Programa - Comunicação Oral Curta - COC18.3 - Nutrição, Corpo e Cuidado
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
AUTOESTIMA EM ADOLESCENTES E SUA ASSOCIAÇÃO COM A AUTOPERCEPÇÃO CORPORAL E O ESTADO NUTRICIONAL
Comunicação Oral Curta
Araújo, L.L.1, Frota, K.M.G1, Paiva, A. A1, Brito, A. N. M.1
1 Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Apresentação/Introdução
Na sociedade atual, a valorização da aparência impulsiona a busca pelo corpo ideal, afetando a autoestima dos adolescentes. Muitos desenvolvem percepção distorcida e insatisfação corporal. Apesar dos padrões de magreza, o excesso de peso é comum. Há poucos estudos no Brasil sobre autoestima, estado nutricional e imagem corporal, o que reforça a urgência de mais investigações.
Objetivos
Analisar a autoestima de adolescentes em escolas públicas de Teresina-PI e sua associação com a autopercepção corporal e com o estado nutricional.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo e analítico, realizado em escola pública municipal de Teresina-PI, com amostra de conveniência composta por 50 adolescentes (12 a 15 anos, 7º e 8º ano). Incluídos os que tinham frequência regular e consentimento formal dos pais; excluídas grávidas ou com impedimentos físicos. Dados coletados em sala reservada. Aferiram-se peso, altura, sexo, idade, autoestima (Escala de Rosenberg) e imagem corporal (Stunkard). Antropometria foi duplicada, usando balança Seca e estadiômetro Avanutri. Classificação nutricional pelo IMC/I (escore-z, OMS 2007). Análise no Stata v.12 (p<0,05). Projeto aprovado pelo CEP/UFPI (Parecer 6.850.690), com TCLE e TALE assinados.
Resultados
A amostra (n=50; 12–15 anos; média 13,02 ± 1,17) teve maioria feminina (60%). Baixa autoestima apareceu em 16%, mais em meninas (23,3%) que meninos (5%) (p = 0,014). A insatisfação corporal foi alta (84%), predominando por magreza (52%). Meninas dividiram-se entre insatisfação por magreza (43,3%) e por excesso de peso (40,0%), enquanto meninos relataram mais insatisfação por magreza (65,0%). 69,4% estavam eutróficos; 28,6% com excesso de peso, mais frequente em meninas (37,9%). Todos com baixa autoestima estavam insatisfeitos com o corpo.
Conclusões/Considerações
Baixa autoestima e excesso de peso afetaram mais meninas. Adolescentes com baixa autoestima mostraram maior insatisfação corporal, mas mesmo eutrofia ou boa autoestima não garantiram satisfação. Os achados reforçam a importância de ações em saúde que promovam a aceitação corporal e apoiem a prevenção de transtornos alimentares e emocionais desde o início da adolescência.
EFEITOS DE 24 SEMANAS DE INTERVENÇÃO MULTIDISCIPLINAR, COM TREINAMENTO FÍSICO, SOBRE A AUTOESTIMA DE ADOLESCENTES COM OBESIDADE: ENSAIO CLÍNICO ALEATORIZADO
Comunicação Oral Curta
SILVA, E. R.1, NASCIMENTO, E. S2, SILVA, P. A1, SANTOS, M. J. F.1, OLIVEIRA, H. R. A.2, SILVA, D. T.2, AMARO, I. E. C.2, FARIAS, L. E. S.2, SIMÕES, M. O. S.1, FIDELIX, Y. L.2
1 UEPB
2 UNIVASF
Apresentação/Introdução
A autoestima é a valoração que o indivíduo faz de si com base em valores pessoais. Na adolescência, sua construção envolve a relação com o corpo e a obesidade pode afetá-la negativamente, pois o jovem passa a se perceber diferente socialmente, o que compromete sua imagem e identidade em formação. Além disso, estudos apontam que a obesidade é um fator de risco para baixa autoestima.
Objetivos
Verificar os efeitos de 24 semanas de uma intervenção multidisciplinar, com treinamento físico em intensidade autosselecionada, sobre a autoestima de adolescentes com obesidade.
Metodologia
Ensaio clínico aleatorizado, simples cego e quantitativo (CEP IFSertão - parecer 5.332.194). Os critérios de elegibilidade foram ter sobrepeso ou obesidade (IMC > P85), idade de 13 a 17 anos e estágio maturacional púbere ou pós-púbere. Os adolescentes foram alocados cegamente em Grupo Experimental (GE) ou Grupo Controle (GC). Ambos os grupos receberam 24 sessões (1x/semana) de intervenção psicológica e nutricional. O GE também realizou exercício físico supervisionado (3x/semana), no formato de circuito funcional. Antes e após as 24 semanas de intervenção foi aplicada a Escala de Autoestima de Rosenberg. Utilizou-se a ANCOVA e o tamanho do efeito na análise dos dados.
Resultados
Os participantes (n=44) tinham média de 14,25 (±1,42) anos, 98,83 (±21,41) kg e as meninas representavam 56,82% da amostra. Os grupos eram semelhantes na linha de base. Após 24 semanas de intervenção, não houve diferença significativa nos scores de autoestima (GC: pré=24,0±5,0; pós=25,8±5,4; GE: pré=25,6±7,0; pós=28,5±6,9; IC95%=[-4,54;1,44]; p=0,30; efeito=0,43). Tanto no momento pré quanto pós intervenção foi possível identificar maior autoestima nos meninos se comparados às meninas. Ressalta-se que a adesão ao protocolo pode ter interferido nos resultados (Psicologia: GE = 41,22%; GC = 33,24%; Nutrição: GE = 41,81%; GC = 27,68%; Exercícios: GE = 43,2%).
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a inclusão do exercício físico, como parte de uma intervenção multidisciplinar ao longo de 24 semanas, não promoveu melhorias adicionais nos níveis de autoestima de adolescentes com sobrepeso ou obesidade, quando comparados àqueles que participaram apenas das orientações nutricionais e psicológicas, sem a prática regular de exercícios físicos. Estratégias que visem a adesão aos protocolos são necessárias nos estudos futuros.
EXPERIÊNCIAS ADVERSAS NA INFÂNCIA (EAI): REPERCUSSÕES SOBRE A SATISFAÇÃO CORPORAL EM ADOLESCENTES DE 10 A 14 ANOS EM UMA COMUNIDADE PERIFÉRICA PAULISTANA
Comunicação Oral Curta
GENEROSO, N. K.1, CABRAL, C. S.1
1 FSP/USP
Apresentação/Introdução
O trabalho trata da associação entre Experiências Adversas na Infância (EAI) e satisfação corporal. O primeiro fenômeno (EAI) é pouco investigado no Brasil. O segundo é particularmente refratário às transformações pubertárias que tornam a imagem corporal especialmente vulnerável no período da adolescência inicial (10-14 anos).
Objetivos
Avaliar as associações entre EAI e satisfação corporal em adolescentes de 10 a 14 anos residentes de uma comunidade periférica do município de São Paulo.
Metodologia
Estudo transversal com dados da pesquisa multipaíses Global Early Adolescent Study (GEAS) (2021). Realizou-se inquérito domiciliar autopreenchido com amostragem por conveniência em uma comunidade periférica paulistana com adolescentes de 10 a 14 anos. Utilizou-se como desfecho a média do Índice de Satisfação Corporal (1 a 5). Regressões lineares simples e múltiplas estimaram associações com variáveis de EAI, expressas por coeficientes de regressão (β ajustado) e IC95%. Coeficientes positivos indicam maior satisfação; negativos, menor. Modelos finais incluíram preditores com p<0,20 na análise univariada; associações significativas consideraram p<0,05. As análises foram conduzidas no RStudio.
Resultados
Dos 974 participantes (idade média=12,1; desvio-padrão=1,3), 51,8% eram meninas e 80,3% relataram ao menos uma EAI, com 37,4% apresentando EAI≥4. As EAI mais relatadas foram medo de violência emocional (61,5%), negligência emocional (58,8%) e negligência física (49%), sendo as duas primeiras mais referidas por meninas. Após ajuste por idade e gênero, associaram-se a menor satisfação corporal: maior idade (β=-0,33; IC95%=-0,52;-0,13), negligência emocional (β=-0,44; IC95%=-0,69;-0,20), abuso sexual (β=-0,54; IC95%=-1,02;-0,06) e EAI≥4 (β=-0,51; IC95%=-0,85;-0,17). A instabilidade financeira no lar associou-se a maior satisfação (β=0,24; IC95%=0,01;0,49).
Conclusões/Considerações
A alta ocorrência de EAI e sua associação com menor satisfação corporal, sobretudo em casos de negligência e abuso sexual, evidenciam desigualdades de gênero. Curiosamente, a instabilidade financeira mostrou efeito protetor, possivelmente por indicar que, diante da falta de condições mínimas de sobrevivência, preocupações com a imagem corporal são menos expressas. É crucial atentar para esses efeitos em contextos de múltiplas vulnerabilidades.
FLEXIBILIDADE E SUA ASSOCIAÇÃO COM TEMPO DE TELA E PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO EM ESCOLARES DO VALE DO SÃO PATRÍCIO, GOIÁS
Comunicação Oral Curta
COSTA, M. B.1, JESUS, J. I. F. S.1, CORDEIRO, L. L.2, ALVES, V.A.2, NOGUEIRA, S.M.3, SILVA, P. R.4, NOLL, M.5
1 Universidade Federal de Goiás, Goiás, Brasil
2 Universidade Evangélica de Goiás, Campus Ceres, Goiás, Brasil
3 Universidade Evangélica de Goiás, Campus Ceres, Goiás, Brasil; Instituto Federal Goiano, Goiás, Brasil
4 Instituto Federal Goiano, Goiás, Brasil
5 Universidade Federal de Goiás, Goiás, Brasil; Instituto Federal Goiano, Goiás, Brasil
Apresentação/Introdução
A flexibilidade é uma capacidade física essencial para o desenvolvimento motor e a saúde musculoesquelética de crianças e adolescentes. O aumento do tempo de tela e a redução da atividade física entre escolares levantam preocupações sobre seus impactos na capacidade física, especialmente na flexibilidade. Contudo, ainda há poucos estudos sobre essa relação em regiões do interior do Brasil.
Objetivos
Avaliar a associação da flexibilidade com a prática de exercícios físicos e o tempo sentado em frente a telas (televisão e computador), em escolares do Vale do São Patrício, em Goiás.
Metodologia
Estudo transversal quantitativo, aprovado pelo CEP (nº 6.436.246), com participação de 741 escolares de 6 a 18 anos, sendo 49,3% do sexo feminino. A coleta de dados foi realizada mediante agendamento com as coordenações escolares. Foram utilizados o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os responsáveis e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido para os participantes. Aplicou-se o questionário BackPEI e a flexibilidade foi aferida com o teste de distância dedo-solo, utilizando régua para mensurar a distância e sendo classificada como alta (<10 cm), moderada (10 a 25 cm) ou baixa (>25 cm). A análise estatística incluiu estatística descritiva e o teste do qui-quadrado (χ²).
Resultados
A maioria dos escolares apresentou alta flexibilidade, independentemente do tempo de tela ou da prática de exercícios. Entre os que assistiam TV sentado por mais de 4 horas diárias, 71,3% tinham boa flexibilidade, semelhante aos 67,2% que assistiam até 1 hora (p = 0,383). Outrossim, não houve associação entre tempo sentado no computador e flexibilidade (p=0878), dado que, 66,1% dos que usavam até 1h/dia e 60% dos que usavam mais de 4h/dia apresentaram alta flexibilidade. Quanto à prática regular de exercício físico, 64,9% dos que não praticavam e 66,2% dos que praticavam apresentaram alta flexibilidade (p=0,657). Nenhuma das associações foi estatisticamente significativa.
Conclusões/Considerações
Na população estudada, não foi observada associação significativa entre o tempo de tela, a prática de exercício físico e os níveis de flexibilidade. Os resultados indicam que esses fatores, isoladamente, podem não influenciar de forma determinante essa capacidade física, sendo recomendada a investigação de outras variáveis, como padrões posturais e alongamentos específicos no cotidiano dos escolares.
RELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS E O ÍNDICE TYG EM ADOLESCENTES: ESTUDO PASE
Comunicação Oral Curta
DIAS, N.P.1, FILGUEIRAS, M.S1, SILVA, G.A.1, MORAIS, R.N.G1, RIBEIRO, G.J.S1, COTA, B.C.1, FONSECA, R. M. S.1, GARCIA, M. S.1, PRIULLI, E.1, NOVAES, J. F.1
1 Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Apresentação/Introdução
O índice de triglicerídeos e glicose (TyG) tem sido proposto como marcador alternativo confiável para resistência à insulina (RI). Por sua vez, o maior índice de massa corporal (IMC) e a adiposidade central estão associados à RI. Tendo em vista as elevadas prevalências destas condições já em idades jovens, torna-se necessário investigar a relação das variáveis antropométricas com o índice TyG.
Objetivos
Avaliar a relação das variáveis antropométricas com o índice TyG em adolescentes.
Metodologia
Estudo transversal com 274 adolescentes de 15 a 18 anos, participantes da coorte prospectiva “Pesquisa de Avaliação da Saúde do Escolar (PASE)” de Viçosa-MG. As variáveis antropométricas avaliadas foram: IMC por idade (IMC/I) (escore-z), perímetro da cintura (PC) e relação cintura-estatura (RCE). O índice TyG foi calculado por: ln[triglicerídeos (mg/dl) x glicose (mg/dl) /2]. A associação foi avaliada pela regressão linear, com estimativas robustas do coeficiente β e intervalos de confiança de 95%, ajustada por sexo, idade, renda familiar per capita e tempo de tela. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (4.982.479/2021).
Resultados
Os adolescentes apresentaram média de idade de 16,3 (± 0,8) anos e 52,2% (n=143) eram do sexo feminino. A média do índice TyG foi 7,82 (±0,56); enquanto as médias do IMC/I z-score, do PC e da RCE foram 0,5 (±1,31),75,06 (±11,72) e 0,45 (±0,07), respectivamente. O aumento de uma unidade do IMC (β: 0,06; IC95%: 0,01, 0,11), do PC (β: 0,01; IC95%: 0,004, 0,02) e da RCE (β: 1,78; IC95%: 0,64, 2,92) esteve positivamente associado ao índice TyG nos adolescentes.
Conclusões/Considerações
Os maiores valores das variáveis antropométricas estiveram associados ao maior índice TyG nos adolescentes. Ressalta-se a necessidade de estratégias de prevenção direcionadas aos mesmos, visando o maior monitoramento da adiposidade corporal excessiva e, consequentemente, melhorias no metabolismo da glicose.
REVELANDO A RELAÇÃO ENTRE O CAFÉ DA MANHÃ E OS COMPORTAMENTOS SEDENTÁRIOS ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS
Comunicação Oral Curta
D’ALESSANDRO , Maria Claudia1, GUBERT, Muriel Bauerman1, DIOGO, Shirley Silva1, CARMO, Ariene Silva do1, GONÇALVES, Vivian S. S1, TORAL, Natacha1
1 UNB
Apresentação/Introdução
O café da manhã (CM) está associado a uma melhor ingestão nutricional e menor consumo de alimentos ultraprocessados, enquanto sua omissão relaciona-se a maior risco de doenças crônicas. No Brasil, é uma das três principais refeições, mas há lacunas na literatura sobre aspectos comportamentais associados à sua ausência, como o sedentarismo, limitando um entendimento mais amplo sobre o tema.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo analisar o consumo de CM entre crianças escolares brasileiras, explorando sua associação com comportamentos sedentários, como o uso de telas e inatividade física.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal com crianças de 6 a 10 anos, proporcionalmente distribuídas entre macrorregiões do Brasil e tipo de escola (pública/privada), com amostra mínima de 1.966. Os dados foram coletados online (fev-nov/2022) por questionários validados. O consumo alimentar foi avaliado pelas refeições do dia anterior e identificação dos alimentos, gerando escores de ultraprocessados e de diversidade (≥5 grupos in natura ou minimamente processados/dia). O comportamento sedentário foi medido pelo uso de telas por turnos do dia. A atividade física foi avaliada pela pontuação baseada na intensidade das atividades realizadas. Coletaram-se também dados sociodemográficos e econômicos.
Resultados
A amostra final foi de 2.304 crianças, majoritariamente da região Sudeste e de escolas públicas. A maioria tinha entre 6 e 8 anos (62,6%) e vivia em famílias com até 2 salários-mínimos (65,6%). O consumo de café da manhã (CM) no dia anterior foi de 85,7% (IC95%: 84,29–87,15). O uso de telas foi identificado em 79,1% das crianças, sendo 41,4% com uso excessivo (em dois ou mais turnos). O CM foi menor entre crianças com uso excessivo de telas (RP: 0,90; IC95%: 0,84–0,97) e da região Sul (RP: 0,92; IC95%: 0,87–0,98), e maior entre crianças de 9 anos (RP: 0,94; IC95%: 0,90–0,99), com ≥4 refeições (RP: 1,44; IC95%: 1,35–1,54) e alta diversidade alimentar (RP: 1,06; IC95%: 1,00–1,12).
Conclusões/Considerações
O consumo de café da manhã é frequente entre crianças brasileiras de 6 a 10 anos, associado à região, idade, número de refeições diárias e diversidade alimentar. Destaca-se a menor prevalência entre crianças com uso excessivo de telas, comportamento sedentário que pode comprometer hábitos alimentares saudáveis. Intervenções precoces, que envolvam família e escola, são essenciais para promover o café da manhã e reduzir riscos futuros à saúde.
GANHO RÁPIDO DE PESO PÓS-NATAL E TRAJETÓRIAS DE IMC NA INFÂNCIA: EVIDÊNCIAS DE UMA COORTE DE 1,7 MILHÃO DE CRIANÇAS BRASILEIRAS
Comunicação Oral Curta
Carolina Santiago-Vieira1, Gustavo Velasquez-Melendez2, Rita de Cássia Ribeiro Silva1, Leah Li3, Juliana Freitas de Mello e Silva1, Enny S Paixão4, Maurício L. Barreto1
1 CIDACS/Fiocruz-BA
2 UFMG
3 University College London
4 London School of Hygiene & Tropical Medicine
Apresentação/Introdução
A obesidade infantil é um importante problema de saúde pública, com impactos negativos ao longo da vida. Alterações precoces no padrão de crescimento, como o ganho rápido de peso pós-natal (GRP), são potenciais preditores de trajetórias futuras de IMC.
Objetivos
Analisar a associação entre o ganho rápido de peso nos primeiros dois anos de vida e as trajetórias médias de IMC entre 3 e 9 anos de idade, avaliando se a relação varia de acordo com o peso ao nascer.
Metodologia
Trata-se de um estudo de coorte com 1,7 milhão de crianças brasileiras, com idades entre 0 e 9 anos, acompanhadas na atenção primária à saúde entre 2008 e 2017. As informações foram obtidas por meio da vinculação de bases de dados do Cadastro Único, do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). O GRP foi definido como um aumento superior a 0,67 nos escores-z de peso para idade, entre o nascimento e os dois anos de vida. Para a análise das trajetórias médias de IMC entre os 3 e 9 anos de idade, segundo o GRP e as categorias de peso ao nascer (baixo, adequado e elevado), foram utilizados modelos de efeitos mistos.
Resultados
Crianças com ganho rápido de peso (GRP) nos dois primeiros anos de vida apresentaram trajetórias médias de IMC mais elevadas entre 3 e 9 anos, em comparação às sem GRP. A diferença foi observada em todos os grupos de peso ao nascer. No peso adequado, a diferença média de IMC variou de 0,97 kg/m² (meninos) e 1,09 kg/m² (meninas) aos 3 anos, para 1,31 kg/m² e 1,43 kg/m² aos 9 anos. Entre os nascidos com baixo peso, a diferença foi de 0,94 kg/m² e 1,11 kg/m² aos 3 anos, chegando a 1,27 kg/m² e 1,35 kg/m² aos 9 anos. O maior efeito ocorreu na macrossomia: 1,85 kg/m² e 2,39 kg/m² aos 3 anos, aumentando para 2,25 kg/m² e 2,86 kg/m² aos 9 anos.
Conclusões/Considerações
Os achados evidenciam que o ganho rápido de peso nos primeiros dois anos de vida tem efeito duradouro nas trajetórias de IMC durante a infância, independentemente do peso ao nascer. Esses resultados reforçam a urgência de estratégias de vigilância nutricional precoce, com foco na prevenção de desvios no crescimento. A identificação precoce de desvios permite intervenções oportunas, visando reduzir o risco de obesidade e suas consequências futuras.
PRÁTICAS DE REENCANTAMENTO: EXPERIÊNCIAS DE CUIDADO, CIRCULAÇÃO E BRINCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE NITERÓI (RJ)
Comunicação Oral Curta
Dantas-Berger, S.M.1, Latgé, P.K.2, Cavalari Neto, R.3, Clarkson. E.F.4
1 UFF- UNIVERSIDADADE FEDERAL FLUMINENSE/ INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA
2 Associação Experimental de Mídia Comunitária – BEMTV – Prefeitura Municipal de Niterói
3 FE-USP
4 UFF- Universidade Federal Fluminense/ Instituto de Saúde Coletiva
Período de Realização
Janeiro de 2018 a dezembro de 2024, com sistematização e incidência contínua no território.
Objeto da experiência
Produção do cuidado com crianças e adolescentes em situação de rua, via práticas lúdicas, intersetoriais e contracoloniais em praças/espaços públicos
Objetivos
Consolidar práticas intersetoriais de cuidado voltadas a crianças e adolescentes em situação de rua, reconhecendo seus corpos como sujeitos de direitos, produtores de cultura e afetos. Reencantar suas infâncias por meio de ações coletivas, territoriais e brincantes
Descrição da experiência
A experiência nasce no contexto urbano de Niterói, a partir da atuação articulada entre a equipe ERIJAD, a Universidade, as redes e movimentos de proteção e atenção psicossocial. Tendo como princípios a escuta e o cuidado com infâncias vulnerabilizadas, marcadas por processos de exclusão, racismo e colonialidade, destaca-se o “Ocupa Praça – ocupa, cuida e brinca”, intervenção que, por meio de brincações transformou praças e territórios em espaços de cuidado, convivência, escuta e reencantamento
Resultados
A experiência fortaleceu vínculos com crianças e adolescentes em circulação entre ruas, abrigos e instituições. As práticas geraram maior aproximação com os serviços, incentivando a permanência nos atendimentos, a ampliação do acesso a direitos e o fortalecimento da rede. O brincar revelou-se estratégia potente de escuta e vinculação, permitindo a ressignificação de trajetórias marcadas por violências. A incidência territorial produziu efeitos micropolíticos significativos em defesa da vida
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou os limites da resposta estatal fragmentada, baseada na lógica da institucionalização, e revelou a urgência de práticas mais sensíveis, afetivas e territorializadas. Reconhecer as crianças em situação de rua como sujeitos exige romper com o adultocentrismo, o racismo e a colonialidade presentes nas práticas institucionais. A escuta qualificada, a arte, a brincação e a ancestralidade foram compreendidas como caminhos potentes de resistência e reencantamento da vida.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que práticas baseadas na ética do cuidado, na escuta e no reconhecimento das subjetividades infantis são fundamentais para garantir direitos. Recomenda-se o fortalecimento de redes intersetoriais e de políticas públicas que considerem as infâncias em sua pluralidade. O brincar deve ser reconhecido como direito e estratégia de vinculação e cuidado, contribuindo para a construção de cidades cuidadoras, antirracistas e contracoloniais.
A INTERFACE DA ATUAÇÃO INTERPROFISSIONAL NA ESTIMULAÇÃO PRECOCE DE CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE SOFRIMENTO MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
Santos, J. S.1, Castro, C. R. S.2, Mendonça, G. V.1, Costa, L. R. O.1, Simões, L. M.1, Lourenço, M. G. V.3, Nagibo, R. C.1, Teixeira, R. S. M.1
1 ICEPi
2 UFBA
3 UFAL
Período de Realização
A experiência ocorreu no período de 16 de setembro de 2024 à 18 de dezembro de 2025
Objeto da experiência
Atenção à saúde mental de crianças de 0 a 3 anos no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), com foco na estimulação precoce
Objetivos
Descrever as ações interprofissionais desenvolvidas na promoção do cuidado em saúde mental de crianças com atrasos no desenvolvimento, além de fomentar o fortalecimento dos vínculos familiares e intersetoriais, e a educação permanente dos profissionais da saúde atuantes na Atenção Primária à Saúde
Descrição da experiência
A experiência foi desenvolvida na Unidade de Saúde da Família (USF) Divino Espírito Santo após um diagnóstico situacional que indicou alto índice de agravos psíquicos em crianças. Buscou-se detectar atrasos no desenvolvimento e ampliar o cuidado integral das crianças assistidas. Assim, realizou-se ciclos de acolhimentos, atendimentos individuais, formação de grupos terapêuticos infantis e atividades formativas para familiares, educadores infantis e profissionais da saúde que atuam na USF
Resultados
Criou-se um fluxograma e realizou-se dois ciclos de acolhimentos, amparando o total de 23 crianças. Posteriormente, formou-se dois grupos infantis, o primeiro com 04 e o segundo com 03 participantes, e outras 03 crianças continuaram em atendimento individual. Foram realizadas ações de educação em saúde e na saúde abordando a saúde mental infantil, como: duas salas de espera com familiares, uma palestra com docentes infantis da rede municipal e duas oficinas formativas com profissionais da USF
Aprendizado e análise crítica
Percebeu-se fragilidades na formação dos profissionais em relação à saúde mental infantil, barreiras na adesão familiar e na articulação com a rede. Entretanto, a atuação interprofissional fortaleceu a clínica ampliada, reforçando a importância da escuta qualificada e da corresponsabilização, como preconiza a Política Nacional de Humanização. Ademais, proporcionou a integralidade do cuidado, a educação permanente e a criação do vínculo com o território para a promoção da saúde integral infantil
Conclusões e/ou Recomendações
O relato destacou a importância da interprofissionalidade e da estimulação precoce na atuação dos atrasos no desenvolvimento infantil. Fomentou, também, o potencial da intersetorialidade e da abordagem territorializada no cuidado integral à saúde mental das crianças, enaltecendo a relevância da rede e da educação permanente na formação profissional. Propõe-se, pois, a continuidade das ações e o fortalecimento contínuo dos vínculos familiares
APESAR DA TRAGÉDIA, AINDA BRINCAR: A ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO CONTEXTO DOS DESASTRES SOCIOAMBIENTAIS NO RIO GRANDE DO SUL.
Comunicação Oral Curta
CHIABOTTO, C.C.1, FLESCH, A.H.H.2, PAULON, S.M.1
1 UFRGS
2 UNISINOS
Período de Realização
A experiência ocorreu durante as enchentes no Rio Grande do Sul, nos meses de maio à julho de 2024.
Objeto da experiência
Toma-se como objeto, a realização de “Oficinas do Brincar” para crianças e adolescentes em abrigos provisórios nas enchentes do Rio Grande do Sul.
Objetivos
Discutir a relevância de espaços protegidos para crianças e adolescentes no contexto de emergências e desastres; estimular práticas brincantes à escuta e elaboração de experiências traumáticas durante catástrofes climáticas; afirmar a potência do protagonismo infantojuvenil na construção de futuros.
Descrição da experiência
Durante as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, políticas públicas intersetoriais atuaram na linha de frente dos primeiros socorros psicológicos e na organização de abrigos provisórios. A atenção psicossocial teve papel estratégico no cuidado em saúde mental coletivo e ampliado. Em Novo Hamburgo, criou-se as “Oficinas do Brincar” para escuta especializada de crianças e adolescentes, desde uma ética brincante e produtora de cuidado, proteção e acolhimento.
Resultados
As Oficinas do Brincar em abrigos provisórios demonstraram a possibilidade de exercitar um cuidado ampliado e atento às necessidades de crianças e adolescentes, instituindo espaços de encontro através da ludicidade e auxiliando a população infantojuvenil na travessia das experiências traumáticas acionadas pelas enchentes. Através do brincar, usuários participantes das oficinas puderam constituir cuidado na coletividade, participando na reconstrução de suas comunidades e territórios.
Aprendizado e análise crítica
A experiência com as Oficinas do Brincar possibilitou evidenciar a relevância do protagonismo infantojuvenil no contexto de desastres socioambientais, marcando a necessidade da escuta especializada para crianças e adolescentes que possa levar em consideração suas necessidades e singularidades. O brincar compõe ainda uma ética para a fabulação e invenção de futuros possíveis diante da catástrofe, afirmando a potência das infâncias como bússola ético-política.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a proposição de espaços privilegiados e protegidos para a livre expressão de crianças e adolescentes em contexto de desastres, torna possível a emergência de ferramentas de cuidado ampliado em saúde mental, considerando as singularidades e especificidades no que tange às necessidades da população infantojuvenil. Brincar, nestas circunstâncias, inscreve ainda a permanência de possibilidades de vida diante da destruição.
CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: A INTEGRAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE NO PLANO DAS PRÁTICAS
Comunicação Oral Curta
BONISOLO, I. C. S1, CARDOSO, GCP2
1 IFF/FIOCRUZ - Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira
2 ENSP/FIOCRUZ - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
Apresentação/Introdução
Os cuidados paliativos pediátricos consistem na assistência multidisciplinar de avaliação e alívio da dor e sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais associados as doenças crônicas, progressivas e ou avançadas que ameaçam e ou limitam a vida. O atendimento das necessidades destas crianças compreende a oferta da assistência em específico, em todos os pontos da rede de atenção à saúde.
Objetivos
A pesquisa realizada por profissional de saúde enquanto doutoranda em Saúde Pública, teve como objetivo avaliar a articulação da rede de atenção à saúde na assistência em cuidados paliativos pediátricos no município do Rio de Janeiro, Brasil.
Metodologia
O caminho metodológico compreendeu a realização de pesquisa documental e pesquisa avaliativa. A pesquisa documental debruçou-se sobre legislações selecionadas pela relevância para a temática. A pesquisa avaliativa, compreendeu a realização de entrevista, a partir de uma rede indicativa de universos familiares, composta por profissionais de saúde atuantes em cuidados paliativos pediátricos no município do Rio de Janeiro. A análise dos dados a partir de categorias analíticas possibilitou compreender a organização da rede de atenção à saúde na assistência em cuidados paliativos pediátricos assim como os processos dinâmicos de articulação da rede nos diferentes níveis de formalidade.
Resultados
Segundo arcabouço legal do SUS, os cuidados paliativos deverão ser ofertados por todos os pontos da rede de atenção à saúde, entretanto, a pesquisa revelou que apesar da atenção primária ser preconizada como ponto organizador das redes de cuidado, a lógica do modelo hospitalocêntrico está presente na assistência em cuidados paliativos pediátricos no Rio de Janeiro. Identificou-se que a interlocução entre os pontos da rede de atenção ocorre tardiamente, em cenários críticos, motivada pela alta hospitalar. E os caminhos para a articulação com os pontos da rede de atenção não são claros para os profissionais de saúde, que em sua maioria desconhecem a existência de diretrizes de referência.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a inexistência de um fluxo que oficialize as interlocuções entre os pontos da rede de atenção à saúde na assistência em cuidados paliativos pediátricos, tem propiciado o uso funcional de uma rede oficiosa com meios de comunicação informais. Paralelamente o desafio para a oferta integral desta assistência especifica, está na atual fragilidade da comunicação entre os pontos da rede de atenção à saúde no município do Rio de Janeiro.
EXPOSIÇÃO PRÉ-NATAL AO CHUMBO E ALTERAÇÕES NA TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL EM UMA COORTE DE NASCIMENTOS. PROJETO PIPA UFRJ, RIO DE JANEIRO, BRASIL.
Comunicação Oral Curta
Villar, A. C. N. W. B.1, Fróes Asmus, C. I. R.1
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
Em 2021, a Organização Mundial da Saúde estimou que mais de 1,5 bilhões de pessoas, em todo o mundo, tinham algum grau de perda auditiva, e que se medidas preventivas não forem tomadas esse número pode ser superior a 2,5 bilhões em 2050. Também considerou que a exposição pré-natal a poluentes ambientais seja um dos possíveis fatores associados a alterações auditivas na infância.
Objetivos
Este estudo teve o objetivo de investigar a relação entre a exposição pré-natal a chumbo (Pb) e o resultado da Triagem Auditiva Neonatal (TAN) em participantes do Projeto Infância e Poluentes Ambientais (PIPA UFRJ).
Metodologia
A TAN foi realizada por meio das Emissões Otoacústicas por Estímulo Transiente (EOAT). As amplitudes de resposta das EOAT nas bandas de frequências de 2k, 3k e 4kHz por orelha, e o resultado da TAN, “passou” ou “falhou”, foram avaliados. Analisaram-se as concentrações de Pb através de Espectrometria de Massa por Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS). Ademais, a população de estudo foi categorizada em 3 grupos: “Pb Não Detectáveis (n=5)”, “Detectáveis abaixo da mediana (Pb<0,80μg/dL; n=184)” e “Detectáveis igual ou acima da mediana (Pb≥0,80μg/dL; n=245)”.
Resultados
434 recém-nascidos (RN) participaram do estudo, dos quais 217 eram do sexo masculino (50,1%). Evidenciou-se correlação entre a amplitude de respostas na frequência de 4kHz da orelha direita (OD) e as concentrações de Pb (ρ= -0,104; p= 0,031). Ao estratificar a amostra por sexo, foi possível identificar diferença entre os grupos de exposição nas meninas em 3kHz (R Aj= -0,137; p= 0,041) e 4kHz (R Aj= -0,189; p= 0,009) também em OD, demonstrando uma relação inversa entre as amplitudes de respostas das EOAT nessas frequências e a exposição a Pb.
Conclusões/Considerações
Este estudo demonstrou um potencial efeito tóxico do Pb nas células ciliadas externas da cóclea.
ANÁLISE ESPACIAL DA MORTALIDADE NEONATAL POR CAUSAS EVITÁVEIS NO NORDESTE DE 2010 A 2023
Comunicação Oral Curta
Gandra, H. K. S. P.1, Araujo, G. A. S.1, Brito, A. C. A.1, Sousa, D. C.1, Baima, E. F. S.1, Souza, B. F.1, Viola, P. C. A. F.1
1 UFMA
Apresentação/Introdução
A taxa de mortalidade neonatal corresponde ao número de óbitos ocorridos entre 0 a 27 dias de vida para cada mil nascidos vivos. Essa taxa vem apresentando queda no Brasil, porém ainda existe altas taxas de óbitos evitáveis por inadequada atenção à gestação, ao parto e ao recém-nascido, sobretudo na região Nordeste. Estudos espaciais são fundamentais para a melhor compreensão desse desfecho.
Objetivos
Analisar a distribuição espacial das taxas de mortalidade neonatal por causas evitáveis na região Nordeste do Brasil, no período entre 2010 e 2023.
Metodologia
Estudo ecológico, que analisou a taxa de mortalidade neonatal por causas evitáveis nos municípios da região Nordeste, no período de 2010 a 2023. Os dados foram obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), filtrado por óbitos por causas evitáveis de 0 a 4 anos, faixa etária de 0 a 27 dias, e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Foram calculadas as taxas brutas de mortalidade neonatal por mil nascidos vivos (NV) e, posteriormente, aplicou-se a suavização bayesiana empírica local para reduzir variações aleatórias e permitir uma visualização mais precisa da distribuição do risco. A análise foi conduzida com o uso dos softwares GeoDa v. 1.22® e QGIS v.3.40.7®.
Resultados
A análise espacial da mortalidade neonatal por causas evitáveis no Nordeste, entre 2010 e 2023, evidenciou importantes desigualdades territoriais. As taxas brutas variaram entre 0 e 24,8 óbitos por mil NV, com ampla dispersão entre os municípios. Após a suavização bayesiana empírica local, observou-se uma distribuição mais homogênea (taxas entre 5,0 e 17,0 óbitos por mil NV). Estados como Bahia, Pernambuco, Piauí e Maranhão concentraram os maiores valores com taxas suavizadas entre 12,0 e 17,0 óbitos por mil NV. Entretanto, as menores taxas de 5,0 a 7,0 óbitos por mil NV foram observadas em áreas do litoral do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Conclusões/Considerações
A suavização bayesiana revelou padrões territoriais consistentes da mortalidade neonatal evitável no Nordeste, destacando regiões com persistente vulnerabilidade. Os achados reforçam a importância da análise espacial ajustada para apoiar políticas públicas que enfrentem as maiores desigualdades na atenção neonatal.