
Programa - Comunicação Oral Curta - COC16.5 - Corpos diversos e cuidado em saúde
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
SÁBADO DO HOMEM: ESTRATÉGIA DE ACESSO E ACOLHIMENTO DA POPULAÇÃO MASCULINA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM SALVADOR
Comunicação Oral Curta
1 Secretaria Municipal de Saúde, Salvador - Bahia
Período de Realização
De 2014 a 2024. A estratégia segue a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH)
Objeto da experiência
Apresentar e analisar a Estratégia Sábado do Homem (ESH) que promove ações de educação em saúde e atendimentos voltados para a população masculina
Objetivos
A ESH visa captar a demanda masculina que, por distintas razões, não tem oportunidade de frequentar as Unidades de Saúde nos dias úteis da semana. Promover um ambiente acolhedor, integrando essa população às atividades desenvolvidas e atender, de forma integral, as suas necessidades de saúde.
Descrição da experiência
A ESH é um projeto da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador e tem como público alvo a população definida pela PNAISH. Acontece em Unidades de Saúde, uma vez por mês, preferencialmente, no formato de circuito de saúde, ou seja, os usuários são convidados a participar de todas as ações e serviços: atividades de educação e prevenção em saúde; consultas com equipe multiprofissional; imunização; aferição de pressão arterial; antropometria; exames laboratoriais; testes rápidos para IST
Resultados
Em 2024 a ESH foi realizada em 115 UBS, 12.446 homens foram atendidos, dos quais 91% negros. Foram realizadas 18.149 consultas das diversas categorias profissionais. Em relação aos procedimentos, 4.956 homens atualizaram o cartão vacinal, e 19.464 testes rápidos para IST foram realizados. Práticas integrativas e complementares de saúde fazem parte da ESH, bem como o diálogo construído com recursos da rede local para ações que promovam outros benefícios para a comunidade
Aprendizado e análise crítica
A metodologia ativa da ESH proporciona uma maior interação entre os envolvidos, o que permite a criação de vínculos entre usuários e profissionais de saúde, bem como a fidelidade por parte do público que adota o compromisso regular com o cuidado, tornando-se corresponsável pela sua saúde. A ESH aponta a necessidade do investimento na formação das(os) profissionais, a partir da PNAISH, bem como através da realização de ciclos de qualificação em parceira com o Ministério da Saúde e com a academia
Conclusões e/ou Recomendações
A ESH atende ao seu objetivo principal de contribuir com o acesso e o acolhimento aos homens, mas há a necessidade de expansão de forma a favorecer o incremento de usuários contemplados com os serviços, inclusive ampliar as consultas de pré-natal do parceiro e de planejamento reprodutivo. A baixa adesão do público em algumas localidades e a dificuldade das UBS em atenderem a demanda de atendimento especializado são alguns dos desafios observados
COLONIALIDADE DE GÊNERO E INSURGÊNCIAS DAS INDÍGENAS MULHERES: RUPTURAS E RETERRITORIALIZAÇÕES
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz Ceará
Apresentação/Introdução
Este trabalho propõe uma reflexão crítica sobre os efeitos da colonialidade de gênero nos modos de ser, viver e resistir das indígenas mulheres, destacando como a lógica colonial desarticulou as formas originárias de organização social, espiritualidade e sexualidade. Assim, pensar saúde no contexto indígena exige reconhecer as interconexões entre corpo, território, ancestralidade e pertencimento..
Objetivos
Analisar os impactos da colonialidade de gênero sobre os corpos das indígenas mulheres, bem como visibilizar suas insurgências políticas e epistemológicas na reconstrução de práticas ancestrais de cuidado, participação e existência.
Metodologia
A pesquisa adota a Revisão narrativa como abordagem metodológica a partir da busca de artigos, teses, dissertações e livros relacionados à temática. A reflexão teórica inclui autoras como Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí, María Lugones, Rita Segato, Ochy Curiel e autoras indígenas como Eliane Potiguara, Fabíola Soares (Karipuna) e Aurora Baniwa.
Resultados
Os resultados revelam que a colonialidade de gênero operou uma ruptura profunda nas cosmologias, relações de cuidado e sistemas de organização social dos povos indígenas, impondo uma estrutura, patriarcal e hierarquizada. Isto trouxe a desarticulação de funções tradicionalmente exercidas pelas indígenas mulheres na espiritualidade, liderança comunitária e cuidados com a saúde. No entanto, evidencia-se uma tendência que mostra a reconstrução de práticas de reexistência por parte das indígenas mulheres e aponta a tessitura de insurgências femininas que, embora atravessadas por dores, violências e silenciamentos, são também expressão de força, cura e reconstrução coletiva.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que as insurgências das indígenas mulheres questionam os efeitos históricos da colonialidade de gênero e ainda anunciam outras formas de existir. Pensar saúde no contexto indígena exige ir além do biomédico, é considerar as relações entre espiritualidade, território, cuidado e memória como dimensões fundamentais. O enfrentamento à colonialidade é um caminho de cura, conexão com o território e fortalecimento do vínculo comunitário.
DESAFIOS DA PRODUÇÃO DO CUIDADO SINGULAR ÀS MULHERES PROFISSIONAIS DO SEXO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: REFLEXÕES A LUZ DA ECOLOGIA INTEGRAL
Comunicação Oral Curta
1 UERJ
Apresentação/Introdução
A produção do cuidado na atenção primária, atuando predominantemente sob a perspectiva biomédica, visa o corpo físico, suscetível a doenças, negligenciando outras dimensões associadas ao ser/estar no mundo, comprometendo a resolutividade. Isso, evidencia a necessidade de uma abordagem integral, mais abrangente e singular, considerando outras vertentes da vida, como proposto pela ecologia integral.
Objetivos
Compreender os desafios enfrentados por profissionais da Atenção Primária à saúde (APS) na produção do cuidado singular a mulheres profissionais do sexo, na cidade do Rio de Janeiro, a luz da ecologia integral.
Metodologia
Recorte da pesquisa “Cuidado e ecologia integral como perspectivas para um agir pedagógico na Atenção Básica à Saúde”, aprovada no comitê de ética e atendida as exigências. Como subprojeto, trata-se de um estudo participativo, exploratório e de abordagem qualitativa, realizado entre julho e outubro de 2024, em uma zona de prostituição pertencente a um dos territórios adscritos a um Centro Municipal de Saúde, da Área Programática 2.2, no município do Rio de Janeiro. O público-alvo foram mulheres, profissionais do sexo, trabalhadoras desse espaço. Os dados foram produzidos pela observação participante e entrevista em profundidade. Os dados foram analisados a partir da hermenêutica dialética.
Resultados
Emergiram como desafios à produção do cuidado em saúde, as precárias condições de trabalho e vida; a vulnerabilidade social; os conflitos pessoais; a espiritualidade; o estigma; o fácil acesso ao álcool e outras drogas; a falta de higiene; a pressão financeira. Dentre as mulheres observadas, uma se destacou pela longa trajetória no espaço, mais de 15 anos. Em entrevista, essa mulher demarcou as contradições desse trabalho no meio social, com corpos invisibilizados; a busca permanente pela autoafirmação, autonomia e segurança; a falta de atenção para o entrelaçamento das dimensões sociais, pessoais e ambientais em sua relação com o trabalho, saúde e renda.
Conclusões/Considerações
Pela análise dos contraditórios foi possível compreender as condições que impactam a vida dessas mulheres, sobretudo a distorção feita sobre os cuidados recebidos pela unidade de saúde da APS. Nesse contexto, o trabalho oferece uma fonte de renda, mas também causa intenso desgaste emocional, físico e ambiental. As questões sociais, econômicas, culturais, ambientais, ancestrais e de saúde estão todas entrelaçadas e precisam ser vistas juntas.
MASCULINIDADES E DISPOSITIVOS DE ESCUTA: INTERVENÇÃO EM COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO BAIANO
Comunicação Oral Curta
1 Espaço Terapêutico Conatus - CONATUS
2 Centro Universitário Pio Décimo - UniPio
Período de Realização
De Novembro de 2024 até Junho de 2025 (atividade em andamento).
Objeto da experiência
Rodas de conversa como dispositivo de cuidado e escuta sobre violências e masculinidades em território rural após tragédia escolar.
Objetivos
Promover espaços coletivos de escuta e reflexão sobre os atravessamentos de gênero, violências e sofrimentos psíquicos em uma comunidade rural marcada por uma tragédia escolar, contribuindo para a ressignificação das masculinidades e fortalecimento de vínculos comunitários.
Descrição da experiência
A experiência teve início após um ataque escolar cometido por um adolescente do sexo masculino, que vitimou três colegas e se suicidou, em uma comunidade rural do semiárido baiano. Diante do sofrimento coletivo e da invisibilização das questões envolvidas, psicólogas voluntárias e um estagiário iniciaram rodas de conversa com a comunidade. A ação visa sustentar um dispositivo de escuta que permita elaborar coletivamente afetos, silêncios e formas de ser homem no território.
Resultados
As rodas de conversa revelaram o impacto das referências masculinas violentas, o silenciamento dos afetos e a falta de espaços legítimos de elaboração do sofrimento entre meninos e homens. A participação ativa da comunidade, demonstrou a potência da escuta coletiva e o desejo de transformação das relações de gênero, provocando por vezes debates sobre paternidade, relações conjugais, cuidado, trabalho e saúde mental.
Aprendizado e análise crítica
A intervenção evidencia como a ausência de dispositivos de escuta e cuidado voltados às masculinidades em territórios rurais contribui para formas de subjetivação atravessadas pela violência e pelo silêncio. Também apontou o quanto os cuidados em saúde coletiva precisam considerar a dimensão de gênero como estruturante das vulnerabilidades e das resistências comunitárias.
Conclusões e/ou Recomendações
É urgente ampliar políticas públicas de cuidado em saúde mental e de gênero para territórios rurais, com ações que escutem e intervenham nos modos como as masculinidades são produzidas. A continuidade das rodas e a construção de estratégias comunitárias são caminhos potentes para romper com ciclos de violência e promover outras formas de existência possíveis para meninos e homens.
QUEM VAI E QUEM FICA: A INTERIORIZAÇÃO NO BRASIL DAS MULHERES MIGRANTES VENEZUELANAS
Comunicação Oral Curta
1 ILMD / Fiocruz Amazônia
2 ENSP / Fiocruz
3 IMS / UERJ
4 Departamento de Geografia / UNIVALLE - Colombia
Apresentação/Introdução
Mais de 1,2 milhão de venezuelanos chegaram ao Brasil, segundo a PF e o SISMIGRA, entre jan/2017 e fev/2025. Cerca de 670 mil permaneceram, em busca de melhores condições de vida. Quase metade dos pedidos de residência ou refúgio foi feito por mulheres. Em 2024, Roraima — principal porta de entrada da população migrante venezuelana — concentrou 24 mil dos mais de 89 mil registros.
Objetivos
Analisar o perfil de mulheres migrantes que pretendiam permanecer em Manaus ou Boa Vista, ou seguir para outros estados do Brasil, e compreender os fatores associados à escolha do destino final.
Metodologia
Este estudo baseia-se em dados do projeto ReGHID, que investigou aspectos da saúde sexual e reprodutiva de mulheres e adolescentes migrantes venezuelanas no Brasil. A coleta foi realizada entre junho e setembro de 2021, em Boa Vista/RR e Manaus/AM, por amostragem Respondent Driven Sampling (RDS). Foram entrevistadas 2.012 mulheres (Manaus: 755; Boa Vista: 1.257). Os critérios de elegibilidade foram: nacionalidade venezuelana, idade entre 15 e 49 anos e até três anos de residência no Brasil. As análises incluíram estatísticas (RStudio) descritivas e teste do qui-quadrado (p<0,05) estratificados pela intenção migratória (seguir ou ficar) considerando o desenho complexo da amostra.
Resultados
Entre as migrantes que desejavam seguir viagem, 87% (ficar: 52%) estavam em Boa Vista. Quanto à escolaridade, 75% das que pretendiam seguir tinham ensino médio (ficar: 68%). Entre os motivos para migrar, as que queriam seguir destacaram economia (83%; ficar: 54%), dificuldade para obter alimentos (67%; ficar: 50%) e busca por vida melhor para os filhos (56%). Entre as que pretendiam seguir, 81% não pesquisou nada (ficar: 17%). Mais de 85% viajavam acompanhadas nos dois grupos. Entre as que queriam ficar, 83% realizaram trabalho remunerado e 85% enviavam ajuda à Venezuela. Quanto à moradia, 67% das que queriam seguir estavam em abrigos e 54% das que queriam ficar, em residências familiares.
Conclusões/Considerações
Os resultados contribuem para a compreensão dos fatores que influenciam a motivação e o destino de mulheres migrantes, subsidiando políticas de saúde. A análise sociodemográfica permite considerar os determinantes sociais da saúde, fundamentais para entender a situação dessas mulheres e planejar ações diante da crescente demanda por serviços do SUS em contextos de mobilidade populacional.
O SUS ME ENSINOU NA RUA: UM RELATO SOBRE CUIDADO E RESISTÊNCIA JUNTO A MULHERES EM SITUAÇÃO DE RUA ATENDIDAS PELO CNAR.
Comunicação Oral Curta
1 PUC-Rio
2 UFRJ
Período de Realização
Realizado durante o Estágio Supervisionado III e IV, de março a dezembro de 2024.
Objeto da experiência
Estágio supervisionado em Serviço Social no Consultório na Rua, com foco no cuidado a mulheres em situação de rua marcadas por múltiplas violências.
Objetivos
Analisar, a partir da experiência de estágio, como o Consultório na Rua atua no cuidado a mulheres em situação de rua, considerando os efeitos do racismo, do sexismo e da violência institucional que marcam seus corpos e trajetórias e limitam o acesso à saúde como direito.
Descrição da experiência
O estágio foi realizado em uma equipe do Consultório na Rua, política da atenção primária do SUS. As atividades incluíram observação participante, produção de diário de campo e participação em reuniões com a rede. A escuta qualificada das mulheres foi central para compreender os atravessamentos que dificultam o cuidado: ausência de políticas específicas, violências constantes, falta de documentação e a responsabilização moral das mulheres por suas condições de vida.
Resultados
A experiência evidenciou que o cuidado a mulheres em situação de rua requer o reconhecimento de demandas como violências físicas, sexuais, psicológicas e institucionais. O racismo se expressa na perda da guarda dos filhos, na pobreza menstrual, na ausência de documentos e no julgamento moral. O CNAR, portanto, atua como estratégia de cuidado que reconhece essas violências, constrói vínculos e tensiona práticas excludentes, garantindo presença e acesso em territórios de extrema vulnerabilidade.
Aprendizado e análise crítica
A vivência no CNAR reafirmou o cuidado como prática ética e política. A experiência evidenciou os desafios da atuação profissional diante da ausência de políticas que considerem as desigualdades de gênero, raça e classe. Ao lado da equipe, foi possível compreender a potência da escuta, da presença e do vínculo como instrumentos de resistência e cuidado. O estágio tensionou os limites da formação tradicional em Serviço Social, ao exigir posicionamento ético diante do racismo e da violência institucional.
Conclusões e/ou Recomendações
O CnaR é uma estratégia potente do SUS que desafia a lógica da exclusão a essa população e produz cuidado onde historicamente foi negligenciado. A vivência mostrou que é urgente fortalecer essa política, qualificar as práticas com recorte de gênero e garantir espaços de formação crítica, como o estágio, que permitam o encontro entre cuidado e a luta por direitos.
OBESIDADE, GÊNERO E POLÍTICAS PÚBLICAS: ANÁLISE INTERSECCIONAL COMPARATIVA DAS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO NO BRASIL E EM EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS
Comunicação Oral Curta
1 UFOP
Apresentação/Introdução
Este projeto analisa, sob perspectiva jurídico-constitucional e interseccional, a relação entre gênero e obesidade como expressão da insegurança alimentar no Brasil, comparando estratégias de prevenção adotadas no país e no exterior.
Objetivos
Analisar interseccionalmente, a relação entre gênero e obesidade na perspectiva da violação do direito à alimentação, comparando Estratégias de prevenção da obesidade internacionais com a brasileira.
Metodologia
A pesquisa adota abordagem qualitativa e interdisciplinar, com análise jurídico-dogmática das estratégias de prevenção da obesidade no Brasil, Chile, Austrália, Inglaterra, Irlanda e Portugal, além de análise documental de relatórios oficiais e documentos do Consea, Caisan e MDS. Utiliza análise de conteúdo temático-categorial em três fases: pré-análise, análise do material e interpretação dos resultados, conforme Bardin (2009).
Resultados
A obesidade é expressão da insegurança alimentar e de desigualdades estruturais que afetam o direito humano à alimentação. As estratégias de prevenção reconhecem sua multicausalidade, mas carecem de análise interseccional ao adotar estratégias universalizantes, especialmente sobre o estigma que impacta sobretudo as mulheres. Esta pesquisa realiza uma análise jurídico-constitucional e decolonial comparativa da Estratégia brasileira com as de países como o Chile, Austrália, Inglaterra, Irlanda e Portugal, investigando como a interseção entre gênero e obesidade afetam o acesso equitativo à alimentação adequada.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a obesidade, enquanto expressão da insegurança alimentar, demanda políticas públicas que incorporem análises interseccionais e decoloniais. A análise internacional comparativa evidencia a importância de se pensar estratégias que, ao considerar um recorte capaz de analisar a relação de gênero com a epidemia de obesidade, sobretudo com enfoque em mulheres racializadas, consiga garantir o direito à alimentação adequada.
PODER, VIOLÊNCIA ESTRUTURAL E FEMINISMO NEGRO: UMA REFLEXÃO INTERSECCIONAL SOBRE OS CORPOS NEGROS
Comunicação Oral Curta
1 UERJ
2 HUPE
Apresentação/Introdução
O racismo estrutural, articulado ao patriarcado e ao capitalismo, perpetua desigualdades que afetam especialmente mulheres negras. A interseccionalidade revela como raça, gênero e classe se sobrepõem, sustentando opressões históricas e atuais que violam direitos e invisibilizam trajetórias.
Objetivos
Refletir sobre os impactos da violência estrutural nos corpos negros, com foco nas mulheres negras, a partir do feminismo negro e da interseccionalidade, destacando resistências e contribuições para a justiça social e a equidade.
Metodologia
Trata-se de um estudo teórico-reflexivo, de natureza qualitativa e caráter bibliográfico, fundamentado na análise crítica de obras, artigos e produções acadêmicas que abordam o feminismo negro, a interseccionalidade, a violência de gênero e o racismo estrutural. A pesquisa adota como referencial teórico autoras fundamentais para o campo, como Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Kimberlé Crenshaw, Patricia Hill Collins, Angela Davis e Carla Akotirene, cujas contribuições permitem compreender as múltiplas dimensões das opressões vivenciadas por mulheres negras, bem como os processos de resistência e luta por justiça social.
Resultados
A análise revelou que as opressões sobre mulheres negras são interseccionais, articulando raça, gênero e classe. A ausência de dados e políticas específicas contribui para sua invisibilidade e marginalização. Mesmo diante da precarização, constroem redes de resistência e luta por direitos. O estudo reforça a importância de uma abordagem interseccional na formulação de políticas públicas e no enfrentamento das desigualdades sociais.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a realidade das mulheres negras é marcada por opressões interseccionais, sustentadas por estruturas racistas, patriarcais e capitalistas. O feminismo negro emerge como ferramenta crítica e política de resistência, exigindo políticas públicas eficazes e ações que reconheçam essas mulheres como agentes centrais na luta por justiça social.
SEXUALIDADE, ESTIGMA E VELHICE LGBTQIAPN+: PANORAMA DA PRODUÇÃO ACADÊMICA STRICTO SENSU NACIONAL E INTERNACIONAL
Comunicação Oral Curta
1 UFPB
Apresentação/Introdução
Duante décadas a temática da sexualidade de pessoas idosas LGBTQIAPN+ vem sido marginalizada nos espaços acadêmicos e sociais, refletindo um silenciamento estrutural sobre o direito ao envelhecimento digno e à vivência plena da sexualidade. A interseccionalidade entre velhice e sexualidade impõe desafios à produção científica, especialmente em contextos marcados por estigmas e preconceitos.
Objetivos
Analisar a produção científica de teses e dissertações nacionais e internacionais acerca da sexualidade da pessoa idosa LGBTQIAPN+, destacando as dimensões dos estigmas enfrentados, padrões relacionais e vivências sexuais.
Metodologia
Trata-se de um estudo bibliométrico, de abordagem qualitativa e caráter exploratório-descritivo. A busca foi realizada nas bases Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e Open Access Theses and Dissertations (OATD), utilizando os descritores Idoso, Sexualidade e LGBT, incluindo os correspondentes em inglês. Foram aplicados os critérios de elegibilidade previamente definidos. Incluiu-se teses e dissertações completas, de acesso gratuito, redigidas em português, inglês ou espanhol, que abordassem a temática e excluiu duplicatas e outras fontes de informação. A sistematização dos dados foi realizada no software LibreOffice®.
Resultados
Foram analisadas oito produções científicas (62,5% dissertações e 37,5% teses) com maior concentração entre 2018 e 2022. A maioria adotou abordagem qualitativa e delineamento de campo. As áreas do conhecimento foram diversas, com destaque para saúde, psicologia e educação, evidenciando a transversalidade do tema. Quanto à distribuição geográfica, quatro estudos foram realizados no Brasil e quatro em instituições internacionais. Entre os principais achados, destacam-se a invisibilidade social e política, o duplo estigma relacionado à idade e à identidade de gênero/sexual, o sofrimento psíquico, as barreiras no acesso à saúde, o despreparo profissional e a reprodução de estereótipos.
Conclusões/Considerações
A produção acadêmica sobre sexualidade e envelhecimento LGBTQIAPN+ ainda é incipiente no âmbito da pós-graduação, o que limita a construção de práticas e políticas públicas inclusivas, especialmente diante do privilégio conferido às universidades. Torna-se urgente fomentar pesquisas interdisciplinares e promover ações de formação profissional que reconheçam a diversidade na velhice, bem como uma expressão legítima da sexualidade humana.

Realização: