
Programa - Comunicação Oral Curta - COC26.3 - Saúde Mental e Trabalho
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
SUS E EQUIDADE: UMA INTERVENÇÃO PELA SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UFR
Período de Realização
Planejamento da ação de novembro de 2024 a maio de 2025 e execução no dia 16 de maio de 2025.
Objeto da experiência
Intervenção educativa, por meio de palestra, dirigida aos profissionais da Atenção Primária sobre a saúde mental de trabalhadores do SUS.
Objetivos
Promover a compreensão do adoecimento mental no trabalho, esclarecendo seu desenvolvimento, manifestações clínicas e identificação dos principais fatores (estresse, sobrecarga, relações interpessoais). Com isso, facilitar na formação de profissionais da APS em estratégias coletivas de prevenção.
Descrição da experiência
O I Seminário PET-Saúde, realizado em 16/05/2025, reuniu trabalhadores da APS de Rondonópolis-MT para debater a equidade e a valorização no SUS, com destaque à saúde mental dos profissionais. Promovido pelo PET-Saúde e pela Secretaria Municipal de Saúde contou com cerca de 120 profissionais de diferentes categorias. Conduzido por psicóloga, o encontro incluiu a palestra sobre “Do Estresse à Doença: O Caminho do Adoecimento Mental no Ambiente de Trabalho”. Ao final, houve espaço para debate.
Resultados
A partir do que foi abordado na palestra, na roda de comentários, alguns profissionais pontuaram desafios como sobrecarga, pressão por metas, falta de apoio da gestão e falhas de comunicação, além de sintomas como irritabilidade, fadiga, insônia e dificuldade de concentração. A experiência ampliou a compreensão dos impactos emocionais no cotidiano do trabalho, fortaleceu vínculos interpessoais e estimulou a coprodução do cuidado em saúde mental no trabalho.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a importância da reflexão sobre o sofrimento psíquico no trabalho e estabelecer espaços de escuta. A participação ativa dos profissionais permitiu identificar necessidades negligenciadas e favorecer a construção de laços de cooperação entre as equipes. Destacou-se a necessidade de ações contínuas em saúde mental na APS, com estratégias que integrem gestão e trabalhadores e promovam valorização e apoio mútuo.
Conclusões e/ou Recomendações
A iniciativa destacou a relevância de instituir espaços de diálogo e escuta qualificada sobre o sofrimento psíquico no trabalho. Recomenda-se a institucionalização de ações em saúde mental na APS, com participação ativa da gestão e das equipes, incluindo palestras formativas que orientem e informem sobre o adoecimento mental no contexto do trabalho, promovendo cuidado coletivo, apoio emocional, valorização profissional e prevenção.
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS EM PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA DE UM MUNICÍPIO MINEIRO
Comunicação Oral Curta
1 Prefeitura Municipal de Leopoldina - MG
2 UFJF; GT STT Abasco
Apresentação/Introdução
Introdução: O trabalho em saúde tem sido apontado como atividade ocupacional de significativo estresse. A especificidade do cuidado no trabalho dos serviços de saúde, as exigências da atividade e o não reconhecimento do trabalho, principalmente no setor público, expõem o trabalhador da saúde ao estresse.
Objetivos
Conhecer as condições de saúde mental dos profissionais da atenção básica de um município da Zona da Mata Mineira e descrever a ocorrência de transtornos mentais neste grupo de trabalhadores.
Metodologia
Estudo transversal com 120 trabalhadores das unidades da APS de um município Mineiro. A coleta dos dados ocorreu entre 10/04 e 10/05/2024. Os níveis de suspeição de transtornos mentais comuns entre os entrevistados foram considerados como variável dependente. As variáveis independentes foram agrupadas em sociodemográficas, comportamentais, de morbidade e de trabalho. Para a análise dos dados, utilizou-se o pacote estatístico R versão 4.4.0. Realizou-se uma análise descritiva do desfecho e das exposições, através de frequências absolutas e relativas; e as associações entre desfecho e exposições foram realizadas análises bivariada e multivariada por meio de regressão logística.
Resultados
Foi identificada prevalência de 39,16% de suspeição de transtornos mentais comuns entre os trabalhadores avaliados. Identificou-se 51,32% de uso de medicamentos e 36,25% uso de álcool. População com longo tempo de trabalho na instituição e predominância de vínculo formal estatutário e sem outro vínculo de trabalho. As variáveis que apresentaram associação com suspeição de transtornos mentais comuns: dias de caminhada (p-valor 0,031), liberdade de expressão (p-v 0,025), relevância do trabalho (p-valor 0,021), oportunidade de crescimento (p-valor 0,019), equidade de tarefas (p-valor 0,011), uso de medicamentos (p-valor 0,003) e equilíbrio trabalho família (p-valor 0,000).
Conclusões/Considerações
Concluiu-se que a alta prevalência de suspeição TMC na população estudada e a correlação com as variáveis de trabalho e de morbidade podem produzir consequências, individuais e sociais, reforçando a necessidade de identificação precoce, para orientar intervenções individuais e coletivas.
PERFIL OCUPACIONAL E TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS ENTRE TRABALHADORES DE FAVELAS DE SALVADOR, BA, BRASIL (2023-2025)
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
Apresentação/Introdução
Favelas historicamente abrigam os trabalhadores(as) que ocupam postos de trabalho precarizados nos grandes centros urbanos. Em suas atividades econômicas são comuns as extensas jornadas de trabalho, informalidade laboral e baixas remunerações. Dentre as lacunas de conhecimento nesse grupo, ainda é limitada a compreensão da associação entre o perfil ocupacional e os transtornos mentais comuns.
Objetivos
Caracterizar o perfil ocupacional e acessar a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) entre trabalhadores residentes em comunidades urbanas/favelas de Salvador, Bahia.
Metodologia
Trata-se de um estudo epidemiológico transversal, com dados primários de 5 comunidades urbanas/favelas de Salvador/BA, entre 2023/2025. Participaram 587 trabalhadores(as) com idade ≥18 e ≤70 anos. Aplicaram-se questionários estruturados, com apoio de celulares e da plataforma REDCap. O desfecho foi medido pelo Self-Reporting Questionnaire 20 e variáveis sociodemográficas, econômicas e ocupacionais foram coletadas. Construiu-se modelo multivariado, aplicou-se regressão de Poisson com cálculos de RP e IC95% para identificação de potenciais determinantes associados. Análises foram realizadas no RStudio. O projeto foi aprovado no CEP/ISC (CAAE: 75382123.0.0000.5030).
Resultados
41% dos trabalhadores estavam na informalidade. A prevalência de TMC foi 14,0%, sendo maior entre trabalhadoras (19,4%), de 30-39 anos (19,4%), principais cuidadoras(es) de crianças (23,2%), contratados informalmente (30,5%), do serviço doméstico (23,0%), com renda mensal ≤ R$1.000,00 (24,6%), que trabalham na residência de outra pessoa (22,1%) e sentem medo constante de perder o emprego (28,9%). No modelo multivariado, a faixa etária de 40-49 apresentou prevalência 57% menor (IC95% 0,19 - 0,93) em relação aos mais jovens, contratados informalmente tiveram 2,3 vezes mais TMC (IC95% 1,12 - 4,83) que os formais, e também aqueles com medo constante do desemprego (RP: 2,15; IC95% 1,07 - 3,93).
Conclusões/Considerações
Apesar da prevalência de TMC ser menor quando comparada a outros grupos de trabalhadores brasileiros, há uma grande proporção de informais nas comunidades. Os mais jovens, empregados informalmente e com medo constante de perder o emprego, tiveram as maiores prevalências. É urgente a ampliação da Rede de Atenção Psicossocial, visto que a grande vulnerabilidade socioeconômica e ocupacional pode repercutir na saúde mental dos trabalhadores.
OS TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO NO BRASIL, 2007 A 2024.
Comunicação Oral Curta
1 UNIUBE
2 UFTM
3 Autônomo
4 Unicerrado
Apresentação/Introdução
O Transtorno mental relacionado ao trabalho (TMRT) por definição que dizer todo caso de sofrimento emocional em suas diversas formas de manifestação tais como: choro fácil, tristeza, medo excessivo, doenças psicossomáticas, agitação, irritação, nervosismo, ansiedade, taquicardia, sudorese, insegurança, entre outros sintomas que podem indicar o desenvolvimento ou agravo de transtornos mentais.
Objetivos
Descrever os casos notificados de transtornos mentais relacionados ao trabalho no Brasil entre 2007 e 2024.
Metodologia
Trata-se de um estudo do tipo descritivo e retrospectivo, com em dados de notificação de TMRT do Sistema de Informação e agravos de Notificação (SINAN) provenientes do Departamento de Informática do SUS, para o período compreendido entre 2007 e 2024 do Brasil. As variáveis analisadas foram aquelas com incompletude inferior a 20%. Foram realizadas análises exploratórias dos dados, a partir da apuração de frequências simples absolutas e percentuais para as variáveis categóricas e média e desvio padrão para as variáveis numéricas. Foi realizada estatística descritiva para utilizando o software SPSS® v.25.
Resultados
Foram notificados 27.368 casos, com 31,13% dos pacientes com escolaridade entre 1ª e 4ª série incompleta, 23,48% com ensino fundamental incompleto e 7,64% com nível superior. Faziam uso de drogas 28,1%, psicofármacos 14,7%, 4,7% eram fumantes e 2,1% etilistas. Os diagnósticos mais comuns foram F431, F43, F438, F430, F32, F320, F321, F322 e F323. Adotou-se proteção individual em 28,2% dos casos; 16,8% foram afastados da situação de desgaste, 21,25% do local de trabalho; 11% tiveram mudança organizacional; 6,1% receberam proteção coletiva e 34,4% medidas voltadas a terceiros. Evoluíram para cura 21,3%, cura não confirmada 30,5% e incapacidade temporária 23,8%
Conclusões/Considerações
Os transtornos mentais relacionados ao trabalho tornaram-se mais visíveis nos últimos anos, especialmente após a pandemia. A maioria dos casos envolve pessoas sem ensino superior; cerca de 30% faziam uso de álcool ou drogas. Os CID mais frequentes envolvem estresse e depressão. Predominaram medidas de proteção individual ou voltadas a terceiros. Cerca de 50% evoluíram para cura.
O PAPEL DO APOIO SOCIAL COMO EFEITO PROTETOR NOS EPISODIOS DEPRESSIVOS NO AMBIENTE DE TRABALHO - ESTUDO ELSA-BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 PPGSC- UEFS/UNIDOM-AFYA
2 FIOCRUZ
3 PPGSC - UEFS
Apresentação/Introdução
Fatores de risco psicossociais no trabalho são complexos, com consequências sociais adversas e impactos econômicos significativos. Suporte social no trabalho, caracterizado pela troca de recursos emocionais entre colegas e supervisores, tem um papel crucial na redução do estresse. Como moderador da relação entre estressores ocupacionais é pouco explorado, justifica aprofundamento na investigação.
Objetivos
Objetivo foi avaliar o suporte social como fator de proteção e depressão entre servidores públicos participantes do ELSA-Brasil, estudo multicêntrico sobre doenças crônicas em adultos de 6 instituições públicas de pesquisa.
Metodologia
Estudo transversal com amostra avaliada de 12.057 trabalhadores. Os fatores psicossociais do local de trabalho foram mensurados por meio da Job Stress Scale (JSS) e analisados dentro da estrutura do Modelo Demanda-Controle (MDC). Os sintomas depressivos foram avaliados através do Clinical Interview Schedule– Revised (CIS-R). A análise estatística foi conduzida em múltiplas etapas: foram estimadas razões de prevalência (RP) brutas, estabelecendo a relação entre estressores ocupacionais e depressão. A regressão de Poisson com variância robusta ajustou as RP para fatores sociodemográficos. O ajuste do modelo foi verificado por meio do teste de Hosmer-Lemeshow e da curva ROC
Resultados
O modelo final inclui idade, sexo, raça/cor, escolaridade, renda familiar e do MDC. Elevado apoio social está negativamente associado aos sintomas depressivos em todos grupos do MDC: (AE) alta exigência (RP=0,38; IC95%: (0,27 - 0,54); (TA) trabalho ativo (RP=0.53; 0.45-0.65), (TP) trabalho passivo (RP=0,64; 0.49-0.85) e (BE) baixa exigência (RP=0.45; 0.36-0.57). A redução na prevalência de sintomas depressivos na situação de alto apoio comparado ao baixo apoio foi de 62,0% para trabalhadores em AE; de 56,7% em (BE); 46,0% em (TA) e 35,7% em (TP). Achados destacam o papel protetor do suporte social, reforçando sua importância em ambientes de alta demanda psicológica e baixo controle (AE).
Conclusões/Considerações
Diante disso, Estratégias de prevenção do estresse no ambiente profissional devem priorizar o suporte social, promovendo ambientes de trabalho mais saudáveis e mitigando os impactos negativos do estresse ocupacional sobre a saúde mental. Este e um caminho para os programas corporativos e de políticas de saúde governamentais que devem incluir suporte social na contribuição para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.
IMPACTO DOS ESTRESSORES OCUPACIONAIS NA DEPRESSÃO: EVIDÊNCIAS DO ESTUDO ELSA-BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 PPGSC- UEFS/UNIDOM-AFYA
2 FIOCRUZ
3 PPGSC - UEFS
Apresentação/Introdução
A saúde mental no ambiente de trabalho tornou-se uma preocupação global crescente, especialmente no que diz respeito à depressão, que representa um grave problema de saúde pública. Segundo OIT e OMS, ansiedade e depressão resultam em custo de um trilhão de dólares pela quantidade de dias perdidos de trabalho anualmente. E estudos de base populacional sobre essa problemática ainda são escassos
Objetivos
Teve como objetivo avaliar a associação entre estressores ocupacionais e depressão entre servidores públicos participantes do ELSA-Brasil – estudo multicêntrico sobre doenças crônicas em adultos que envolve 6 instituições públicas de pesquisa
Metodologia
Estudo transversal avaliou uma amostra de 12.047 trabalhadores. Os fatores psicossociais do local de trabalho foram avaliados usando a Job Stress Scale (JSS), analisada dentro da estrutura do Modelo Demanda-Controle (MDC). Os sintomas depressivos foram avaliados através do Clinical Interview Schedule– Revised (CIS-R), com depressão diagnosticada pelos critérios da CID-10. A análise estatística foi conduzida em múltiplas etapas. Primeiramente, razões de prevalência (RP) brutas estimaram a ligação entre estressores e depressão. Em seguida, a regressão de Poisson ajustou as RP para fatores sociodemográficos. Finalmente, o teste de Hosmer-Lemeshow verificou o ajuste do modelo.
Resultados
O modelo final (idade, sexo, raça, escolaridade, renda familiar, religião, atividade física, modelo MDC. A amostra final contou com 512 indivíduos, e a prevalência total de depressão foi de 4,26%. Predominaram as seguintes características sociodemográficas: idade entre 45 e 54 anos, sexo feminino, cor não branca, renda familiar alta, escolaridade de ensino superior completo. O risco de prevalência (RP) foi de 3,07 (IC95%: 1,82–5,14) para Alta Exigência (AE) e de 1,70 (IC95%: 1,28–2,22) para Trabalho Passivo (TP), ambos sem apoio social. Reforçando sua importância tanto em ambientes de baixo controle e quase dobra o risco quando associado a alta demanda psicológica que está presente na AE
Conclusões/Considerações
Esses resultados destacam graves riscos psicossociais no ambiente de trabalho e exigem ações corporativas para repensar os modelos de trabalho. O esgotamento crônico não deve ser normalizado como um subproduto da produtividade – o bem-estar dos funcionários deve ser priorizado para que o trabalho seja uma fonte de qualidade de vida, e não de sofrimento
CUIDANDO DE QUEM CUIDA: OFICINA INTERPROFISSIONAL SOBRE SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES DO SUS NO DISTRITO SANITÁRIO II DO RECIFE
Comunicação Oral Curta
1 ESR/SESAU
2 IAM/ Fiocruz Pernambuco
3 Prefeitura do Recife
Período de Realização
A oficina foi realizada em 27 de maio de 2025, na EREM Nóbrega - Recife/PE.
Objeto da experiência
Oficina voltada à saúde mental dos profissionais de saúde do território, promovida pela gestão do Distrito Sanitário II (DSII) em Recife.
Objetivos
Descrever a experiência da oficina “Cuidando de quem cuida”, desenvolvida para promover o cuidado com a saúde mental dos trabalhadores do território.
Metodologia
Em resposta à solicitação dos trabalhadores, a gestão desenvolveu a oficina, com a presença de profissionais de saúde e gestores, para elaborar estratégias de acolhimento, autocuidado e apoio psicológico para os profissionais do território. A atividade contou com a análise de um artigo e de algumas perguntas norteadoras (como você se vê?; quem cuida de você?; o que espera desse encontro?) que provocaram reflexões sobre a pandemia e seus desdobramentos, que repercutem até hoje.
Resultados
A atividade mobilizou os participantes que, por meio de relatos pessoais, mostraram a necessidade de estratégias de cuidado, reconhecendo a importância de espaços de escuta qualificada e partilha. Assim, propôs-se a formação de um Grupo de Trabalho (GT) interprofissional, composto por trabalhadores e gestores, para desenvolver ações voltadas à saúde mental, como atividades educativas, rodas de conversa, incentivo ao autocuidado e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS).
Análise Crítica
O sofrimento emocional dos trabalhadores da saúde ainda persiste após a pandemia, com desafios como luto, traumas e sobrecarga, reforçando a carência de espaços que incentivem o autocuidado e o apoio mútuo. A resposta da gestão, com a criação de um GT e a gestão participativa, contribuiu para fortalecer o cuidado com a saúde mental, destacando a importância da continuidade dessas e outras ações para impactos duradouros.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência da oficina reforça a necessidade de políticas públicas que priorizem a saúde mental dos trabalhadores do SUS. Ao reconhecê-la como direito e parte da integralidade do cuidado, o DSII fortalece a política de saúde do trabalhador por meio da gestão participativa e de espaços interprofissionais, promovendo condições dignas, sustentáveis e humanizadas de trabalho.
CONFLITO TRABALHO-FAMÍLIA E SAÚDE MENTAL DE DOCENTES UNIVERSITÁRIAS
Comunicação Oral Curta
1 UEFS
Apresentação/Introdução
O trabalho docente no ensino superior é marcado por múltiplas tarefas, como ensino, pesquisa e extensão, além de jornadas extensas e exigência por produtividade. Para as mulheres, essa realidade soma-se à dupla jornada decorrente do papel social ligado ao cuidado familiar, o que favorece o surgimento do conflito entre demandas familiares e trabalho, com possíveis implicações na saúde mental.
Objetivos
Analisar associação entre o conflito trabalho-família e Transtornos Mentais Comuns (TMC) em docentes universitárias de instituições públicas baianas.
Metodologia
Estudo transversal incluindo 278 mulheres docentes de universidades públicas baianas. A coleta de dados online (plataforma RedCap), em 2023, realizada por questionário estruturado, incluindo os instrumentos de conflito trabalho-família (CTF) e o Self Report Questionnaire (SRQ-20). Este último foi utilizado para mensurar TMC, com ponto de corte de 7 ou mais respostas positivas. Realizada análise estatística para caracterização da amostra, calculo da prevalência de TMC e dos potenciais fatores associados à sua ocorrência. Para tanto, estimou-se razões de prevalências (RP) brutas e respectivos intervalos de confiança de 95%.
Resultados
A prevalência de TMC foi de 49,64% entre as docentes universitárias. Com prevalência superior entre aquelas que vivenciam situação de conflito trabalho-família: demandas de trabalho e família tomam o tempo de autocuidado e lazer (RP= 1,80; IC95%= 1,41-2,29); o trabalho invade o tempo familiar (RP= 1,71; IC 95%= 1,35-2,18); conflito por cansaço/desgaste (RP= 2,0; IC95%=1,61-2,53); ou conflito na direção inversa (família → trabalho, por desgaste) (RP= 1,72; IC95%= 1,39-2,11). Outras variáveis também estiveram associadas, como não praticar alguma atividade de lazer para distrair ou relaxar (RP= 2,26; IC95%= 1,36-3,75) e não praticar atividade física (RP= 0,74; IC95%= 0,59-0,93).
Conclusões/Considerações
As jornadas de trabalho docente e doméstico podem gerar diversos conflitos na vida das mulheres trabalhadoras, com evidências de repercussões sobre a saúde mental destas. Esta realidade coloca em pauta a necessidade de discutir as questões de trabalho, gênero e saúde mental na docência, bem como a divisão sócio sexual do trabalho doméstico e profissional. Diante disso, precisam ser pensadas e ampliadas as políticas de apoio social.
ANSIEDADE ENTRE DOCENTES: QUANDO O MODO DE ENFRENTAR SE TORNA PARTE DO PROBLEMA
Comunicação Oral Curta
1 UEFS
2 UFRB
Apresentação/Introdução
As estratégias de enfrentamento adotadas por docentes universitários diante de eventos estressantes desempenham um papel crucial na manutenção da saúde mental. No entanto, o uso de mecanismos de enfrentamento disfuncionais ou inadequados pode intensificar os sintomas ansiosos e contribuir para o adoecimento psíquico.
Objetivos
Estimar a prevalência de ansiedade entre docentes universitários e avaliar sua associação com estratégias de enfrentamento para eventos estressantes.
Metodologia
Estudo transversal, do tipo Websurvey realizado com 454 docentes de duas instituições públicas de ensino superior da Bahia, em 2023. Na coleta de dados, foi questionado aos docentes as estratégias de enfrentamento adotadas quando passavam por eventos estressantes, com opções de resposta que variaram de 0-Não costuma fazer isso a 3-Costuma fazer isso muito. A presença de ansiedade foi avaliada por meio do General Anxiety Disorder-7 (GAD-7). Na análise dos dados, foi empregada análise bivariada (Teste Qui-quadrado de Pearson) e multivariada (Regressão de Poisson com variância robusta), com nível de significância de 5%.
Resultados
A prevalência de ansiedade foi 52,1% (n=237). Na análise bivariada, houve associação significante com deixar de lado as atividades para concentrar-se no problema (p=0,004), admitir que não pode lidar com a situação e deixar de tentar (p=0,004) e utilizar álcool ou medicação para pensar menos na situação (p=0,001); não houve associação com concentrar-se no problema e afastar outros temas da mente, falar dos sentimentos com alguém e encontrar conforto na religião. Na análise multivariada, para as três variáveis, “costumar fazer isso muito” incrementou a prevalência de ansiedade em 45,5% (IC=1,08-1,95), 48,8% (IC=1,01-2,20) e 57,1% (IC=1,21-2,04), respectivamente.
Conclusões/Considerações
Os achados deste estudo evidenciam uma alta prevalência de ansiedade entre docentes universitários(as) e destacam a associação significativa entre determinadas estratégias de enfrentamento disfuncionais e o aumento desse sofrimento psíquico. Tais conclusões ressaltam reforçam a importância de intervenções voltadas à promoção de estratégias de enfrentamento mais saudáveis, contribuindo para o cuidado da saúde mental.
ENTRE ALTA DEMANDA E BAIXA RECOMPENSA, A ANSIEDADE MARCA A DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA
Comunicação Oral Curta
1 UEFS
2 UFRB
Apresentação/Introdução
A carreira docente universitária é amplamente reconhecida por sua alta carga de exigências, submetendo os profissionais a múltiplos fatores estressores que têm contribuído para o comprometimento da saúde mental e para a insatisfação no ambiente de trabalho.
Objetivos
Avaliar a associação entre estressores psicossociais do trabalho remunerado e a ocorrência de ansiedade entre docentes universitários(as).
Metodologia
Estudo transversal, do tipo Websurvey realizado, em 2023, com 454 docentes de duas instituições públicas de ensino superior da Bahia. Na coleta de dados, aplicou-se a escala General Anxiety Disorder-7 (GAD-7) para avaliar a ocorrência de ansiedade e as escalas Job Content Questionnaire (JCQ) e Effort-Eeward Imbalance (ERI) para avaliar os estressores psicossociais do trabalho remunerado. Para analisar os dados, foi conduzida análise bivariada por meio do Teste Qui-quadrado de Pearson, com significância estatística ao nível de 5%.
Resultados
Maior proporção da amostra apresentou ocorrência de ansiedade (52,1%). Identificou-se maior prevalência desse desfecho, com associação estatisticamente significante, em alta demanda psicológica (64,4%; p<0,001), baixo apoio social (63,6%; p=0,012), trabalho passivo e alta exigência no modelo demanda-controle (55,6% e 69,0%, respectivamente; p=0,001); alto esforço (66,1%; p<0,001), baixa recompensa (68,3%; p<0,001), desequilíbrio esforço-recompensa (72,4%; p<0,001) e alto comprometimento excessivo com o trabalho (68,9%; p<0,001).
Conclusões/Considerações
Os resultados apontam alta prevalência de ansiedade entre docentes universitários(as), associada a diversos estressores psicossociais no trabalho. Esses achados reforçam a necessidade de intervenções institucionais voltadas à reestruturação das condições de trabalho docente, à promoção do equilíbrio entre demandas e recompensas e ao fortalecimento do suporte social no ambiente acadêmico.

Realização: