Programa - Comunicação Oral Curta - COC3.5 - Contaminação ambiental, exposição e efeitos na saúde
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
ANÁLISE DOS IMPACTOS À SAÚDE EM EVENTOS HIDROMETEOROLÓGICOS NO BRASIL (2013–2024)
Comunicação Oral Curta
1 CIDACS - Fiocruz Bahia
2 CIDSCS - Fiocruz Bahia
Apresentação/Introdução
Eventos climáticos extremos têm sido cada vez mais frequentes e com intensidade cada vez maior, causando uma série de danos à sociedade. Na perspectiva da saúde pública, esses eventos trazem múltiplos desafios, uma vez que, além de efeitos diretos na saúde da população, como mortes e hospitalizações por conta do episódio agudo, também afetam a infraestrutura de serviços de saúde.
Objetivos
Descrever a ocorrência de eventos climáticos hidrológicos e meteorológicos que afetaram a infraestrutura dos serviços de saúde no Brasil no período compreendido entre 2013 a 2024.
Metodologia
Estudo descritivo, utilizando dados secundários de domínio público da base do Atlas Digital de Desastres no Brasil. Foram elegíveis todos os registros de desastres naturais relacionados à desastres hidrológicos e meteorológicos ocorridos no Brasil entre os anos de 2013 a 2024, com registro de dano a infraestrutura de saúde local, associado à ocorrência de mortes, feridos ou enfermos. A escolha dos desastres hidrológicos e meteorológicos relacionou-se ao potencial de danos infraestruturais e segue a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE). Os dados foram estratificados por tipologia de desastre e por ano de registro.
Resultados
Foram contabilizados 40.279 desastres no período, dos quais 3.747 (9,3%) registraram danos à infraestrutura de saúde. Entre esses, 168 eventos envolveram mortes, 163 apresentaram feridos e 40 relataram enfermidades. Chuvas intensas foi a principal tipologia de risco à saúde, com efeitos em múltiplas formas de agravo. Enxurradas associaram-se a maior letalidade, enquanto vendavais e granizo concentraram registros de feridos. O aumento de eventos após 2020 pode refletir tanto a intensificação climática quanto avanços na captação de dados.
Conclusões/Considerações
Os desastres hidrológicos e meteorológicos têm causado agravos à saúde com diferentes perfis de severidade. Destaca-se a importância do risco decorrente das chuvas intensas, o que pode exigir respostas integradas de prevenção, assistência e vigilância. Os achados reforçam a urgência da articulação entre políticas de gestão de risco e de saúde pública, especialmente no cenário crescente de eventos climáticos extremos.
CONTAMINAÇÃO POR METAIS NA ÁGUA POTÁVEL: IMPLICAÇÕES DA GESTÃO DO SANEAMENTO NA BAIXADA SANTISTA
Comunicação Oral Curta
1 Unisantos
Apresentação/Introdução
Este estudo investiga a água potável na Baixada Santista, em um contexto de transição da gestão do saneamento de estatal para privada. Dada a relevância da água para a saúde e o histórico de contaminação ambiental da região, é crucial avaliar a possível presença de metais tóxicos. A pesquisa busca fornecer informações públicas que garantam o acesso à água segura e promovam a justiça ambiental.
Objetivos
Analisar as concentrações de metais tóxicos na água potável fornecida à população da Baixada Santista, correlacionando-as com os padrões de potabilidade vigentes e os potenciais riscos à saúde, considerando o modelo de gestão do serviço.
Metodologia
Trata-se de um recorte transversal do estudo de campo longitudinal, com abordagem quantitativa e exploratória, delineado para avaliar a conformidade da água potável. A metodologia envolveu a coleta de amostras de água nas regiões atendidas pela concessionária nos pontos de fornecimento finais de distribuição à população. Os dados de concentração dos metais foram obtidos a partir das análises dessas amostras, comparando-os com os limites estabelecidos pela legislação brasileira (Portaria GM/MS nº 888/2021). A análise crítica dos resultados foi realizada comparando a literatura científica sobre os impactos de metais tóxicos na saúde humana, os resultados das análises e a legislação específica.
Resultados
As análises dos dados de monitoramento da água potável na Baixada Santista revelaram a presença de metais tóxicos dentro dos padrões de potabilidade, foram identificadas ocorrências de Alumínio (Al) entre 206 e 360 ug/L em 5 pontos de coleta da área continental de São Vicente que excedem o limite máximo permitido pela Portaria GM/MS nº 888/2021 de 200 ug/L. Resultados estes em concordância com os achados da Cia Ambiental do Estado de São Paulo. Tais achados, mesmo que pontuais, sugerem a necessidade de investigação aprofundada das causas dessas elevações e da necessidade de estratégias de vigilância e mitigação.
Conclusões/Considerações
A investigação da contaminação por metais tóxicos na água potável da Baixada Santista, com destaque para a não conformidade do Alumínio em um cenário de reconfiguração da gestão hídrica, reforça a urgência de uma abordagem integrada entre saúde pública e gestão ambiental. O relato de pesquisa ressalta a necessidade de vigilância contínua e ações preventivas, apontando para futuras pesquisas sobre as fontes e os impactos dos metais tóxicos.
ANÁLISE ESPACIAL DOS NÍVEIS DE METAIS EM MUNICÍPIO ATINGIDO POR ROMPIMENTO DE BARRAGEM DE REJEITOS DE MINERAÇÃO: PROJETO SAÚDE BRUMADINHO.
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz Minas
Apresentação/Introdução
Em 2019, ocorreu o rompimento da barragem da mineradora Vale, no município de Brumadinho/MG, causando 270 mortes e impactos ambientais e socioeconômicos. Monitoramento realizado em águas superficiais e subterrâneas do rio Paraopeba e da lama de rejeitos apresentaram inconformidades para metais de interesse para a saúde pública, indicando necessidade de caracterização da população exposta.
Objetivos
Analisar a distribuição espacial de níveis de metais dosados na população de Brumadinho, avaliando autocorrelações espaciais, a fim de identificar sub-regiões de maior exposição e explorar associações espaciais com variáveis contextuais de interesse.
Metodologia
Estudo da linha de base da coorte do Projeto Saúde Brumadinho, com amostra de 3.080 residentes do município em 2021. Variáveis de interesse foram obtidas de inquérito domiciliar e dosagens dos níveis de metais Arsênio (As), Cádmio (Cd) e Mercúrio (Hg) na urina e Chumbo (Pb) e Manganês (Mn) no sangue. Foram mapeadas as concentrações/dosagens medianas e prevalências de níveis alterados dos metais ao nível de setores censitários. Autocorrelação espacial foi feita através do Índice de Moran Local, considerando os pesos amostrais e efeito de desenho do estudo. As correlações espaciais entre os metais e outras variáveis de interesse serão analisadas pelo Índice de Moran Local bivariado.
Resultados
Foram observados padrões heterogêneos nas distribuições dos metais no município. Houve uma baixa exposição a Cd (0,17%) e Hg (0,76%). As dosagens medianas (Q1-Q3) foram de 7,5μg/g (4,9-11,8) para As; de 13,3μg/L (9,0-18,4) para Mn; de 3,0μg/dL (1,8-4,7) para Pb. Já as prevalências (IC 95%) de níveis alterados foram de 33,9% (30,9-37,0) para As; de 38,5% (35,5-41,6) para Mn; de 5,2% (3,9-6,8) para Pb. Houve concentração alta de metais em setores próximos ao rompimento da barragem. Porém, alguns setores mais distantes também apresentaram altas concentrações, evidenciando uma exposição importante em todo o município e foram identificadas clusters com maiores concentrações e níveis alterados.
Conclusões/Considerações
As concentrações dos metais analisados se distribuem de forma desigual no município, podendo estar associadas a distintas exposições alvos de investigação neste estudo. O monitoramento da exposição aos metais será feito ao longo do tempo, entre os participantes do estudo, permitindo conhecer o perfil de exposição do município. Os resultados permitem avaliar apenas exposição, que pode ser utilizada para investigação ambiental de possíveis fontes.
ENFRENTAMENTO AOS AGROTÓXICOS AGRÍCOLAS EM RONDA ALTA: CAMINHOS PERCORRIDOS
Comunicação Oral Curta
1 UFRGS
2
Apresentação/Introdução
Os agrotóxicos agrícolas representam um problema de saúde pública pelos impactos na saúde humana, tendo como consequência as intoxicações exógenas. Em contradição à intensa comercialização destes produtos, sugerindo sua utilização em larga escala, Ronda Alta, apresenta números insignificantes de notificação para este tipo de agravo no Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan.
Objetivos
Propor ações de educação permanente em saúde e de educação popular em saúde para qualificar o processo de notificação das intoxicações exógenas causadas por agrotóxicos agrícolas em Ronda Alta, numa proposta comunitária e intersetorial.
Metodologia
Projeto de Pesquisa Aprovado-Comitê de Ética em Pesquisa UFRGS/número 5.699.137, posterior apresentação para o Conselho Municipal de Saúde. Realizadas formações de Educação Permanente em Saúde com os profissionais de saúde da Atenção Básica e Serviço de Urgência e Emergência do Hospital dos Trabalhadores de Ronda Alta; formações de Educação Popular em Saúde com a população exposta aos agrotóxicos agrícolas nos bairros e comunidades do interior, com os agricultores atendimentos pelo escritório municipal-EMATER e sócios do Sindicato dos Trabalhadores Rurais; elaboração de produto Técnico de Comunicação, em parceria com a Rádio Comunitária Navegantes, popularizando o conhecimento da pesquisa.
Resultados
Foram realizadas 9 atividades de Educação Permanente em Saúde, 20 horas de formação com os profissionais de saúde dos serviços selecionados, com a participação de 47 profissionais, mais 11 encontros de Educação Popular em Saúde, 33 horas de atividades formativas com a comunidade de Ronda Alta e 144 participantes. Criação de um repositório digital, no Google Drive, com as referências bibliográficas da pesquisa para os profissionais de saúde interessados. Elaboração do podcast “Momento Saúde”, com 10 episódios, gravado, editado e divulgado, em parceria com a Rádio Comunitária Navegantes sobre a sintomatologia das intoxicações exógenas, objetivando popularizar as informações da pesquisa.
Conclusões/Considerações
As intoxicações exógenas acontecem de forma rotineira e grave em Ronda Alta, não estão sendo notificadas: por parte dos profissionais de saúde que desconhecem características do seu território de atuação, por possuírem informações limitadas da temática; por parte da população exposta que desconhecem a sintomatologia das intoxicações, não as reconhecendo, não acessarem o serviço de saúde, optando pela automedicação e antídotos caseiros/leite.
MEMÓRIA E ESQUECIMENTO SOBRE O DESASTRE DO DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO DE 2019 NA BAHIA, NA PERSPECTIVA DE PESCADORES ARTESANAIS.
Comunicação Oral Curta
1 IESC/UFRJ
2 PPGSAT/UFBA
Apresentação/Introdução
Diante do derramamento de petróleo de 2019, que também atingiu o litoral da Bahia, o PPGSAT-UFBA, por meio do projeto Avaliação dos Impactos do Derramamento do Óleo na Costa da Bahia Ações de Saúde e Proteção Ambiental/Capes, desenvolveu estudos e ações tendo por base a escuta e a participação das pessoas afetadas, incluindo o registro das histórias narradas sobre o desastre e consequências.
Objetivos
Compreender o tensionamento entre memória e esquecimento e como os sujeitos configuram e reconfiguram as experiências sobre o desastre do derramamento do petróleo cru permitindo ampliar e visibilizar o entendimento do desastre
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo orientado pela hermenêutica de Paul Ricoeur, com ênfase na fenomenologia da memória e do esquecimento. A pesquisa se debruçou nas narrativas de quatro lideranças da pesca de quatro municípios da Bahia atingidos ao longo de cinco anos, abordando a relação entre experiência, narrativa, memória, esquecimento e reconfiguração. Nessa perspectiva, a memória é um reconstruir ativo, dependente das narrativas que contextualizam a história vivida, a preservam e a reinterpretam à luz de significados construídos no presente. Não há memória sem esquecimento, e esquecer não significa apagar, mas selecionar o que se deve se contar ou ocultar, dando sentido ao vivido.
Resultados
Os sujeitos constroem memórias pragmáticas e políticas no seu poder de fazer memória. Na perspectiva da primeira, a experiência e a percepção do desastre são descritos demonstrando sua gravidade em contraposição à uma versão oficial que o minimiza. A memória política denuncia e critica as negligências e injustiças em torno do desastre e retrata a ação política mediante uma vigilância popular, redes de solidariedade, iniciativas para mobilizar o setor saúde, dentre outras. O exercício de memória tem pressionado pelo cuidado e monitoramento à saúde dos atingidos, pela atenção ao meio ambiente contaminado e acesso a indenizações.
Conclusões/Considerações
As narrativas desses sujeitos apresentam o desastre inserido numa temporalidade, cujas invisibilidades e injustiças o configuram e o perpetuam. O rememorar opera como um dever ético-político na luta contra um apagamento por direitos e pela continuidade de projetos de vida. Ao produzir memória política, não obstante a memória trágica, estes sujeitos fortalecem a identidade coletiva e os modos de resistência a novos desastres.
O IMPACTO DAS ÁREAS VERDES URBANAS NA RESISTÊNCIA INSULÍNICA É MEDIADO PELA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA? ANÁLISE DE MEDIAÇÃO CAUSAL NO ELSA‑BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde, Instituto Oswaldo Cruz; Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; Fundação Oswaldo Cruz
2 Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde
3 Escola de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
4 Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz
5 Instituto Gonçalo Moniz da Fundação Oswaldo Cruz
6 Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz
7 Laboratório de Educação em Saúde e Ambiente do Instituto Oswaldo Cruz da Fundação Oswaldo Cruz
Apresentação/Introdução
A literatura indica que associação da maior quantidade de áreas verdes urbanas com o menor risco de diabetes ainda permanece inconclusiva. Estudos que investigam a relação entre áreas verdes urbanas e a resistência insulínica podem elucidar a associação distal entre essa exposição e o diabetes. Ademais, o papel da poluição do ar nessa associação permanece obscuro.
Objetivos
Este trabalho investigou o papel mediador da poluição atmosférica na associação das áreas verdes urbanas com a resistência insulínica entre participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil).
Metodologia
Participantes não diabéticos (N=2715) de São Paulo (Visitas 1: 2008–2010, 2: 2012–2014, 3: 2017–2019). Áreas verdes como valores médios positivos do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), em quartis. Poluição atmosférica como níveis médios anuais de material particulado (MP2,5). Resistência insulínica como Modelo de Avaliação da Resistência Insulínica (HOMA-IR), em logaritmo. Utilizou-se análise de mediação causal com interação exposição-mediador. Efeitos totais, diretos naturais e indiretos naturais estimados por modelos de efeitos mistos. Análises estratificadas por mediana da condição socioeconômica da vizinhança e ajustadas por sexo, idade, escolaridade e renda individual.
Resultados
Entre os participantes residentes em vizinhanças de menor condição socioeconômica, a maior quantidade de áreas verdes associou-se a uma redução na resistência insulínica, em um padrão de dose-resposta, conforme indicado pelo efeito total (β = -0,51, IC 95% -0,93; -0,06, β = -0,21, -0,52; 0,13 e β = -0,07, -0,41; 0,25, para o 4º, 3º e 2º quartil vs 1º quartil, respectivamente) e efeito natural direto (β = -0,51, -0,93; -0,03, β = -0,19, -0,52; 0,15 e β = -0,06, -0,40; 0,25, para o 4º, 3º e 2º quartil vs 1º quartil, respectivamente). O efeito natural indireto não foi significativo. Entre os participantes de vizinhanças de maior condição socioeconômica, nenhuma associação foi observada.
Conclusões/Considerações
As áreas verdes urbanas podem reduzir a resistência insulínica em participantes não diabéticos residentes em vizinhanças de menor condição socioeconômica. No entanto, não foram encontradas evidências de mediação pela poluição atmosférica. A implantação e ampliação de áreas verdes urbanas pode melhorar a ambiência e atenuar desvantagens contextuais, sobretudo nas áreas urbanas mais vulneráveis, contribuindo para redução das iniquidades em saúde.
OFICINAS PROJEO ONDA LIMPA: REFLEXÕES SOBRE SAÚDE E MEIO AMBIENTE COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DA REGIÃO LITORÂNEA DO RN
Comunicação Oral Curta
1 Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte - FUNCERN
Período de Realização
Março a julho de 2024
Objeto da experiência
Educação ambiental em saúde com foco na percepção da relação entre saúde humana e meio ambiente em escolas públicas litorâneas.
Objetivos
Sensibilizar estudantes do 5º e 9º ano sobre a relação entre a degradação ambiental e os impactos na saúde humana; fortalecer práticas pedagógicas críticas que integrem saúde e sustentabilidade no cotidiano escolar, com base na realidade local e territorial.
Descrição da experiência
As oficinas do Projeto Onda Limpa foram realizadas em sete escolas públicas da região metropolitana litorânea do RN, com 220 alunos dos municípios de Natal, Parnamirim, Extremoz, Ceará-Mirim, Nísia Floresta e Maxaranguape. A ação envolveu debates, atividades lúdicas e aplicação de questionários sobre saúde ambiental, articulando os conhecimentos prévios dos estudantes com práticas educativas críticas e contextualizadas, promovendo a reflexão sobre seus territórios, hábitos e saúde.
Resultados
A análise dos questionários revelou avanço na compreensão dos alunos sobre a relação entre degradação ambiental e doenças como diarreias, infecções e arboviroses. Identificou-se, ainda, maior engajamento em práticas sustentáveis no ambiente escolar. A escola foi apontada como principal espaço de aprendizado sobre saúde e meio ambiente. Houve diferença de percepção entre faixas etárias, sendo mais crítica entre os estudantes do 9º ano.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou que a integração entre educação ambiental e saúde amplia a consciência crítica dos estudantes, mas revelou desigualdades na abordagem do tema nas escolas e dificuldades na consolidação de práticas contínuas. A articulação entre territórios, experiências concretas e práticas pedagógicas revelou-se estratégica para fortalecer uma formação cidadã e ambientalmente comprometida desde a infância.
Conclusões e/ou Recomendações
A ação evidenciou a relevância de programas permanentes de educação ambiental nas escolas como estratégia de promoção da saúde e justiça ambiental. Recomenda-se a institucionalização dessas práticas no currículo escolar, a formação continuada de docentes e a articulação intersetorial com a saúde e meio ambiente para fomentar territórios resilientes e sustentáveis.
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E TOXICOLÓGICOS DA EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS ENTRE MULHERES RURAIS DE MOJUÍ DOS CAMPOS (PA)
Comunicação Oral Curta
1 UEPA
2 UNAMA
3 IFPA
4 IEC
Apresentação/Introdução
A exposição crônica a agrotóxicos é uma realidade em áreas rurais da Amazônia. Em Mojuí dos Campos (PA), a proximidade de lavouras de soja intensifica a vulnerabilidade de mulheres a efeitos adversos na saúde. O glifosato, principal herbicida no país, tem sido associado a alterações hormonais, neurológicas e metabólicas.
Objetivos
Identificar o perfil epidemiológico e toxicológico das mulheres expostas ambientalmente a agrotóxicos em Mojuí dos Campos, com foco na presença de glifosato e alterações em parâmetros laboratoriais e clínicos.
Metodologia
Estudo transversal com 139 mulheres residentes em comunidades rurais. Foram aplicados questionários estruturados sobre dados clínicos, sociodemográficos e de exposição, além da coleta de urina para análise de glifosato por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Também foram coletados exames bioquímicos e hematológicos, interpretados conforme faixas de referência clínica. Os dados foram analisados em softwares estatísticos com foco descritivo e exploratório, com aprovação pelo Comitê de Ética do Instituto Evandro Chagas (parecer nº 5.452.896/2022).
Resultados
Das 139 mulheres avaliadas, 23 (16,5%) apresentaram níveis de glifosato superiores a 0,6 ppb. Dentre essas, 100% das que realizaram o exame de T4 Livre apresentaram valores alterados. No exame de TSH, 25% estavam abaixo do valor de referência. Com relação à função renal, 43,8% apresentaram creatinina alterada e 12,5% apresentaram ureia fora da faixa clínica. Em relação aos sintomas, 64,7% relataram manifestações neurológicas como insônia, tremores, irritabilidade ou dor de cabeça. Quanto à localização, 78,57% das mulheres com glifosato elevado residiam a até 500 metros de áreas de cultivo.
Conclusões/Considerações
Os resultados sugerem associação entre exposição ao glifosato e alterações hormonais, metabólicas e neurológicas entre mulheres rurais. A proximidade com lavouras agrícolas amplia a vulnerabilidade, evidenciando a necessidade de políticas públicas intersetoriais com enfoque em justiça ambiental, saúde da mulher e vigilância toxicológica.
EDUCAÇÃO EM SAÚDE UTILIZANDO A FERRAMENTA PEGADA ECOLÓGICA NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO
Comunicação Oral Curta
1 PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
Período de Realização
Atividade foi realizada no período de abril a maio de 2025
Objeto da experiência
Educação em saúde sobre o tema saúde e sustentabilidade.
Objetivos
Desenvolver ação de educação em saúde por meio do instrumento Pegada Ecológica no ambiente universitário sobre a relação entre saúde, estilo de vida e sustentabilidade. Promover a reflexão sobre os hábitos de vida que impactam a saúde individual e do planeta no ambiente universitário.
Metodologia
A ação contempla uma atividade de extensão da disciplina habilidades profissionais do curso de medicina da PUCPR que aborda o tema saúde e sustentabilidade. Foi utilizado o conceito de pegada ecológica, que permite medir a relação do estilo de vida das pessoas e a sustentabilidade do planeta. Foi utilizado a calculadora de pegada ecológica, que foram acessadas por QR CODES em pontos estratégicos como cantinas, corredores, banheiros, biblioteca e espaços de convivência do campus.
Resultados
A ação de educação em saúde foi bem aceita pelos frequentadores do campus e promoveu reflexões importantes; participaram alunos do curso de odontologia, publicidade e propaganda, direito, biotecnologia, medicina, farmácia, analista de sistemas e profissional vigilante; idades entre 17 e 49 ano; sendo 19 do sexo feminino e 15 do sexo masculinos; em relação ao deslocamento 19 usam carro, 2 carro e ônibus, 11 somente ônibus, 1 utiliza moto e 1 relata que faz os trajetos andando.
Análise Crítica
Percebe-se que ao conhecer o número de “planetas” que seu estilo de vida consome, cada participante foi convidado a repensar práticas relacionadas à alimentação, transporte, consumo e descarte de resíduos. Associar as escolhas à promoção da saúde e sustentabilidade. Para os alunos de medicina foi possível refletir sobre como o estilo de vida, as escolhas, os determinantes sociais e econômicos impactam no cotidiano e nas escolhas da pessoas.
Conclusões e/ou Recomendações
Percebe-se a importância de incluir o tema como disciplina regular dos cursos de graduação, em especial da área da saúde. Além disso, entender a importância de realizar atividades de reflexão, com apoio de ferramentas tecnológicas, sobre o impacto do estilo de vida, sobre a relação dos determinantes sociais e econômicos na saúde das pessoas e do planeta.
Realização: