
Programa - Comunicação Oral Curta - COC7.3 - Midiatização e desinformação: narrativas e estratégias
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
ARQUITETURAS DA DESINFORMAÇÃO: NEGACIONISMO VACINAL E CRISE DA MEDIAÇÃO EPISTÊMICA NO TELEGRAM
Comunicação Oral Curta
1 Faculdade de Saúde Pública - USP
Apresentação/Introdução
Ambientes digitais como o Telegram têm favorecido a circulação de discursos negacionistas e a produção de regimes alternativos de verdade. Analisa-se uma postagem antivacina que apresenta as vacinas contra a covid-19 como “armas biológicas”, articulando afetos políticos, autoridade paralela e retóricas conspiratórias.
Objetivos
Investigar, a partir de um estudo de caso, como discursos negacionistas constroem regimes alternativos de verdade no Telegram, ativando afetos políticos, retórica conspiratória e autoridade paralela, desestabilizando mediações epistêmicas.
Metodologia
Pesquisa qualitativa fundamenta-se na Análise de Discurso Crítica de Fairclough (2001), que entende a linguagem como prática social e ideológica. O corpus analisa uma postagem antivacina publicada em canal do Telegram em junho de 2024, que repercute conteúdo conspiratório do site Vigilant News, vinculado ao Creative Destruction Media. A análise considerou três dimensões articuladas: (a) textual, com foco em vocabulário, metáforas e coesão; (b) discursiva, centrada na construção de ethos e interdiscursividade; e (c) sociocognitiva-ideológica, voltada à ativação de afetos, crenças e modelos mentais que sustentam regimes alternativos de verdade.
Resultados
A análise revela uma arquitetura discursiva que desloca a autoridade epistêmica. Boyle é apresentado como especialista jurídico, cuja trajetória sustenta — no grupo e para fins antivacina — a construção de autoridade paralela, conferindo aparência de racionalidade à narrativa conspiratória. A metáfora “arma biológica” aciona afetos de medo e urgência moral. O Telegram funciona como ecossistema refratado, que favorece públicos emocionalmente coesos, resistentes ao contraditório. Tais discursos performam uma verdade afetiva, marcada por antagonismo moral, ressentimento político e colapso da solidariedade como princípio público.
Conclusões/Considerações
O caso analisado evidencia que o negacionismo não opera por mera negação da ciência, mas por sua reconfiguração discursiva. A construção de autoridade paralela, a performance afetiva e a estetização da denúncia sustentam um regime de veridicção dissidente, marcado por antagonismos morais e resistência ao contraditório, enraizados em ecossistemas digitais opacos.
CARNAVAL, SAÚDE E DESINFORMAÇÃO: A UNIDOS DO VIRADOURO E A CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS COLETIVAS DE RESISTÊNCIA, MEMÓRIA E CUIDADO EM TEMPOS DE PANDEMIA
Comunicação Oral Curta
1 ISC-UFBA
Apresentação/Introdução
O desfile da Unidos do Viradouro em 2022 propôs um diálogo entre as pandemias gripe espanhola em 1918 e do novo coronavírus 2020, articulando memória coletiva, crítica social, espiritualidade e resistência popular. A escola constrói uma narrativa que ressignifica o sofrimento, evoca a ancestralidade e dramatiza a luta pela vida, afirmando o carnaval como espaço de produção de sentidos sobre saúde.
Objetivos
Analisar como o desfile da Unidos do Viradouro mobiliza enredo, estética e memória para elaborar narrativas populares sobre saúde, desinformação, sofrimento coletivo, superação e cuidado.
Metodologia
Trata-se de pesquisa qualitativa, com abordagem descritiva e interpretativa, orientada pela análise crítica da narrativa. O corpus foi composto por documentos públicos relacionados ao desfile de 2022 da Unidos do Viradouro, incluindo o livro Abre-Alas da LIESA, vídeos, sinopses, entrevistas e registros digitais. A análise se baseou nos três planos da narrativa propostos por Motta (2013): expressão, estória e metanarrativa. As fontes foram tratadas como artefatos culturais e midiáticos, e a investigação buscou reconstruir os sentidos do enredo e sua articulação com contextos históricos, estratégias discursivas e repertórios simbólicos sobre saúde e desinformação.
Resultados
O desfile articula elementos históricos, simbólicos e afetivos para narrar sobre as pandemias e processos de cura. A crítica à desinformação aparece entrelaçada aos demais temas como fé, desigualdade social, invisibilidade dos profissionais de saúde, racismo estrutural e memória coletiva. A presença de Obaluaê, os trajes carnavalescos afro-brasileiros, o humor popular e a exaltação à vida expressam uma pedagogia do cuidado e da resistência. Ao transformar a dor em celebração, a escola reafirma o carnaval como espaço de denúncia, acolhimento e reconstrução subjetiva diante das crises.
Conclusões/Considerações
O desfile da Unidos do Viradouro reafirma o carnaval como linguagem pública de memória, crítica e saúde coletiva. Ao narrar as pandemias pela ótica da cultura popular, a escola promove um exercício de letramento afetivo e simbólico, contribuindo para uma comunicação em saúde mais sensível, interseccional e territorializada. O samba opera como prática de cuidado e como pedagogia da esperança
ESTRATÉGIAS COMUNICACIONAIS NO ENFRENTAMENTO DA HESITAÇÃO VACINAL INFANTIL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA
Comunicação Oral Curta
1 FM-USP
2 UNISANTOS
3 UNICAMP
4 UFSC
5 Instituto Butantan
Apresentação/Introdução
Questões como a queda da cobertura vacinal e a hesitação vacinal têm sido alvo de preocupações para a Saúde Coletiva. A comunicação em saúde é uma ferramenta estratégica para lidar com a hesitação vacinal, especialmente no contexto Pós-Covid19. A ausência ou a forma ineficaz de comunicação pode ser um determinante da hesitação vacinal, prejudicando a aceitação da vacina em variados cenários.
Objetivos
O objetivo deste estudo é analisar de que maneira as configurações comunicativas são abordadas nos estudos empíricos publicados sobre a hesitação vacinal da vacinação infantil.
Metodologia
Revisão sistemática, com aplicação do protocolo de checagem PRISMA. As fontes informacionais selecionadas foram: SCOPUS, Web of Science, Pubmed, Scielo e Lilacs. A busca nas fontes informacionais foi realizada por dois pesquisadores de forma independente, os achados foram enviados ao software Rayyan. O processo de extração dos dados dos artigos envolveu cinco pesquisadores, que trabalharam de forma independente. Para análise das informações extraídas foi realizada síntese temática, elaborada a partir de uma matriz de codificação, permitindo a organização dos resultados em temas centrais. A análise foi orientada teoricamente por Hepp & Hasebrink (2015) para as configurações comunicativas.
Resultados
Entraram na revisão 22 artigos. Emergiram quatro dimensões: Conceito de hesitação vacinal; Perspectiva comunicacional empregada; Tipos de estratégias comunicacionais discutidas; e, Estratégias comunicacionais anti-vacinas. Os estudos analisados indicam que o discurso antivacina nas redes sociais é sustentado por múltiplos argumentos, frequentemente ancorados em crenças conspiratórias e na desconfiança em relação às vacinas, políticas governamentais, sistemas de saúde, além da carência de informação em saúde. Destacam-se como mais eficazes as estratégias que promovem a construção de confiança, o diálogo empático e a personalização das mensagens segundo as preocupações dos pais e cuidadores.
Conclusões/Considerações
A revisão sistemática realizada demonstrou que a hesitação vacinal infantil é um fenômeno complexo, influenciado por fatores individuais, socioculturais e políticos, exigindo abordagens multifacetadas para seu enfrentamento, mas que garantam clareza conceitual em suas definições. A comunicação em saúde se revelou uma ferramenta fundamental, tanto nas interações diretas entre profissionais e cuidadores quanto nas estratégias midiáticas e digitais.
HESITAÇÃO VACINAL E DESINFORMAÇÃO NO INSTAGRAM: ANÁLISE DE ALCANCE E DISCURSO EM PERFIS ANTIVACINA VIA SOCIAL LISTENING
Comunicação Oral Curta
1 Instituto de Medicina Social - IMS/UERJ
2 Faculdade de Comunicação Social - FCS/UERJ
Apresentação/Introdução
A hesitação vacinal no Brasil tem sido intensificada pela circulação de desinformação nas plataformas digitais. . No Instagram, perfis antivacina - inclusive de profissionais da saúde - utilizam estratégias imagéticas e narrativas de forte apelo emocional para deslegitimar os imunizantes, fragilizar a confiança institucional e comprometer campanhas públicas de vacinação.
Objetivos
Analisar o conteúdo de postagens antivacina no Instagram, mensurando seu alcance, e identificando os temas utilizados para mobilizar os usuários.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, que utilizou a plataforma de social listening V-Tracker para a coleta e análise de dados. Foram examinadas postagens no feed de 13 perfis identificados como antivacinas, ou seja, que questionam a eficácia, segurança ou necessidade das vacinas; demonstram desconfiança em relação às instituições de saúde ou utilizam hashtags associadas ao movimento antivacina. O recorte temporal foi de 1º de março a 31 de maio de 2025. As ocorrências foram analisadas qualificadas segundo sentimento (positivo, negativo ou neutro), categorizadas por temáticas e seus resultados apresentados graficamente.
Resultados
Entre os perfis selecionados, havia tanto profissionais da saúde quanto páginas com conteúdo antivacina. Foram analisadas 433 ocorrências, das quais 98,6% (n = 427) expressavam sentimentos negativos sobre a vacinação. As publicações alcançaram cerca de 750.202 usuários, totalizando 1.418.484 curtidas e 91.821 comentários. A vacina contra a Covid-19 foi citada em 63,3% (n = 274) dos casos, sendo o tema mais frequente, seguida por menções a “efeitos colaterais” (35,8%; n = 155) e à proteína spike (30,5%; n = 132). As narrativas recorrentes sugerem que a vacina induz a produção da proteína spike, tida como causadora de eventuais efeitos adversos — alegação já refutada pelo Ministério da Saúde.
Conclusões/Considerações
A análise evidencia o uso estratégico de discursos desinformativos para deslegitimar as vacinas contra a Covid-19. A associação entre a proteína spike e supostos riscos à saúde contribui para alimentar percepções de insegurança vacinal. Observa-se ainda forte oposição à vacinação infantil obrigatória. A atuação desses perfis representa um obstáculo à comunicação pública em saúde e exige estratégias específicas de enfrentamento à desinformação.
O CAPS VIROU MEME: A MIDIATIZAÇÃO DA LÓGICA MANICOMIAL
Comunicação Oral Curta
1 FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
A presença do CAPS nas redes sociais traz à tona questões críticas sobre a representação da saúde mental. A viralização de memes relacionados ao CAPS evidencia a significação hodierna da loucura e a construção social da saúde mental, por meio de conteúdos estigmatizantes que contribuem para a desinformação sobre a RAPS, desafiando a compreensão pública e reforçando preconceitos.
Objetivos
O principal objetivo deste trabalho é analisar como a midiatização do CAPS, por meio de memes, influencia a percepção pública sobre a saúde mental e a loucura, especialmente no que diz respeito à desinformação sobre a RAPS.
Metodologia
A metodologia adotada é fundamentada na análise do discurso foucaultiana, que permite explorar como os memes funcionam como dispositivos de poder e saber na construção das narrativas sobre a saúde mental e a loucura. A pesquisa se propõe a realizar uma análise qualitativa de conteúdos relevantes, tanto os memes coletados em plataformas de redes sociais quanto as notas de repúdio e posts críticos elaborados nos fóruns de usuários da RAPS.
Resultados
Os resultados preliminares indicam que a maioria dos memes analisados apresenta uma forte carga de estigmatização e desinformação sobre a RAPS. Muitos memes abordam a loucura de forma trivializada, reforçando estereótipos negativos e distorcendo a função do CAPS na promoção da saúde mental. A análise do discurso revela como esses memes contribuem para o fortalecimento de uma lógica manicomial que pode marginalizar ainda mais as vozes dos indivíduos atendidos, perpetuando preconceitos e desinformação.
Conclusões/Considerações
A midiatização do pensamento manicomial reforça estigmas e desinforma sobre a efetiva atuação do CAPS. É fundamental que profissionais de saúde mental e comunicadores compreendam e utilizem as plataformas digitais de forma ética e responsável, promovendo uma representação mais justa e informada de questões relacionadas à loucura e à saúde mental, além de ressaltar a importância do CAPS na reforma psiquiátrica e na luta contra o estigma.
O JORNAL FOLHA DE S.PAULO E A HESITAÇÃO VACINAL INFANTIL NO CONTEXTO PÓS-PANDEMIA COVID-19: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL
Comunicação Oral Curta
1 FMUSP
Apresentação/Introdução
Hesitação vacinal refere-se ao ato de adiar ou rejeitar vacinas recomendadas, mesmo quando estas estão disponíveis. A comunicação jornalística molda práticas sociais e foi decisiva na pandemia do COVID-19. A forma como a informação é transmitida pode fortalecer tanto a vacinação quanto a própria hesitação vacinal, sobretudo à vacinação infantil.
Objetivos
Analisar como a Folha de S.Paulo (FSP) aborda a vacinação infantil contra a COVID-19, identificando temas e argumentos nas reportagens e avaliando os comentários de leitores, com foco em seus marcadores sociais e políticos.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa documental, de abordagem qualitativa, que analisa as estratégias comunicativas da Folha de S. Paulo sobre a vacinação infantil contra a COVID-19, entre 27 de agosto de 2021 e 24 de junho de 2024. Foram mapeados 41 reportagens e 272 comentários de leitores no portal e redes sociais do jornal. Para análise dos resultados, foi realizada uma análise temática que revelou dimensões relacionadas à questões políticas, de gênero, religião, classe e à vacina propriamente dita. A investigação adota o referencial TAR (Teoria Ator-Rede), focando nas interações entre mídias, tecnologias e práticas sociais.
Resultados
As dimensões relacionadas ao tema da política e da vacina foram as que mais tiveram mobilização por parte dos leitores da Folha. As matérias recorrem a especialistas — alguns repetidamente em várias reportagens — e exploram imagens de crianças vacinadas e filhos de figuras públicas, somando apelo emocional e credibilidade. Nos 272 comentários analisados, prevalecem críticas ao governo, com menor presença de defensores da vacina. A remoção de comentários ofensivos limitou parte da análise. A vacinação infantil se consolida como um campo de embate onde política e ciência se confrontam na esfera pública.
Conclusões/Considerações
A análise dos discursos midiáticos sobre a vacinação infantil contra a COVID-19 na FSP mostra que o tema ultrapassa o debate técnico, envolvendo disputas políticas, simbólicas e sociais. Reportagens com viés político geraram mais engajamento que as focadas na imunização, revelando como o enquadramento jornalístico pode moldar a opinião pública. Desse modo, notam-se perspectivas jornalísticas polarizadas amplamente presentes no campo das vacinas.
PERCEPÇÃO PÚBLICA SOBRE A VACINA QDENGA: UMA ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS NO PERFIL DO JORNAL O GLOBO NO FACEBOOK
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz
2 UFF
Apresentação/Introdução
Doença febril aguda, com recordes históricos de mortes no Brasil (2022, 2023 e 2024), a dengue tem nova forma de prevenção: a vacina Qdenga. Ofertado à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e anunciado pela mídia, o imunizante faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI) como uma das estratégias de combate à doença. Porém, a forma como é divulgado gera impactos para o direito à saúde.
Objetivos
Mapear, identificar e tipificar quais são os principais aspectos que aparecem na percepção pública sobre a vacina Qdenga como parte do combate à epidemia de dengue no Brasil.
Metodologia
Inspirados na análise de conteúdo categorial de Bardin, iniciamos selecionando o perfil do jornal O Globo no Facebook. A escolha pelo periódico se deu por atualmente ser o jornal brasileiro com o maior número de seguidores no Facebook. Após isso, estabelecemos como recorte temporal o ano de 2024, ano de inclusão da Qdenga no PNI. Depois, empreendemos a coleta de dados realizando a busca por postagens com as palavras Qdenga, Vacina e Dengue na chamada, totalizando 8 postagens. Juntas, essas publicações somaram 550 comentários que, após serem analisados, nos levaram a cinco categorias principais: aceitação, hesitação, recusa, polarização política e outros.
Resultados
Os comentários estão divididos em: polarização política (388) – categoria que superou as outras em comentários, teve o maior número de links externos e também aparece relacionada à polarização política das vacinas da covid-19; aceitação (84) – que engloba não só comentários onde afirma-se a segurança e a necessidade da vacinação, mas também os que pedem maior urgência ou quantidade de vacinas; recusa (44) – onde a negação à vacina não aparece atrelada a questões políticas, mas à desconfiança no imunizante; outros (32) – comentários que não tratam nem de modo transversal sobre a vacina; e hesitação (2) – que expressam dúvida com relação a necessidade e/ou eficácia e segurança da vacina.
Conclusões/Considerações
Apesar dos comentários de aceitação a vacina superarem os de recusa e de hesitação, o que nos dá indícios para pensarmos a primeira como a categoria que prevalece na percepção pública sobre a vacina Qdenga, consideramos importante destacar que a polarização política, categoria com engloba mais de 70% dos comentários, permanece como herança da politização da covid-19 e como um grande desafio à saúde coletiva e ao direito à saúde.
REPRESENTAÇÕES DA MÍDIA SOBRE OS IMPACTOS DAS INUNDAÇÕES NA SAÚDE EM PERNAMBUCO ENTRE 2015 E 2024
Comunicação Oral Curta
1 Universidade de Pernambuco (UPE)
2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
3 Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz Pernambuco (IAM/Fiocruz-PE)
4 Universidade de Brasília (UnB)
Apresentação/Introdução
Nos últimos 50 anos, as mudanças climáticas afetaram 185 milhões de pessoas, resultando em mais de 30.000 mortes. O negacionismo climático oculta os impactos e naturaliza os desastres, ignorando sua construção social. Nesse contexto, a mídia pode influenciar percepções sociais e políticas públicas, sendo estratégica na gestão de riscos e na produção de sentidos sobre saúde e ambiente.
Objetivos
Analisar como a mídia representou os impactos das inundações na saúde em Pernambuco, entre 2015 e 2024, a partir da cobertura dos jornais de Pernambuco.
Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e documental, realizado em três etapas: 1) Coleta de notícias sobre inundações publicados entre 2015 e 2024 nos jornais Folha de Pernambuco e Jornal do Commercio; 2) Caracterização quantitativa do material; 3) Análise de Conteúdo. A busca utilizou as palavras-chave “enchentes”, “chuvas” e “inundação”, com exclusão de propagandas e matérias sem relação com saúde ou os eventos. As buscas foram feitas via Google com filtros específicos para os jornais de interesse. O marco temporal se justifica pela adoção do Marco de Sendai (2015), que destaca o papel da comunicação na gestão de riscos de desastres.
Resultados
Foram analisadas 20 reportagens publicadas entre 2017 e 2024, com maior concentração em 2022 e 2023 (15). Jaboatão foi o município mais citado (8). Três temas centrais surgiram: impactos nas comunidades, falhas na gestão e mobilização popular. As notícias tratam das inundações em Pernambuco sob uma ótica naturalizante, invisibilizando os aspectos sociais dos desastres. Entre os impactos, destacam-se desalojamentos, óbitos, paralisação de serviços de saúde e falta de água e energia. As respostas dos gestores foram majoritariamente emergenciais. Apenas 6 reportagens destacaram os impactos na perspectiva dos moradores, evidenciando perdas, ausência do Estado e resiliência coletiva.
Conclusões/Considerações
As notícias veiculadas pelos jornais pernambucanos tendem a naturalizar as inundações, ocultando as responsabilidades e legitimando a negligência estatal frente à gestão de riscos de desastres. Portanto, torna-se urgente implementar estratégias de comunicação integradas à gestão de riscos e à justiça socioambiental para fomentar a criação de políticas públicas estruturais, intersetoriais e preventivas, bem como fortalecer as comunidades afetadas.
DIREITO SANITÁRIO NO INSTAGRAM: UMA RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A ATUAÇÃO DE PERIÓDICO CIENTÍFICO EM REDE SOCIAL NÃO ACADÊMICA
Comunicação Oral Curta
1 Programa de Direito Sanitário, Fundação Oswaldo Cruz, Brasília, DF.
Período de Realização
Primeiro ano no Instagram do periódico Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário (CIADS).
Objeto da experiência
A comunicação científica de periódico na área de Direito Sanitário na rede social Instagram.
Objetivos
Descrever as ações desenvolvidas no perfil do Instagram do CIADS no período de 04/2024 a 04/2025 voltadas a promover a divulgação científica no campo do Direito Sanitário.
Descrição da experiência
O CIADS é editado pelo Programa de Direito Sanitário, Fundação Oswaldo Cruz de Brasília, e ingressou no Instagram em 2024. A equipe responsável pela rede social é composta pela editora-chefe, assistente editorial e estagiária. A inserção na plataforma demandou novas práticas de comunicação digital e o aprendizado do uso de ferramentas para o engajamento do perfil. Foram analisados relatórios de insights para compreender quais publicações de maior alcance e melhores formas de planejar ações.
Resultados
As estratégias para expandir a comunicação e aproximar pesquisadores e o público em geral, se baseiam em conteúdos interativos, informativos e de fácil compreensão, sem perder o rigor científico. Uma ação de destaque é a série ‘Artigo em Foco’ em que o autor do artigo realiza um breve relato, no formato de vídeo, apresentando a pesquisa e instigando o público a consultar o material na íntegra. A série apresenta os maiores índices de visualizações e compartilhamentos.
Aprendizado e análise crítica
Em seu primeiro ano, o perfil conquistou mais de mil seguidores e mantém uma atuação constante mediante publicações regulares de efemérides, lançamento de edições, marcos de saúde importantes, cards explicando sobre a revista e divulgação geral. A atuação na rede social não acadêmica se apresenta como um espaço amplo de comunicação e serve como ferramenta para a democratização do conhecimento, rompendo com modelos tradicionais de divulgação de artigos científicos.
Conclusões e/ou Recomendações
O Instagram apresenta-se um novo paradigma nos modos de comunicação científica para os periódicos. Ações interativas propiciam uma maior aproximação do público científico e sociedade em geral com os temas de direito sanitário tratados no periódico.
SAÚDE_POD: O PODCAST COMO ESTRATÉGIA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E PROMOÇÃO DA SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBTQIAPN+ NAS CONFERÊNCIAS LIVRES DE SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 IFRS Alvorada
Apresentação/Introdução
Este relato integra os achados da pesquisa “Saúde e Democracia: estudos integrados sobre a atuação cidadã na 16ª e 17ª Conferências Nacionais de Saúde”. A partir das Conferências Livres da População LGBTQIAPN+, organizadas em diversas regiões do Brasil, o SAÚDE_POD foi desenvolvido como ferramenta de escuta e difusão das propostas construídas nesses espaços.
Objetivos
Divulgar, por meio de podcast, os temas e propostas emergentes das Conferências Livres voltadas à população LGBTQIAPN+, promovendo acesso democrático à informação e ampliando o alcance das pautas debatidas.
Metodologia
Foram selecionadas Conferências Livres com enfoque na saúde LGBTQIAPN+, realizadas na etapa preparatória da 17ª CNS. A partir da transcrição de entrevistas com participantes e da análise de relatórios oficiais, foram elaboradas categorias temáticas que fundamentaram o roteiro do segundo episódio do SAÚDE_POD. O conteúdo incluiu trechos das falas e referências conceituais complementares. A produção envolveu também entrevistas com especialistas, além da edição e veiculação em plataformas digitais e rádios comunitárias, ampliando o acesso aos debates e promovendo a escuta sensível das narrativas construídas nesses espaços de participação.
Resultados
O episódio abordou a invisibilidade histórica das demandas LGBTQIAPN+ nas políticas públicas de saúde, destacando propostas como a ampliação dos ambulatórios trans, a inclusão da hormonização na atenção primária, a garantia dos direitos reprodutivos de mulheres lésbicas e o combate à violência institucional. As conferências livres demonstraram força mobilizadora ao integrar diferentes movimentos sociais, territórios e linguagens. O podcast revelou-se um meio eficaz de divulgação científica, proporcionando pertencimento e engajamento por meio de uma linguagem acessível e afetiva, aproximando os saberes construídos nas conferências da população em geral.
Conclusões/Considerações
O SAÚDE_POD evidenciou-se como uma potente estratégia de comunicação em saúde ao transformar vivências e propostas das Conferências Livres LGBTQIAPN+ em conteúdo acessível e mobilizador. Ao promover a escuta qualificada e democratizar o acesso ao conhecimento produzido coletivamente, fortalece o controle social, contribui para a formação crítica e amplia a visibilidade das pautas interseccionais no SUS.
REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO ALÉM DA RUA
Comunicação Oral Curta
1 UFOB
Período de Realização
Maio de 2024 a Maio de 2025.
Objeto da experiência
Educação e comunicação em saúde sobre população em situação de rua conduzida por estudantes de Medicina na página @saudepopular.ufob no Instagram
Objetivos
Descrever a experiência de estudantes de Medicina na promoção de vivências educativas em saúde para a sociedade civil, utilizando o Instagram para engajamento e disseminação do conhecimento e fomento à inclusão social e promoção da saúde das pessoas em situação de rua.
Metodologia
Foram desenvolvidos e divulgados, por meio da conta no Instagram, conteúdos acerca de temáticas relacionadas à população em situação de rua, no que tange a políticas públicas, especificidades por grupo etário e gênero, direito à saúde e atenção e cuidado em saúde (DCNTs, higiene íntima, etc). Utilizaram-se estratégias como quizzes, cards e vídeos educativos. A metodologia fundamentou-se na Educação e Comunicação Popular em Saúde, priorizando o diálogo e a construção coletiva do conhecimento.
Resultados
Os conteúdos educativos têm alcançado um público bastante diverso, tanto da comunidade universitária quanto da população em geral. Em média, por mês, 10 mil contas são alcançadas, com mais de 40 mil visualizações nos últimos 30 dias. Os materiais digitais são produzidos em linguagem acessível, e divulgados em veículo de informação acessado frequentemente e com facilidade pelos mais variados públicos, proporcionando assim amplo alcance de informações sobre a população em situação de rua.
Análise Crítica
As postagens buscam diminuir o estigma sobre população em situação de rua, desmistificando paradigmas sobre esse grupo. Observamos que o projeto sensibilizou a comunidade e integrou o ambiente acadêmico a temas que afetam a população em situação de rua, considerando o crescente interesse nos temas tratados e envolvimento cada vez maior do público. Um dos principais desafios foi adaptar a linguagem acadêmica o que possibilitou o desenvolvimento de habilidades de comunicação entre os discentes.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência mostra o potencial das redes sociais como aliadas na educação em saúde, na luta por justiça social e na sensibilização da sociedade. Recomenda-se o uso de ferramentas digitais com linguagem acessível e base técnica para ampliar o acesso à informação. As publicações no Instagram promoveram diálogo e troca de saberes, reforçando a importância de estratégias inovadoras na promoção da saúde.

Realização: