
Programa - Comunicação Oral Curta - COC33.8 - Saberes e Práticas do cuidado em liberdade
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
NISE E A LUTA ANTIMANICOMIAL: ACESSO À CULTURA COMO FORMA DE INCLUSÃO DA LOUCURA EM SOROCABA
Comunicação Oral Curta
1 Prefeitura Municipal de Sorocaba
Período de Realização
Novembro de 2024 a Maio de 2025
Objeto da experiência
Relato de experiência da ida à exposição e exibição do filme sobre Nise da Silveira como estratégias para trabalhar a inclusão da loucura na APS.
Objetivos
Descrever a experiência com usuários da RAPS de Sorocaba em exposição e exibição de filme sobre Nise, promovendo reflexão sobre a inclusão da loucura e o enfrentamento dos estigmas em um território marcado pelo recente fechamento de hospitais psiquiátricos.
Descrição da experiência
A experiência teve duas etapas: visita à exposição "Nise: A Revolução Pelo Afeto" no SESC com usuários da RAPS e, depois, exibição do filme "Nise: O Coração da Loucura" em um "Cine SUS" no território. Após o filme, ocorreu roda de conversa mediada pela equipe. A ação promoveu reflexões sobre inclusão da loucura em Sorocaba, cidade historicamente marcada pela lógica manicomial, aproximando os participantes da luta antimanicomial por meio da arte e do diálogo.
Resultados
A experiência evidenciou o potencial da cultura como ferramenta para abordar temas delicados. Os usuários participantes demonstraram grande envolvimento, sensibilizados pela trajetória de Nise e das pessoas que ela acompanhou. A arte, ao permitir expressão de emoções, enfrentamento de estigmas e promoção do diálogo, sensibilizando os participantes. A ação ampliou a corresponsabilização no cuidado e afirmou a cultura como recurso terapêutico e de cidadania, importantes para a saúde mental.
Aprendizado e análise crítica
A experiência mostra a potência da cultura na atenção psicossocial, especialmente em territórios com herança manicomial. A imersão no trabalho e vida de Nise permitiu ressignificar a loucura e valorizar a singularidade. O acesso à arte reafirma-se como direito humano e dispositivo terapêutico, que fortalece a desinstitucionalização, a reinserção social e a autonomia, promovendo justiça social e ecoando vozes historicamente silenciadas.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que o acesso à cultura é essencial para a inclusão da loucura e o avanço da luta antimanicomial. A experiência em Sorocaba evidenciou o potencial da arte para transformar percepções e fortalecer o cuidado em liberdade. Recomenda-se fortalecer o cuidado da loucura, também, na APS, reconhecendo-a como dispositivo potente para a promoção da saúde mental e a reabilitação psicossocial.
O COLETIVO: UM DISPOSITIVO DE CUIDADO INOVADOR NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFANTOJUVENIL?
Comunicação Oral Curta
1 UNB
Apresentação/Introdução
A saúde mental de crianças e adolescentes no Brasil é atravessada por desigualdades sociais, raciais e de gênero, agravadas por baixos investimentos em modelos comunitários e pela patologização da vida. Diante de retrocessos nas políticas públicas, a histórica negligência e agravamento da saúde mental infantojuvenil pós pandemia, o Coletivo emerge como potente dispositivo de cuidado em um CAPSi.
Objetivos
Analisar as micropolíticas do trabalho do Coletivo, dispositivo grupal de um CAPSi do DF, identificando interfaces com a atenção psicossocial, caracterizando-o como cuidado e investigando suas potencialidades, desafios e inovações no campo.
Metodologia
Oriundo de uma dissertação de mestrado, este trabalho adotou o método cartográfico como ética implicada em acompanhar processos vivos do campo em suas dinâmicas instituintes. A imersão se deu por meio da atuação como residente em saúde mental infantojuvenil, entre 2022 e 2024. A produção dos dados incluiu diários de campo, portfólios, observações e entrevistas com profissionais. A análise foi guiada por aportes dos Movimentos Institucionalistas, como Psicoterapia Institucional, Análise Institucional e Esquizoanálise, visando compreender a constituição do Coletivo enquanto dispositivo, no sentido foucaultiano, que articula discursos, práticas e agenciamentos de saber, poder e subjetivação.
Resultados
O Coletivo é artesanal e relacional, promovendo encontros terapêuticos entre usuários, famílias e profissionais. A partir da liberdade de escolha, afetos e espaços de dizer, constrói cuidado centrado no sujeito. Produz corresponsabilização, vínculo, protagonismo infantojuvenil e articulação em rede. Resiste à lógica biomédica ao se sustentar na horizontalização dos saberes, transversalidade e coletivização das ações. Apesar da precarização e da rotatividade, revela-se como trabalho vivo, impulsionado por forças instituintes coletivizadas como residências, educação permanente e supervisão institucional. A inovação está na sustentação de práticas ético-políticas em devir com e entre sujeitos.
Conclusões/Considerações
O Coletivo aponta caminhos para um cuidado psicossocial inovador, que valoriza a singularidade, os afetos e a produção compartilhada do cuidado. Como trabalho vivo em ato, desafia a lógica tecnocrática e biomédica, promovendo encontros transformadores. A experiência reafirma a importância de dispositivos construídos coletivamente, do trabalho interprofissional e enraizados nos territórios. Seu potencial inovador merece investimento do campo.
POLÌTICA DA NORMALIDADE: CAPTURA DA VIDA E PRÀTICAS PSI EM SAÙDE MENTAL
Comunicação Oral Curta
1 Pós-Graduação em Psicologia Clínica PUC- Rio
2 PUC-Rio
3 PUC-Rio, CLAVES/ENSP Fiocruz
Apresentação/Introdução
O trabalho compõe pesquisa de doutorado e consiste em ensaio teórico sobre a constituição da “normalidade” na contemporaneidade, analisando como esta é produzida pelos discursos e práticas no campo da saúde mental. A investigação parte do incômodo frente à crescente patologização dos sofrimentos, que, ao serem assim enquadrados, apaziguam o mal-estar coletivo reduzindo a falha individual.
Objetivos
Questiona-se qual normalidade as práticas psi estão construindo e quais os seus efeitos políticos na subjetividade, especialmente no contexto do capitalismo cognitivo, onde a vida e sua potência criativa se tornam o principal foco de exploração.
Metodologia
Utilizando a cartografia como método, a análise traça os “fios-força” que tecem a noção de normalidade a partir de três linhas: 1) os conceitos de medicalização, patologização, farmacologização e psicologização; 2) a história da construção do Manual de Doenças Mentais (DSM) como dispositivo de poder; e 3) as disputas epistemológicas entre as perspectivas naturalista e normativista sobre saúde e doença.
Resultados
A normalidade contemporânea não é um estado natural, mas um dispositivo político que serve ao capitalismo cognitivo. É construída por processos de patologização, medicalização e psicologização que capturam a potência de vida dos sujeitos. Os resultados apontam que, ao transformar o sofrimento coletivo em falha individual, as práticas psi correm o risco de reforçar a gestão do mal-estar e a adaptação performática, em vez de promoverem a invenção de novas formas de vida.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a normalidade contemporânea opera como um dispositivo político, cujas fronteiras movediças entre o normal e o patológico servem para capturar a potência vital dos sujeitos, individualizar questões sociais e alinhar a subjetividade às demandas de performance do capital. As práticas em saúde mental, então, correm o risco de reforçar um ideal de normalidade que despotencializa a vida em nome de uma forma que opera capturas.
POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL NA REGIÃO NORTE DO BRASIL: DESAFIOS ESTRUTURAIS E ORGANIZACIONAIS
Comunicação Oral Curta
1 IMS-UFBA; SES-AM; IFAM
2 IMS-UFBA
Apresentação/Introdução
A saúde mental (SM) constitui-se em grande desafio para a saúde global. Estimativas recentes apontam que os transtornos mentais afetam uma em cada oito pessoas no mundo. No Brasil, esse cenário é agravado por desigualdades sociais e territoriais. As características geográficas e econômicas da Região Norte pressupõem desafios ainda maiores para a organização da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Objetivos
Analisar a estrutura e organização das políticas de saúde mental (PSM) de estados da Região Norte. Busca-se identificar avanços, desafios e lacunas da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) da Região Norte do Brasil.
Metodologia
Estudo de métodos mistos e casos múltiplos. Foram analisadas as PSM dos seguintes estados: Acre (AC), Amapá (AP), Amazonas (AM), Pará (PA), Rondônia (RO), Roraima (RR), Tocantins (TO). Na etapa qualitativa, analisaram-se Planos Estaduais de Saúde (PES), Políticas Estaduais de SM e Resoluções da Comissão Intergestores Bipartite (CIB). Na quantitativa, usaram-se dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), ano 2024. Coletaram-se dados dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), leitos especializados, cobertura da Atenção Primária à Saúde (APS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) e equipes de Consultórios na Rua (eCR). Dados foram organizados em matrizes comparativas.
Resultados
A Região Norte apresenta a menor quantidade de CAPS, abrangendo 66% dos municípios, abaixo da média nacional (78%). Tocantins lidera com 1,14 CAPS/100 mil habitantes, e Amazonas tem o menor índice (0,49). Em número absoluto, estão Pará (87 CAPS) e Amazonas (36). Rondônia não possui CAPS III e AD III, e Acre e Roraima não têm CAPS Infantil. A oferta de leitos especializados é limitada, destacando-se Acre (71 leitos) e Pará (29 leitos). Os SRT, as eCR e as Unidades de Acolhimento são escassos. As normativas estaduais, em maioria, estão em desenvolvimento e estruturação, despontando em desigualdades e falta de estrutura, que limitam o acesso e a continuidade do cuidado.
Conclusões/Considerações
Embora haja avanços na expansão da RAPS na Região Norte, os serviços seguem insuficientes frente às demandas psicossociais e às especificidades locais. As fragilidades na estrutura e na produção normativa comprometem a integralidade do cuidado. É necessário ampliar a quantidade e distribuição dos serviços da RAPS, assim como fortalecer o financiamento e a governança de modo a viabilizar o acesso e longitudinalidade do cuidado em SM.
TRANSTORNO POR USO DE SUBSTÂNCIAS NA CRACOLÂNDIA EM SÃO PAULO: ANÁLISE DE POLÍTICAS DE SAÚDE E DE REDUÇÃO DE DANOS
Comunicação Oral Curta
1 FCF USP SP
Apresentação/Introdução
A Cracolândia reúne pessoas em situação de vulnerabilidade social, parte acometida por transtornos por uso de substâncias. Muitas políticas públicas desconsideram a complexidade dos sujeitos e negligenciam o cuidado digno. As práticas de redução de danos propõem acolher e dar autonomia ao usuário, diminuir riscos à saúde e sociais e reconhecer que o cuidado não está centrado na abstinência.
Objetivos
O trabalho analisa os programas de metas e relatórios de entregas de gestões federais, estaduais e municipais entre 1990 e 2023, com foco em políticas de saúde e de redução de danos voltadas a usuários de substâncias na Cracolândia, em São Paulo.
Metodologia
Trata-se de uma análise documental qualitativa de documentos institucionais das gestões federais, estaduais e municipais entre os anos de 1990 a 2023. Foram consultados Planos Plurianuais, Programas de Metas e Relatórios Anuais de Avaliação, disponibilizados em respectivos sítios eletrônicos. A análise teve foco em ações ligadas ao Ministério e Secretarias de Saúde, a partir da busca por palavras-chave como “Cracolândia”, “drogas” e “redução de danos”, com exclusão de ações apenas jurídico-sociais. Os documentos foram analisados cronologicamente, verificando, e comparando quando possível, as metas e entregas de cada gestão voltadas à saúde de usuários de drogas.
Resultados
Foram analisados 11 documentos municipais, 42 estaduais e 28 federais. Apesar do uso de crack em São Paulo ser uma realidade desde a década de 1990, o foco na saúde de usuários dessa substância e o debate sobre redução de danos foram pouco elucidados dentro dos documentos, sendo perceptível a falta de integração entre as esferas governamentais. O programa “De Braços Abertos” (2014–2017) foi o único a incorporar práticas de redução de danos com foco integral na população usuária de drogas da Cracolândia. Nos últimos anos analisados, observou-se o avanço das Comunidades Terapêuticas, redução de equipamentos públicos de saúde na região e ausência de debate governamental sobre redução de danos.
Conclusões/Considerações
As ações de saúde para usuários de drogas são, em geral, tratadas com foco na abstinência e proibicionismo. Isso reflete a escassez de debate por parte das gestões públicas dentro de suas metas e entregas. Mesmo com ações sócio-sanitárias na Cracolândia ao longo das décadas, as práticas de redução de danos seguem limitadas, enquanto ações policiais, com base na repressão, recebem mais incentivo e visibilidade que as voltadas ao cuidado e à saúde.
CUIDAR EM LIBERDADE: A TRANSFORMAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE ITANHANDU - MG
Comunicação Oral Curta
1 SMS Itanhandu
Período de Realização
Janeiro de 2022 até o momento.
Objeto da experiência
Reestruturação da RAPS de Itanhandu, a partir do CAPS, para um modelo mais efetivo, sustentável e alinhado à luta antimanicomial.
Objetivos
Romper com o modelo centrado em internações prolongadas, adotando abordagem territorial e comunitária baseada na autonomia dos usuários, nos princípios da Reforma Psiquiátrica e na sustentabilidade do sistema.
Descrição da experiência
A experiência baseou-se em ações integradas: descentralização dos casos leves para as UBS, implantação de matriciamento entre CAPS e Atenção Básica, suspensão de licitações para internações de longa permanência, priorização do manejo de crises no território, desinstitucionalização de usuários e ampliação das oficinas terapêuticas. Além disso, capacitações com a rede e reuniões periódicas promovem um cuidado integrado, fortalecem fluxos e vínculos, e ampliam a adesão e autonomia dos usuários.
Resultados
A reestruturação zerou os custos com internações prolongadas (mais de R$ 209 mil anuais em 2022). A descentralização dos casos leves permitiu ao CAPS priorizar os casos graves, fortalecendo o CAPS como núcleo estratégico da RAPS. Houve grande adesão aos novos grupos terapêuticos, redução de reinternações, fortalecimento de vínculos e promoção da autonomia. As oficinas favoreceram inclusão social e reconstrução de projetos de vida, tornando o cuidado mais efetivo, humano e sustentável.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou que a substituição do modelo institucionalizante pelo cuidado territorial e comunitário é viável e transformadora. Os matriciamentos fortaleceram o trabalho em rede, qualificando a atenção psicossocial. A ampliação das atividades criou novos espaços de cuidado e pertencimento. A rotatividade de profissionais nas UBS demanda qualificação contínua, e a sustentabilidade do cuidado antimanicomial deve ser fortalecida enquanto política transversal às mudanças de governo.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência de Itanhandu demonstra ser possível substituir o modelo institucionalizante por um cuidado territorial, comunitário e centrado na autonomia. O fortalecimento do CAPS e a descentralização dos casos leves para as UBS favoreceram maior efetividade e inclusão. Esse processo contribuiu para a sustentabilidade financeira e para a consolidação de práticas alinhadas à Reforma Psiquiátrica e à luta antimanicomial.
DIÁLOGOS ENTRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS E AS PRÁTICAS CLÍNICAS DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFANTOJUVENIL
Comunicação Oral Curta
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social
Apresentação/Introdução
O Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) é definido como serviço de atenção psicossocial destinado ao atendimento de crianças e adolescentes com sofrimento psíquico, desempenhando uma função social ímpar na arena mais ampla das políticas públicas. No entanto, ainda são incipientes os estudos que discutem o modo de funcionamento do CAPSi e sua eficácia clínica e terapêutica.
Objetivos
Identificar pontos de consonância e dissonância entre as diretrizes e as bases teórico-conceituais propostas pelas políticas públicas de saúde mental infantojuvenil e a efetiva implantação e implementação das práticas de cuidado operadas pelo CAPSi.
Metodologia
Foi realizada busca nos portais Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e PubMed, a partir dos descritores “Política de Saúde”, “Saúde Mental”, “Serviços de Saúde Mental”, “Centros de Atenção Psicossocial”, “Criança” e “Adolescente”, de modo a serem identificados e selecionados artigos, leis, portarias e documentos técnicos ministeriais que tivessem íntima relação com o tema da saúde mental infantojuvenil. Além da estratégia de busca mencionada anteriormente, foram identificados e selecionados legislações e documentos técnicos que constassem nas referências destas fontes primárias e que fossem pertinentes ao tema.
Resultados
A análise do material selecionado permitiu identificar que o período a partir da década de 2000 é caracterizado por um significativo volume de produção técnica ministerial e de publicação de legislações de extrema relevância para a consolidação do ordenamento jurídico da atenção psicossocial. Ao longo dos anos de 2010, mais particularmente, destaca-se o lançamento de documentos referentes à saúde mental infantojuvenil, com publicações de relevância para o debate mais amplo e para a consolidação da pauta da saúde mental de crianças e adolescentes na agenda política pública.
Conclusões/Considerações
Embora existam políticas formuladas bem como avanços na implantação de serviços e na implementação do cuidado na perspectiva da atenção psicossocial, a assistência em saúde mental infantojuvenil continua sendo um desafio no cenário nacional. Ainda são escassos estudos que abordem questões relativas à compreensão do modo de funcionamento do CAPSi, bem como da operacionalização dos cuidados ofertados neste dispositivo.
RELATO DE EXPERIÊNCIA: ARCO DE MAGUEREZ E OFICINAS PARTICIPATIVAS VOLTADAS À SAÚDE MENTAL DE TRABALHADORAS DO SUS.
Comunicação Oral Curta
1 UFU
2 Secretaria Municipal de Saúde - Araguari
Período de Realização
Junho a agosto de 2024
Objeto da experiência
Relato de experiência com uso do Arco de Maguerez e oficinas participativas voltadas à saúde mental de trabalhadoras do SUS.
Objetivos
Relatar uma experiência do PET Equidade com foco na promoção da saúde mental de trabalhadoras do SUS, utilizando o Arco de Maguerez como metodologia estruturante para levantamento de demandas e desenvolvimento de oficinas participativas direcionadas ao autocuidado e escuta.
Metodologia
A experiência ocorreu em duas unidades de saúde de Araguari (MG), com estudantes de enfermagem, nutrição, medicina e jornalismo do PET Equidade no eixo de saúde da trabalhadora. Utilizou-se o Arco de Maguerez, partindo da escuta ativa das trabalhadoras. Com base nas demandas identificadas, realizaram-se oficinas sobre saúde mental, autocuidado, comunicação e trabalho em equipe, desenvolvidas de forma participativa, com rodas de conversa, dinâmicas e relaxamento, promovendo escuta e acolhimento.
Resultados
As oficinas geraram espaços de troca, pertencimento e valorização das trabalhadoras. As participantes relataram se sentir mais acolhidas e reconhecidas, destacando melhorias nas relações interpessoais e no ambiente de trabalho. A experiência também fortaleceu a integração entre os estudantes dos diferentes cursos, promovendo a prática da educação interprofissional e ampliando a compreensão do cuidado integral às trabalhadoras do SUS.
Análise Crítica
A vivência reafirmou a potência de metodologias ativas e participativas na promoção da saúde mental no trabalho. O uso do Arco de Maguerez possibilitou uma escuta qualificada, significativa e possibilitou a construção coletiva de soluções, evidenciando a importância do diálogo entre saberes e da atuação interprofissional. A experiência ressaltou a necessidade de criar e manter espaços seguros, direcionados aos cuidados permanentes para as trabalhadoras do SUS.
Conclusões e/ou Recomendações
A intervenção demonstrou que ações interprofissionais, baseadas na escuta e participação ativa das trabalhadoras, têm potencial para fortalecer o cuidado de quem cuida. Iniciativas como a relatada são recomendadas para outros cenários no contexto do SUS, com ênfase em metodologias críticas e integradoras, promovendo ambientes de trabalho mais saudáveis e humanos para as trabalhadoras do SUS.
REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA SOBRE ECONOMIA SOLIDÁRIA E SAÚDE MENTAL NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 UNIFESP
Apresentação/Introdução
A luta antimanicomial é uma das maiores respostas aos modelos excludentes e segregacionistas, que acarretam em um aprofundamento das desigualdades sociais. A economia solidária emerge como alternativa de trabalho e renda ao modelo capitalista, em prol de uma sociedade mais justa. Os Empreendimentos de Economia Solidária (EES) são modelos de cuidado em saúde mental e trabalho, sendo parte da RAPS.
Objetivos
Os EES são um dos principais arranjos de trabalho e geração de renda para as pessoas com transtornos mentais. A presente pesquisa busca identificar, na literatura, os arranjos de saúde mental e trabalho em economia solidária produzidos no Brasil.
Metodologia
A metodologia escolhida foi de revisão integrativa da literatura. A pergunta orientadora foi: Quais foram os principais arranjos de trabalho solidário e saúde mental descritos na literatura brasileira? Foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): [Cooperativismo AND Saúde Mental]. A partir da busca com esses termos, nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde, PubMed e da Scielo, no dia 11/02/2025, foram encontradas trinta e quatro publicações. A seleção final se deu a partir da exclusão das publicações duplicadas, dos documentos que eram de experiências internacionais e/ou que fossem parte da literatura cinzenta. Restaram sete artigos para análise.
Resultados
Os sete artigos abordaram a importância da rede de solidariedade e amizade criada entre os trabalhadores de EES para a saúde mental dos mesmos. Destaca-se que o modelo de trabalho autogestionário também é um grande produtor de autonomia e de novas formas de produção de trabalho e vida para esses trabalhadores estigmatizados pelos diagnósticos em saúde mental. Além disso, os artigos reforçam a importância de equipes interdisciplinares na construção dos EES e da formação continuada de profissionais do SUS sobre economia solidária. Dois artigos destacam que o termo cooperativismo foi cooptado por algumas empresas capitalistas e que o melhor uso seria de economia solidária
Conclusões/Considerações
Em oposição ao modelo capitalista de trabalho, com o estabelecimento de relações solidárias e de autogestão, os EES se apresentam como formas revolucionárias de trabalho e geração de renda. No âmbito da saúde mental, destaca-se a importância da formação continuada dos profissionais, inclusive para incentivo da criação de novos EES. Destaca-se que os DeCS, como forma de pesquisa em Saúde Coletiva, nesse tema, poderiam ser atualizados.
SAÚDE MENTAL E USO DE PSICOFÁRMACOS EM CIGANOS DE IGREJINHA -JUIZ DE FORA-MG
Comunicação Oral Curta
1 UFJF e PJF
2 Prefeitura de Juiz de Fora (PJF)
3 UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Apresentação/Introdução
A Comunidade cigana que se instalou em Juiz de Fora, enfrenta desafios como preconceito e exclusão social, com práticas culturais específicas como casamentos arranjados e papéis de gênero rígidos. Vivem na área rural do distrito de Igrejinha com acesso restrito a serviços básicos, que intensificam a exclusão e afetam sua saúde mental.
Objetivos
Investigar a saúde mental da comunidade cigana de Juiz de Fora diante da cultura moderna, propondo políticas públicas interculturais que promovam inclusão social e cuidado em saúde mental.
Metodologia
Estudo transversal censitário com ciganos Calon adultos do bairro Igrejinha em Juiz de Fora. A coleta de dados foi feita por entrevistas, prontuários eletrônicos e observação nos atendimentos da Unidade Básica de Saúde local. Foi avaliado sintomas de depressão, ansiedade e estresse, uso de medicamentos antidepressivos e condições socioeconômicas, como faixa etária, sexo, escolaridade, condições de moradia e uso de serviços de saúde. A investigação foi realizada durante um ano de atendimentos da população e visitas ao acampamento realizando rodas de conversa com membros da população.
Resultados
Os dados revelam alta prevalência de sofrimento psíquico (depressão, ansiedade e estresse) entre ciganos Calon, associados a baixa escolaridade, casamentos precoces, exclusão social e dificuldade no acesso a serviços básicos. O impacto é maior em mulheres e jovens, que enfrentam preconceito e conflitos culturais intensos. Cerca de 75% das mulheres usam medicações para depressão e ansiedade, contra 15% dos homens, refletindo a estrutura patriarcal da comunidade e desigualdade de acesso a lazer, trabalho e atividades. Esses resultados são essenciais para orientar políticas públicas e cuidados em saúde mental culturalmente sensíveis.
Conclusões/Considerações
A pesquisa busca dar visibilidade às demandas da comunidade cigana Calon, destacando a necessidade de políticas públicas interseccionais e interculturais. Ao preservar tradições e garantir direitos fundamentais, fortalece a identidade cultural e o bem-estar. Os dados apoiam ações que promovam saúde mental com equidade, respeito às diferenças e combate à discriminação, favorecendo inclusão social e fortalecimento comunitário.

Realização: