
Programa - Comunicação Oral Curta - COC26.5 - Promoção da STT e prevenção de agravos
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
SAÚDE COLETIVA NA INDÚSTRIA: EXPERIÊNCIA DE LINHAS DE CUIDADO EM GRANDE INDÚSTRIA NO RIO GRANDE DO SUL
Comunicação Oral Curta
1 SESI-RS
2 Bruning Tecnometal
Período de Realização
Março de 2024 a abril de 2025
Objeto da experiência
Implementação de linhas de cuidado em ambulatório industrial, com foco na promoção da saúde e na redução de custos assistenciais.
Objetivos
Implantar e avaliar linhas de cuidado voltadas a grandes grupos de agravos em saúde, promovendo cuidado equitativo e longitudinal, com o propósito de ampliar o bem-estar dos trabalhadores e otimizar os custos relacionados à saúde para a organização.
Descrição da experiência
Foram implementadas linhas de cuidado para hipertensão, diabetes, obesidade, dores lombar e torácica, depressão e ansiedade em adultos. O processo incluiu análise de dados, diagnóstico ampliado, validação com a empresa, capacitação da equipe e pilotagem com atendimentos individuais e em grupo. Um banco de dados com alertas possibilitou monitoramento contínuo e priorização equitativa dos casos conforme a necessidade.
Resultados
Durante a intervenção, foram realizados 1.452 atendimentos para 396 trabalhadores. Houve redução de 20,37% nos afastamentos previstos, gerando economia estimada de R$ 1,4 milhão em custos com saúde. Além disso, 91,3% relataram sentir-se mais bem cuidados. A adesão às linhas, especialmente à osteomuscular, foi expressiva. Destacam-se a atuação multiprofissional e a abordagem centrada na pessoa como fatores-chave dos resultados positivos.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou a viabilidade da aplicação dos princípios da atenção primária e da saúde coletiva em contextos industriais. A maturidade institucional e o apoio da alta gestão foram essenciais. Desafios como liberação dos trabalhadores e alinhamento das equipes foram superados com comunicação clara. O uso estratégico de dados e indicadores críticos de saúde promoveu atuação mais equitativa, resolutiva e humanizada, fortalecendo o vínculo entre trabalhadores e os serviços de saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
A implementação de linhas de cuidado em ambiente industrial gerou impactos mensuráveis na saúde dos trabalhadores e na redução de custos assistenciais. A experiência evidencia a importância da atenção longitudinal centrada na pessoa e reforça o potencial de replicação do modelo em outras indústrias, mediante apoio institucional e uso intensivo de dados.
PROMOVENDO A SAÚDE DO TRABALHADOR DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE – UM OLHAR DA GESTÃO PARA OS QUE CUIDAM
Comunicação Oral Curta
1 Secretaria Municipal de Saúde de Jataí
Período de Realização
O Projeto de Promoção da Saúde do Trabalhador ocorreu de junho de 2024 a maio de 2025.
Objeto da experiência
Descrever a realização do Projeto de Promoção da Saúde do Trabalhador da Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Otto Carneiro Maciel de Jataí-GO.
Objetivos
Promover a saúde dos trabalhadores da unidade, integrar a equipe, aumentar o engajamento, promover a saúde mental, melhorar a harmonia, colaboração e convivência, promover o aumento dos atendimentos com qualidade e resolutividade, estimular a criatividade e promover o autocuidado dos profissionais.
Descrição da experiência
O Projeto Promoção da Saúde do Trabalhador da UBS foi realizado pelo gestor da unidade com a participação dos membros da equipe. O projeto abrangeu várias ações organizadas por meio de escalas mensais: Segunda Motivacional, Mural Motivacional, Cantinho do Afago, Grupo de Promoção da Saúde do Trabalhador, Reuniões de Equipe, Projeto Integra, Educação Continuada e felicitações nos aniversários e dia das profissões com entrega de carta de agradecimento e presente. As ações aconteceram na unidade.
Resultados
Nas Segundas Motivacionais eram lidas mensagens e orações. O Mural Motivacional era afixado com mensagens de ânimo e motivação, assim como as frases depositadas nos envelopes do Cantinho do Afago. Foram realizados doze encontros do Grupo Promoção da Saúde do Trabalhador com vários temas relacionado à vida e dia-a-dia, ministrados por diversos profissionais. No Projeto Integra a equipe se caracterizava com o tema do mês na reunião de equipe, foram doze temas como: festa junina, halloween, etc.
Aprendizado e análise crítica
Os processos e relações de trabalho são carregados de tensões, cobranças e conflitos. Com o projeto os dias de trabalho na unidade se tornaram mais harmônicos, funcionais e com trabalhadores dispostos e motivados. Conseguimos perceber um aumento no número dos atendimentos e procedimentos, desenvolvimento de habilidades como proatividade, visão ampliada sobre suas funções, protagonismo nas reuniões de equipe, comunicação, autoconfiança, flexibilidade e aprimoramento do conhecimento técnico.
Conclusões e/ou Recomendações
Os trabalhadores ficaram felizes com as ações, participando e solicitando que as mesmas não se encerrassem. Os trabalhadores da saúde têm apresentado problemas na saúde mental relacionada ao trabalho, por isso urge a necessidade de que as gerências implementem ações e atividades com o objetivo de promover a saúde e bem-estar desses profissionais. Uma equipe saudável e integrada produz mais resultados positivos e de alta performance.
VALIDADE DE CONTEÚDO DE VERSÃO ADAPTADA DE INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DO AMBIENTE ALIMENTAR DE LOCAIS DE TRABALHO
Comunicação Oral Curta
1 UERJ
Apresentação/Introdução
Considerando que adultos passam grande parte do seu dia nos locais de trabalho, o ambiente alimentar organizacional pode desempenhar papel estratégico na promoção da saúde. No entanto, é necessário conhecer esses ambientes. Instrumento brasileiro com validade e reprodutibilidade anteriormente avaliadas teve um olhar ampliado para este ambiente, porém ele é muito longo, dificultando sua utilização.
Objetivos
Realizar a validação de conteúdo da versão curta de um instrumento de avaliação do ambiente alimentar organizacional de locais de trabalho.
Metodologia
Para validação de conteúdo foi utilizada a metodologia “painel de juízes”, na qual 17 especialistas foram convidados por e-mail e receberam a versão preliminar do instrumento e material com instruções para avaliação e definições conceituais adotadas. Foi utilizado o Índice de validade de conteúdo (IVC), calculado com a utilização de escala Likert, onde para avaliar a relevância/representatividade do item pode-se escolher entre as respostas variando de: 1 = não relevante ou não representativo a 4 = item relevante ou representativo. A taxa de concordância aceitável (considerando respostas 3 e 4) deve ser de no mínimo 0,80 e preferencialmente superior a 0,90.
Resultados
Dos 17 especialistas convidados, 12 participaram do painel de juízes. O instrumento foi composto por 74 itens, que contemplam os níveis institucional e dos espaços para alimentação, o entorno e as seguintes dimensões: disponibilidade (presença de espaços de alimentação e outras formas de venda/fornecimento de alimentos e presença de alimentos, bebidas e preparações culinárias), acessibilidade financeira, conveniência, informação alimentar e nutricional, promoção de alimentos, bebidas e preparações culinárias, ambiência e infraestrutura dos espaços de alimentação. O IVC médio foi de 0,97 na avaliação do conteúdo do instrumento, o que é considerada uma taxa de concordância satisfatória.
Conclusões/Considerações
A validade de conteúdo da versão curta do instrumento para avaliação do ambiente alimentar organizacional mostrou-se satisfatória segundo a avaliação do painel de juízes, o que indica a adequação dos itens ao objetivo proposto. Posteriormente será realizado pré-teste e experimentação do instrumento em diferentes contextos organizacionais.
O TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E DA PSICOLOGIA NA SAÚDE DO TRABALHADOR EM EMPRESA DE AUTOGESTÃO EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA COM TRABALHADORES DO SETOR BANCÁRIO
Comunicação Oral Curta
1 CASSI
Período de Realização
As atividades descritas se relacionam ao período de maio de 2024 a maio de 2025.
Objeto da experiência
Relatar a experiência do serviço social e da psicologia em Programa de Saúde Mental com trabalhadores do setor bancário.
Objetivos
Apresentar a interlocução do trabalho desenvolvido pelo serviço social e psicologia em saúde do trabalhador com bancários;
Descrever as atividades e intervenções realizadas pelas profissionais neste âmbito.
Descrição da experiência
As profissionais têm atuado a partir de diretrizes estabelecidas entre o Programa de Saúde Mental da instituição bancária e a execução pela empresa de autogestão. Destacam-se estas atividades: Construção de estratégias individuais e coletivas na saúde ocupacional visando a promoção de qualidade de vida e bem-estar; suporte psicossocial para prevenção dos agravos em saúde mental; Orientações sobre direitos previdenciários, à saúde no SUS e/ou na rede credenciada e reabilitação profissional.
Resultados
O trabalho psicossocial realizado com os trabalhadores bancários promove o fortalecimento da autonomia dos sujeitos e ampliação do repertório de possibilidades de enfretamento das situações vivenciadas. Além disso, auxilia na promoção e prevenção dos agravos em saúde do trabalhador no que envolve aspectos físicos e mentais. Acrescenta-se a redução de entraves no acesso aos benefícios previdenciários e assistenciais, diminuindo o sofrimento associado ao adoecimento.
Aprendizado e análise crítica
Há uma prevalência de transtornos mentais nestes trabalhadores. A reestruturação dos bancos, a influência da tecnologia e mudança em relação as atividades impactam a saúde deste público. O trabalho do Serviço Social e da Psicologia desempenham um papel importante nas intervenções em saúde, atuando de forma interdisciplinar e crítica. Na oferta de suporte psicossocial prioriza-se a escuta qualificada, acolhimento e encaminhamento responsável considerando os determinantes sociais e da saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Esta experiência reafirma a importância da atuação psicossocial em saúde do trabalhador; considerando os aspectos mencionados e a atualização da Norma Regulamentadora (NR-01) que visa a obrigatoriedade do gerenciamento dos riscos psicossociais no âmbito do trabalho. Compreende-se a urgência de experiências como essa para intervenções efetivas neste campo.
MINERAÇÃO ARTESANAL, AGRAVOS À SAÚDE DO TRABALHADOR E OS DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA
Comunicação Oral Curta
1 Secretaria da Saúde do Estado da Bahia
2 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
3 Universidade Estadual de Santa Cruz
Apresentação/Introdução
A pequena mineração emprega muitos trabalhadores, em geral invisibilizados pelo Estado, com perfil predominante de baixa escolaridade e renda. A atividade pode ser formal ou ilegal e, por ser uma das mais perigosas, acarreta danos à saúde, evitáveis. Diante disso, destaca-se o papel da vigilância em saúde do trabalhador na proteção à saúde.
Objetivos
Evidenciar os danos à saúde do trabalhador em pequenos empreendimentos da mineração, bem como as fragilidades e as possibilidades da atuação da vigilância.
Metodologia
Pesquisa qualitativa realizada em uma região da Bahia, Brasil, composta por 74 municípios, com 220 locais de exploração cadastrados e expressiva atividade ilegal, fora das estatísticas oficiais. A mineração ocorre em garimpos de pedras preciosas, pedreiras e outros locais. Participaram 25 pessoas: técnicos da vigilância, trabalhadores, sindicalistas e representantes de movimentos sociais. Os dados, obtidos em entrevistas de 2023, foram analisados por análise de conteúdo, resultando em duas categorias. O Estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, parecer nº 5.937.810/2023.
Resultados
A) Riscos e danos à saúde: decorrem da ausência de gestão do risco nos empreendimentos; falta de sanitários, de água potável e locais para refeições; trabalho sem equipamentos de proteção e ausência de fiscalização do Estado; e elevado número de acidentes com e sem óbitos e casos de pneumoconiose. B) Atuação da vigilância: fragilidades por conta das ações pontuais, não incluídas no planejamento, limitadas por equipes insuficientes e desarticulação interna e não realização de ações intersetoriais. Contudo, há potencialidades como a existência de dois Centros de Referência em Saúde do Trabalhador e a disposição de um sindicato e movimentos sociais em estabelecer parcerias com a vigilância.
Conclusões/Considerações
As precárias condições de trabalho na pequena mineração e os consequentes danos à saúde, conhecidos e evitáveis, indicam a urgência de priorizar esse setor na agenda da vigilância em saúde do trabalhador. Para isso, é essencial fortalecer as equipes técnicas, visando ao desenvolvimento de ações articuladas intra e intersetorialmente, com o protagonismo dos trabalhadores e do controle social.
EXPERIÊNCIA DE APLICAÇÃO DO SISTEMA ASSTI – AVALIAÇÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA EM TRABALHADORES DA INDÚSTRIA, NO RIO GRANDE DO SUL
Comunicação Oral Curta
1 SESI-RS
2 CNI
Período de Realização
De Julho de 2018 à Maio de 2025.
Objeto da experiência
Proposição de um sistema de avaliação e de resultados de saúde e segurança no âmbito industrial.
Objetivos
Diagnosticar condições de saúde, segurança e fatores psicossociais que afetam a qualidade de vida e a produtividade dos trabalhadores da indústria, gerando indicadores robustos para orientar ações estratégicas, promovendo saúde, prevenção de riscos e melhorias no ambiente laboral.
Descrição da experiência
O ASSTI é aplicado online ou presencial, de forma anônima em amostra representativa. O sistema foi desenvolvido pelo SESI com apoio técnico científico da UFPE, gera 46 indicadores e 3 índices: Estilo de Vida, Produtividade e Cultura de Segurança no Trabalho. Os resultados apresentados em devolutiva técnica permitem diagnóstico das condições de trabalho e vida, orientando ações consultivas para apoio na gestão de dados e investimentos assertivos de saúde, segurança e produtividade no trabalho.
Resultados
No período da aplicação do ASSTI, 921 estabelecimentos industriais do Rio Grande do Sul foram atendidos, resultando na participação de 108.887 trabalhadores, dado este que representa uma importante contribuição para o mapeamento populacional da saúde no contexto industrial. Essa base de dados, exclusiva da população trabalhadora da indústria, permitiu uma leitura qualificada das condições de vida e trabalho, integrando aspectos de saúde física, segurança ocupacional e fatores psicossociais.
Aprendizado e análise crítica
Essas avaliações permitem o planejamento de intervenções mais assertivas e torna possível a análise e a demonstração dos resultados alcançados. Para a indústria é imprescindível, pois o acompanhamento de indicadores robustos de saúde e segurança fornecem informações estratégicas para o planejamento de médio e longo prazo, antecipa riscos, tendências futuras e orienta sobre a gestão dos programas corporativos de saúde e segurança, permitindo identificar o valor do investimento em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
O Rio Grande do Sul concentra o maior volume de dados do segmento, o que torna a experiência do ASSTI um marco relevante para a análise de saúde integral no ambiente laboral da indústria. Além disso, os dados produzidos pelo ASSTI fornecem subsídios concretos para que as empresas desenvolvam uma gestão mais estratégica da saúde e realizem investimentos mais assertivos e centrados no indivíduo, alinhados às reais necessidades dos trabalhadores.
DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE MODELO DE APRENDIZADO DE MÁQUINA PARA ESTIMATIVA DE SUB-REGISTRO DE ÓBITOS POR ACIDENTES DE TRABALHO NO SIM
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz
2 UFBA
Apresentação/Introdução
Devido a sua universalidade e elevada cobertura, pode-se considerar que o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) capta atualmente a totalidade dos acidentes de trabalho com óbito (ATO) no Brasil. A identificação destes casos em seus registros, contudo, enfrenta dificuldades históricas, implicando em importante sub-registro, estimado por estudos diversos entre 30% e 90%.
Objetivos
Desenvolver e validar modelo de aprendizado de máquina supervisionado para estimativa de sub-registro de óbitos por acidentes de trabalho no SIM.
Metodologia
Microdados anonimizados do SIM (2006-2023) foram filtrados para óbitos por causas externas em pessoas. Utilizaram-se sexo, idade, raça/cor, escolaridade, ocupação (CBO), ano, mês, dia da semana, hora, local, assistência, atestante, causa básica e causas múltiplas. Preditores complexo foram codificados por one-hot, target encoding ou embeddings. O AutoML FLAML testou múltiplos algoritmos (p.ex., LightGBM, XGBoost) com validação cruzada, balanceamento de classes e otimização bayesiana de hiperparâmetros. O desempenho no conjunto de teste (20 %) foi medido por AUC-ROC, AUC-PR, sensibilidade, especificidade e F1-score (métrica-alvo), incluindo estratificação em períodos e subgrupos.
Resultados
Nos testes, o melhor modelo (LightGBM) apresentou acurácia 91 %, AUC-ROC 0,89, sensibilidade 0,64, especificidade 0,95 e F1-score 0,64, relativamente estável no tempo, contudo, variável entre os grupamentos de causas de óbito, especialmente no que se refere ao F1-score. Entre 2006-2023 registraram-se 60 908 ATOs. O modelo reclassificou 102 965 óbitos adicionais como prováveis ATOs, estimando sub-registro de 63 %, compatível com a literatura. A estimativa de sub-registro apresentou tendência decrescente, partindo de 70 % em 2006 para 55 % em 2023.
Conclusões/Considerações
O modelo apresenta desempenho satisfatório para estimar o sub-registro de ATO no SIM. Ensaios adicionais com codificações mais complexas e redução de dimensionalidade seguem em curso e devem elevar o desempenho preditivo. Estão em andamento análises de estabilidade e vieses dos dados de treinamento. Ajustes adicionais para a classificação individual de óbitos serão aprofundados em fases posteriores da pesquisa.
EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL E EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE NA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral Curta
1 UnB
2 SES/DF
Período de Realização
Abril de 2024 – Maio de 2025
Objeto da experiência
Educação Interprofissional e Popular em Saúde como referencial teórico/metodológico para promover a formação de estudantes e profissionais da saúde.
Objetivos
Relatar a experiência do grupo “Baú de Recordações”, que, no âmbito do PET-Saúde/Equidade, desenvolveu ações para fortalecer equipes multiprofissionais e promover a equidade no cuidado, com foco na integração ensino-serviço-comunidade e valorização das trabalhadoras e trabalhadores do SUS.
Metodologia
O grupo tutorial é formado por 13 membros, com diversidade de gênero, sexo e raça. O público alvo foram os 88 servidores de uma UBS no Distrito Federal, dos quais 66 são mulheres. Foram promovidos encontros presenciais. As ações foram desenvolvidas em três momentos: formativo, para estudo de temas como raça, gênero, sexualidade, maternidades e valorização do trabalho; imersivo, com roteiro estruturado de observação ao território; e vivencial, com eventos coletivos de integração.
Resultados
Destaca-se a elaboração coletiva dos produtos “Glossário”, “Baú de histórias”, “Registo Afetivo” e “Roteiro de Imersão”, bem como a realização do evento “Baú de Escutas” na Semana Universitária. Após a imersão, foram registradas as observações acerca do funcionamento da UBS. As dificuldades relatadas abordam principalmente ambiência e carga de trabalho. Encontra-se em andamento a etapa vivencial, com 3 ações que abordarão os temas gênero, raça e valorização para as trabalhadoras.
Análise Crítica
A Educação Interprofissional e Popular são métodos úteis para discutir e promover a equidade em espaços de formação e trabalho. Apesar dos resultados positivos, o grupo enfrentou resistência para projetar espaço de descanso coletivo na UBS. Além disso, observou-se ansiedade acerca do valor das ações propostas e dúvidas quanto à adesão dos trabalhadores e trabalhadoras. Ressalta-se o impacto negativo da infraestrutura e da sobrecarga de trabalho na percepção de valorização das trabalhadoras.
Conclusões e/ou Recomendações
A integração ensino-serviço-comunidade contribuiu para a desconstrução de estereótipos e permitiu o desenvolvimento de competências criativas, colaborativas e críticas, essenciais na formação e atuação de profissionais de saúde. O repertório adquirido a cada encontro e as ações planejadas fortaleceram o vínculo dos membros do grupo com o público alvo. É necessário que tais ações tenham maior capilaridade e alcancem as instâncias de gestão do SUS.
CLIMA ÉTICO ORGANIZACIONAL E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: PERSPECTIVAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Comunicação Oral Curta
1 UNISINOS
Apresentação/Introdução
O clima ético organizacional refere-se à percepção dos profissionais sobre a ética nas relações e práticas institucionais. Tal percepção pode impactar a qualidade de vida no trabalho. Investigar essa relação, sobretudo na atenção primária, pode subsidiar estratégias que promovam bem-estar e valorização profissional.
Objetivos
Investigar a relação entre o clima ético organizacional e a qualidade de vida no trabalho de profissionais de saúde da atenção primária.
Metodologia
Estudo transversal, com 217 profissionais de saúde de 24 unidades básicas de saúde de um município do Rio Grande do Sul, Brasil. A coleta de dados ocorreu entre abril e maio de 2023, com amostragem por conveniência e abordagem presencial dos participantes. O clima ético organizacional foi avaliado através da versão traduzida e validada da escala Hospital Ethical Climate Survey, e a qualidade de vida no trabalho foi mensurada por meio da versão abreviada e traduzida do Quality of Working Life Questionnaire. A análise dos dados envolveu estatísticas descritivas e testes de associação (Qui-Quadrado).
Resultados
A amostra foi composta por médicos (n=34; 15,7%), enfermeiros (n=29; 13,4%), técnicos e auxiliares de enfermagem (n=68; 31,3%), agentes comunitários (n=49; 22,6%), dentistas e auxiliares de saúde bucal (n=33; 15,2%) e outras profissões (n=4; 1,8%). A mediana de idade de 40,0 (IQ 33—50), com predominância do sexo feminino (n=181; 83,4%) e de profissionais que se autodeclararam de cor branca (n=160; 74,1%). Cerca de 75% dos profissionais perceberam o clima ético como positivo e 23 % relataram qualidade de vida satisfatória. Observou-se associação significativa entre a percepção positiva do clima ético e a maior satisfação profissional (p<0,001).
Conclusões/Considerações
A maioria dos profissionais percebeu o clima ético organizacional de forma positiva, o que se associou significativamente a maiores níveis de qualidade de vida no trabalho. Tais achados reforçam a relevância de promover e consolidar um ambiente ético favorável na atenção primária, contribuindo para a saúde e o bem-estar dos profissionais e, também, refletindo na qualidade do cuidado oferecido à população.
CLÍNICA DO TRABALHO E PROMOÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ACOMPANHAMENTO INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE DE SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS
Comunicação Oral Curta
1 Cefet-RJ
Período de Realização
A clínica do trabalho está em curso no momento, tendo se iniciado após a pandemia, em 2022.
Objeto da experiência
Acompanhamento clínico-institucional em instituição de ensino, como psicóloga, de servidores que vivem situações de trabalho geradoras de adoecimento.
Objetivos
Construção de espaço permanente de fala e acolhimento, orientado à promoção da saúde de trabalhadores e à politização do sofrimento desencadeado em situações do trabalho, considerando-se a dimensão humana e semântica do trabalho, com base nos aportes da saúde coletiva e das clínicas do trabalho.
Descrição da experiência
Em 2022, divulgaram-se atendimentos da psicologia, em instituição de ensino, com ênfase no sofrimento social vinculado ao sofrimento no trabalho, para servidores que enfrentam continuamente situações de trabalho nocivas. No âmbito da saúde do trabalhador, os acompanhamentos permitem a nomeação de sentimentos vinculados às relações de trabalho e às incoerências organizacionais e podem suscitar, quando necessário, maior clareza em estabelecer nexos de causalidade entre trabalhar e adoecer.
Resultados
Em alguns casos, houve possibilidade de estabelecimento de nexo causal com o trabalho e licenças de saúde foram registradas como acidente profissional, construção paulatina com a equipe de perícia médica. Pôde-se interferir em processos de remoção por motivo de saúde. A clínica do trabalho e o acompanhamento são referência para servidores vivendo desgaste mental no trabalho, buscando-a quando precisam dividir suas incertezas e angústias ligadas à organização do trabalho, podendo verbalizá-las.
Aprendizado e análise crítica
A escuta, a partir da Saúde Coletiva, de servidores em processos de adoecimento não é fácil: diante de inúmeras opacidades institucionais, é frequente, como psicóloga de equipe interdisciplinar, experimentar impotência. A clínica do trabalho faz-se em parceria com o serviço social, mas não há parceria robusta com médicos. Nota-se, porém, que a constância dos acompanhamentos reforça a mobilização subjetiva em servidores que, sozinhos, teriam dificuldades de manejar as contradições do trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
Apesar das limitações, é importante o acompanhamento de servidores por profissionais de saúde, na medida em que se quer promover a saúde do trabalhador e a politização do sofrimento, em detrimento de patologias ligadas à cultura do silêncio face ao sofrimento no trabalho. Fazê-lo significa não só promover a fala, mas conhecer as dinâmicas institucionais para construir debates sobre a organização do trabalho nos espaços deliberativos mais amplos.

Realização: