliação da capacidade de intervenção junto a pessoas vítimas de violência.
Resultados
A saúde digital pode responder a necessidades de populações invisibilizadas e impedidas do acesso à saúde mental, pelo estigma, pelas diferenças culturais, ou pelos contextos de longas distâncias, miserabilidade e reprodução da violência. Experiências populares exitosas, como a Rede de Saúde Mental do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, Nhimongueta renda da Tekoá Tabaçu Reko Ypy, de agentes redutores de danos comunitários e orgânicos do Grupo DiV3rso, e o Banco da Amizade do Zimbabue.
Aprendizado e análise crítica
A proposta articula inovação tecnológica e social por meio da articulação entre as áreas da saúde e da tecnologia, contando com articuladores comunitários locais, orgânicos das comunidades atendidas, especialistas e supervisores com experiências de atuação no SUS, e suportes em teleconsulta, teleinterconsulta, teleinterconsultoria, telemonitoramento e teleducação, em conformidade com a LGPD e os princípios de interoperabilidade dos sistemas públicos.
Conclusões e/ou Recomendações
O cuidado em saúde mental desafia a mercantilização da saúde, patologização da vida, capilarização de diagnósticos psiquiátricos e consequências medicalizantes. Populações do campo, indígenas, em situação de rua, uso de drogas, e vítimas de violências encontram barreiras de acesso por diferenças culturais, longas distâncias, e estigma. O NSD desenvolve ações inovadoras que articulam tecnologia, protagonismo popular e fortalecimento comunitário.
PROGRAMA DE INTENSIFICAÇÃO DE CUIDADOS: A EXPERIÊNCIA DO ANO ADICIONAL DA RESIDÊNCIA DE MFC EM SALVADOR-BA
Comunicação Oral Curta
1 Escola de Saúde Pública de Salvador
2 Secretaria Municipal de Saúde de Salvador
Período de Realização
Março a Junho de 2025.
Objeto da experiência
Programa de Intensificação de Cuidados (PIC) em saúde mental realizado por residentes do Ano Adicional em Medicina de Família e Comunidade (MFC).
Objetivos
Relatar a experiência dos residentes participantes do PIC do Ano Adicional em MFC - Saúde Mental e População em Situação de Rua - de Salvador.
Descrição da experiência
O PIC é realizado por residentes e profissionais da rede de saúde mental de Salvador que atuam nos campos de estágio da residência. São formadas duplas (um residente e um profissional do serviço) para realizar intensificação de cuidados de usuários de saúde mental. O PIC ocorre em um turno da semana, a ser organizado dentro da gestão de cada serviço, mais um turno de supervisão clínica que acontece na Escola de Saúde Pública de Salvador com uma psicóloga e um dos preceptores da residência.
Resultados
O PIC se revela como um recurso potente para a produção de vínculo com usuários de saúde mental e do cuidado em liberdade, mobilização de rede e novos olhares sobre usuários tidos como problema ou casos muito complicados. A supervisão clínica semanal qualifica o processo e fomenta reflexões com conceitos da psicanálise e outras abordagens da psicologia, ajudando na interpretação de sentimentos complexos que surgem ao sustentar o cuidado a pessoas em intenso sofrimento psíquico em setting aberto.
Aprendizado e análise crítica
Desafiando a estrutura manicomial da saúde mental, o PIC aposta numa modalidade de atenção que busca garantir o cuidado em liberdade. O acompanhamento semanal explora as subjetividades da pessoa em sofrimento mental e de forma contra-hegemônica configura cidadania à loucura. Tal proposta questiona a clínica tradicional, conforme o movimento da luta antimanicomial, exigindo um cuidado pautado na escuta qualificada, manejo vincular, corresponsabilização e uma reflexão ética sobre a lógica asilar.
Conclusões e/ou Recomendações
Esse cuidado de forma intensiva, com carácter longitudinal e em liberdade, produz efeitos significativos na vida da pessoa com transtornos mentais graves e àquelas com deficiência psicossocial. Dessa forma, demonstra-se como uma forte ferramenta para sustentar o cuidado em liberdade. Recomenda-se sua ampliação para mais serviços da rede, com investimento na formação profissional permanente e na valorização do trabalho multiprofissional.

Realização: