Programa - Comunicação Oral Curta - COC33.7 - Novos e velhos desafios nas redes de Saúde Mental
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
CARTOGRAFIAS DA RUA: ACESSO E BARREIRAS NAS ESTRATÉGIAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA REDE SUS-BH
Comunicação Oral Curta
1 UFMG
Apresentação/Introdução
Pessoas em situação de rua estão sujeitas à barreiras de acesso interpostas entre sujeitos e serviços. A partir de estudo multicêntrico, busca-se entender barreiras e acesso ao cuidado dessas pessoas ao SUS e SUAS, possibilitando a vinculação dos pesquisadores aos equipamentos, aos “usuários” e “trabalhadores-guias”, territórios vivos que permitem afetar e ser afetados pelas experiências de vida.
Objetivos
Mapear junto a usuários e trabalhadores-guia o acesso e as barreiras ao cuidado em saúde mental, investigando os diversos saberes, tecnologias e interesses envolvidos.
Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório de caráter qualitativo com abordagem cartográfica produzida por meio de diálogos com usuários-guias e trabalhadores-guias e observação participante na qual os atores envolvidos são ao mesmo tempo todos formuladores, pesquisadores e produtores de conhecimento em campo. Busca-se uma ruptura com a neutralidade do olhar externo do pesquisador e, a partir disso, o envolvimento e coparticipação de todos os sujeitos da pesquisa. A ideia é promover a construção do conhecimento em diálogo e implicação com os sujeitos pesquisadores, permitindo a produção coletiva dos dados.
Resultados
Foram observados relatos sobre os desafios quanto ao cuidado em saúde das pessoas que vivem nas ruas, como dificuldades relativas à vinculação, marginalização dos sujeitos, continuidade do cuidado, barreiras na abordagem dos profissionais como falta de capacitação, etc. Os profissionais do Consultório na Rua relataram excessiva burocratização dos equipamentos, seja na saúde ou assistência social, expressa na exigência de documentos. Outros serviços apresentaram iniciativas promissoras, como a flexibilização de atendimentos e estratégias de busca ativa, mas persistem dificuldades para a continuidade do cuidado, especialmente na atenção psicossocial e assistência social.
Conclusões/Considerações
A partir das primeiras vivências em campo e com base nos dados produzidos até o momento, entendemos que os desafios quanto ao acesso e à continuidade do cuidado da população em situação de rua estão presentes nos discursos de profissionais da rede, o que nos faz pensar na necessidade de aprimorar estratégias que possam fortalecer as ações de acolhimento e cuidado desses usuários na rede socioassistencial de Belo Horizonte.
ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE JOÃO PESSOA: PRÁTICAS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Comunicação Oral Curta
1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS - UNIFIP
2 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
3 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - PPGFIS
4 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - PPGMDS
Apresentação/Introdução
O SUS, originado na Reforma Sanitária e instituído na Constituição de 1988, garante a saúde como direito de todos. A RAPS, criada em 2011, articula dispositivos como os CAPS, fundamentais no cuidado em saúde mental. A comunicação entre esses serviços é essencial para promover cuidado contínuo, integral e humanizado.
Objetivos
Analisar as estratégias de comunicação nos CAPS de João Pessoa, identificando percepções de gestores e profissionais sobre a RAPS e o papel dos CAPS na produção do cuidado em saúde mental.
Metodologia
Estudo qualitativo, com abordagem descritiva, realizado nos CAPS AD David Capistrano, CAPS I Infantojuvenil Cirandar e CAPS Gutemberg Botelho, localizados no município de João Pessoa, capital do estado da Paraíba. Participaram 18 profissionais e gestores com vínculo mínimo de seis meses. Utilizou-se amostragem por conveniência e bola de neve. As entrevistas foram gravadas, com roteiro baseado em revisão de literatura. A análise seguiu a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. A coleta foi encerrada por saturação teórica. O estudo foi aprovado por comitê de ética e autorizado pela Secretaria Municipal de Saúde, assegurando sigilo e anonimato.
Resultados
Os entrevistados reconhecem a importância dos CAPS e da RAPS na mudança do modelo de atenção em saúde mental, pautado na autonomia, acolhimento e reinserção social. Foram identificadas estratégias formais, como reuniões clínicas, prontuários, matriciamento e protocolos de referência e contrarreferência, além de práticas informais como ligações telefônicas, uso de aplicativos de mensagens instantâneas e comunicação interpessoal. No entanto, destacam-se desafios, como desconhecimento dos papéis institucionais dentro da RAPS, conflitos relacionados à Política de Redução de Danos e limitações de infraestrutura, que afetam a continuidade do cuidado e a integração em rede.
Conclusões/Considerações
A comunicação é eixo central da atuação dos CAPS na RAPS, essencial ao cuidado integral. Apesar das práticas existentes, persistem lacunas formativas, resistências ideológicas e falhas estruturais. Recomenda-se fortalecer a educação permanente, investir em infraestrutura e valorizar o trabalho em equipe para consolidar o modelo psicossocial.
ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO ÂMBITO ESTADUAL
Comunicação Oral Curta
1 SES-MG
Período de Realização
Janeiro a Junho de 2025
Objeto da experiência
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) em uma unidade regional de saúde (URS) da SES-MG
Objetivos
Avaliar a RAPS dos municípios da URS-BH/SES-MG; identificar os serviços existentes e vazios assistenciais; propor estratégias de intervenção junto aos gestores e coordenadores municipais para fortalecimento da rede, com implantação de novos serviços e melhor organização dos fluxos entre municípios.
Descrição da experiência
Ocorreu com a RAPS de 39 municípios da região metropolitana de BH-MG. Em janeiro/2025 iniciou-se a avaliação da rede existente e avanços e dificuldades encontradas na efetivação do projeto de expansão e qualificação da rede. Utilizou-se para a avaliação os dados internos da SES, reuniões com a gestão municipal das 5 regiões de saúde, diálogo com o colegiado regional e proposição de novas estratégias, visando a sensibilização dos secretários de saúde e consideração da realidade dos territórios.
Resultados
Observou-se as regiões de saúde Ouro Preto e Contagem como mais bem estruturadas que avançaram no processo de fortalecimento da RAPS. A região BH/Nova Lima/Caeté teve poucos avanços na implantação de serviços, mas conseguiu organizar os fluxos de referência entre municípios. As regiões de Betim e Vespasiano/Lagoa Santa apresentaram situação mais crítica e as intervenções se iniciaram por elas. Após as estratégias listadas, foi possível construir um plano de ação com implementação em 2026/2027.
Aprendizado e análise crítica
O plano de ação pré-existente não levou em conta os fluxos estabelecidos historicamente pela população local, o que foi reconsiderado nas discussões atuais, resultando num melhor desenho da rede. A discussão com o colegiado regional mostrou-se muito importante, já que nesse coletivo foi possível realizar uma discussão aprofundada e levar aos secretários municipais proposta que levou em conta a realidade local e o conhecimento dos que lidam com os serviços e com os casos mais complexos da rede.
Conclusões e/ou Recomendações
A gestão da RAPS pelo Estado traz desafios em se superar a distância entre o planejamento e a realidade do território. As estratégias utilizadas permitiram avaliação qualificada da realidade e abordagem dos atores fundamentais para melhor planejamento da gestão das redes municipais. Recomenda-se que o plano seja pactuado na CIB estadual e monitorado rotineiramente para melhor resultado e adequações que se fizerem necessárias ao longo do tempo.
EXPANSÃO DA ATENÇÃO TERCIÁRIA EM SAÚDE MENTAL NO SETOR PRIVADO: TENDÊNCIA TEMPORAL DO NÚMERO DE LEITOS PRIVADOS EM PSIQUIATRIA E EM SAÚDE MENTAL NO BRASIL, 2006-2024
Comunicação Oral Curta
1 ESP/DF
Apresentação/Introdução
Nos últimos 18 anos, 25.404 leitos psiquiátricos públicos foram desmobilizados no Brasil, enquanto apenas 4.672 leitos públicos em saúde mental foram criados. O descompasso entre oferta e demanda de leitos públicos na atenção terciária de saúde mental impulsionou a expansão dos leitos privados, prejudicando o acesso da população pelo Sistema Único de Saúde e fomentando contratos público-privados.
Objetivos
Avaliar a expansão da atenção terciária em saúde mental no setor privado, utilizando-se da análise estatística da tendência temporal do número de leitos privados em psiquiatria e em saúde mental no Brasil e suas regiões geográficas, de 2006 a 2024.
Metodologia
Dados de leitos privados em psiquiatria e saúde mental no Brasil foram coletados no Tabnet do Datasus (referência: julho de cada ano). O Joinpoint Regression Program foi utilizado para a análise estatística, aplicando um modelo de regressão linear segmentada de Poisson. Os anos foram alocados no eixo X e a transformação logarítmica da quantidade de leitos no eixo Y. Foram feitos ajustes para heterocedasticidade e autocorrelação de primeira ordem. A Variação Percentual Anual (VPA) e a Variação Percentual Anual Média (VPAM), com Intervalo de Confiança de 95%, determinaram a tendência: crescente (VPA/VPAM positivo, p<0,05), decrescente (VPA/VPAM negativo, p<0,05) ou estacionária (p>0,05).
Resultados
A tendência foi crescente no Brasil e em todas as regiões geográficas no período de 2006 a 2024 (p<0,001), com VPAM nacional de 4%. No Norte, a VPAM foi de 11,3%, com um VPA decrescente de -5,1% entre 2008 e 2019, seguido por um VPA acentuado de 41,8% entre 2019 e 2024. O Nordeste teve uma VPAM de 16%, com VPA de 123,9% entre 2006 e 2008 e de 6,8% de 2008 a 2024. O Centro-Oeste apresentou VPAM de 4,3%, com VPA de 8,5% entre 2009 e 2018, permanecendo estável nos demais períodos. No Sul, a VPAM foi de 2,7%, com crescimento de 3,9% entre 2006 e 2020, seguido por estabilidade. Por fim, o Sudeste teve uma VPAM de 2,7% e crescimento em todo o período, mantendo VPA de 1,4% entre 2009 e 2024.
Conclusões/Considerações
A insuficiência de leitos públicos está sendo preenchida pelo setor privado, criando acesso desigual à atenção terciária em saúde mental no país. A expansão heterogênea dos leitos privados sugere diferentes dinâmicas de mercado e de políticas públicas locorregionais. A saúde pública deve garantir o número adequado de leitos públicos para as necessidades da população, impedindo o avanço da privatização do nível terciário da saúde mental no Brasil.
PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE E GESTORES SOBRE A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO SERTÃO CENTRAL NO CEARÁ, BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública; Universidade Federal do Ceará (UFC)
2 Universidade Federal do Ceará (UFC)
3 Coordenadoria de Políticas de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas- Secretaria de Saúde do Estado do Ceará
4 Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública; Universidade Federal do Ceará (UFC). Coordenadoria de Políticas de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas- Secretaria de Saúde do Estado do Ceará
Apresentação/Introdução
A portaria 3.088/2011 representou um marco importante na política de saúde mental brasileira ao instituir a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), no âmbito do Sistema Único de Saúde, com o objetivo de reorganizar e ampliar o cuidado em saúde mental por meio de uma rede integrada de serviços de base territorial (BRASIL, 2011).
Entretanto, ainda se observam significativas fragilidades na RAPS brasileira. Em estudo realizado por Rotoli et al. (2019) identificaram-se lacunas como conhecimentos específicos dos profissionais para as práticas; organização dos serviços e a participação dos gestores; ambivalência da pessoa com transtorno mental em relação à aceitação e continuidade do tratamento.
Objetivos
Compreender as percepções de profissionais de saúde e gestores sobre a Rede de Atenção Psicossocial do Sertão Central no estado brasileiro do Ceará.
Metodologia
Trata-se de pesquisa qualitativa que visa entender percepções que permeiam as práticas na RAPS do Sertão Central, uma das 05 Regiões de Saúde do Ceará, com 655.267 pessoas adscritas. A RAPS da área é estruturada em 267 Unidades de Atenção Primária, 16 Centros de Atenção Psicossocial e 30 leitos de saúde mental em Hospitais Gerais.
Realizou-se 05 grupos focais, com 07 a 11 profissionais de saúde e/ou gestores em cada, das categoriais de médicos, enfermeiros psicólogos e assistentes sociais, e representação de 13 dos 20 municípios. Para compreensão dos achados, realizou-se análise temática com pressuposto teórico de Braun e Clarke (2006). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética.
Resultados
Duas categorias emergiram do processo de análise:
Concepções e práticas profissionais na RAPS
Os participantes convergem na percepção da complexidade da saúde mental, questionando as concepções de medicalização da vida. Os sujeitos enfatizaram a importância da Atenção Primária, porém as práticas profissionais têm sido reduzidas a ações individuais e renovação de prescrições.
Integração e qualidade na RAPS
Os participantes percebem uma fragmentação na RAPS, com barreiras de acesso ao serviço especializado e incipiente trabalho interprofissional. Também relatam carência na formação profissional em saúde mental e apontam matriciamento e educação permanente como estratégias a serem fortalecidas.
Conclusões/Considerações
A RAPS do Sertão Central do Ceará apresenta alguns desafios para consolidar cuidados qualificados em saúde mental. Esses desafios perpassam a corresponsabilização entre usuários, profissionais e gestões a serem desenvolvidas de acordo com as particularidades do território. Dessa forma, é importante implementar políticas que consolidem as práticas comunitárias e processos de trabalho que integrem diferentes profissionais, serviços e setores.
USO DE ESTAÇÕES DE TELESSAÚDE INTEGRADA NA UNIVERSIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO ENFRENTAMENTO AO BURNOUT ESTUDANTIL À LUZ DOS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UNB
2 UFG
Período de Realização
A experiência ocorreu as quartas-feiras entre agosto e dezembro de 2024, durante a graduação na UnB.
Objeto da experiência
O objetivo da experiência foi avaliar o uso das estações de telessaúde como recurso de apoio no cuidado a saúde mental para estudantes universitários.
Objetivos
O objetivo geral foi refletir sobre o papel das Estações de Telessaúde no acesso à saúde mental, considerando os Determinantes Sociais da Saúde e a relevância das instituições públicas como agentes estratégicos para garantir cuidado contínuo e acessível.
Descrição da experiência
Como estudante de graduação com rotina intensa, diagnóstico de burnout e pouca disponibilidade de tempo devido à distância entre moradia e universidade a Estação de Telessaúde foi uma alternativa viável para acessar o cuidado em saúde mental. A experiência envolveu atendimentos semanais às quartas-feiras, com uma psicóloga de forma remota e síncrona, oferecendo privacidade, acolhimento e segurança em um momento de sobrecarga emocional e acadêmica.
Resultados
A possibilidade de manter os atendimentos psicológicos de forma segura e com privacidade contribuiu para o gerenciamento dos impactos do estresse acadêmico, melhorando a sensação de bem-estar. O acesso contínuo ao cuidado durante o período de vulnerabilidade permitiu a manutenção do tratamento, promoveu acolhimento que ajudou a amenizar os efeitos psicossomáticos associados com a sensação de estresse, como a psoríase.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou que o Modelo de Estação de Telessaúde, pode ser uma estratégia eficaz e de boa relação custo-benefício no gerenciamento de Determinantes Sociais da Saúde dos estudantes, melhorando o acesso in loco a políticas públicas, como otimização de tempo disponível e melhora da sensação de suporte institucional.
Conclusões e/ou Recomendações
Assim, conclui-se que as Estações de Telessaúde podem facilitar a democratização do cuidado e a adesão e continuidade do tratamento, e em ambiente educacional podem inclusive auxiliar na melhoria de indicadores acadêmicos e na redução de evasão estudantil. Como perspectivas futuras, modelo da Estação de Telessaúde segue para fase de estruturação tecnológica na UFG Campus Ocidental.
SETEMBRO AMARELO NA ESF: PROMOVENDO SAÚDE MENTAL E INTEGRAÇÃO EM EQUIPE NO CUIDADO INTEGRAL
Comunicação Oral Curta
1 UniFasam/ ESF-SMS SENADOR CANEDO-GO
2 ESF-SMS SENADOR CANEDO-GO
3 FEN –UFG/ SMS SENADOR CANEDO-GO
Período de Realização
Este trabalho descritivo e qualitativo relata ação realizada em 2024.
Objeto da experiência
Setembro Amarelo é campanha anual no Brasil que conscientiza sobre prevenção do suicídio, saúde mental e apoio a quem enfrenta esses desafios.
Objetivos
Este estudo visa compartilhar a experiência de uma equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Senador Canedo - GO, na realização de uma atividade alusiva ao Setembro Amarelo em parceria com o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
Metodologia
A equipe da ESF convidou hipertensos e diabéticos para uma manhã de atividades no Hiperdia, na unidade decorada para o Setembro Amarelo. A equipe multidisciplinar, como roda de conversa, introduziu o tema saúde mental. A psicóloga do CAPS palestrou sobre ansiedade, depressão, suicídio e fluxos de atendimento. Surpreendentemente, a discussão se voltou também para a saúde mental dos próprios profissionais da equipe, promovendo acolhimento e reflexão além do esperado.
Resultados
A atividade contou com ampla participação da comunidade, promovendo interação e sensibilização sobre saúde mental. A roda de conversa acolheu os usuários, aproximando-os da equipe e do CAPS. O ambiente temático e o café da manhã especial contribuíram para o sucesso, incentivando diálogo e empatia. Para a ESF, reforçou a importância do autocuidado e preparo psicológico, fortalecendo o trabalho em equipe e o atendimento na Atenção Básica.
Análise Crítica
A experiência destacou a importância de integrar a saúde mental no cuidado de doenças crônicas, reforçando a parceria entre CAPS e Atenção Básica para um atendimento mais completo. Além de ampliar o entendimento dos usuários, a ação evidenciou a necessidade do cuidado psicológico também para os profissionais de saúde, fortalecendo vínculos e promovendo uma abordagem integral e humanizada na equipe e na comunidade.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que ações como esta devem ser incentivadas, pois ampliam o cuidado em saúde mental não só para os usuários, mas também para os profissionais da saúde. Atividades que promovem escuta, acolhimento e diálogo contribuem para fortalecer vínculos, reduzir estigmas e cuidar de quem cuida, tornando o ambiente de trabalho mais saudável e humano.
PROTOCOLO DE ESTUDO PARA A AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO SISTEMA DE PREVENÇÃO COMUNIDADES QUE CUIDAM EM PROCESSO DE ADAPTAÇÃO CULTURAL AO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 UFSC
2 UFPE
3 USP
4 UnB
5 Corporación Nuevos Rumbos. Colômbia
6 Univesity of Miami. EUA.
Apresentação/Introdução
O sistema de prevenção Comunidades que Cuidam, em adaptação no Brasil, orienta as comunidades em ciclo de cinco fases: (1) articular lideranças para questões da saúde, (2) compreender os princípios da prevenção científica, (3) avaliar as necessidades de adolescentes da comunidade, (4) construir plano preventivo de acordo com suas necessidades e, (5) implementar e monitorar programas baseados em evidências.
Objetivos
Discutir o desenho do estudo proposto para avaliar a eficácia do sistema de prevenção “Comunidades Que Cuidam”, que visa articular lideranças comunitárias para engajar-se na prevenção de drogas, violências e saúde mental em seus territórios.
Metodologia
Ensaio comunitário, quasi-experimental, longitudinal, de coorte, com braços paralelos: 8 comunidades experimentais e 8 controles, escolhidas por conveniência. Haverá múltiplos níveis de análise, estratificados por cidades, comunidades, escolas, turmas e estudantes. Serão utilizados múltiplos instrumentos já validados para avaliação de resultado e de processo. Análise de dados quantitativos fará uso do Stata, com estatísticas descritivas e inferenciais, intervalos de confiança de 95%, e escolha de testes estatísticos de acordo com características de distribuição de dados e objetivos da pesquisa. Dados qualitativos utilizarão a Grounded Theory. Os dados finais serão triangulados em sua análise.
Resultados
Pretende-se discutir a proposta de quatro estudos envolvidos no projeto para chegar à avaliação da eficácia do sistema CQC: Estudo 1 avaliará os efeitos do sistema CQC nas comunidades para a melhoria da articulação intersetorial e prontidão na prevenção baseada em evidências e indicadores de abuso de drogas, violências e saúde mental dos jovens nas comunidades. Estudo 2 avaliará os impactos do CQC na melhoria da efetividade dos programas preventivos baseados em evidência, ao nível de escolas públicas participantes. Estudo 3 avaliará o processo de implementação do sistema CQC, analisando seu processo de adaptação cultural. Estudo 4 validará os instrumentos de avaliação do CQC para o Brasil.
Conclusões/Considerações
Este é o primeiro ensaio controlado para avaliar a eficácia de uma abordagem abrangente de prevenção comunitária no Brasil. A avaliação da eficácia do CQC é um pré-requisito importante para validar sua adaptação cultural e a futura disseminação deste sistema de prevenção em nosso país. Debater com a comunidade científica o desenho do estudo pode contribuir para aprofundar mais a pesquisa, melhorando os objetivos e metas desenhadas.
SPORT BETTING E SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO DO SUS: ESTUDO DOCUMENTAL SOBRE AS POLÍTICAS INSTITUCIONAIS NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
2 FACULDADE DE ILHÉUS
Apresentação/Introdução
Avanço das apostas online no Brasil tem ampliado os casos de transtorno do jogo. Para o Ministério da Justiça 32,1% dos apostadores são em Bets. Dados do SUS revelam um aumento de 111 atendimentos em 2018 para 1.292 em 2023. Apesar da recente regulamentação federal, a ausência de políticas públicas robustas para prevenção e tratamento impõe desafios à governança interministerial e à saúde coletiva.
Objetivos
Analisar as respostas institucionais do Governo Federal ao problema do comportamento problemático ao jogo associado às apostas online (Bets), com foco nas ações interministeriais, normativas legais e implicações para o SUS.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo de análise documental, com levantamento e revisão de fontes primárias oficiais do período 2023–2025. Foram analisadas leis (Lei 13.756/2018 e Lei 14.790/2023), portarias ministeriais, em especial Portaria Interministerial MF/MS/MESP/SECOM nº 37/2024, relatório do TCU e entrevistas públicas com autoridades, como o ministro da Saúde. Aplicou-se análise temática para identificar categorias como regulação econômica, saúde mental e RAPS, publicidade e jogo responsável. O material foi interpretado com base na abordagem da determinação social do processo saúde-doença e nas diretrizes do campo da Saúde Coletiva.
Resultados
Houve crescimento expressivo de atendimentos no SUS por transtorno do jogo, mas ainda com subnotificação, segundo o TCU. A criação do grupo interministerial (Saúde, Fazenda e Secom), a previsão de um Plano de Ação no âmbito do Ministério da Saúde, bem como a defesa pública do ministro desta pasta Alexandre Padilha, de uma regulação proibicionista similar ao tabaco apontam avanços institucionais. No entanto, persistem lacunas: ausência de campanhas educativas, fragilidade na detecção precoce, falta de dados integrados, e ausência de fiscalização quanto a proteção do público jovem. As propostas de corresponsabilização das plataformas ainda não foram formalizadas em norma jurídica.
Conclusões/Considerações
A crescente adesão às apostas online, especialmente entre jovens e grupos vulneráveis, demanda políticas públicas intersetoriais e éticas, bem como investimentos específicos. A saúde pública deve pautar a regulação, com foco em prevenção, corresponsabilização das plataformas, monitoramento epidemiológico e acolhimento psicossocial no SUS. O campo da Saúde Coletiva pode contribuir decisivamente para enfrentar essa nova forma de adoecimento social.
SAÚDE MENTAL E SOCIAL DE PESSOAS QUE VIVENCIARAM O ADOECIMENTO CRÍTICO TRÊS E SEIS MESES APÓS HOSPITALIZAÇÃO
Comunicação Oral Curta
1 UEFS
Apresentação/Introdução
O adoecimento crítico revela desafios diversos e não se encerra na alta hospitalar. Além das consequências físicas, muitas pessoas enfrentam alterações na saúde mental e social, incluindo ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e dificuldades na reintegração social e laboral com perdas econômicas, o que pode perdurar por meses a anos e impactar na vida dos indivíduos, famílias e sociedade.
Objetivos
Avaliar a saúde mental e a saúde social de pessoas hospitalizadas três e seis meses após alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Metodologia
Estudo de coorte prospectiva, realizado entre 2022 e 2024 em hospital público do interior baiano. Entrevistados 98 participantes que atenderam aos critérios de inclusão, presencialmente até o quinto dia após alta da UTI, e posteriormente, por contato telefônico, três meses -T2 e seis meses -T3 após alta. Utilizados a ficha de caracterização sócio demográfica clínica e o PROMIS Scale v1.2 Global Health. Dados armazenados no REDCap e analisados pelo software R (2021). Para comparar a saúde mental e saúde social nos tempos T2 e T3, considerando a anormalidade da distribuição, utilizou-se o teste Wilcoxon para amostras pareadas. Estudo aprovado pelo CEP-UEFS, parecer nº 3.527.238.
Resultados
A qualidade de vida (QV) autorrelatada evidenciou 21,4% das pessoas com pior QV em T2, elevando para 24,4,5% em T3. Avaliação do humor e capacidade de raciocínio revelou 37,7% com pior QV em T2 e 36,7% em T3. Avaliação da satisfação com atividades sociais e relacionamentos, 46,9% em T2 tiveram pior QV frente a 36,7% em T3. Avaliação de problemas emocionais como sentir-se ansioso, deprimido ou irritado mostrou 14,2% em T2 com pior QV, sendo 16,3% em T3. A saúde social que classifica a capacidade de desempenhar atividades e funções sociais frequentes, incluindo atividades em casa, no trabalho e na comunidade e responsabilidades frente aos pares mostrou 37,7% em T2 com pior QV e 36,7% em T3.
Conclusões/Considerações
A saúde mental e a saúde social de pessoas que vivenciaram o adoecimento crítico apresentam-se alteradas, com o avançar dos três a seis meses após alta da UTI. Sequelas físicas da hospitalização são amplamente estudadas, entretanto, é fundamental direcionar especial atenção aos desafios psíquicos e sociais enfrentados pela pessoa e família, fomentando estratégias promotoras da integralidade do cuidado e redução dos impactos à sociedade.
Realização: