
Programa - Comunicação Oral Curta - COC12.7 - Desafios em Doenças Negligenciadas
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
MORTALIDADE POR DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL, 2001-2023: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E TENDÊNCIAS TEMPORAIS
Comunicação Oral Curta
1 FMUSP
Apresentação/Introdução
A Doença de Chagas (DC) é uma antropozoonose endêmica em 21 países da América Latina. Faz parte do grupo das Doenças Tropicais Negligenciadas, que afetam populações em situação de vulnerabilidade social e ambientes associados à pobreza. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, estima-se que cerca de 70 milhões de pessoas vivam em áreas com risco de exposição à infecção.
Objetivos
Investigar o perfil epidemiológico e descrever as tendências temporais da mortalidade por Doença de Chagas no Brasil e em suas regiões, no período de 2001 a 2023.
Metodologia
Trata-se de estudo ecológico com dados secundários do Sistema de Informação sobre Mortalidade. Foram incluídos todos os óbitos registrados no Brasil e macrorregiões entre 2001 e 2024, com menção à CID-10 B57 na Declaração de Óbito. Para a análise do perfil epidemiológico, as variáveis investigadas foram: sexo, raça/cor, faixa etária, região, escolaridade, estado civil e local de ocorrência. As taxas de mortalidade por DC foram calculadas por 100 mil habitantes para Brasil e regiões. Além disso, para descrever a tendência temporal, utilizou-se o software Joinpoint, obtendo-se a variação percentual anual (APC) e intervalos de confiança de 95% (IC95%).
Resultados
Entre 2001 e 2023, o Brasil registrou 105.791 óbitos por DC. As mortes ocorreram, majoritariamente, entre homens (55,3%), brancos (44,8%), com idade entre 60 e 79 anos (50,8%) e residentes no Sudeste (49,3%). A maioria tinha baixa escolaridade (68,4%), era casada (47,4%) e faleceu em hospital (68,5%). A taxa média de mortalidade do país foi de 2,4 por 100 mil habitantes, sendo a maior média observada no Centro-Oeste (7,1). Houve redução significativa nas taxas entre 2003 e 2019 (APC: -1,8%; IC95%: -2,0 a -1,6) e de 2019 a 2023 (APC: -3,1%; IC95%: -5,6 a -2,2). Todas as regiões apresentaram queda nos últimos anos, com destaque para a região Norte (APC 2017-2023: -8,5%; IC95%: -17,5 a -4,1).
Conclusões/Considerações
Em síntese, a mortalidade por DC apresenta abrangência nacional, com maior concentração em áreas historicamente endêmicas. Além disso, apesar da tendência de queda nas últimas décadas, essa redução não ocorre de forma homogênea entre as regiões. Portanto, é essencial o fortalecimento de estratégias de vigilância e prevenção, especialmente em localidades e grupos mais vulneráveis, visando reduzir desigualdades regionais e populacionais.
COMPARAÇÃO DAS RECORRÊNCIAS DE MALÁRIA EM INFECÇÕES POR PLASMODIUM VIVAX EM MULHERES GESTANTES E NÃO GESTANTES EM IDADE FÉRTIL DE MANAUS EM TRÊS CENÁRIOS DE INCIDÊNCIA
Comunicação Oral Curta
1 ILMD/Fiocruz Amazônia
Apresentação/Introdução
A malária por Plasmodium vivax pode recorrer devido à reativação de hipnozoítos hepáticos. O tratamento com 8-aminoquinolinas (PQ e TQ) previne recaídas, mas é contraindicado em pessoas com deficiência de G6PD, gestantes e crianças <6 meses, sendo estes grupos por não saber se fetos e essas crianças têm deficiência da enzima. O tratamento para gestantes é com cloroquina semanal como profilaxia.
Objetivos
Comparar o percentual de recorrência de malária por P. vivax em gestantes e não gestantes no Município de Manaus em 3 períodos que representam três cenários: Alta, Intermediária e baixa incidência de casos de P. vivax.
Metodologia
Realizou-se um estudo de tempo com dados do SIVEP-malária, em Manaus(AM), que descreve as recorrências em mulheres gestantes e não gestantes em idade fértil com malária por P. vivax em três cenários de incidência: alta (2005), intermediária (2010) e baixa (2015). Utilizou-se técnicas de linkage para busca de registros de mesmos indivíduos e calcular o tempo entre a primeira infecção e a seguinte. As recorrências foram contadas a partir do dia 5. Foram construídas duas variáveis: Grupo - Gestantes e mulheres em idade fértil (10 a 49 anos) e Recorreu - se a mulher recorreu ou não. Os testes aplicados: diferença entre duas proporções e de Mann-Whitney para avaliar o tempo mediano entre grupos.
Resultados
Nos 3 cenários, gestantes mostraram taxas de recorrência por P. vivax superiores às de não gestantes em idade fértil, com diferenças estatisticamente significativas em 2005 (24% vs 13%), 2010 (22% vs 14%) e 2015 (20% vs 15%) (p < 0,001). O tempo mediano até a primeira recorrência foi menor entre gestantes em 2005 (56 vs 74 dias, p < 0,001) e 2015 (62 vs 73 dias, p < 0,001), mas similar em 2010 (64 vs 73 dias, p = 0,2). A mediana do tempo até a recorrência manteve-se superior a 42 dias, compatível com recaídas de origem hepática (hipnozoítos).
Conclusões/Considerações
Apesar da redução geral na incidência de malária em Manaus ao longo dos anos, os dados evidenciam que as gestantes permanecem mais vulneráveis às recorrências por P. vivax. Essa maior suscetibilidade, associada à contraindicação do uso de primaquina durante a gestação, ressalta a urgência em adotar estratégias profiláticas seguras, como o uso controlado de cloroquina, além de medidas complementares de prevenção, educação em saúde e vigilância ativa.
DESIGUALDADES NO RISCO DE MORTALIDADE FETAL E INFANTIL ASSOCIADA À SÍFILIS CONGÊNITA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DE 2018 A 2022
Comunicação Oral Curta
1 ICICT/Fiocruz
2 IESC/UFRJ
Apresentação/Introdução
A sífilis gestacional e congênita são um desafio de saúde pública no Estado do Rio de Janeiro (ERJ), impactando a mortalidade infantil e fetal. Fragilidades no pré-natal e no diagnóstico da doença comprometem a eficácia da prevenção da sífilis congênita. Este estudo analisa dados de 2012 a 2022 para investigar lacunas na assistência às gestantes e os desafios na eliminação da sífilis congênita.
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico dos óbitos infantis e fetais por sífilis congênita no ERJ de 2012 a 2022, analisando fatores sociodemográficos, gestacionais e de parto, e sua relação com fragilidades no pré-natal e diagnóstico tardio da infecção.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional com análise de dados secundários do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) entre 2012 e 2022 no ERJ. Foram avaliadas taxas de mortalidade infantil e fetal associadas à sífilis congênita, considerando características maternas e perinatais. A análise explorou tendências temporais, desigualdades sociodemográficas e distribuição espacial dos óbitos, correlacionando os achados com deficiências na assistência pré-natal e no rastreamento da infecção gestacional.
Resultados
Foram identificados 943 óbitos infantis e 2.053 fetais por sífilis congênita. A maior taxa de mortalidade infantil ocorreu em 2020 (5,22 por 10.000 NV) e a maior taxa de mortalidade fetal em 2019 (11,20 por 10.000 NV). Crianças negras apresentaram risco 1,78 vezes maior de óbito infantil, e filhos de mães menores de 19 anos tiveram um risco 2,86 vezes maior. O risco de óbito fetal em mães adolescentes foi 3,27 vezes superior. Observaram-se falhas na investigação dos casos e registros incompletos. A manutenção das taxas elevadas aponta para insuficiência na detecção e tratamento da sífilis gestacional, reforçando a urgência na qualificação da assistência pré-natal.
Conclusões/Considerações
A mortalidade infantil e fetal por sífilis congênita no ERJ reflete falhas no rastreamento e tratamento da infecção no pré-natal, agravadas por desigualdades no acesso aos serviços de saúde. Fatores como baixa escolaridade, raça/cor negra e gravidez na adolescência ampliam as barreiras de acesso. A eliminação da transmissão vertical requer equidade na atenção materno-infantil, integração dos serviços e políticas públicas mais eficazes.
CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PARA ARBOVIROSES NO ESPÍRITO SANTO
Comunicação Oral Curta
1 Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo
Período de Realização
Janeiro a maio de 2025
Objeto da experiência
Construção de um mapa de risco municipal para arboviroses com base em indicadores epidemiológicos, laboratoriais e da capacidade assistencial.
Objetivos
Desenvolver um instrumento analítico e visual que integre diferentes dimensões do enfrentamento das arboviroses, com foco na dengue, para apoiar a tomada de decisão em tempo oportuno e sistematizar os dados disponíveis de forma territorializada, permitindo priorização de ações.
Metodologia
Consistiu na criação de um mapa de risco com dados secundários dos sistemas e-SUS VS e GAL-LACEN. Calculou-se indicadores de incidência, proporção de testagem, óbitos e capacidade assistencial. Classificou-se os indicadores por faixas de valores e pontuados conforme critérios técnicos. As pontuações resultou em uma classificação final (baixo, médio e alto). Os dados foram integrados a um mapa do estado e processados, gerando mapas coloridos que expressam os níveis de risco nos 78 municípios.
Resultados
O instrumento permitiu identificar municípios com risco elevado, mesmo com baixa incidência, ao integrar múltiplas dimensões. Facilitou o direcionamento de recursos e apoio técnico e possibilitou uma leitura rápida e crítica do cenário epidemiológico. O mapa favoreceu também o diálogo entre vigilância, atenção básica e gestão local. Sua produção periódica reforça a vigilância oportuna e o planejamento de ações de resposta rápida.
Análise Crítica
A construção do mapa evidenciou a importância da integração de bases de dados e da sistematização padronizada de indicadores. A experiência mostrou o potencial de ferramentas simples, mas robustas, para qualificar a gestão territorial. Um desafio enfrentado foi a heterogeneidade na qualidade dos dados municipais, o que reforça a necessidade de investimentos em qualificação da informação. O processo contribuiu para maior protagonismo dos técnicos locais e valorização das evidências na gestão.
Conclusões e/ou Recomendações
O instrumento mostrou-se aplicável, reprodutível e de alta relevância para vigilância e resposta a arboviroses. Recomenda-se sua adoção em outros contextos e a ampliação para outras doenças sensíveis ao território. Ressalta-se a importância de manter a periodicidade da análise e de fortalecer a formação dos profissionais municipais para uso crítico dessas ferramentas na gestão em saúde.
HANSENÍASE NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA SRS/DIAMANTINA-MG: ANÁLISE SEGUNDO O MODO DE DETECÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UFVJM
Apresentação/Introdução
A hanseníase é uma doença causada pelo Mycobacterium leprae, bacilo que atinge nervos periféricos e pele, podendo levar a incapacidades físicas. Ainda é um problema de saúde pública no Brasil. Seu diagnóstico precoce e tratamento oportuno, são fundamentais para a cura sem a presença de sequelas físicas. Para isso é necessário realizar a busca ativa dos casos na Atenção Primária à Saúde.
Objetivos
: Analisar a endemia de hanseníase na área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde de Diamantina/MG segundo o modo de detecção na Atenção Primária à Saúde.
Metodologia
Estudo transversal realizado com dados secundários, referentes aos casos de hanseníase detectados entre os anos de 2014 e 2023 na área de abrangência da SRS/Diamantina-MG. A área de estudo é composta por 34 municípios e população de aproximadamente 420.000 habitantes. Foram utilizados dados socioeconômicos, demográficos, clínicos e epidemiológicos dos casos de hanseníase. Para análise dos dados foi criada uma nova variável a partir do modo de detecção, sendo detecção passiva composta por encaminhamentos e demanda espontânea e detecção ativa composta por exame de contatos e eventos de busca ativa. Foram realizados testes de frequência e associação estatística com valor de p<0,05.
Resultados
Foram registrados 395 casos no período de estudo, sendo que os municípios de Araçuaí, Coronel Murta e Serro se destacaram em números de diagnósticos, n=155, n=53 e n=41, respectivamente. A maior parte era do sexo masculino (58,7%), tinham entre 15 e 59 anos (62,5%), pardos (66,8%) e até 4 anos de estudo (35,7%). Eram multibacilares (77,5%), 36,7% tinham grau 0 de incapacidade e 55,7% tinham grau 1 ou 2, 52,9% tinham mais de 5 lesões de pele. A associação com o modo de detecção ativo obteve significância para o sexo feminino como fator de proteção (p=0,004) e com o menor número de lesões de pele (p=0,015). A forma passiva teve associação com a baciloscopia positiva (p=0,021).
Conclusões/Considerações
A análise dos dados demonstra que os diagnósticos são realizados tardiamente no território da SRS/Diamantina e que estes valores corroboram os dados da maior parte dos municípios do país. É preciso investir em atividades de busca ativa da hanseníase na APS, bem como realizar o exame de contatos de forma efetiva, contribuindo para diagnósticos mais precoces e sem incapacidades físicas.
IMPACTO DE FATORES DE RISCO NA TUBERCULOSE: OVERVIEW DE REVISÕES SISTEMÁTICAS
Comunicação Oral Curta
1 Instituto de Saúde coletiva da UFBA
2 Escola de Enfermagem da UFBA
3 Fiocruz
4 UFBA
Apresentação/Introdução
Tuberculose (TB) é uma doença multifatorial, que acomete cerca de 10 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo, e desafia a saúde pública de muitos países. Fatores de risco individuais, biológicos, sociais e ambientais interagem dinamicamente na transmissão, desenvolvimento e gravidade da TB. Decifrar a complexidade de seus fatores de risco é essencial para mitigação e controle da tuberculose.
Objetivos
Identificar e analisar fatores de risco para infecção, progressão e gravidade da TB, incluindo o desenvolvimento da tuberculose drograrresistente (TB-DR), bem como para o óbito pela doença.
Metodologia
Overview de revisões sistemáticas, sob diretrizes da Cochrane e PRISMA. Buscas nas bases Pubmed, Embase, Cochrane, PROSPERO e Lilacs, até 11 de fevereiro de 2025. Critérios de inclusão: revisões sistemáticas (com e sem meta-análise) sobre estudos em humanos, investigando fatores de risco para tuberculose causada por M. tuberculosis (infecção, progressão, gravidade, TB-DR, óbito); texto completo disponível; idiomas inglês, português, francês ou espanhol. Excluíram-se estudos sobre dosagens de moléculas e/ou polimorfismos genéticos. Títulos e resumos foram avaliados por pares. Dados extraídos: autor e ano, fatores de risco avaliados, local do estudo, participantes e suas características.
Resultados
Das 216 revisões sistemáticas identificadas, 49 foram elegíveis para a overview. Dentre estas, 30,6% avaliaram fatores de risco para infecção, 71,4% para TB ativa, 12,2% para TB-DR, e 12,2% para óbito por TB. Foram relatados fatores socioeconômicos e demográficos (sexo, encarceramento e situação de rua) em 38,8% das revisões, fatores comportamentais (tabagismo e uso de drogas ilícitas) em 24,5%, comorbidades (diabetes e infecção por HIV) e algumas exposições (fumo passivo e contactantes infectados) em 61,2% dos estudos. Fatores ligados ao tratamento e à TB (atrasos e interrupções) estiveram presentes em 20,4% dos registros. Os fatores apontam possíveis alvos para políticas públicas.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam que a TB é determinada por fatores de risco que se entrelaçam e impactam, diferentemente, grupos sociais, e o maior enfoque da literatura está em estudos sobre a doença ativa. O enfrentamento à TB é complexo e exige a implementação de políticas intersetoriais para alcançar resultados eficazes. Para a saúde coletiva, os achados enriquecem o debate acerca da determinação social e do combate às iniquidades em saúde.
INFECÇÃO LATENTE PELO MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS, SITUAÇÃO DE ENCERRAMENTO E RELAÇÃO COM A COINFECÇÃO TBHIV
Comunicação Oral Curta
1 SES - RJ
2 HUGG
3 SMS-RJ
4 SES-RJ
Apresentação/Introdução
Em 2017, alinhada à OMS, o Ministério da Saúde lançou o Plano pelo Fim da Tuberculose, que orientou como uma das estratégias a identificação e tratamento de pessoas com Infecção Latente da Tuberculose (ILTB). Assim, um dos desafios para o controle da tuberculose no país tornou-se o aumento do rastreio, diagnóstico e tratamento, nas populações com ILTB para prevenir o desenvolvimento da TB ativa.
Objetivos
Este artigo tem por objetivo descrever as características da população com Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis que realiza quimioprofilaxia no Estado do Rio de Janeiro, sobretudo aquelas vivendo com HIV.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo, de abordagem quantitativa, utilizando dados secundários individualizados e não identificados do Sistema de Informação Sistema de Informação dos tratamentos da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis (IL-TB) realizados nos residentes do estado, entre os anos de 2018 e 2022. A análise dos dados se deu de forma descritiva utilizando o software RStudio, versão 4.2. e foi utilizada a técnica de Fischer para verificar a significância estatística.
Resultados
Nos resultados destaca-se o aumento de 326% no número de tratamentos realizados (12.356), entre estes 53,6% são do sexo feminino, 60,9% somam pretos e pardos e 56,7% estão entre 20 a 59 anos. Quanto ao diagnóstico, 87,5% realizaram prova tuberculínica (PT) e 9,8% não realizaram radiografia de tórax. A principal indicação de tratamento nos contatos de tuberculose (TB) pulmonar/laríngea (58,1%), seguida de PVHIV (17,1%). A interrupção do tratamento decresceu, o tratamento completo aumentou e o grupo com maior percentual de encerramento por óbitos foram as PVHA (57,1%).
Conclusões/Considerações
Os resultados apresentados evidenciam os altos índices de incidência da TB ativa no estado e apontam para a relevância da priorização da busca de Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis em populações mais vulneráveis, como crianças e pessoas vivendo com HIV.
POR UMA INFECTOLOGIA LATINOAMERICANA: MAIS SEMELHANÇAS DO QUE DIFERENÇAS ENTRE BRASIL E CUBA
Comunicação Oral Curta
1 INI/Fiocruz
2 ENSP
Período de Realização
Relato construído a partir de estágio realizado em Cuba, entre 21 de abril e 10 de maio de 2025.
Objeto da experiência
Experiência ofertada a residentes e coordenadores de diversos programas da Fiocruz em serviços vinculados à Atenção Primária à Saúde (APS) de Cuba.
Objetivos
Relatar a experiência do estágio em Atenção Primária à Saúde em Havana, Cuba, especialmente no que toca à participação nas atividades do ambulatório de atenção especializada às populações-chave. A partir disso, pensar semelhanças e diferenças no campo da Infectologia entre Cuba e Brasil.
Descrição da experiência
O estágio é fruto de uma parceria entre a Fiocruz e a Escola Nacional de Saúde Pública de Cuba (ENSAP). Durante duas semanas, visitamos equipamentos vinculados à APS em Cuba: consultórios, policlínicas, casas de atenção a idosos e pessoas com deficiências, centros de saúde mental, atenção às gestantes e de educação sexual, a própria ENSAP e a Escola Latinoamericana de Medicina. Ao fim de cada dia, as experiências vividas eram pauta de um canal teórico realizado por residentes e coordenadores.
Resultados
O estágio em APS em Cuba demonstrou como a Infectologia é integrada ao cuidado primário. Acompanhamos o manejo de ISTs, onde o tratamento para HIV (via ONU) e o início da PrEP contrastam com a falta de insumos e antimicrobianos. Práticas como o acolhimento de gestantes com HIV em 'hogares maternos' e o matriciamento de casos entre a médica de família e a infectologista mostram um sistema resiliente, que otimiza recursos para garantir a continuidade do cuidado.
Aprendizado e análise crítica
A experiência comparada entre Brasil e Cuba evidencia as semelhanças da Infectologia na região. Embora a falta de recursos com o bloqueio econômico impacte a continuidade do tratamento de HIV e a oferta de PrEP, os programas guardam semelhanças em metas, gestão do cuidado e no olhar para as populações-chave. A APS como sentinela fortalece o cuidado das doenças infecciosas e expande seu alcance. O estigma social em relação ao HIV se mantém como uma barreira comum e profunda em ambos os contextos.
Conclusões e/ou Recomendações
A partir desta experiência, pensamos a possibilidade de uma "infectologia latinoamericana", que se assemelha não só no cuidado clínico, mas também naquilo que, dadas as circunstâncias sociais semelhantes, deve estar no centro da prática em infectologia: o combate às iniquidades em saúde. Brasil e Cuba marcham lado a lado na oferta de saúde pública e universal, mas principalmente na busca por uma sociedade possível a todos, mais diversa e justa.
POTENCIAL IMPACTO DA VACINAÇÃO CONTRA HEPATITE A NA INCIDÊNCIA DA DOENÇA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: UMA ANÁLISE DE SÉRIE HISTÓRICA (2004 – 2023).
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro
2 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Apresentação/Introdução
A hepatite A é uma doença infecciosa geralmente associada a locais com condições inadequadas de saneamento básico. Contudo, no Brasil, a vacinação contra a doença foi introduzida no Programa Nacional de Imunização em 2014, com uma dose única da vacina de vírus inativado para crianças no segundo ano de vida.
Objetivos
Construir a série histórica da incidência da doença no estado do Rio de Janeiro no entorno das duas décadas da inclusão da vacina contra a hepatite A no Programa de Imunização, para analisar seu impacto na ocorrência da doença no estado.
Metodologia
Foram utilizados dados das fichas de notificação de casos de hepatite A disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, referentes ao período de 2004 a 2023. Para o cálculo da incidência foram utilizados o número total de casos anuais notificados no estado, e a população total anual do estado disponibilizado pelo estudo de estimativas populacionais do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A taxa de incidência anual foi calculada para cada 100 mil habitantes.
Resultados
No período analisado foram notificados um total de 9.394 casos de hepatite A no estado do Rio de Janeiro e incidência acumulada de 56,02/100.00 habitantes, porém com variações expressivas na incidência da doença a cada ano. A maior incidência da doença no estado ocorreu em 2005 (21,25/100.00 habitantes), já a menor incidência foi registrada em 2016 (0,47/100.000 habitantes). A incidência acumulada na primeira década da série alcançava 119,87 casos/100.00 habitantes enquanto na década seguinte caiu para 31,36/100.00 habitantes. Esses dados indicam a redução de 3,82 vezes da incidência da hepatite A no estado do Rio de Janeiro entre esses dois períodos.
Conclusões/Considerações
Os dados indicam redução da hepatite A no Rio de Janeiro após a introdução da vacina no calendário nacional de imunização, evidenciando o impacto positivo da imunização como estratégia de prevenção e controle. Recomenda-se a continuidade dos estudos para avaliar a significância estatística dessa associação e a influência de outros fatores, como a melhoria do saneamento básico no estado e as campanhas de educação e saúde.

Realização: