
Programa - Comunicação Oral Curta - COC33.4 - Saúde Mental, Trabalho e Educação: Experiências e Reflexões
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
ANSIEDADE E ESTRESSE ASSOCIADOS À INATIVIDADE FÍSICA: EVIDÊNCIAS DE UM ESTUDO LONGITUDINAL COM TRABALHADORES DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Comunicação Oral Curta
1 IF GOIANO - Campus Ceres
2 Universidade Federal de Jataí (UFJ)
3 Universidade Evangélica de Goiás - Campus Ceres
4 IF GOIANO - Campus Ceres e UFG
Apresentação/Introdução
A atividade física relacionada à saúde mental tem sido alvo de diversas pesquisas na literatura. No entanto, este é o primeiro estudo da América Latina, de caráter longitudinal, a analisar dados de servidores da Rede Federal de Educação Brasileira e associar variáveis de Estilo de Vida à sintomas de ansiedade e estresse. Este estudo integra o banco de dados “Qole-BRA”.
Objetivos
O objetivo da presente pesquisa é avaliar a associação entre a inatividade física e sintomas de ansiedade e estresse em servidores da Rede Federal de Educação Brasileira.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa longitudinal, realizado nas cinco regiões do Brasil (Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul). A população do estudo foi de 83.517 servidores. Participaram da 1563 servidores na primeira coleta em 2022 e 600 participaram em 2022 e 2023 (2º coleta). Os questionários utilizados na coleta de dados foram: DASS-21 e Back-PEI. Foi calculado a mediana de ansiedade e estresse, para classificar valores acima da mediana como alta ansiedade e alto estresse. Na análise estatística, foi calculado o Risco Relativo (RR) e análise multivariada ajustada utilizando regressão de Poisson com variância robusta por meio de Equações de Estimativas Generalizadas (GEEs).
Resultados
Os resultados apontaram que a ausência de prática regular de atividade física esteve significativamente associada a maiores riscos de ansiedade (RRaj = 1,30; IC95% 1,15–1,47; p<0,001) e estresse (RRaj = 1,26; IC95% 1,11–1,44; p<0,001). Mulheres também apresentaram maior risco tanto para ansiedade (RRaj = 1,28; IC95% 1,09–1,50; p=0,003) quanto para estresse (RRaj = 1,14; IC95% 1,07–1,22; p=0,001), em comparação aos homens. Além disso, o consumo irregular de álcool mostrou-se associado ao aumento do risco de estresse (RRaj = 1,18; IC95% 1,01–1,39; p=0,042). O consumo de alimentos ultraprocessados não manteve associação com ansiedade e estresse na análise multivariada ajustada.
Conclusões/Considerações
Estes achados que a atividade física deve ser foco de intervenções para mitigação de sintomas relacionados à saúde mental. Além disso, os dados evidenciam a necessidade de políticas institucionais na Rede Federal, desenvolvendo programas de incentivo à prática regular de atividade física. Considerando os efeitos adversos especialmente em mulheres, recomenda-se ações integradas de suporte psicológico, por parte das instituições de ensino.
ASSOCIAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO E TEMPO DE TELA EM ADULTOS BRASILEIROS: EVIDÊNCIAS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2019
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Minas Gerais
2 Universidade Federal de Pelotas
3 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Apresentação/Introdução
O uso excessivo de telas tem sido apontado como um possível fator associado à piora da saúde mental, incluindo sintomas de depressão. No entanto, poucos estudos de base populacional no Brasil investigaram essa relação, considerando diferentes tipos de tela e diferenças segundo sexo.
Objetivos
Investigar a associação entre o tempo de exposição a telas (televisão e outras mídias digitais) e a presença de sintomas de depressão em adultos brasileiros, investigando possíveis diferenças entre homens e mulheres.
Metodologia
Foram utilizados dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, com uma amostra de 87.187 adultos (≥18 anos). A depressão foi avaliada pelo instrumento Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9), considerando escore ≥10 como indicativo de depressão. Estimou-se a prevalência de tempo de tela elevado (≥3 horas/dia) para televisão (TV) e para outras telas (celular, computador, tablet), segundo sexo (masculino/feminino). A associação entre a depressão (desfecho) e tempo de tela (exposição) foi analisada por regressão de Poisson com variância robusta, estratificada por sexo, ajustada por idade, escolaridade, renda per capita, raça/cor e presença de companheiro(a).
Resultados
Indivíduos com tempo de tela elevado de TV apresentaram maior prevalência de depressão (Razão de Prevalência ajustada (RPa)=1,16; IC95%: 1,07–1,26), com associação mais forte entre homens (RPa=1,34; IC95%: 1,13–1,60) do que entre mulheres (RPa=1,10; IC95%: 1,01–1,20). Resultados semelhantes foram observados para outras telas, com associação significativa para o total da população (RPa=1,32; IC95%: 1,21–1,44) e magnitude comparável entre os sexos (homens: RPa=1,31; IC95%: 1,09–1,58; mulheres: RPa=1,32; IC95%: 1,20–1,46).
Conclusões/Considerações
O tempo elevado de exposição a telas, tanto para televisão quanto para outras telas com acesso a mídias digitais, associou-se a presença de depressão, especialmente entre homens. Esses achados reforçam a importância de considerar comportamentos sedentários, como o uso excessivo de telas, no monitoramento e na prevenção de problemas de saúde mental em adultos.
ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL DE TRABALHADORES/AS DA SAÚDE DOS MUNICÍPIOS BAIANOS: ESCUTA, REFLEXÃO E CONSTRUÇÃO DE CAMINHOS PARA O CUIDADO
Comunicação Oral Curta
1 UEFS
Período de Realização
Relato de experiências entre dezembro de 2024 e junho de 2025 em projeto de extensão
Objeto da experiência
Caminhos e dilemas enfrentados por profissionais da saúde quando em sofrimento/adoecimento mental dentro da rede de atenção à saúde de município baiano
Objetivos
Refletir sobre os espaços de cuidado em saúde mental e trabalho; avaliar a Rede de Atenção à Saúde (RAS); identificar caminhos percorridos para garantir cuidado em saúde mental no trabalho
Metodologia
Inicialmente foi realizado levantamento teórico-metodológico, para suporte da elaboração de oficinas e planejamento de atividades. Em seguida foi realizada a primeira atividade extensionista para diálogo com os/as trabalhadores/as da saúde sobre saúde mental de trabalhadores da atenção básica e média complexidade e discutidas estratégias de promoção de saúde nas unidades. Foram apresentados dados epidemiológicos do adoecimento mental no trabalho em saúde.
Resultados
Na ação, surgiram questões como falta de recursos, desvalorização, invisibilidade, sobrecarga e ausência de descanso, que afetam o bem-estar e desempenho dos profissionais. Entretanto, destacaram soluções como a necessidade de um psicólogo para acolher as demandas da equipe e a melhoria na comunicação entre gestão e trabalhadores para uma atuação mais qualificada.
Análise Crítica
A experiência evidenciou a importância de discutir a saúde mental no trabalho, destacando a falta de apoio psicológico aos trabalhadores. O enfrentamento do sofrimento e dos fatores psicossociais exige participação ativa dos profissionais, estímulo à percepção crítica e ação coletiva diante das causas do adoecimento. Para as discentes, as ações contribuíram para o desenvolvimento de saberes técnicos, sociais e críticos sobre o cuidado em saúde mental.
Conclusões e/ou Recomendações
O sofrimento/adoecimento mental entre trabalhadores de saúde da rede básica é urgente e persistente sendo imprescindível intervenções efetivas e ações voltadas à promoção de saúde, escuta ativa e ações educativas. Com necessidade de avaliar mais profundamente os itinerários terapêuticos para avaliar e combater as barreiras e fortalecer as potencialidades da rede de cuidado em saúde mental e trabalho.
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E SAÚDE MENTAL DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS PARA A SAÚDE COLETIVA
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
Apresentação/Introdução
A saúde mental de estudantes universitários tem sido impactada por diversos fatores psicossociais, agravados por marcadores sociais da diferença. Soma-se a isso a crescente medicalização do sofrimento e a fragilidade das redes de apoio, que desafiam a RAPS. Diante das iniquidades nas IFES, é fundamental refletir, de forma interseccional, sobre o bem-estar dessa população na Saúde Coletiva.
Objetivos
Analisar a produção científica sobre bem-estar psicológico e saúde mental de universitários das instituições federais de ensino superior, destacando vulnerabilidades sociais e desafios para o cuidado integral na Rede de Atenção Psicossocial.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, a partir de uma revisão integrativa da literatura, realizada nas bases BVS-Psi, Lilacs, Periódicos CAPES e SciELO, entre 2019 e 2025, com os descritores: "estudantes universitários", "saúde mental", "bem-estar psicológico" e "assistência estudantil". Foram incluídos artigos em português e inglês, com acesso completo, cujas abordagens discutem o bem-estar psicológico, a saúde mental no contexto universitário e suas interseccionalidades. Identificou-se 36 artigos que atenderam aos critérios de inclusão, sendo a análise guiada por categorias temáticas: fatores de risco, medicalização, desigualdade social, e estratégias de cuidado em saúde mental.
Resultados
A produção científica destaca alta prevalência de sofrimento psíquico entre estudantes, com índices de ansiedade, depressão e estresse associados a pressões acadêmicas, precarização socioeconômica e discriminação estrutural. Observa-se a crescente medicalização dos sintomas, com pouca ênfase em estratégias comunitárias e psicossociais. Além disso, os estudos apontam fragilidades na articulação entre instituições de ensino superior brasileiras e a RAPS, e escassez de políticas públicas que considerem as interseccionalidades no cuidado. Iniciativas baseadas em acolhimento, participação estudantil e promoção de suporte social mostraram-se mais eficazes do que intervenções puramente clínicas.
Conclusões/Considerações
A saúde mental estudantil demanda respostas que transcendam a lógica biomédica, reconhecendo o sofrimento como fenômeno social. A revisão evidencia a urgência de estratégias intersetoriais e antimedicalizantes vinculadas à RAPS e à luta por justiça social. As IFES devem tornar-se espaços promotores de saúde mediante políticas integradas, territoriais e equitativas, que ancorem o cuidado psicossocial e a equidade, fortalecendo a Saúde Coletiva.
ESTÁGIO EM PSICOLOGIA: EXPERIÊNCIAS DE AQUILOMBAMENTO COM A OFICINA “AQUILOMBACAPX” NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Comunicação Oral Curta
1 UERJ
Apresentação/Introdução
O estágio "Aquilombamento em Psicologia Social” em Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro visa pesquisar os dispositivos de Aquilombamento na RAPS, neste caso, no CAPS AD III Paulo da Portela, no bairro de Madureira (RJ). A atividade, que vincula o serviço de saúde e a universidade, propõe acompanhar a oficina “AquilombaCAPX", junto à participação das reuniões semanais de equipe.
Objetivos
O objetivo consiste em analisar e propor intervenções para a expansão de práticas antirracistas na base da redução de danos na RAPS, promovendo distintos modos em saúde/saúde mental no cuidado para a população negra em acompanhamento nos CAPS AD III.
Metodologia
A metodologia utilizada é a cartografia, que visa acompanhar processos de subjetivação nas dinâmicas grupais. Com ela, buscamos compreender os artifícios relacionais e territoriais entre os usuários, trabalhadores e a comunidade, de modo que possamos, na modalidade serviço-escola, analisar, transversalizar e intervir na construção da oficina. Neste sentido, pesquisamos, com o mapeamento qualitativo, a subjetividade existente e os atravessamentos produzidos pelos/nos atores envolvidos durante a oficina e nas reuniões de equipe. Assim, permitimos que os usuários, os trabalhadores e a comunidade possam experienciar outros modos de existência individual e coletiva no território, logo singular.
Resultados
Observamos que o estágio está em fase inicial (em curso à 8 meses), com isso, investigamos, em meio a supervisão acadêmica, analisar as práticas e ferramentas desenvolvidas pelos usuários e trabalhadores, tendo em vista o crescimento e permanência da oficina, de modo que possamos contribuir para o fortalecimento desse espaço de cuidado criativo para os usuários e a comunidade do território. Buscando, como resultado, a ressignificação de vivências negras e suas relações territoriais. Além de promover o cuidado em saúde/saúde mental na perspectiva da redução de danos e promotora de equidade racial para distintos grupos étnico-raciais, visando a decolonialidade nas práticas em saúde coletiva.
Conclusões/Considerações
Consideramos que o estágio "Aquilombamento em Psicologia Social”, ao auxiliar uma oficina de cultura afro-brasileira no CAPS AD III, fortalece experiências antirracistas e decoloniais de saúde mental/coletiva e cria espaços formativos na base da redução de danos. Consolida práticas de saúde da população negra, quilombola, de terreiro e de rua enquanto produz equidade racial/social, sendo uma Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.
IMPLEMENTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE ESCUTA DO SOFRIMENTO SÓCIO-POLÍTICO NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Comunicação Oral Curta
1 USP
Período de Realização
Janeiro de 2024 à Dezembro de 2024
Objeto da experiência
Experiência do Programa ECOS na escuta do sofrimento sócio-politico na Universidade de São Paulo
Objetivos
Relatar a experiência do serviço de escuta do Programa ECOS em sofrimento sócio-político na USP (jan-dez 2024), utilizando análise estatística de atendimentos.
Descrição da experiência
A Diretoria de Saúde Mental da PRIP/USP criou em 2022 o Programa ECOS, para a comunidade universitária. Oferecendo escuta e acolhimento "porta-aberta" com equipe multiprofissional, o ECOS propõe uma pausa na rotina para reflexão sobre sofrimentos. Também promove rodas de conversa, fomenta planos de cuidado, apoia unidades de ensino, atua na posvenção do suicídio e na promoção da saúde mental, e levanta recursos da rede intra e extra-USP.
Resultados
No ano de 2024 foram realizadas 441 escutas, totalizando 334 pessoas escutadas. Destas 292 foram casos novos e 149 retornos. A população que mais buscou o serviço foram alunos de graduação, totalizando 183 alunos. Em se tratando das atividades coletivas foram realizadas 33 atividades, alcançando 280 pessoas. A maior via de acesso ao programa se deu pela indicação de amigos e colegas. O mês de maior demanda pelo serviço foi agosto.
Aprendizado e análise crítica
Apesar do aumento na busca pelo ECOS, há desafios relacionados à resistência da comunidade universitária em procurar apoio em um programa implementado pela própria. Embora os dados mostrem crescimento significativo nos atendimentos, o serviço possui uma capacidade maior do que a demanda atual. Isso sugere a necessidade de aprofundar as estratégias para superar essa resistência, assim como estratégias de divulgação do serviço e criação de parcerias com unidades de ensino e entidade acadêmicas
Conclusões e/ou Recomendações
O ECOS é fundamental para o cuidado em saúde mental e o aumento nas escutas demonstra sua relevância. É crucial investigar as causas da resistência à busca por apoio e desenvolver abordagens para superá-las. Recomenda-se fortalecer a integração com iniciativas da universidade, aprimorar a comunicação, desmistificar o atendimento e promover uma cultura de cuidado, garantindo que atinja sua capacidade máxima e acolha toda a comunidade.
PERCEPÇÕES E PRÁTICAS EM SAÚDE MENTAL: EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO COM ACOLHIDOS EM REABILITAÇÃO NA COMUNIDADE TERAPÊUTICA ALIANÇA
Comunicação Oral Curta
1 FSP-USP
2 UNASP-EC
Período de Realização
Projeto desenvolvido no 1º semestre de 2025 pelos estagiários do 9º semestre de Psicologia do UNASP.
Objeto da experiência
Percepção dos acolhidos da Comunidade Terapêutica Aliança (Limeira-SP) sobre sua trajetória antes, durante e após seu processo de reabilitação.
Objetivos
Promover ações de saúde mental a usuários de substâncias psicoativas em processo de reabilitação.
Descrição da experiência
Intervenção com 47 homens em processo de reabilitação por uso de substâncias psicoativas, divididos em três grupos conforme a fase do tratamento. Realizaram-se 4 encontros por grupo intercalando rodas de Terapia Comunitária Integrativa - TCI e Psicoeducação. As rodas seguiram cinco etapas: acolhimento, escolha do tema, contextualização, problematização e encerramento. Já os grupos psicoeducativos, visaram ampliar o autoconhecimento e fortalecer estratégias de enfrentamento.
Resultados
Nas rodas de TCI emergiram temas como ansiedade diante do recomeço, desejo de ajudar, medo de perder o vínculo com os filhos, desafios na continuidade do tratamento e autoperdão. A psicoeducação abordou autoestima, autocuidado, perdão e medo do futuro. Como estratégias de prevenção à recaída, destacaram-se espiritualidade, apoio familiar e social, suporte profissional, CAPS, estudos, rotina, foco, paciência, hábitos saudáveis e hobbies como cantar e tocar violão.
Aprendizado e análise crítica
Antes do tratamento, destacaram-se sentimentos de orgulho, prepotência, ansiedade e manipulação. Durante o processo, emergiram vulnerabilidade, desconfiança de si mesmo, imediatismo, desejo de mudança e vontade de ir embora. Após o tratamento, espera-se a reinserção social e familiar. Ao final dos encontros, relataram levar gratidão, fé, resiliência e afeto, destacando o impacto positivo de serem chamados pelo nome, o que reforçou o sentimento de pertencimento e valorização.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidenciou a relevância de ações em saúde mental voltadas a usuários de substâncias psicoativas, destacando a efetividade das práticas integrativas, como as rodas terapêuticas, na humanização do cuidado e promoção da saúde. A abordagem integrativa favoreceu o fortalecimento do vínculo entre os acolhidos, a escuta e as estratégias de enfrentamento contribuindo para a ressignificação de suas trajetórias.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO NO BRASIL (2020 A 2024): UM ESTUDO ECOLÓGICO
Comunicação Oral Curta
1 UESB
Apresentação/Introdução
O ambiente laboral, embora seja um local de aprimoramento profissional e pessoal, pode, por diversas condições, configurar-se como fator de risco à saúde; a exposição contínua a estressores ocupacionais aumenta a probabilidade de surgimento de transtornos mentais. Por sua relevância epidemiológica, em 2024 esses eventos foram incluídos na lista de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória.
Objetivos
Descrever o perfil dos casos de investigações de transtorno mental relacionado ao trabalho no Brasil nos anos de 2020 a 2024.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico, descritivo, realizado com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, disponibilizados pelo DATASUS, e extraídos em junho de 2025. Foram analisados os casos de investigação de transtornos mentais relacionados ao trabalho no Brasil entre 2020 e 2024, considerando as variáveis: ano, unidade federativa, sexo, raça/cor, escolaridade, ocupação, faixa etaria, uso de psicofármacos e evolução clínica. Empregou-se análise estatística descritiva com cálculos de frequências relativas.
Resultados
No período analisado foram registrados 14.527 casos de investigação de transtorno mental relacionado ao trabalho no Brasil. Observou-se maior frequência no ano de 2024 (33,6%), em Minas Gerais (20,3%), em trabalhadoras mulheres (69,6%), acometendo mais indivíduos brancos (45,4%), pessoas com ensino superior completo (31,7%), com cargo de técnico de enfermagem (4,7%), idade entre 35 e 49 anos (48,3%). O uso de psicofármacos foi referido por 39,4% dos casos, a evolução clínica mais frequente foi de incapacidade temporária (54%). Os dados ignorados foram observados nas variáveis referentes à evolução (15,2%), raça/cor (12,8%), uso de psicofármacos (28,1%) e escolaridade (18,9%).
Conclusões/Considerações
As investigações de transtornos mentais relacionados ao trabalho se mostram mais frequentes em mulheres, com idade entre 35 e 49, com cargo técnico. Tal fato impacta toda a saúde do trabalhador e os índices de produtividade, absenteísmo e presenteísmo. Dessa maneira observa-se a importância do cuidado com a saúde mental dentro do ambiente de trabalho; além disso, urge a qualificação dos registros em virtude do grande número de dados ignorados.
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E LIMITAÇÃO FUNCIONAL ENTRE JOVENS COM DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO MENTAL NO BRASIL: ANÁLISE DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2019
Comunicação Oral Curta
1 Escola Nacional de Saúde Pública - ENSP
2 Universidade Federal Fluminense - UFF
Apresentação/Introdução
Transtornos mentais são a principal causa de anos vividos com incapacidade entre jovens no mundo. Reconhecidos como doenças crônicas, iniciam frequentemente na adolescência e impactam negativamente a vida educacional, social e produtiva. Sua alta carga e subdiagnóstico impõem desafios urgentes à saúde pública.
Objetivos
Descrever a prevalência de transtornos mentais entre jovens segundo características sociodemográficas, e sua associação com a limitação de atividades diárias, com base nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo, utilizando dados da PNS 2019. Foram incluídos jovens de 18 a 29 anos com diagnóstico médico autorreferido de depressão ou outro transtorno mental. Foram descritas as prevalências de depressão e outros transtornos mentais segundo sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade, renda per capita e Grande Região de residência. Foi calculada a prevalência de limitação funcional autorreferida entre esses indivíduos. As diferenças entre grupos foram testadas pelo teste do qui-quadrado. As análises foram conduzidas no software R versão 4.3.1.
Resultados
Transtornos mentais foram mais frequentes entre mulheres (69,3%), jovens de 25 a 29 anos (46%), pessoas pardas (46%), com ensino superior incompleto (50,4%) e renda per capita de até ½ salário mínimo (31,9%). Entre os que relataram diagnóstico, 26% referiram limitação funcional, com maior prevalência entre homens (27%), pretos (29%) e jovens de 18 a 19 anos (29%). A limitação foi mais comum entre pessoas com baixa escolaridade (38% com fundamental incompleto) e renda mais baixa (30% entre os que ganham até meio salário mínimo), com diferenças estatisticamente significativas.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam marcadas desigualdades sociais na saúde mental de jovens, com maior impacto sobre mulheres, pessoas negras, de baixa renda e escolaridade. Tais achados reforçam a urgência de políticas públicas intersetoriais que ampliem o acesso à atenção psicossocial, reduzam barreiras estruturais e promovam equidade no cuidado em saúde mental.
PROTÓTIPO DO RECURSO EDUCACIONAL DIGITAL (RED) GAME-GAMI PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL INFANTIL DESDE AS PRÁTICAS INTERPROFISSIONAIS AO DESENVOLVIMENTO.
Comunicação Oral Curta
1 UFC
2 UVA
3 UNIFAMETRO
Apresentação/Introdução
O protótipo do Guia da gestão autônoma da medicação infantil é adaptado como recurso educacional digital. Estudos demonstram que abordagem interprofissional estimulam o trabalho em equipe e mobilizam efetivas colaborações competentes para o desenvolvimento de ferramentas educativas, resultando numa aprendizagem interdisciplinar com diversos atores sociais.
Objetivos
Analisar o protótipo do RED GAME-GAMI desde a sua ideação, design até o protótipo, bem como compreender a visão dos juízes para validar o conteúdo do RED para auxiliar na prevenção dos transtornos mentais infantis.
Metodologia
Pesquisa de métodos mistos (estudo descritivo, estudo de validação e estudo qualitativo). Estudo descritivo sobre o desenvolvimento tecnológico do RED, no período de outubro/2021 a abril/2024. Estudo de validação de conteúdo e usabilidade sobre análise dos objetivos, relevância de itens como autorreconhecimento, território, rede de apoio, direito à saúde e uso de medicamento; usabilidade (satisfação, engajamento, aceitabilidade e facilidade de uso). Estudo qualitativo do RED sobre opinião dos 17 juízes (8 pesquisadores e 9 profissionais do serviço de saúde mental em Fortaleza, Ceará) e a análise compreendeu organização, análise e interpretação dos dados qualitativos.
Resultados
O estudo descritivo revelou um modelo conceitual para o uso do RED. No estudo de validação demonstrou-se um valor global do índice de validade de 0,91, com alpha de cronbach de 0,97, e valor de escala de usabilidade de 85,5 (79,4-90,9), com alpha de cronbach de 0,88. Esses resultados demonstram que o RED apresenta um excelente nível de concordância quanto ao conteúdo, bem como excelente nível de usabilidade, além de alto nível de consistência interna. No estudo qualitativo com os 17 juízes atuando em instituições privadas de Fortaleza-Ceará. Eles destacaram ampliar as respostas em cada passo do RED, adaptar para formato smartphone e recomenda-se uma introdução sobre os temas.
Conclusões/Considerações
Essa pesquisa avançou na interdisciplinaridade no campo da Saúde Coletiva e Saúde Mental Infantil por demonstrar que o método misto, envolve estruturas teóricas sobre design do RED e campo empírico para construção práticas educativas interprofissionais. O estudo qualitativo sobre o RED GAME-GAMI demonstrou a importância de se coletar a opinião dos juízes para o aprimoramento desse recurso para futuras aplicações.

Realização: