Programa - Comunicação Oral Curta - COC12.2 - Cobertura, Desigualdades e Estratégias na Vacinação
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE SARAMPO NO BRASIL ENTRE 2010 E 2024
Comunicação Oral Curta
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
O sarampo continua sendo um desafio de saúde pública no Brasil, sobretudo em cenários de baixa cobertura vacinal. A análise da distribuição dos casos segundo características demográficas e regionais contribui para identificar populações mais vulneráveis e direcionar ações efetivas de vigilância e prevenção
Objetivos
Analisar a distribuição dos casos de sarampo no Brasil entre 2010 e 2024 segundo sexo, faixa etária, raça/cor e região do país.
Metodologia
Estudo quantitativo, ecológico e retrospectivo. Utilizaram-se dados do Tabnet-SINAN, abrangendo casos de sarampo no Brasil de 2010 a 2024. Para o número de casos de sarampo aplicou o teste de Mann-Whitney para comparação entre os sexos e o teste de Kruskal-Wallis com pós-teste de Dunn para as demais variáveis. As análises foram realizadas nos softwares SAS 9.4 e SPSS 23.
Resultados
Foram notificados 41.091 casos de sarampo entre 2010 e 2024 no Brasil. Houve diferenças estatisticamente significativas nos valores medianos de casos de sarampo por faixa etária, raça/cor e região. Crianças menores de 1 ano e de 1 a 9 anos apresentaram maior número mediano de casos em comparação a pessoas com 60 anos ou mais. A região Nordeste teve maior número de casos medianos quando comparados à região Centro-Oeste. As diferenças por sexo não foram estatisticamente significativas.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam desigualdades na ocorrência do sarampo no Brasil, com maior impacto em crianças e na região Nordeste. As análises reforçam a necessidade de estratégias de vacinação e vigilância focadas em populações vulneráveis e territórios com maior incidência, contribuindo para o enfrentamento das iniquidades em saúde.
ANÁLISE DA HETEROGENEIDADE ESPACIAL DA COBERTURA VACINAL EN CRIANÇAS ABAIXO DE UM ANO NA PARAÍBA, 2016-2021
Comunicação Oral Curta
1 UFPB
2 UNISANTOS
3 UEPB
4 USP
Apresentação/Introdução
A imunização é uma intervenção da saúde pública das mais eficazes e custo-efetivas, responsável pela redução da morbimortalidade infantil. A cobertura vacinal no Brasil vem declinando desde 2016, principalmente as destinadas a faixa etária pediátrica.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo avaliar a heterogeneidade espacial da CV em crianças menores de 1 ano, entre 2016 e 2021, na Paraíba.
Metodologia
Trata-se de um estudo com delineamento ecológico do tipo misto, onde utilizou-se dados secundários e de domínio público de 2016 a 2021, extraídos do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SNIPI) e do Sistema de Nascidos Vivos (SNI). A CV foi classificada em quatro categorias: muito baixa (0% a 50%), baixa (50% da meta), adequada (meta a 120%) e alta (120%). Foi realizada análise descritiva da CV e aplicados os testes de Kolmogorov-Smirnov e Levene, seguidos dos testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e comparações múltiplas de Dunn. A autocorrelação espacial da CV foi analisada utilizando as estatísticas de Moran global e local para avaliar o padrão espacial.
Resultados
Na análise descritiva e estratificada da CV todos os imunobiológicos ficaram abaixo da meta do PNI, sendo o pior ano para cobertura vacinal 2021, com exceção da vacinação contra difteria, tétano e coqueluche, cujo pior ano foi 2019. Observou-se heterogeneidade espacial da CV para todos os antígenos e em todos os anos, com a formação de bolsões de suscetibilidade. Em todos os anos de estudo, houve autocorrelação espacial positiva (p < 0,05) do tipo baixo/baixo para todos os antígenos, ou seja, aglomerados de municípios com baixa CV cercados por vizinhos com valores semelhantes.
Conclusões/Considerações
Áreas de baixa CV , portanto com maior risco de disseminação de doenças imunopreveníveis foram identificadas espacialmente, permitindo melhor direcionamento de recursos e políticas públicas.
ANÁLISE ESPACIAL DA COBERTURA VACINAL DO SARAMPO 1ª E 2ª DOSE NO ESTADO DE RORAIMA.
Comunicação Oral Curta
1 UNISANTOS
Apresentação/Introdução
Introdução: O Sarampo é considerado uma doença viral imunoprevenível com alta
transmissibilidade. Desde o primeiro calendário vacinal, o imunizante está disponível
à população evitando milhões de mortes. O Sarampo foi erradicado no Brasil em
2016, mas em 2018, com o aumento no fluxo migratório do povo Venezuelano para
Roraima, causada pela crise política e social de seu país, causando o retorno da
doença.
Objetivos
Objetivo: Analisar a dinâmica espacial da Cobertura Vacinal do Sarampo 1ª e 2ª dose em Roraima.
Metodologia
Métodos: Estudo ecológico misto, de dados secundários de domínio público para o
período de 2016 a 2022. As doses aplicadas da vacina foram obtidas do sistema de
informação do Programa Nacional de Imunização, o número de nascidos vivos junto
ao Sistema de Informação de Nascidos Vivos e os de óbito no Sistema de Informações
de Mortalidade do banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram
calculadas as taxas da cobertura vacinal (CV) por município e ano. A base
cartográfica foi obtida no IBGE. Foi realizada a análise descritiva, Teste de Kruskal-
Wallis e comparações de Dunn. A análise de autocorrelação espacial foi realizada por
meio do Índice de Moran, com nível de significância de 5%.
Resultados
Resultados: Observa-se uma diferença entre os anos de estudo (p<0,001) com
diminuição da CV a partir de 2020 (p<0,005). A primeira dose do sarampo (SCR1)
alcançou a meta preconizada (95%) somente em 2018 com média de 109,87% e a
menor (53,07%) em 2020 (p<0,05). Para a segunda dose (SCR2) observa-se 2017
com a maior média (90,70%) e a menor em 2021 (28,47%) (p<0,05). Há uma alta
heterogeneidade da CV em Roraima (p<0,001). Em relação ao Índice de Moran, para
a SCR1 os anos de 2016 e 2020 se destacaram com alta cobertura vacinal e alta
influência nos territórios circunvizinhos nas regiões norte (p<0,001) e sudeste
(p<0,001) do estado.
Conclusões/Considerações
Conclusão: Em Roraima há uma importante heterogeneidade espacial, além de que na maior parte do período estudado observou-se que a meta de CV não foi alcançada, sendo essa
situação mais grave para a segunda dose. Isto demonstra a necessidade de se pensar
em uma vacina para o Sarampo de única dose e políticas públicas mais assertivas de
incentivo à vacinação adequada.
ANÁLISE ESPACIAL DA COBERTURA VACINAL EM CRIANÇAS COM ATÉ 12 MESES DE IDADE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral Curta
1 UniSantos
Apresentação/Introdução
A imunização possui um custo reduzido quando comparado aos benefícios para a saúde, representando uma das políticas públicas mais eficazes, e uma valiosa ferramenta na saúde coletiva para prevenir enfermidades evitáveis por imunização, ficando atrás somente das políticas públicas relacionadas à higiene básica e ao abastecimento de água potável no que se refere à prevenção de doenças.
Objetivos
Analisar a dinâmica espacial da cobertura vacinal (CV) de crianças com até doze meses de idade no estado do Rio de Janeiro.
Metodologia
Estudo ecológico misto, de dados secundários de domínio público para o período de 2016 a 2021. Doses aplicadas obtidas no sistema de informação do Programa Nacional de Imunização, nascidos vivos no Sistema de Informação de Nascidos Vivos, cobertura de pré-natal do observatório da criança e adolescente, dados socioeconômicos, ambientais e a cartografia temática no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foi calculada a cobertura vacinal (CV) e a homogeneidade da cobertura vacinal (HCV) e realizada a análise descritiva, Teste de Kruskal-Wallis, análise de regressão logística bivariada, análise espacial por meio do Índice de Moran, com nível de significância de 5%.
Resultados
Desde 2016 observou-se uma queda na CV de todas as vacinas estudadas ao longo do período de estudo (p<0,001). A partir do ano de 2019 há uma queda nos níveis de CV adequada para todas as vacinas do calendário vacinal de crianças, prevalecendo a CV baixa e muito baixa, principalmente nos anos de 2020 e 2021 (p<0,001). Observou-se que a chance de se ter HCV inadequada foi 4,68% (IC95%: 2,84; 7,71) maior devido a pandemia do COVID19, já as regiões centro-sul fluminense (RP= 0,44%; IC95%: 0,22; 0,88) e média Paraíba (RP=0,46; IC95%: 0,24; 0,90) são os locais de melhora da HCV. Houve a identificação das regiões mais vulneráveis que apresentaram bolsões de baixa CV (p<0,001).
Conclusões/Considerações
Há uma necessidade urgente de ações de saúde pública que propiciem uma melhora na CV de crianças menores de doze meses no estado do Rio de Janeiro, para o controle do risco elevado de retorno de doenças imunopreveníveis.
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS PAIS SOBRE A SEGURANÇA DAS VACINAS NO PRIMEIRO MÊS DE VIDA EM UM MUNICÍPIO DE MINAS GERAIS
Comunicação Oral Curta
1 UFSJ
Apresentação/Introdução
As vacinas são essenciais para a proteção da saúde infantil, sendo os pais os principais responsáveis pelo cumprimento do calendário vacinal. A redução das taxas de cobertura, intensificada após a COVID-19, pode estar associada à desconfiança, eventos adversos e desinformação, fatores que elevam a hesitação e o abandono vacinal, comprometendo a saúde pública.
Objetivos
Descrever a percepção dos pais ou responsáveis quanto à confiabilidade das vacinas administradas no primeiro mês de vida, com ênfase nos imunobiológicos BCG e Hepatite B, nas Unidades de Estratégia de Saúde da Família de Divinópolis/MG.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem quantitativa, realizado com crianças menores de um ano vacinadas com BCG e Hepatite B em Divinópolis/MG, cidade do Centro-Oeste mineiro, entre março e maio de 2025. A coleta de dados primários ocorreu por meio de questionário estruturado aplicado aos pais ou responsáveis nas Unidades de Estratégia de Saúde da Família do município habilitadas para a aplicação da BCG. Os dados foram organizados e analisados por estatística descritiva no Microsoft Excel 2013.
Resultados
A amostra foi composta por 54 crianças, sendo 51% do sexo feminino. Entre os pais, 56% estavam no primeiro filho. Relacionado a vacinação, 70% não relataram dúvidas, enquanto 30% demonstraram alguma desconfiança, principalmente por eventos adversos. A maioria (68%) confia nas informações dos órgãos oficiais (Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde), ressaltando a importância da orientação profissional.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam predominância de confiança dos pais na vacinação infantil, embora ainda existam inseguranças relacionadas a eventos adversos. A confiança em fontes oficiais destaca o papel dos profissionais de saúde na educação vacinal. Estudos futuros devem investigar estratégias educativas e comunicacionais que promovam maior adesão e reduzam a hesitação vacinal em diferentes realidades sociais.
DECLARAÇÃO DE VACINAÇÃO ATUALIZADA (DVA): ESTRATÉGIA PARA AUMENTO DA COBERTURA VACINAL DA CIDADE DE SÃO PAULO.
Comunicação Oral Curta
1 PMI/ COVISA/ SMS São Paulo
Período de Realização
Dados referentes à Declaração de Vacinação Atualizada das crianças nos anos de 2022 a 2024.
Objeto da experiência
A emissão da DVA e a checagem vacinal de estudantes refletindo na cobertura vacinal.
Objetivos
Checar a situação vacinal de estudantes para emissão da Declaração de Vacinação Atualizada (DVA); realizar busca ativa de não vacinados ou com esquemas incompletos; acompanhar a situação vacinal durante a entrada e permanência de crianças nas escolas, impactando no aumento das coberturas vacinais.
Metodologia
A partir do microplanejamento para as Ações de Vacinação de Alta Qualidade na checagem vacinal dos estudantes foram realizadas: a) ações educativas sobre a vacinação para pais/responsáveis/alunos pelas equipes de saúde; b) a solicitação pelas escolas da Declaração de Vacinação Atualizada (DVA) dos estudantes, emitidas pelas salas de vacinas das Unidades Básicas de Saúde (UBS); c) a busca ativa vacinal de estudantes sem DVA e d) vacinação nas escolas.
Resultados
Em 2022, 1.549 escolas de educação infantil, correspondendo a 47,63% das unidades da Secretaria Municipal de Educação, aderiram às estratégias, resultando na coleta de 154.970 DVAs, compreendendo 53,35% de crianças matriculadas. Em 2023, a participação aumentou para 2.197 escolas (63,45%), com a obtenção de 259.989 DVAs, representando 64,85% dos alunos. Em 2024, às ações alcançou 2.861 escolas (69,07%), que receberam 313.695 DVAs, mantendo uma taxa de alcance de 89,66% dos matriculados.
Análise Crítica
O crescimento gradativo de escolas que realizaram a ação, partindo de 47,63% no primeiro período e alcançando 89,66%% no terceiro ano da estratégia, demonstra o desempenho dos profissionais da assistência, gestão de saúde e educação, expressando efetividade nas articulações intersetoriais. O aumento de alunos com a DVA, nos ciclos de checagem vacinal, representa a adesão e comprometimento de pais/responsáveis, participando ativamente do processo de atualização da situação vacinal.
Conclusões e/ou Recomendações
A Declaração de Vacinação Atualizada (DVA) teve um impacto direito na cobertura vacinal em crianças até 1 ano em São Paulo. Em 2022 houve acréscimo no percentual, com algumas vacinas aproximando-se das metas. No ano de 2023, as vacinas BCG (90,94%), Rotavírus (90,17%) e SCR (98,50%) atingiram o percentual ideal. No ano de 2024, as vacinas Rotavírus (90,70%), SCR (96,94%), HEPA (98,50%) e Febre Amarela (96,92%) superaram as metas de vacinação.
DETERMINANTES SOCIODEMOGRÁFICOS DAS OPORTUNIDADES PERDIDAS DE VACINAÇÃO CONTRA O SARAMPO EM CRIANÇAS BRASILEIRAS
Comunicação Oral Curta
1 FMUSP
2 FCMSCSP
Apresentação/Introdução
O sarampo é uma doença altamente contagiosa, prevenível por vacina segura e eficaz. Em 2021, causou cerca de 128 mil mortes no mundo. A Região das Américas enfrenta risco de surtos, e no Brasil preocupa a queda na cobertura vacinal e a persistência de oportunidades perdidas (OP) de vacinação nos serviços de saúde.
Objetivos
Este estudo compara o perfil sociodemográfico de crianças vacinadas contra o sarampo sem oportunidades perdidas com o de crianças não vacinadas que tiveram pelo menos uma OP de vacinação.
Metodologia
Utilizou-se uma amostra de 37.801 nascidos vivos das coortes de 2017 e 2018, residentes em capitais, no Distrito Federal e em 12 municípios com mais de 100 mil habitantes. As crianças foram acompanhadas até os 24 meses de idade por meio das informações registradas nas cadernetas de vacinação. Neste estudo, analisou-se a aplicação da primeira dose da vacina tríplice viral e da tetraviral para identificar OP de vacinação contra o sarampo, comparando o perfil sociodemográfico entre crianças vacinadas sem perdas e aquelas não vacinadas que tiveram contato prévio com serviços de saúde. Para análise de comparação dos grupos foram utilizados os teste de qui-quadrado, Shapiro-Wilk e Mann-Whitney.
Resultados
Entre os 37.801 participantes, 34.324 (90,8%) foram vacinados contra o sarampo e não tiveram OP e 777 (2,1%) não foram vacinados e apresentaram pelo menos uma OP. Os grupos foram semelhantes quanto sexo (X²=0,078;p=0,780), raça/cor da criança (X²=3,823;p=0,575), recebimento do Bolsa Família (X²=5,390;p=0,068), escolaridade materna (X²=6,325;p=0,388), raça/cor materna (X²=6,013;p=0,305), uso de serviço privado para vacinação (X²=2,123;p=0,346) e idade materna (z=1,450;p=0,147). Destacaram-se diferenças na região (X²=22,758;p<0,001), no estrato (X²=28,895;p<0,001), número de filhos (z=-5,391;p<0,001) e ordem de nascimento entre os filhos (z=-5,507;p<0,001).
Conclusões/Considerações
A maior frequência de oportunidades perdidas entre crianças de estrato superior e filhas de mães com mais de um filho sugere que a perda vacinal pode estar ligada a rotinas familiares complexas e falhas na orientação nos serviços de saúde, mesmo em contextos de melhor acesso. Tais achados desafiam o senso comum e exigem abordagens mais amplas e direcionadas.
FATORES ASSOCIADOS AO ATRASO VACINAL DO CALENDÁRIO DE IMUNIZAÇÃO ATÉ OS 24 MESES, EM LACTENTES NASCIDOS EM 2017 E 2018 NAS CAPITAIS E 12 MUNICÍPIOS DO INTERIOR DO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 UFPR
2 UNIFATEC
Apresentação/Introdução
Além da cobertura vacinal adequada é importante verificar o cumprimento oportuno do calendário de vacinação recomendado para idade. O atraso vacinal contribui para falhas na imunização, pois o imunizante quando não aplicado no período recomendado propicia períodos de tempo sem proteção efetiva. O atraso vacinal também está associado ao abandono de vacinas levando à incompletude do esquema.
Objetivos
Verificar os fatores associados de lactentes nascidos vivos no Brasil em 2017 e 2018, através do inquérito nacional de cobertura vacinal realizado em 2020, em 26 capitais e 12 cidades do interior com mais de 100 mil habitantes.
Metodologia
Estudo de coorte não concorrente com análise exploratória por meio de regressão através do Stata®, para identificação de fatores associados à vacinação em atraso (não vacinaram/realizaram doses >30 dias da data prevista) que participaram do inquérito vacinal. As variáveis que apresentaram associação com p <0,20 na regressão univariada foram incluídas no modelo, com o cálculo da OR ajustada (OR-a). Analisados os fatores: estrato socioeconômico do setor censitário de residência, renda familiar, escolaridade materna, idade materna, raça/cor materna, presença de companheiro, número de filhos tidos, uso de serviço privado em algum momento para vacinação e frequência a berçário/creche.
Resultados
Após o ajuste mostraram-se como fatores associados a uma maior risco de atraso: raça da mãe negra (ORa 1,32) quando comparado com mãe branca, mãe não ter companheiro (ORa 1,43) e número de filhos igual a dois (ORa 1,75) e três ou mais (ORa 2,28) quando comparado com filho único. Foram associados a um menor risco: residir em área de estrato socioeconômico D (ORa 0,45) quando comparado com o estrato A, a idade materna de 20 a 34 anos (ORa 0,47) e 35 anos e mais (ORa 0,27) quando comparada com <20 anos.
Conclusões/Considerações
Observa-se que os fatores associados a maior risco de atraso vacinal foram residir em áreas mais pobres, menor idade materna, a raça cor da mãe negra, a mãe não possuir companheiro, e uma maior quantidade de filhos. O atraso pode ser determinado socialmente e são necessárias ações para conscientizar sobre a extrema importância do cumprimento do calendário vacinal em dia.
MOTIVOS DA NÃO VACINAÇÃO CONTRA O PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) NA POPULAÇÃO DE 10 A 24 ANOS: DADOS DO INQUÉRITO DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Comunicação Oral Curta
1 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (FSP/USP)
2 Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (FMUSP)
3 Instituto de Saúde, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Apresentação/Introdução
O Papilomavírus Humano (HPV) é responsável por uma das infecções sexualmente transmissíveis de maior frequência, sendo causa do câncer de colo de útero. No Brasil, a vacinação é recomendada aos adolescentes desde 2014 pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Compreender os motivos que podem influenciar a não vacinação é essencial diante das baixas coberturas observadas.
Objetivos
Identificar os motivos da não vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) na população de 10 a 24 anos no município de São Paulo, em 2023/2024.
Metodologia
Estudo transversal de base populacional com jovens de 10 a 24 anos, realizado a partir de dados preliminares do Inquérito de Saúde do município de São Paulo (ISA Capital). Representativo de toda a população residente em área urbana, o inquérito pesquisou, por meio de entrevistas domiciliares, as condições de vida, saúde e utilização de serviços da população, em 2023/24. Esta análise incluiu 2.513 participantes que responderam as perguntas sobre terem recebido a vacina HPV e, em caso negativo, sobre os motivos que os levaram a não se vacinarem, segundo sexo e faixa etária. O processamento dos dados e as estimativas de prevalência foram calculadas através do software SPSS versão 20.
Resultados
A prevalência de pessoas que não se vacinaram (258) contra o HPV foi 17,3% (IC95% 14,4 - 20,5), maior no sexo masculino (24,6%; IC95% 20,3 - 29,3) do que no feminino (9,7%; IC95% 6,9 – 13,5) e na faixa etária de 20 a 24 anos (47,2%; IC95% 38,5 - 56,1). Dentre os motivos, 42,7% (IC95% 32,8 – 53,2) afirmaram que não receberam orientação ou não sabiam que precisavam tomar a vacina, 13,6% (IC95% 7,7 – 23,0) não acharam necessário ou não quiseram tomar, 6,2% (IC95% 3,2 – 11,6) alegaram falta de tempo, 4,4% (IC95% 1,6 – 11,2) tiveram dificuldade em conseguir a vacina, não possuíam acesso ou não encontraram no serviço de saúde e 26,5% (IC95% 17,5 – 38,1) responderam outras razões.
Conclusões/Considerações
A maior prevalência de não vacinados foi observada no sexo masculino e jovens de 20 a 24 anos, enquanto os principais motivos referidos foram a falta de orientação e a percepção de não ser necessária a vacinação. Estes achados indicam, além de desigualdades no acesso à informação e aos serviços de saúde, a necessidade de estratégias e ações específicas para ampliação da cobertura vacinal nestes grupos.
VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19: ELEMENTOS CENTRAIS PARA O DEBATE SOBRE A HESITAÇÃO VACINAL
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz-PE
2 UFPE
Apresentação/Introdução
A hesitação vacinal contra a vacina da covid-19 emergiu como desafio no cenário pós-pandêmico no Brasil. A vacina contra a covid-19 passou a compor o Calendário Nacional de Vacinação, para grupos específicos, e as dificuldades vivenciadas durante a campanha de vacinação, como a ampliação da cobertura vacinal e a adesão à vacina, ainda são aspectos preocupantes para o sistema de saúde.
Objetivos
Propor uma sistematização de elementos centrais para subsídio do debate acerca da hesitação vacinal contra a vacina da covid-19, a partir de uma pesquisa desenvolvida em município de grande porte de uma região metropolitana do Nordeste.
Metodologia
A pesquisa qualitativa foi desenvolvida ancorada na Cartografia das Controvérsias, Teoria Ator-Rede. Entrevistas não-estruturadas foram realizadas com 36 pessoas com o esquema vacinal incompleto para a vacina contra a covid-19, oito profissionais e cinco gestores de saúde. As entrevistas e o diário de foram analisadas a partir da perspectiva teórico-metodológica adotada. Os dados foram produzidos entre janeiro e junho de 2024, em sete unidades de saúde de um município com cerca de 600 mil habitantes. As unidades para a pesquisa foram indicadas a partir da diversidade dos territórios e do fluxo de pessoas. Todos os procedimentos éticos foram contemplados na pesquisa.
Resultados
Agrupamentos temáticos subsidiaram mapear três controvérsias e propor elementos centrais para o debate da vacinação. Os elementos centrais são: a) o debate acerca da confiança na vacina da covid-19 e sua relação com os porta-vozes pró e contra-vacina da covid-19, permeado pelas perspectivas de responsabilidade coletiva e individual; b) o debate sobre a informação, sua relação com a experiência das pessoas e as emoções vinculadas ao cenário da vacinação contra a covid-19; c) e o debate sobre as barreiras de acesso à vacinação emaranhado à responsabilização do usuário em um cenário de iniquidades em saúde e de confusão entre a disponibilidade do imunobiológico e o acesso à vacina.
Conclusões/Considerações
O trabalho convida ao debate sobre o fenômeno da hesitação vacinal e de como se expressa em diferentes territórios e populações. As políticas de vacinação lidam com desafios que se aprofundam diante das emergências sanitárias e/ou necessidade de vacinação, nesse sentido, a pesquisa pode contribuir com as discussões de ações para a aceitação e ampliação da cobertura vacinal da vacina da covid-19.
Realização: