Programa - Comunicação Oral Curta - COC11.6 - Inovação, Tecnologias Sociais e Comunicação em Saúde
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
NA PALMA DA MÃO: A DIVULGAÇÃO DE AÇÕES DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Comunicação Oral Curta
1 UFF
Período de Realização
A produção e lançamento do aplicativo foi realizada do período de agosto de 2024 a outubro de 2025.
Objeto da produção
A divulgação de ações de Promoção da Saúde desenvolvidas na Universidade Federal Fluminense (UFF) para a comunidade acadêmica e seu entorno.
Objetivos
Aumentar a visibilidade das ações de Promoção da Saúde desenvolvidas na UFF, visando contribuir com as condições de vida e saúde da comunidade acadêmica e seu entorno. Desenvolver uma Tecnologia de Informação para divulgação das ações promotoras de saúde nos campi da UFF/Niterói.
Descrição da produção
A produção do aplicativo "UFF PROMOVE Saúde" iniciou-se com a integração entre a Escola de Enfermagem e o Instituto de Computação. O aplicativo foi construído baseando-se nas cinco fases da “Engenharia de Requisitos”, fundamentação utilizada para a produção do aplicativo com a linguagem de Flutter a partir da plataforma Android Studio. O aplicativo foi lançado no dia 23 de outubro, no XI Congresso da Rede Ibero-Americana de Universidades Promotoras da Saúde.
Resultados
O aplicativo permite que a comunidade da UFF e externa acesse eventos de Promoção de Saúde dos cursos da universidade. Após cadastro, diferencia professores (criadores) de usuários (pesquisadores). Assim, é mostrado um mapa dos campi da UFF Niterói, onde aparecerão pins diferentes no mapa, mostrando o local do evento e outras informações, como data, hora, curso, resumo e responsáveis.. Inicialmente abrangeria todos os campi, mas foi focado em Niterói. Disponível para Android.
Análise crítica e impactos da produção
A produção do aplicativo fortalece a divulgação de ações de Promoção da Saúde na UFF, ampliando o acesso da comunidade acadêmica e seu entorno. Promove integração, visibilidade e participação, incentivando o bem viver coletivo. A limitação inicial aos campi de Niterói reduz o alcance, mas permite foco e testes para futuras expansões. O aplicativo está correlacionado com a Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa, em seu 18° eixo, e Agenda 2030 com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Considerações finais
Os resultados desses estudos revelaram fragilidades na divulgação e comunicação das ações e projetos com foco na promoção da saúde desenvolvidos na UFF. Por meio desta iniciativa, buscou-se fortalecer a articulação entre a universidade e a sociedade, ampliar o acesso da população às ações em saúde, valorizar o conhecimento produzido na UFF e fomentar a integração entre ensino, pesquisa, extensão e tecnologia com impacto social direto.
DIRETRIZES ANTIDISCRIMINATÓRIAS: ANTIRACISMO, ANTILGBTQIAPN+FOBIA, ANTICAPACITISMO E A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO FORTALECIMENTO DA EQUIDADE NO SUS RECIFE
Comunicação Oral Curta
1 SESAU Recife
Período de Realização
De 21 dezembro de 2023 a 24 de outubro de 2024
Objeto da produção
Manuais/protocolos - PORTARIA Nº 141/2024 que institui as diretrizes antirracistas, antiLGBTQIAPN+fóbicas e anticapacitistas no SUS Recife.
Objetivos
Instituir diretrizes antidiscriminatórias: antiracista, antilgbtqiapn+fobica, anticapacitista e atenção a população em situação de rua (PSR) para o fortalecimento da equidade no SUS Recife.
Combater a discriminação institucional, incidindo numa mudança de práticas de gestão e assistência à saúde.
Descrição da produção
A metodologia envolveu análise técnica e política para elaboração de diretrizes interseccionais, com foco na equidade. O processo incluiu escuta qualificada, consulta às áreas técnicas da Secretaria de Saúde (SESAU) do Recife, discussão intersetorial e submissão ao Conselho Municipal de Saúde do Recife (CMS). A construção coletiva garantiu legitimidade e embasamento para a institucionalização via Portaria nº 141/2024.
Resultados
As diretrizes antidiscriminatórias elaboradas foram institucionalizadas pela Portaria nº 141/2024, após ampla análise técnica e aprovação unânime no Conselho Municipal de Saúde (CMS) do Recife. Em 2025, iniciou-se a implementação com cronograma de oficinas formativas, voltadas a gestores e trabalhadores da RAS, com o objetivo de integrar as diretrizes aos instrumentos de planejamento, normatização, gestão e práticas de saúde na SESAU Recife.
Análise crítica e impactos da produção
A institucionalização das diretrizes representa avanço técnico e político no enfrentamento das iniquidades em saúde, ao orientar práticas contra violências institucionais visando minimizar os impactos da discriminação e exclusão no processo de saúde-doença das populações estrategicamente priorizadas na portaria. Fortalece o princípio da equidade, mas impõe o desafio da efetiva implementação no cotidiano, para garantir gestão, acesso e cuidado conforme preconiza o SUS.
Considerações finais
Elaborar estratégias de implementação das diretrizes através da educação permanente está sendo desafiador, considerando o objetivo de promoção da equidade em saúde, a ser incorporado no cotidiano do fazer profissional, como base para a transformação da oferta do cuidado e acesso ao direito à saúde, respeitando as diversidades de territórios, e sobretudo, de pessoas.
O PAPEL DAS PLATAFORMAS DE TELEMEDICINA NA PROMOÇÃO DO AUTOCUIDADO EM USUÁRIOS COM DOENÇAS CRÔNICAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Comunicação Oral Curta
1 HUB-UnB/ Ministério da Saúde
2 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
A transformação digital na saúde, acelerada pela pandemia de COVID-19, impulsionou o uso da telemedicina. Esta revisão analisa como plataformas digitais podem fortalecer o autocuidado de pessoas com doenças crônicas, promovendo acessibilidade, empoderamento e continuidade do cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS).
Objetivos
Analisar e sintetizar as evidências científicas disponíveis sobre como as plataformas de telemedicina contribuem para a promoção do autocuidado em pacientes com doenças crônicas.
Metodologia
A revisão sistemática seguiu as diretrizes PRISMA, com buscas nas bases PubMed, SciELO e LILACS, utilizando descritores MeSH e DeCS e palavras-chave como telemedicina, autocuidado e doenças crônicas, entre 2020 e 2025, nos idiomas inglês, português e espanhol. A avaliação metodológica foi feita com checklists do Joanna Briggs Institute (JBI). Foram incluídos ensaios clínicos randomizados, estudos de intervenção e observacionais com pacientes que utilizaram telemedicina no acompanhamento e autocuidado, excluindo revisões, cartas e editoriais. A extração e síntese de dados priorizou tipo de estudo, amostra, intervenções e desfechos.
Resultados
Foram incluídos 9 estudos, majoritariamente com alta qualidade metodológica. As plataformas digitais mostraram-se eficazes em melhorar a adesão ao tratamento, empoderamento, reconhecimento precoce de sintomas e satisfação do paciente. Destacam-se intervenções como teleconsultas, monitoramento remoto, aplicativos móveis e dispositivos interativos. Contudo, barreiras como baixa alfabetização digital, dificuldades tecnológicas e ausência de exame físico foram recorrentes. Estudos com DPOC, diabetes e insuficiência cardíaca evidenciaram impacto positivo no autocuidado e nos desfechos clínicos.
Conclusões/Considerações
A telemedicina fortalece o autocuidado de pacientes com doenças crônicas, promovendo maior autonomia e adesão terapêutica. Apesar das limitações identificadas, os resultados apontam um cenário promissor, com potencial de ampliação no SUS. É necessário continuar investindo em infraestrutura, capacitação profissional e pesquisa metodologicamente robusta para consolidar práticas baseadas em evidências.
IMPACTO DOS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE NO CONTROLE DA HIPERTENSÃO EM IDOSOS NA ATENÇÃO BÁSICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Comunicação Oral Curta
1 UEPB
2 UPE
Apresentação/Introdução
O envelhecimento populacional no Brasil amplia os desafios relacionados às doenças crônicas, especialmente à hipertensão arterial sistêmica (HAS). O controle da HAS em idosos é influenciado por múltiplos determinantes sociais da saúde (DSS), exigindo uma abordagem ampliada no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS).
Objetivos
Analisar como os determinantes sociais da saúde impactam o controle da hipertensão arterial em idosos no contexto da Atenção Básica, com base na produção científica recente.
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, conduzida conforme as etapas metodológicas descritas por Souza, Silva e Carvalho (2010). Foram incluídos 15 artigos originais publicados entre 2019 e 2024, identificados nas bases SciELO, BMC, PMC, Redalyc e repositórios institucionais. Os critérios de inclusão abrangeram estudos com população idosa (≥60 anos), foco em hipertensão arterial sistêmica, abordagem de DSS e interface com a APS. Os dados foram extraídos por meio de planilha padronizada e analisados de forma descritiva e interpretativa
Resultados
Os principais DSS associados ao controle da HAS em idosos foram: baixa escolaridade, baixa renda, raça/cor, gênero, acesso a serviços e desigualdades regionais. Negros e pardos apresentaram maior prevalência de HAS e menor acesso ao cuidado resolutivo. A cobertura pela Estratégia Saúde da Família e o vínculo longitudinal com a equipe da APS se mostraram fatores protetores. Estudos também apontaram que, durante a pandemia, o isolamento social agravou a interrupção de tratamentos. A interseccionalidade entre DSS evidenciou populações em risco acentuado de desassistência.
Conclusões/Considerações
Os determinantes sociais da saúde exercem influência decisiva no controle da hipertensão em idosos, ao condicionarem o acesso, a adesão e a qualidade do cuidado na atenção básica. Superar as desigualdades exige políticas públicas intersetoriais, fortalecimento da ESF, estratégias territorializadas e ações que promovam equidade e justiça social no SUS.
POLÍTICAS COM FOCO NA EQUIDADE: A QUEM SE DIRIGEM E EM QUAIS AÇÕES SE TRADUZEM?
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
2 Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU
3 Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ(CE)
Apresentação/Introdução
Introjeta-se o conceito de equidade como um valor e um princípio que dá sustentação à justiça social. Entende-se que a equidade deve operar como fator protetor em relação aos efeitos desfavoráveis produzidos pelas iniquidades. Nesse sentido, indaga-sobre quais ações são implementadas por políticas públicas que visam a promoção da equidade e quais situações de vulnerabilidades visam-se enfrentar.
Objetivos
Descrever as ações de promoção de equidade implementadas a partir de políticas públicas e para quais populações se destinam.
Metodologia
Estudo de Revisão orientado pela questão: Quais ações promotoras de equidade são concebidas por políticas públicas que se destinam a populações vulnerabilizadas? A busca ocorreu entre abril e maio de 2024, na Biblioteca Virtual da Saúde, Scopus, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online, Embase, Cinahl e Web of Science. Os critérios de elegibilidade foram: produções que apresentem políticas com ações concernentes à promoção da equidade; produções acadêmicas (artigos, dissertações e teses) e técnicas. Não foram adotados recortes temporais, restrições de idiomas e nem inseridos cartas, resenhas, resumos de evento e editoriais.
Resultados
As produções selecionadas (26) traduzem experiências dirigidas, prioritariamente, a populações LGBTQIAPN+ (n=7), mulheres rurais (n=6) e em situação de rua (n=3). Destacam-se ações para a promoção do bem viver, considerando interações com o ambiente, educação emancipatória, espaços de discussão e produção do conhecimento, institucionalização de comitês na estrutura organizacional do contexto em que a política está inserida, mecanismos para enfrentamento de violências e promoção da identidade respeitada, regulamentações para uma atenção integral e digna à saúde, reorientação de práticas e criação de dispositivos para a garantia de direitos, acolhimento e pleno desenvolvimento humano possível.
Conclusões/Considerações
Os resultados anunciam que as ações para a promoção da equidade consideram contextos e históricos de lutas sociais de grupos em situações de vulnerabilidades. Estas ações podem influenciar na maior institucionalidade local de políticas públicas. Ainda, consideram a dignidade e o respeito como finalidades explícitas, além de interação sustentável com o ambiente.
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA EQUIDADE NO SUS: AVANÇOS E DESAFIOS DA POLÍTICA ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA EQUIDADE EM SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL (2022-2024)
Comunicação Oral Curta
1 Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul
Período de Realização
2022 a junho de 2025 – Construção da matriz de avaliação e monitoramento, com 3 ciclos avaliativos.
Objeto da experiência
Monitoramento e avaliação da Política Estadual de Promoção da Equidade em Saúde do RS (PEPES-RS).
Objetivos
Apresentar o processo de construção da matriz avaliativa, implementação do monitoramento e os resultados dos três ciclos de avaliação da PEPES-RS, destacando os avanços na redução das iniquidades em saúde e no fortalecimento da gestão estadual e municipal para a equidade no Sistema Único de Saúde.
Metodologia
Instituída em 2021, a SES/RS desenvolve estratégias de apoio técnico, indução financeira e educação permanente à implementação da PEPES-RS. A política é monitorada e avaliada anualmente por meio da Matriz Avaliativa. As áreas técnicas definiram indicadores factíveis de mensurar, a partir das diretrizes da política. O processo inclui coleta de dados pelas regionais e preenchimento da matriz. Os resultados subsidiam estratégias de apoio técnico e qualificação nos territórios.
Resultados
Os três ciclos de avaliação (2022, 2023 e 2024) demonstraram avanços progressivos. Na 1ª avaliação (2022), a média estadual foi 33%. Em 2023, subiu para 37% e, em 2024, alcançou 41%, com destaque para a macrorregião Centro-Oeste que atingiu 56%, entrando na faixa de “parcialmente implementada”. Houve aumento de municípios com ações de equidade nos planos de saúde, ampliação de capacitações e fortalecimento de comitês regionais.
Análise Crítica
O uso da matriz permite à gestão acompanhar a implementação através de resultados, com identificação de fragilidades regionais. A combinação de apoio técnico, financiamento estadual e educação permanente foi decisiva. Persistem desafios para adesão de municípios, ampliação dos financiamentos e da participação social. O aprendizado tem contribuído para consolidar a cultura de monitoramento e avaliação nas políticas de equidade, fortalecendo a capacidade de resposta do SUS às desigualdades.
Conclusões e/ou Recomendações
É necessária a continuidade de instrumentos avaliativos, bem como o fomento no financiamento, na articulação tripartite e intersetorial, na formação em serviço e na incorporação da equidade nos instrumentos de gestão municipal. A utilização da matriz pode ser compreendida não somente como instrumento técnico, mas também pedagógico e político, capaz de trazer reflexão, responsabilização e amadurecimento da cultura de monitoramento no SUS.
PERTENCIMENTO, CUIDADO E JUSTIÇA SOCIAL: GRUPO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE FRENTE À DESTERRITORIALIZAÇÃO CAUSADA PELO DESASTRE DA BRASKEM
Comunicação Oral Curta
1 Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL
2 Residente em Saúde Coletiva do Instituto Aggeu Magalhães – FIOCRUZ
3 Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL
Período de Realização
As vivências foram realizadas no primeiro semestre de 2025.
Objeto da experiência
A promoção da saúde, território e os impactos da desterritorialização forçada.
Objetivos
Relatar percepções de um residente da saúde da família sobre a desterritorialização e estratégias de promoção da saúde em território afetado de Alagoas.
Metodologia
Trata-se de um relato de experiência de um residente do programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família/UNCISAL a partir da atuação em um grupo de promoção da saúde da Unidade de Saúde da Família - São Vicente de Paula (USF-SVP). Devido a desterritorialização do Pinheiro-AL, alguns usuários e as redes de cuidados foram transferidos para o Farol-AL. Os dados são produtos do diário de campo realizados a partir de suas vivências, diálogos e indagações teórico-práticas com os usuários.
Resultados
O grupo “Saúde é Luz” realiza atividades voltadas para as práticas corporais e educação em saúde. O novo território tem participação majoritária de usuários atravessados pela desterritorialização sendo relatados rompimento dos vínculos comunitários e culturais, sofrimento psíquico e transtornos mentais pós evento. O grupo é mencionado pelos usuários como facilitador do pertencimento social, compartilhamento de experiências e o acolhimento emocional além da confiança entre o ambiente e o usuário.
Análise Crítica
Esse processo de deslocamentos forçados e desestruturação do espaço vivido apresenta impactos biopsicossocial e sanitários. O grupo “Saúde é Luz”, estratégia de promoção de saúde vinculado à USF-SVP, têm sido uma estratégia potente de reconstrução dos vínculos comunitários e promoção da saúde mental. Nesse contexto, a participação em grupos se apresenta como um espaço político, fortalecendo os sujeitos e o novo território como espaços de vida digna, justiça social e reparação simbólica.
Conclusões e/ou Recomendações
A desterritorialização, nesse contexto, não é apenas uma questão geográfica, mas um fenômeno biopsicossocial que exige abordagens integradas entre saúde, justiça ambiental e direitos humanos. As atividades em grupo na Atenção Primária à Saúde (APS) se apresentam como estratégia potente de redução dos impactos biológicos e sociais permitindo a mobilização social e territorialidades simbólicas diante das injustiças sociais.
ALEITAMENTO MATERNO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL: O IMPACTO DO TERRITÓRIO
Comunicação Oral Curta
1 Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
2 Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia
Apresentação/Introdução
O aleitamento materno contribui para a redução da mortalidade infantil e para o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional das crianças. Com influência do território, este reconhecido para além do espaço geográfico, mas como expressão de aspectos socioeconômicos, culturais e ambientais, visto que a dinâmica entre os binômios mãe-criança é afetada pelo ambiente em que estão inseridos.
Objetivos
Investigar o impacto do território na relação entre aleitamento materno e desenvolvimento infantil de todos os distritos sanitários de Salvador, no estado da Bahia.
Metodologia
Estudo quantitativo, com dados secundários de pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, realizada entre fevereiro e maio de 2023, com 504 crianças menores de seis anos e suas famílias de Unidades Básicas de Saúde em 12 distritos sanitários. Os distritos foram agrupados em Grupo A e B, segundo o índice Bairros Amigos da Primeira Infância (BAPI). O estudo analisou 191 crianças menores de 24 meses, com as seguintes variáveis: identificação, condições de saúde e nutrição da mãe e da criança, segurança alimentar e nutricional domiciliar e dimensões do território. O desenvolvimento infantil foi avaliado com o instrumento The Survey of Well-being of Young Children (SWYC).
Resultados
O grupo A teve 92 crianças e o B, 99. A maioria das mães se autodeclarou negra (93,5% A; 94,9% B), com ensino médio completo (50% A; 53,5%B), e beneficiárias de programas sociais (57,6% A; 60,6% B). O acesso ao pré-natal foi elevado (98,9% A; 100% B). No entanto, apesar da maioria das crianças terem sido amamentadas (87,9%), a prevalência de aleitamento materno exclusivo foi baixa (34,5%). No desenvolvimento infantil, 81,5% A e 83,8% B foram adequados, porém há baixa prevalência de AME entre crianças com provável atraso. Os dados reforçam a interseção de fatores sociais, econômicos e raciais no cuidado materno-infantil e evidenciam a importância do território na determinação da saúde.
Conclusões/Considerações
O estudo mostra que o território impacta o aleitamento materno e desenvolvimento infantil. As pontuações BAPI, revelam fragilidades no apoio às ações para o desenvolvimento infantil. Destaca-se o fortalecimento de políticas para apoio à amamentação e ações de educação em saúde para o enfrentamento das desigualdades estruturais em territórios mais vulneráveis.
ARBOVIROSES E VULNERABILIDADE SOCIAL: UM ESTUDO EM COMUNIDADE PERIFÉRICA DO DISTRITO FEDERAL
Comunicação Oral Curta
1 UnB
2 UFG
Apresentação/Introdução
Este estudo transversal investigou a associação entre fatores socioambientais e a ocorrência de arboviroses autodeclaradas na Estrutural, região vulnerável no Distrito Federal. Com a realização de entrevistas de abordagem quantitativa, considerou dados sobre perfil sociodemográfico, acesso à água, saneamento básico e hábitos de vida em área que abrigou por décadas o maior lixão da América Latina.
Objetivos
Investigar a associação entre fatores ambientais, demográficos e socioeconômicos e a ocorrência de arboviroses autodeclaradas na Estrutural, região vulnerável do Distrito Federal.
Metodologia
O estudo transversal exploratório utilizou dados secundários de uma pesquisa do Rotary Club para identificar famílias socialmente vulneráveis na Estrutural-DF. A Estrutural abrigou o maior lixão a céu aberto da América Latina por quase 60 anos, atraindo moradores de baixa renda que trabalhavam no local. A região possui infraestrutura e saneamento precários, especialmente no setor Chácara Santa Luzia. Participaram 2.176 famílias, que responderam a um questionário sobre dados sociodemográficos, acesso à água, saneamento, descarte de lixo, hábitos de vida e histórico de arboviroses. Foi realizada regressão logística para identificar fatores associados às arboviroses autodeclaradas.
Resultados
Foram obtidas 2.176 respostas, das quais 1.934 (88,9%) eram de mulheres, 1.432 (65,8%) de pessoas sem companheiro(a), 961 (44,16%) eram analfabetas ou tinham ensino fundamental incompleto, e 1.155 (53,08%) relataram já ter tido arboviroses. Após análise ajustada, armazenar água na residência (Razão de Chances – OR 1,58; IC 1,30–1,92), ter conhecimento sobre prevenção de arboviroses (OR 2,22; IC 1,61–3,06) e ser catador(a) de materiais recicláveis (OR 1,84; IC 1,46–2,31) mostraram associação positiva com arboviroses autodeclaradas, enquanto a coleta de lixo foi fator de proteção (OR 0,71; IC 0,63–0,92). No estudo, 46,92% dos participantes relataram ter tido algum tipo de arbovirose.
Conclusões/Considerações
Condições precárias de vida, falta de saneamento básico e de coleta de lixo estão associadas às arboviroses, e fatores ligados à desigualdade social e ocupacional, como ser catador, aumentam o risco dessas doenças. Esses elementos são preditores do risco de arboviroses. Conhecer a percepção da comunidade é fundamental para orientar a tomada de decisões e implementar ações multissetoriais para proteger as populações vulneráveis nesse território.
PERFIL DO ACESSO A PRÁTICAS MEDITATIVAS NO BRASIL SEGUNDO VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS E DE SAÚDE NA PNS 2019
Comunicação Oral Curta
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Apresentação/Introdução
As práticas mente-corpo, como a meditação, têm sido amplamente incorporadas às
estratégias de promoção da saúde devido aos seus benefícios para o bem-estar físico e
mental. Porém, o acesso a essas práticas ainda reflete desigualdades estruturais,
especialmente quando analisado sob a perspectiva interseccional de raça/cor e gênero.
Objetivos
Descrever o perfil do acesso à prática de meditação na população adulta brasileira e
analisar sua distribuição segundo raça/cor e gênero, com foco na identificação de
desigualdades sociais.
Metodologia
Estudo transversal, utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019. Com aproximadamente 93 mil participantes ≥18 anos, residentes em todas as regiões do Brasil. As variáveis analisadas incluíram sexo, faixa etária, raça/cor, região, escolaridade, capacidade funcional, tabagismo, estado civil, autopercepção de saúde e prática autorreferida de meditação. As análises consideraram o desenho amostral complexo com os pesos.
Resultados
A maioria dos meditantes são mulheres (9,3%; IC95%: 8,4–10,2%), brancos (9,6%; IC95%:8,9–10,3%), solteiros 6,1% (IC 95%: 5,2% a 7,0%) e com ensino superior (5,7%; IC95%:4,9–6,6%). Predominam adultos de 30 a 59 anos e residentes no Sudeste (7,6%; IC95%:6,7–8,5%). A maioria não fuma (12,8%; IC95%: 12,1–13,6%) e bebe álcool ao menos uma vez/mês (7,7%; IC95%: 6,7–8,8%). Mais da metade avalia a saúde como boa (7,4%;
IC95%: 6,3–8,5%) e apresenta capacidade funcional preservada (6,0%; IC95%: 4,9–7,1%).
Conclusões/Considerações
A meditação no Brasil permanece restrita a grupos com melhores condições sociais, especialmente mulheres, pessoas escolarizadas e residentes das regiões Sudeste e Sul, com estilos de vida mais saudáveis. Esse cenário evidencia desigualdades no acesso a práticas de autocuidado e limitações nas políticas públicas de promoção da saúde.
Realização: