
Programa - Comunicação Oral Curta - COC14.2 - Cuidado à pessoa idosa em suas diversas dimensões
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
ASSOCIAÇÃO ENTRE TRABALHO DE CUIDADO NÃO REMUNERADO E SINTOMAS DEPRESSIVOS EM ADULTOS BRASILEIROS COM 50 ANOS OU MAIS: EVIDÊNCIAS DO ELSI-BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Minas Gerais, ; Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento (NESPE)
2 Universidade Federal de Minas Gerais
3 Universidade Federal de Minas Gerais, Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento (NESPE)
Apresentação/Introdução
Apresentação/Introdução O trabalho de cuidado não remunerado, um pilar da sustentação social exercido desproporcionalmente por mulheres, representa um fator de risco para a saúde mental. No contexto de um acelerado envelhecimento populacional, torna-se imperativo investigar os efeitos desta sobrecarga em adultos mais velhos, grupo cada vez mais engajado em atividades de cuidado
Objetivos
Estimar a associação entre a intensidade do trabalho de cuidado não remunerado e a prevalência de sintomas depressivos em indivíduos com 50 anos ou mais, estratificando a análise por sexo
Metodologia
Estudo transversal com dados de 8.728 participantes da 2ª onda (2019-2021) do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil). A exposição foi o cuidado não remunerado (não cuidador; esporádico; frequente; tempo integral). O desfecho, sintomas depressivos, foi definido por escore ≥9 na escala CES-D8. As associações foram estimadas por Regressão de Poisson com variância robusta. O modelo final foi ajustado por faixa etária, cor/raça, escolaridade, renda, viver sozinho, polifarmácia, internação, fragilidade, dependência em AIVD, HAS e diabetes.
Resultados
A prevalência de sintomas depressivos foi de 24,5% entre as mulheres e 14,5% entre os homens. Na análise bruta, o cuidado em tempo integral associou-se a maior prevalência de sintomas depressivos em mulheres (RP=1,30; IC95%: 1,15–1,48), associação que permaneceu após ajuste (RP=1,18; IC95%: 1,03–1,36). Entre homens, a associação foi observada apenas no modelo ajustado (RP=1,44; IC95%: 1,01–2,04). Cuidado esporádico ou frequente não foram significativos para ambos os sexos
Conclusões/Considerações
O cuidado não remunerado em tempo integral é um fator de risco independente para sintomas depressivos em adultos mais velhos. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas que ofereçam suporte a cuidadores, como apoio psicossocial e estratégias de alívio da sobrecarga, visando mitigar as iniquidades de gênero e proteger a saúde mental diante da transição demográfica do país.
EVOLUÇÃO DOS CASOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA EM IDOSOS NO BRASIL ENTRE 2012 E 2023: UM ESTUDO DESCRITIVO COM DADOS SECUNDÁRIOS
Comunicação Oral Curta
1 UFPI
Apresentação/Introdução
A sífilis adquirida em idosos tem crescido nos últimos anos, revelando mudanças nos padrões de transmissão e desafios na detecção. Conhecer o perfil epidemiológico nessa população é essencial para orientar ações de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, considerando suas especificidades sociais, clínicas e comportamentais.
Objetivos
Analisar o perfil epidemiológico dos casos notificados de sífilis em idosos (+60 anos) no Brasil entre 2012 e 2023, com foco em variáveis sociodemográficas e evolução dos casos.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico, descritivo, realizado com dados secundários de acesso aberto das 26 unidades federativas do Brasil e o Distrito Federal. Foram utilizados os seguintes dados: sexo, raça/cor, escolaridade e evolução da doença. Utilizou-se estatística descritiva (frequências absolutas e relativas) no software SPSS, versão 25.0.
Resultados
Entre 2012 e 2023, observou-se predominância do sexo masculino entre os casos de sífilis em idosos, possivelmente ligada à maior exposição a fatores de risco ou maior rastreamento em homens. A escolaridade limitada (com muitos casos de analfabetismo ou fundamental incompleto) sugere maior vulnerabilidade social. Em relação a raça/cor, a maioria dos casos notificados não apresenta preenchimento, mas entre os registros disponíveis, observou-se predominância das categorias parda, seguida da branca. A maioria dos casos evoluiu para cura ou permanece em acompanhamento, o que pode indicar acesso aos serviços, embora a subnotificação e dados incompletos ainda limitem a compreensão plena do cenário.
Conclusões/Considerações
O crescimento da sífilis em idosos evidencia a necessidade de políticas públicas específicas para essa população, com foco em testagem, educação em saúde e cuidado contínuo, considerando as singularidades desse público e o contexto social que estão inseridos. As desigualdades regionais e sociais também devem ser consideradas, pois reforçam a necessidade de estratégias equitativas e integradas, alinhadas aos princípios do Sistema Único de Saúde.
PRESENÇA DE COMPETIÇÕES TERAPÊUTICAS E FRAGILIDADE EM PESSOAS IDOSAS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: ESTUDO SABE (SAÚDE, BEM-ESTAR E ENVELHECIMENTO)
Comunicação Oral Curta
1 Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública
2 Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Farmácia
3 University of Zurich, Centre on Aging and Mobility
4 Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Apresentação/Introdução
A complexidade da farmacoterapia na população idosa, crescente devido ao número elevado de doenças crônicas e multimorbidade, pode induzir a ocorrência de competição terapêutica, condição presente quando um medicamento aplicado a uma doença afeta negativamente outro problema de saúde também presente, podendo se associar a outros agravantes em pessoas idosas, como a síndrome de fragilidade.
Objetivos
Caracterizar a presença de competições terapêuticas e avaliar sua associação com a síndrome de fragilidade em pessoas com 60 anos ou mais no município de São Paulo.
Metodologia
Estudo transversal, de base populacional, com dados dos 1.224 entrevistados em 2015 pelo “Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento”, estudo longitudinal de múltiplas coortes sobre as condições de vida e saúde da população idosa no município de São Paulo. Fragilidade foi definida pelos cinco componentes descritos por Fried (2001), sendo “frágil” quando na presença de três a cinco componentes, “pré-frágil” com um ou dois, e “não frágil” na ausência de componentes. As competições terapêuticas foram elencadas por evidências em trabalhos prévios. A análise de associação foi realizada por meio de regressão logística multinomial, sendo a síndrome de fragilidade a variável dependente.
Resultados
11,2% dos indivíduos eram frágeis. A prevalência de competições terapêuticas foi de 13,2% no total de indivíduos, e maior no grupo de frágeis (18,7%, valor-p: 0,015). Competições envolvendo diabetes (5,1%), doença osteoarticular (3,5%) e hipertensão (3,2%) foram as mais identificadas. A mais prevalente incluía diabetes e doença cardiovascular (4,2% do total de indivíduos e 6,8% em frágeis), seguida da competição que envolvia hipertensão e doença pulmonar na presença de betabloqueadores (anti-hipertensivo) (3,2% do total de indivíduos e 2,9% em frágeis). A chance de pré-fragilidade foi 2,41 vezes maior (IC95%: 1,04-5,61) naqueles com duas competições terapêuticas segundo o modelo ajustado.
Conclusões/Considerações
Observou-se número significativo de competições terapêuticas na população idosa no município de São Paulo, sobretudo entre frágeis. A presença de duas competições foi associada à pré-fragilidade. Esses dados reforçam a necessidade de fortalecer práticas, políticas e pesquisas quanto à avaliação da farmacoterapia, em especial em indivíduos idosos e com fragilidade, para reduzir riscos à efetividade e segurança no uso de medicamentos.
DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS, EM MINAS GERAIS
Comunicação Oral Curta
1 UFOP
Apresentação/Introdução
A população idosa demanda cuidados específicos em saúde, especialmente para aqueles que residem em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). Nesse cenário, uma assistência farmacêutica (AF) de qualidade é essencial para promover o uso seguro e racional de medicamentos, contribuindo para a qualidade de vida dos idosos.
Objetivos
O presente estudo teve como objetivo realizar o diagnóstico situacional da assistência farmacêutica em uma ILPI, localizada em um município na região dos inconfidentes, em Minas Gerais.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, exploratório e avaliativo, com coleta de dados de 01 de novembro a 30 de dezembro de 2024, por meio da aplicação de questionários semiestruturados adaptados à realidade da ILPI, com base nos instrumentos da PNAUM-Serviços. Os dados foram coletados junto aos dispensadores, médico e responsável pela AF. Realizou-se observação da unidade dispensadora, avaliação das instalações, registros fotográficos e preenchimento de formulário específico. Os dados foram avaliados considerando as etapas do ciclo da AF - seleção, programação, aquisição, armazenamento e dispensação. O trabalho foi aprovado pelo CEP da UFOP, pelo CAAE: 80341624.7.0000.5150.
Resultados
Foram identificadas falhas em todas as etapas do ciclo da AF, com destaque para a ausência de farmacêutico na equipe da ILPI, a inexistência de um sistema informatizado de apoio à gestão, falta de uma lista padronizada de medicamentos e inexistência de procedimentos operacionais padrão (POPs) para as etapas do ciclo logístico. No que se refere à infraestrutura, identificou-se a ausência ou inadequação de equipamentos e mobiliários nas áreas destinadas ao armazenamento e à dispensação de medicamentos, destacando-se a existência de prateleiras e recipientes inapropriados para o acondicionamento dos medicamentos, ausência de termômetro para controle da temperatura ambiente e de computadores.
Conclusões/Considerações
A partir do diagnóstico realizado, conclui-se que a assistência farmacêutica na ILPI avaliada apresenta deficiências estruturais, operacionais e gerenciais. Os resultados reforçam a importância do fortalecimento da assistência farmacêutica nas instituições de longa permanência, como estratégia fundamental para a melhoria da qualidade de vida dos residentes e a qualificação dos serviços de saúde ofertados.
CUIDADO SISTEMATIZADO AO IDOSO: IMPLEMENTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Catalão
Período de Realização
As atividades descritas neste relato de experiência ocorreram entre outubro de 2024 e março de 2025.
Objeto da experiência
Atividade prática desenvolvida dentro de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI).
Objetivos
Descrever o processo de implementação do Processo de Enfermagem (PE) em uma ILPI do sudeste de Goiás.
Descrição da experiência
A Disciplina de Processo de Cuidar do Adulto e Idoso I é ofertada no 4º período do Curso de Enfermagem e o PE foi desenvolvido durante as aulas no cenário de prática, momento em que cada estudante ficou responsável por um morador. Para implementá-lo na ILPI, aplicou-se a Avaliação Global da Pessoa Idosa (AGPI), com vistas a uma avaliação multidimensional do morador institucionalizado. Além das escalas, para coleta de dados, empregou-se o exame físico céfalo-podálico e uma anamnese detalhada.
Resultados
Os resultados obtidos por meio das avaliações e escalas da AGPI, alicerçaram a elaboração do PE, por meio dos diagnósticos e prescrições de Enfermagem para os moradores atendidos, assim como permitiu a atualização e instituição do Prontuário do Morador para àqueles que não o possuíam. Mediante a implementação do PE, foi possível aplicar cuidados centrados nos moradores, considerando suas necessidades e individualidades.
Aprendizado e análise crítica
A ILPI, cenário deste trabalho, não possui profissionais de Enfermagem em seu quadro de funcionários, em razão disso, a coleta de dados foi uma etapa com desafios significativos. Entre os moradores institucionalizados, prevalecem àqueles com déficits cognitivos e funcionais, fatores que associados a ausência de informações documentadas, impuseram entraves para compreender seu quadro de saúde. Desse modo, a implementação do PE permitiu que acadêmicos desenvolvessem raciocínio clínico e crítico.
Conclusões e/ou Recomendações
Frente aos resultados descritos, observa-se a importância da atuação sistematizada da Enfermagem na saúde coletiva. Destaca-se, ainda, a relevância dos registros desses profissionais para a saúde, bem como dos estudantes e docente no acompanhamento da escrita no Prontuário. Assim, visualizamos que o PE organiza o cuidado, fortalece a comunicação e contribui para a efetividade do cuidado, seja ele de profissionais ou estudantes da área da saúde.
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENVELHECIMENTO NO BRASIL: ENTRE CONQUISTAS E DESAFIOS
Comunicação Oral Curta
1 UFC
2 UECE
Apresentação/Introdução
A partir de 1970, alguns avanços no campo das políticas públicas para o envelhecimento foram alcançados, fruto de lutas travadas por movimentos envolvidos com a questão. Dentre esses avanços, a Constituição Federal (1988), a Lei Orgânica da Assistência Social (1993), a Política Nacional de Assistência Social (2004) e o Estatuto da Pessoa Idosa (2003), dentre outras.
Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo descrever a história das políticas públicas para o envelhecimento no Brasil a partir da pesquisa que subsidiou a construção teórica da tese de doutorado em Sociologia pela Universidade Estadual do Ceará.
Metodologia
Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, ancorado no método hermenêutico dialético proposto por Minayo (1992), desenvolvido no âmbito da tese de doutorado. Para a construção dos marcos legais de políticas públicas para a pessoa idosa, foram selecionadas para análise aquelas implementadas de 1980 a 2024. O recorte temporal de 1980 a 2024 foi definido com base na relevância histórica e política desse intervalo para a consolidação dos direitos da pessoa idosa no Brasil. Sinalizamos que a presente pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola da Universidade Estadual do Ceará, sendo aprovada sob o número de parecer (CAAE: 81681424.1.0000.5534)
Resultados
As legislações e políticas públicas para a velhice começaram a ser formuladas e implementadas, não como mera concessão do Estado, mas como resultado das pressões e lutas dos movimentos sociais e sociedade civil organizada, os quais pressionaram ativamente na tentativa de que os direitos dos velhos fossem ampliados, efetivados e respeitados. As leis supracitadas compartilham o reconhecimento da velhice como uma fase da vida que demanda atenção específica do Estado e convergem no entendimento de que a pessoa idosa tem direito à proteção social, à dignidade, à participação ativa na sociedade e ao acesso a políticas públicas voltadas à sua condição.
Conclusões/Considerações
Na análise de políticas públicas, é preciso refletir sobre sua efetividade a partir da vivência dos demandatários. As legislações analisadas formam base sólida para um modelo de proteção social à velhice, mas sua eficácia depende de fatores externos. É essencial que os direitos garantidos sejam efetivados em práticas que promovam equidade, justiça social e reconhecimento da pessoa idosa como sujeito de direito.
ALIMENTAÇÃO E ENVELHECIMENTO SOB A PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO DISCURSO
Comunicação Oral Curta
1 UNIFOR
2 FATENE
3 UNIFANOR
Apresentação/Introdução
A alimentação é uma prática biológica e um campo discursivo onde se inscrevem memórias, afetos e disputas de saberes. A Comunidade do Dendê, situada em Fortaleza-CE, é marcada por vulnerabilidades sociais e apagamentos culturais. Adotou-se a Análise do Discurso de linha francesa como referencial teórico-metodológico, para acessar sentidos históricos nas experiências de pessoas idosas.
Objetivos
Compreender como as narrativas de pessoas idosas sobre a alimentação revelam sentidos de pertencimento, resistência, cuidado e transformação em territórios marcados pela desigualdade social e apagamento cultural.
Metodologia
Pesquisa qualitativa realizada por meio de 20 entrevistas com pessoas idosas entre 60 e 80 anos moradoras da Comunidade do Dendê- CE, no período de fevereiro a agosto de 2023, selecionados por critério de residência na comunidade a mais de 10 anos e ambos os gêneros. A análise dos dados foi baseada na Análise do Discurso de Linha Francesa, permitiu compreender como os sentidos atribuídos à alimentação se constituem historicamente nas narrativas, revelando tensões entre saberes tradicionais e captando sentidos simbólicos que emergem da alimentação, considerando os atravessamentos ideológicos e socioculturais que moldam suas experiências. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética nº 6.704.029.
Resultados
As análises evidenciaram que a alimentação é atravessada por múltiplos sentidos: cuidado, afeto, memória, prazer, interdição médica e resistência. Os enunciados revelam que o alimento não é apenas matéria de sobrevivência, mas um marcador de identidade, pertencimento e forma de enfrentamento das exclusões sociais e simbólicas vividas no envelhecimento. A comida aparece como elo entre gerações e como denúncia do apagamento de práticas culturais tradicionais. A escuta atenta das narrativas desvelou a urgência de políticas culturais e de saúde que reconheçam a subjetividade e a pluralidade das experiências alimentares em territórios vulnerabilizados.
Conclusões/Considerações
Recomenda-se que as práticas e políticas públicas em saúde coletiva considerem a dimensão simbólica da alimentação, reconhecendo-a como prática cultural e discursiva. É necessário fortalecer ações que preservem saberes alimentares tradicionais, favorecendo o cuidado ampliado e o reconhecimento identitário de pessoas idosas em contextos periféricos, que valorizem os saberes tradicionais como forma de cuidado em saúde.
DA SENESCÊNCIA À SENILIDADE: EXPERIÊNCIA DE DISCENTES DE ENFERMAGEM NO CUIDADO À PESSOA IDOSA
Comunicação Oral Curta
1 UEFS
Período de Realização
As atividades práticas curriculares ocorreram entre setembro e outubro de 2024.
Objeto da experiência
Promover ações de cuidado e promoção da saúde realizadas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) e Centros de Convivência (CC).
Objetivos
Relatar a experiência das alunas de Enfermagem da UEFS em práticas de cuidado e promoção da saúde em ILPIs e Centros de Convivência. Refletir sobre processo de envelhecimento, senescência e senilidade, e os desafios da promoção da saúde na garantia da autonomia e qualidade de vida.
Descrição da experiência
Estudantes do 5º semestre de Enfermagem da UEFS realizaram atividades práticas curriculares em um CC e em uma ILPI em Feira de Santana-BA. Empregaram a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa (AMPI) para coleta de dados, identificação de problemas, riscos e agravos, e elaboraram um plano de cuidados para atender às demandas e necessidades. Também produziram portfólios para análise das práticas e leram e discutiram artigos que subsidiaram seu processo formativo e crítico-reflexivo acadêmico.
Resultados
A realização da AMPI permitiu a identificação, nas ILPIs, de doenças crônicas, déficit cognitivo e perda de autonomia e independência. O plano de cuidados elaborado envolve a necessidade de equipe multiprofissional para impactar os problemas encontrados e prevenir novos riscos e agravos à saúde. No centro de convivência, as pessoas idosas foram identificadas, por meio da AMPI, como autônomas e independentes, ativas e socialmente engajadas, embora também foram identificadas doenças crônicas.
Aprendizado e análise crítica
Foi possível identificar a senescência e senilidade, discutir a influência de fatores ambientais e sociais no envelhecimento. Constatou-se, nas ILPIs, que a falta de estímulos e ações preventivas favorece a perda funcional. Em contraste, a promoção de atividades físicas, cognitivas e sociais nos CC promove autonomia e bem-estar. O aprendizado reforçou a importância da abordagem multiprofissional e do envelhecimento ativo na formação em enfermagem, promovendo um cuidado mais humanizado e eficaz.
Conclusões e/ou Recomendações
A AMPI é importante para personalizar o cuidado. Recomenda-se que o cuidado seja pautado em uma abordagem holística, que promova estímulos físicos, cognitivos e sociais, favorecendo envelhecimento saudável e digno. A experiência proporcionou às discentes entender a necessidade dessas premissas e serem sensibilizadas para um cuidado integral. Faz-se necessário investimentos públicos em espaços e práticas que promovam qualidade de vida e autonomia.
PROJETO DE EXTENSÃO: ENVELHECIMENTO, QUALIDADE DE VIDA E MEMÓRIAS DE PESSOAS IDOSAS ACOLHIDAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
Comunicação Oral Curta
1 UESB
Período de Realização
Junho 2024 a junho de 2025
Objeto da experiência
Atividades de estimulação das funções cognitivas e resgate das memórias de pessoas idosas no Abrigo Santa Dulce.
Objetivos
Promover a qualidade de vida e estimular a cognição das pessoas idosas do Abrigo Santa Dulce com jogos, música e dança.
Resgatar as memórias das pessoas idosas
Descrição da experiência
O projeto de extensão é realizado no abrigo Santa Dulce, no município de /Vitória da /Conquista-BA. As ações foram realizadas entre junho de 2024 a junho de 2025, com atividades e jogos (jogos de memória, quebra-cabeça, caça-palavras, palavras cruzadas, dominó, pinturas, música, dança, fotografias), que estimulam a cognição e a memória, resgata a memória coletiva e promove a socialização.
Resultados
As pessoas idosas do Abrigo Santa Dulce demonstraram melhora na interação social, autoestima e funções cognição, como memória e atenção. Observou uma expressiva mudança na interação social das pessoas idosas. Os discentes tiveram a oportunidade de desenvolverem cuidado humanizado e visão crítica sobre o envelhecimento. A experiência revelou o potencial das atividades lúdicas na promoção da saúde mental e social, com impacto positivo na comunidade institucional.
Aprendizado e análise crítica
A experiência no Abrigo Santa Dulce destacou o cuidado integral e o papel do enfermeiro na saúde coletiva. Uma abordagem inovadora, que desafia os estigmas do envelhecimento. Nessa experiência aprendemos que a formação deve integrar teoria, prática e reflexão, promovendo a empatia. O projeto é aplicável em Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas, ILPIs, mas exige sustentabilidade, e maior envolvimento entre instituições de ensino superior pública e privada para maior impacto social.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto de extensão no Abrigo Santa Dulce reforça o valor de práticas lúdicas no cuidado as pessoas idosas. Recomenda-se expandir a outras ILPIs, com formação contínua e políticas públicas para o cuidado humanizado. A experiência deve inspirar currículos dos cursos de saúde a priorizar a saúde coletiva e o envelhecimento ativo.
O CUIDADO À PESSOA IDOSA EM SITUAÇÃO DE DEPENDÊNCIA: PERCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA ALTA COMPLEXIDADE DO SUS
Comunicação Oral Curta
1 INTO/MS
Apresentação/Introdução
O envelhecimento impõe desafios ao SUS, especialmente no âmbito da alta complexidade, marcada pela elevada demanda por cuidados especializados. A hospitalização da pessoa idosa revela tensões no trabalho em saúde, na concepção de cuidado integral e no papel do Estado. A pesquisa analisou as percepções dos profissionais de saúde, influenciadas por uma visão moral e individualizada do cuidado.
Objetivos
Analisar o significado atribuído por profissionais de saúde ao cuidado de pessoas idosas hospitalizadas e discutir a organização desse cuidado e suas implicações diante das demandas da velhice no contexto da hospitalização no SUS.
Metodologia
Pesquisa exploratória de natureza qualitativa, orientada pelo método materialista histórico-dialético. Realizada em um instituto federal de alta complexidade, vinculado ao SUS e referência em ortopedia e traumatologia. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com 17 profissionais de saúde, de diferentes categorias, que, em 2023, atenderam pessoas idosas hospitalizadas. A análise dos dados seguiu a técnica de análise de conteúdo, articulada às categorias: cuidado, envelhecimento, trabalho em saúde, integralidade e política pública de saúde. A pesquisa atendeu aos princípios éticos da Resolução CNS 466/2012, com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/INTO), parecer nº 6.505.030.
Resultados
O envelhecimento com dependência é central nas tensões do trabalho em saúde, tornando o acompanhante uma figura-chave na organização do cuidado hospitalar. O cuidado é associado a valores morais, com forte presença do familismo e responsabilização da família, evidenciando os efeitos da lógica neoliberal e a desresponsabilização do Estado. A integralidade é invocada, porém limitada à justaposição de categorias profissionais, sem alcançar uma abordagem ampliada das necessidades de saúde centrada na pessoa. A sobrecarga e a escassez de recursos humanos dificultam o cuidado, e a Educação Permanente em Saúde é valorizada como estratégia de fortalecimento e humanização das práticas profissionais.
Conclusões/Considerações
O cuidado à pessoa idosa na alta complexidade é atravessado por contradições, como o familismo e a precarização do trabalho. A responsabilização familiar desloca o cuidado do campo dos direitos para o da moralidade. Defende-se sua afirmação como direito e a integralidade centrada nas necessidades de saúde. A Educação Permanente é estratégica, com potencial para qualificar práticas em saúde e desnaturalizar percepções moralizadas do cuidado.
TEMPO DE MORADIA EM COMUNIDADE RIBEIRINHA AO LONGO DA VIDA INFLUENCIA NO DESEMPENHO FÍSICO DE PESSOAS IDOSAS RESIDENTES NA AMAZÔNIA BRASILEIRA?
Comunicação Oral Curta
1 FEFF, UFAM
2 PPGSSEA, UFAM
3 PPGCIMH, UFAM
Apresentação/Introdução
O Short Physical Performance Battery (SPPB) é um instrumento de avaliação de desempenho da função física e rastreamento precoce da fragilidade em idosos. Um estudo sugere que pessoas que moraram em comunidades ribeirinhas ao longo da vida tem melhores níveis de atividade física quando idoso no Amazonas, entretanto não se sabe se este contexto interfere em outros desfechos funcionais.
Objetivos
Analisar se tempo de moradia em comunidade ribeirinha ao longo da vida interfere no desempenho físico de pessoas idosas na Amazônia.
Metodologia
Estudo transversal, de base populacional, realizado com amostra representativa de pessoas idosas (60 anos ou mais) residentes na área urbana do município de Coari, Amazonas, Brasil, e amostragem por conglomerado em dois estágios. Os idosos foram avaliados por meio de questionários e o SPPB - combinação de três testes: equilíbrio em pé, velocidade da marcha em 3 metros e tempo para realizar o teste de sentar e levantar 5 vezes. Além das associações simples, foi realizada regressão logística multivariada para verificar as variáveis associadas com os desfechos do SPPB (bom desempenho, 10-12 pontos, ou desempenho alterado, 0-9 pontos).
Resultados
A amostra foi de 273 idosos, com idade média de 71,6 (DP: 8) anos e maioria de: mulheres (63%), de renda familiar mensal maior que um salário mínimo (84%), que residiu em comunidade ribeirinha há, pelo menos, 20 anos (54%), com sobrepeso (51%), não sedentários (56%), com menos de duas comorbidades (61%), baixa autoavaliação de sua saúde (71%) e independentes nas escalas de Katz (88%) e Lawton (89%). Os fatores associados ao baixo desempenho no SPPB foram: faixa etária de 70 a 79 anos (OR = 2,06; IC95%: 1,14-3,72), analfabetismo (1,78; 1,02-3,12), sobrepeso/obesidade (2,07; 1,10-3,90) e ter morado menos de 20 anos de residência na comunidade ribeirinha (1,81; 1,02-3,20).
Conclusões/Considerações
O tempo de moradia em comunidade ribeirinha menor que 20 anos esteve associado a um baixo desempenho físico de pessoas idosas na Amazônia, independente de outras variáveis de ajuste, quando comparado às pessoas que moraram mais de 20 anos. A exposição à cultura e ao contexto ribeirinho ao longo da vida parecem influenciar desfechos físico-funcionais de pessoas idosas moradores da região amazônica.

Realização: