
Programa - Comunicação Oral Curta - COC16.3 - Corpo, sexualidade e direitos
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
CORPOS QUE SENTEM, VOZES QUE FALAM: A SEXUALIDADE PELA PERSPECTIVA DAS MULHERES
Comunicação Oral Curta
1 Instituto Fernandes Figueira – Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz)
2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Apresentação/Introdução
A sexualidade é um componente vital do bem-estar humano, abrangendo uma complexidade de pensamentos, comportamentos e relações. No contexto da gestação, as mulheres enfrentam desafios únicos, desde mudanças na autoimagem até expectativas sociais. A falta de abordagem sobre a sexualidade nas consultas pré-natal destaca uma possível lacuna na atenção à saúde
Objetivos
Discutir a sexualidade feminina durante a gestação.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada com 20 mulheres atendidas no setor de pré-natal e na enfermaria de gestantes de uma maternidade de alto risco fetal, localizada no município do Rio de Janeiro. O estudo foi conduzido entre os meses de novembro de 2023 e junho de 2024. A coleta dos dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas e os relatos foram analisados à luz da técnica de análise temática, de forma crítica e reflexiva, conforme os preceitos de Minayo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), sob o CAAE: 75180423.3.0000.5269.
Resultados
A pesquisa revela que a vivência da sexualidade na gestação está fortemente ligada à autoestima, com mulheres valorizando cuidados com a aparência, como unhas, cabelo e maquiagem, para reafirmar a feminilidade. A sexualidade é percebida de forma ampla, envolvendo autoconhecimento e relação com o corpo. No entanto, as mudanças físicas geram inseguranças, especialmente entre mulheres com menor escolaridade, que enfrentam mais dificuldades para compreender e aceitar essas transformações. Mitos e desinformação acentuam essas inseguranças, e a falta de diálogo com profissionais de saúde contribui para uma visão reduzida da sexualidade ao ato sexual.
Conclusões/Considerações
As gestantes enfrentam inseguranças relacionadas às mudanças físicas, como o ganho de peso, o cloasma e o surgimento de cabelos brancos, em um contexto influenciado por fatores emocionais, culturais e sociais. A pesquisa revelou lacunas significativas na orientação sexual durante o pré-natal, evidenciando a falta de diálogo entre gestantes e profissionais de saúde. Por isso, é essencial atualizar protocolos para um cuidado integral e informativo.
DO PARADIGMA CONTROLISTA AO DISCURSO DE DIREITOS: GRAMÁTICAS INSTITUCIONAIS EM TORNO DA SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA DESDE A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX À CONTEMPORANEIDADE
Comunicação Oral Curta
1 UERJ
Apresentação/Introdução
Desde meados do século XX, a fecundidade das mulheres é alvo de respostas institucionais a problemas sociais amplos, desvelando diagramas de poder que se reatualizam na contemporaneidade. Nesse ínterim, distintos discursos foram mobilizados para a viabilização de políticas centradas na reprodução, desvelando tensões entre autonomia e controle a partir das práticas em saúde sexual e reprodutiva.
Objetivos
Analisar e compreender as diferentes gramáticas institucionais acerca das práticas com atenção à saúde sexual e reprodutiva ao longo das últimas cinco décadas, em suas tensões, rupturas e continuidades.
Metodologia
Trata-se de recorte de dissertação de mestrado, oriunda de pesquisa etnográfica sobre a gestão da saúde reprodutiva na atenção primária à saúde, conduzida no município do Rio de Janeiro, entre os anos de 2022 e 2024. Para este trabalho priorizou-se, à luz do campo, revisão bibliográfica que investiga as articulações entre governança reprodutiva, saúde sexual e reprodutiva e atenção primária à saúde.
Resultados
A perspectiva neomalthusiana, que pressupõe a associação entre problemas sociais e um suposto excedente populacional, orientou intervenções sobre a fecundidade de mulheres do Sul Global desde a década de 1960, a exemplo das esterilizações compulsórias mulheres negras e nordestinas no Brasil. É a partir da denúncia dos movimentos feministas e de mulheres negras que a alcunha dos direitos sexuais e reprodutivos avança, sob a égide da autonomia e livre escolha. Entretanto, pesquisas recentes apontam para uma reatualização das práticas controlistas, em uma mobilização às avessas do discurso de direitos, com direcionamento de métodos reversíveis de longa duração a mulheres subalternizadas.
Conclusões/Considerações
Gramáticas contemporâneas em torno da reprodução têm sido acionadas por atores institucionais no fomento de métodos como o DIU e implantes subdérmicos especialmente a mulheres pobres, negras e vulnerabilizadas, evidenciando desigualdades e a persistência do paradigma controlista. Urge, portanto, a incorporação das perspectivas de raça, classe e território na construção de políticas de saúde em torno da reprodução.
POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS SEXUAIS/REPRODUTIVOS NO BRASIL: AVANÇOS E RETROCESSOS SOB A PERSPECTIVA DE GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL
Comunicação Oral Curta
1 UESB
Apresentação/Introdução
No Brasil, as diretrizes governamentais no cenário dos direitos sexuais e reprodutivos têm demonstrado uma trajetória instável, com progressos e recuos, sobretudo no que se refere às questões de gênero e à pluralidade sexual. Apesar das conquistas alcançadas, a exemplo da legitimação dos direitos da população trans e do aprimoramento do Sistema Único de Saúde, ainda é presente inúmeros obstáculos.
Objetivos
Analisar o progresso e os retrocessos nas políticas governamentais sobre os direitos sexuais e reprodutivos no país, com foco nas pautas de gênero e pluralidade sexual.
Metodologia
Trata-se de uma revisão bibliográfica e documental realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), consultando plataformas governamentais e científicas como SciELO, Medline e PubMed. A busca combinou termos sobre “políticas públicas”, “direitos sexuais” e “reprodutivos”, “gênero" e “diversidade sexual". Foram selecionados artigos científicos completos, textos de órgãos oficiais e informes divulgados em português, entre os anos de 2010 a 2024. A avaliação qualitativa examinou os documentos legais, sociais e das instituições, identificando os ganhos e perdas nas ações brasileiras de saúde sexual e reprodutiva.
Resultados
Foram observados progressos significativos como a permissão para retificação de nome e sexo para transgêneros, medidas de inclusão positiva em universidades e a reativação de programas de saúde abrangentes para a comunidade LGBTQIA+ no Sistema Único de Saúde. Todavia, foram verificadas regressões com a ratificação de projetos que dificultam o aborto em situações permitidas por lei, além da retirada de conteúdos sobre gênero e pluralidade sexual de diretrizes pedagógicas. Somado a isso, a presença de coletivos conservadores têm atenuado o impacto das iniciativas governamentais, privando a liberdade de escolha sobre o próprio corpo e a isonomia no acesso aos cuidados em saúde.
Conclusões/Considerações
Apesar dos avanços nos direitos sexuais e reprodutivos, o Brasil ainda enfrenta desafios em questões de gênero e diversidade sexual. É fundamental fortalecer as políticas públicas do Sistema Único de Saúde, promovendo a intersetorialidade e um sistema público inclusivo, garantindo acesso igualitário, autonomia e respeito nos serviços de saúde e educação para todos.
SEXO COM ANIMAIS ENTRE HOMENS ATENDIDOS EM CENTROS DE REFERÊNCIA PARA INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS: PREVALÊNCIA, FATORES ASSOCIADOS E ASPECTOS COMPORTAMENTAIS
Comunicação Oral Curta
1 UNIVASF
2 AC Camargo / INCITO / UNIFESP
Apresentação/Introdução
Estudos anteriores revelaram associação entre práticas sexuais com animais (SWA, do inglês Sex With Animals) e o autorrelato de infecções sexualmente transmissíveis (IST) além de altas taxas desse comportamento sexual entre homens do nordeste brasileiro.
Objetivos
Objetivou-se investigar a prevalência de SWA, fatores associados, relação com ISTs e aspectos comportamentais em homens atendidos em Centros de Referência para ISTs e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)/IST-CR/AIDS no Nordeste do Brasil.
Metodologia
Neste estudo transversal, um questionário com informações sociodemográficas, clínicas, sexuais e práticas de SWA foi aplicado a 400 homens atendidos em dois centros de referência para IST-CR/AIDS de Bahia e Pernambuco nos anos de 2018 e 2019. Os diagnósticos clínicos e laboratoriais de ISTs foram confirmados em prontuários médicos. Modelos de regressão logística foram realizados para identificar os preditores independentes para SWA. O software IBM SPSS versão 24 foi utilizado na análise dos dados.
Resultados
A prevalência de SWA foi de 15,00%. Desses, 239 (59,75%) foram diagnosticados com IST e 37 (15,48%) também relataram SWA. A maioria dos homens praticou SWA na adolescência, sendo o último episódio há mais de 20 anos, geralmente com mulas, por via vaginal e sem preservativo. Os praticantes de SWA apresentam maiores percentuais de ocorrência de algumas ISTs virais. SWA foi associada ao aumento da idade, histórico de residência em área rural por mais de12 anos, casados ou viúvos/separados, heterossexuais, com menos de 7 anos de estudo, católicos, portadores de hepatite B, ex-usuários de bebidas alcoólicas e fumantes, com histórico de IST e sexo com profissionais do sexo.
Conclusões/Considerações
SWA está associada a alguns aspectos sociodemográficos e comportamentais capazes de ampliar a vulnerabilidade às IST. A relação entre SWA e hepatite B pode fornecer subsídios para estudos futuros que investigam a possibilidade de transmissão humano-animal. Ações intersetoriais e estratégias para a redução de danos devem ser consideradas para assegurar/promover a saúde sexual dos envolvidos.
MULHERES QUE PARTICIPAM: AVANÇOS E DESAFIOS PARA O ENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO E A CONQUISTA DO DIREITO À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UNEB
2 UFBA
3 PUC- Rio
Apresentação/Introdução
A participação social das mulheres é historicamente marcada por um cenário de desigualdades que exacerba barreiras e exclui muitas vozes femininas da formulação de políticas públicas e da tomada de decisão. Apesar dos desafios, as mulheres estão ocupando cada vez mais os espaços de participação, tanto em iniciativas institucionalizadas como não institucionalizadas.
Objetivos
Analisar a participação social de mulheres e descrever os avanços e desafios do engajamento feminino em espaços de participação institucionalizados e não institucionalizados em saúde.
Metodologia
Trata-se de um estudo de casos múltiplos e abordagem qualitativa realizado em três municípios de diferentes portes populacionais do estado da Bahia: Vitória da Conquista, Guanambi e Urandi. Em cada município, investigou-se o conselho municipal de saúde e duas iniciativas de participação comunitária não institucionalizadas. Os dados foram obtidos no ano de 2022, por meio de 46 entrevistas semiestruturadas, análise documental e observação direta das reuniões dos conselhos de saúde e das mobilizações das iniciativas não institucionalizadas. Para análise dos dados, utilizou-se uma matriz teórica baseada no modelo da cadeia da participação.
Resultados
Os resultados evidenciaram forte liderança das mulheres nas instâncias de participação institucionalizadas e não institucionalizadas. Apesar dos avanços, identificaram-se desafios para um maior engajamento: exercer múltiplos papeis sociais; responsabilidade exclusiva no cuidado com os filhos; afazeres domésticos; e o trabalho remunerado. Os fatores que influenciaram na menor participação foram: falta de tempo, frágil rede de apoio, dificuldades de transporte; e, em alguns casos, dependência financeira. Iniciativas que ofertaram espaços de cuidado para crianças, acesso à informação, formação e transporte otimizaram a participação das mulheres.
Conclusões/Considerações
A participação de mulheres é propulsora de grandes conquistas sociais, todavia as múltiplas atribuições sociais podem influenciar negativamente no engajamento feminino. O machismo estrutural, que responsabiliza as mulheres pelo trabalho doméstico, mostrou implicar na falta de recursos de tempo, de recursos financeiros e de formação. Ressalta-se a necessidade de construção de espaços participativos formativos e com redes de apoio para mães.
“É PRECISO ASSUNTAR A VIDA”: NARRATIVAS E EXPERIÊNCIAS DA VIDA COTIDIANA DE MULHERES NEGRAS QUE SE RELACIONAM AFETIVA E SEXUALMENTE COM OUTRAS MULHERES
Comunicação Oral Curta
1 IMS/UERJ
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa de mestrado busca compreender as experiências de mulheres negras que se relacionam afetiva e sexualmente com mulheres. O estudo parte dos incômodos da pesquisadora, um corpo negro, feminino e sexualmente dissidente, para compreender as vivências individuais e coletivas dessas mulheres no cotidiano, considerando os marcadores sociais que as conformam.
Objetivos
Compreender os aspectos da vida cotidiana quanto a raça, gênero e sexualidade de mulheres negras que se relacionam afetiva e sexualmente com mulheres a partir de suas experiências e agenciamentos.
Metodologia
Esta pesquisa está sendo desenvolvida a partir de dois referenciais principais que são fundamentais para embasar novas epistemologias: Colonialidade e Afrocentricidade. Nesta direção, propõe-se o uso da Escrevivência como metodologia a fim de valorizar a centralidade destas mulheres em suas próprias histórias. Serão realizadas entrevistas com 4 mulheres contendo perguntas norteadoras a respeito de memórias, vivências e itinerários de vida; interesses afetivo-sexuais, orientação sexual, sociabilidade e relações sociais; corpo, cuidados e acesso a serviços de saúde. As entrevistadas tem entre 25 e 40 anos, possuem ensino superior e estão direta ou indiretamente ligadas a movimentos sociais.
Resultados
Embora a proposta da pesquisa seja trazer elementos para pensar os agenciamentos de mulheres negras que se relacionam com mulheres em suas vidas cotidianas, não se pode desconsiderar as narrativas de violência e marginalizações, dado o cenário marcado por racismo, sexismo e violência de gênero por elas vivenciado. Desta maneira, experiências que envolvem dor e sofrimento estão sendo acolhidas e compreendidas sob a perspectiva de seus agenciamentos e do “sentipensar”, considerando a sensibilidade e as emoções como possibilidade de construir outros sentidos à pesquisa. A partir disto, pretendo costurar como esses contextos se relacionam com o objetivo da pesquisa.
Conclusões/Considerações
Esta pesquisa parte da necessidade de aprofundar a compreensão das vivências individuais e coletivas de mulheres negras que estabelecem relações afetivo-sexuais com outras mulheres. O estudo visa revelar as complexidades no interior dessas interações. Assim, reconhecer a heterogeneidade e os múltiplos aspectos que conformam suas identidades é fundamental para a compreensão de como se dão suas vidas cotidiana.
“MEU CORPO ME PERTENCE”: RELATO DA EXPERIÊNCIA DE RODAS DE CONVERSA SOBRE JUSTIÇA REPRODUTIVA COM MENINAS E MULHERES DA FAVELA DA MARÉ (RJ) E DO QUILOMBO DO ABACATAL (PA)
Comunicação Oral Curta
1 ENSP/FIOCRUZ
2 Redes da Maré
3 Coletivo Gaya
Período de Realização
2 meses (setembro e outubro de 2024)
Objeto da experiência
A atividade teve como propósito abordar questões de gênero, sexualidade, saúde, direitos sexuais e direitos reprodutivos com meninas e mulheres jovens.
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de rodas de conversa sobre justiça reprodutiva com meninas e jovens mulheres da Favela da Maré, localizada no município do Rio de Janeiro (RJ) e do Quilombo do Abacatal, localizado no município de Ananindeua (PA).
Metodologia
À convite de Arcasi na Favela da Maré e Ingridy no Quilombo do Abacatal, foram facilitadas rodas de conversa com grupos de meninas e mulheres jovens, a partir das nossas vivências e territórios, sobre questões de saúde sexual e reprodutiva.As atividades fizeram parte da etapa de aplicação da 2ª edição material didático "Almanaque D’elas+: Meu corpo me pertence”, uma produção da Rede Nacional Feminista de Saúde, em parceria com as Redes da Maré (RJ) e o Coletivo Gaya (PA).
Resultados
Apesar da distinção entre os territórios e regiões, as meninas e mulheres jovens da Maré (RJ) e do Abacatal (PA) trouxeram demandas consensuais relacionadas às (in) justiças reprodutivas e as dificuldades de acesso aos serviços e procedimentos de saúde em situações de violência sexual, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST's), gravidez e aborto. A escassez de métodos contraceptivos e recursos que garantam a dignidade menstrual também foram citados pelas participantes.
Análise Crítica
As vítímas de estupro e estupro de vulnerável estão mais expostas às IST's, gravidez indesejada e infantil e ao abortamento ilegal e inseguro, em decorrência das iniquidades e desigualdades de acesso e atendimento no sistema público de saúde (Góes, Nascimento, 2013; Góes et al., 2020), impactando diretamente na garantia dos direitos sexuais e reprodutivos.
Conclusões e/ou Recomendações
Os resultados científicos apontam para as barreiras de acesso e atendimento à saúde sexual e reprodutiva como a principal causa das iniquidades e desigualdades (Giugliani, et al., 2021). Para meninas e mulheres jovens, especialmente, negras (pardas e pretas), a busca ao serviço de saúde é ainda mais retardada pela reprodução do racismo estrutural e institucional (Góes e do Nascimento, 2013; Góes, et. al, 2020).
INTERVENÇÕES, PERCEPÇÕES E EXPERIÊNCIAS EM EDUCAÇÃO SEXUAL NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 ESPDF
2 UnB
Apresentação/Introdução
A Educação Sexual (ES) é essencial para a promoção da saúde e garantia dos direitos humanos, conforme a OMS (2020). A psicologia atua como agente fundamental na promoção de uma ES crítica e inclusiva em todas as faixas etárias (Anjos & Lima, 2016), destacando-se a importância de ampliar as ferramentas educativas sobre sexualidades no Brasil.
Objetivos
Compreender percepções e experiências em ES de jovens adultos e levantar práticas de intervenções em ES com adolescentes no Brasil, visando ampliar estratégias educativas inclusivas e críticas sobre sexualidade.
Metodologia
A pesquisa possui duas frentes em andamento: Estudo 1 - Revisão integrativa da literatura em intervenções em ES com adolescentes, analisando 67 artigos das bases BVS, Scielo e BDTD. A análise abrangeu aspectos quantitativos (ano, região, público alvo, local da intervenção, entre outros) e qualitativos (facilitadores, dificultadores, temáticas, resultados, avaliação entre outros). Estudo 2 - Pesquisa empírica com 15 jovens adultos do Distrito Federal, por entrevistas semiestruturadas, com análise temática para entender experiências e repercussões da ES ao longo da vida
Resultados
No Estudo 1, 77,61% dos artigos indicam predominância da área de enfermagem (36,3%) e baixa representatividade da psicologia (7,8%). O Sudeste lidera as publicações (42,3%), seguido do Nordeste (32,7%). A maioria das intervenções ocorreu em escolas públicas (63,5%), destacando-se os anos de 2017, 2019 e 2020, e foram realizadas diretamente com os adolescentes (83,7%). No Estudo 2, jovens relatam discrepância entre a ES recebida — limitada à dimensão biológica e heteronormativa — e a ES desejada — multidimensional, diversa e ministrada por profissionais capacitados. Poucos reconhecem ações governamentais no DF.
Conclusões/Considerações
O estudo evidencia lacunas na ES brasileira, especialmente a carência de atenção à população jovem adulta, que vivencia uma educação sexual insuficiente e segmentada. Destaca-se a necessidade de intervenções inclusivas, que considerem diferentes faixas etárias e diversidades, ampliando a atuação da psicologia e políticas públicas para promover uma ES crítica e multidimensional.
RISCO, PRAZER E PREVENÇÃO FARMACOLÓGICA: EXPERIÊNCIAS AFETIVO-SEXUAIS DE JOVENS VIVENDO COM HIV EM MEIO À PREP E À CARGA VIRAL INDETECTÁVEL
Comunicação Oral Curta
1 ISC/UFBA
2 IHAC/UFBA
3 IPSS/UFBA
4 DCV/UNEB
Apresentação/Introdução
A profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP), bem como a carga viral indetectável e intransmissível (I=I), têm reconfigurado as práticas sexuais, as noções de risco e prazer e as experiências da sorologia entre homens jovens cisgênero vivendo com HIV (JVHIV) que têm relações com outros homens, revelando ambivalências, atualizando estigmas e inaugurando novos arranjos relacionais.
Objetivos
Analisar como JVHIV produzem seus encontros e relações afetivo-sexuais em contextos atravessados pela PrEP e pelo I=I, destacando as reconfigurações em suas práticas sexuais, os tensionamentos e sentidos atribuídos à segurança, ao prazer e aos riscos.
Metodologia
Foram realizadas entrevistas em profundidade, entre 2019 e 2021, com nove homens jovens vivendo com HIV, de 18 a 29 anos, participantes dos estudos PrEP15-19 e Sociabilidades Positivas, em Salvador/BA. As entrevistas abordaram como o tempo de vivência com a sorologia e as experiências com tecnologias biomédicas de prevenção e tratamento (PrEP e I=I) têm produzido práticas e sentidos para as relações afetivo-sexuais. A análise temática, inspirada em referenciais da farmacopolítica e dos estudos sobre medicalização, considerou as práticas discursivas e a produção de sentidos no cotidiano sobre prazer, estigma, prevenção, cuidado e segurança.
Resultados
O tempo de diagnóstico do HIV modulou as vivências das sexualidades e as relações afetivas dos JVHIV. Recém-diagnosticados relataram insegurança e preocupação com a transmissão do HIV, destacando forte adesão ao preservativo como barreira física obrigatória. Jovens com tempo maior de sorologia destacaram liberdade, prazer e segurança em relações com usuários de PrEP ou mediados por suas indetectabilidades. A prevenção não se dá exclusivamente pelo preservativo, mas passa também pela ingestão de profilaxia farmacológica. A PrEP e a I=I ampliaram a intimidade, configurando modos inéditos de negociação do prazer e do risco, apesar de persistirem estigmas e dilemas morais nas experiências sexuais.
Conclusões/Considerações
As tecnologias de PrEP e I=I inauguram outras formas de cuidado e negociação. Elas reconfiguraram as experiências de liberdade, segurança e prazer entre JVHIV, mas exigem políticas públicas que ampliem o conhecimento sobre prevenção, o acesso às tecnologias, a valorização da autonomia dos sujeitos frente às escolhas de cuidado, bem como enfrentem os estigmas relacionados ao HIV/aids.

Realização: