
Programa - Comunicação Oral Curta - COC21.2 - Cuidado Farmacêutico e Uso de medicamentos
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
CUIDADO FARMACÊUTICO NAS ÁGUAS DO TAPAJÓS: EXPERIÊNCIA DA UBSF ABARÉ I NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS DE SANTARÉM-PA
Comunicação Oral Curta
1 UFOPA
Período de Realização
Março a Novembro de 2024, durante as expedições da UBSF Abaré I nas comunidades ribeirinhas de Santarém PA.
Objeto da experiência
Descrever a atuação do farmacêutico nas expedições da UBSF Abaré I, com foco no cuidado integral e racional uso de medicamentos.
Objetivos
Fortalecer o cuidado farmacêutico nas comunidades ribeirinhas de Santarém, garantindo o acesso seguro a medicamentos, promovendo o uso racional, a adesão ao tratamento e a integração de saberes tradicionais e práticas da Atenção Primária à Saúde durante as expedições.
Descrição da experiência
Durante as expedições de 2024 da UBSF Abaré I, farmacêuticos residentes e estudantes de farmácia participaram ativamente de diversas atividades, como a dispensação de medicamentos essenciais, realização de acompanhamento farmacoterapêutico individualizado, desenvolvimento de ações educativas em saúde e apoio técnico aos programas Hiperdia e Saúde da Mulher. As estratégias foram adaptadas à realidade sociocultural local, considerando os saberes tradicionais e o contexto de vida dos ribeirinhos.
Resultados
Foram realizados aproximadamente 2 mil atendimentos farmacêuticos durante as expedições de 2024 da UBSF Abaré I. As ações envolveram orientações individualizadas, utilização de linguagem simplificada e acessível, além de materiais de apoio visual, como adesivos indicativos dos horários de administração dos medicamentos. Houve melhora significativa na adesão terapêutica, compreensão do tratamento, integração de saberes tradicionais e fortalecimento do papel do farmacêutico na Atenção Primária a saúde.
Aprendizado e análise crítica
A atuação farmacêutica exigiu sensibilidade para lidar com barreiras como baixa escolaridade, práticas tradicionais e dificuldades de acesso aos serviços de saúde. O uso de linguagem simples e recursos visuais, como adesivos, mostrou-se fundamental para promover adesão terapêutica. Como análise crítica, identificou-se a necessidade de fortalecer a logística de abastecimento e integrar melhor as políticas públicas às especificidades locais, garantindo um cuidado mais integral e equitativo.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência, mostra que é possível oferecer um cuidado integral e equitativo mesmo em cenários remotos, reforçando o papel essencial das equipes de saúde itinerantes. Além disso, o respeito aos saberes tradicionais e a integração de práticas fitoterápicas, quando seguras e eficazes, demonstram uma abordagem sensível e contextualizada, valorizando a cultura e os conhecimentos das comunidades atendidas.
CUIDADO FARMACÊUTICO NO MANEJO DA HIPERTENSÃO E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS EM PACIENTE POLIMEDICADA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UFSC
2 PMSJ
Período de Realização
Entre abril e julho de 2024
Objeto da experiência
Articulação do cuidado farmacêutico com a eSF para o manejo do uso de medicamentos de paciente idosa polimedicada vivendo com hipertensão arterial.
Objetivos
Analisar a experiência das ações de cuidado farmacêutico (CF) em articulação com a equipe multiprofissional na Atenção Primária à Saúde (APS) para promover o uso seguro e efetivo de medicamentos, envolvendo o fortalecimento de vínculos, a adesão à farmacoterapia e o manejo da hipertensão.
Descrição da experiência
Após referência da eSF, a farmácia realizou ações de CF com paciente idosa com hipertensão, diabetes e outras comorbidades, com baixa adesão à farmacoterapia, creditada às dificuldades de organizar os medicamentos. Realizou-se visitas domiciliares, fortalecendo o vínculo e identificando barreiras para adesão. Uma nova estratégia organizacional do uso de medicamentos foi implementada, usando uma caixa e planilha de uso como estratégia, orientando a família para apoiar o tratamento.
Resultados
A intervenção resultou em maior adesão ao regime farmacoterapêutico, observando-se redução nos níveis pressóricos e nas emergências hipertensivas, estabilizado-se as medidas em 140/70 mmHg. O vínculo estabelecido foi fundamental para estimular a corresponsabilização da paciente com o cuidado e um papel mais ativo da família na organização dos medicamentos. Os desfechos emergiram da interação entre a farmacêutica e a eSF, por meio da discussão do caso e de visitas domiciliares (VD) conjuntas.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou a importância do farmacêutico na promoção da efetividade, do uso seguro de medicamentos, e no fortalecimento dos vínculos no cuidado. As VD foram fundamentais para ampliar a confiança e produzir adesão. O uso de ferramentas simples, como uma caixa organizadora, mostrou-se efetivo no manejo da polimedicação. O caso reforça a premissa que o CF deve ser realizado em uma perspectiva interprofissional, visando atender às necessidades complexas de saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
As ações contribuíram para o manejo da hipertensão e a ressignificação da farmácia como apoio ao cuidado na APS, evidenciando a importância do envolvimento do CF nas abordagens interprofissionais. A incorporação sistemática de estratégias de CF nas ações da APS, tais como a gestão do uso de medicamentos, VD e consultas compartilhadas, e a discussão de casos na equipe têm grande potencial para qualificar a assistência farmacêutica no SUS.
IMPACTO DAS CONSULTAS FARMACÊUTICAS NO MANEJO DE AGRAVOS AUTOLIMITADOS EM FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS: UM ESTUDO TRANSVERSAL
Comunicação Oral Curta
1 Universidade de Brasília (UnB)
2 Universidade de Brasília (UnB); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Apresentação/Introdução
Problemas de saúde autolimitados representam grande parte das demandas assistenciais da população e frequentemente estão associadas a prática de automedicação ou a sobrecarga de unidades de pronto-atendimento. A farmácia comunitária, por sua acessibilidade, tente a ser uma apoiadora no cuidado primário a saúde, especialmente com a ampliação das consultas farmacêuticas baseadas em evidências.
Objetivos
Avaliar o perfil dos pacientes, as condutas clínicas farmacêuticas e os desfechos relacionados à resolução de agravos autolimitados atendidos em farmácias comunitárias do Distrito Federal.
Metodologia
Trata-se de estudo observacional, transversal, com abordagem quantitativa, realizado entre fevereiro e dezembro de 2024 em farmácias comunitárias de Brasília-DF. Participaram 130 pacientes atendidos por farmacêuticos clínicos com ou sem prescrição medicamentosa, conforme diretrizes clínicas previamente elaboradas. Foram aplicados questionários estruturados via Google Forms, com análise descritiva e medidas de tendência central. Incluíram-se pacientes com agravos autolimitados; casos não enquadráveis foram excluídos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB (parecer nº 5.171.224).
Resultados
Dos 130 pacientes analisados, 61,5% eram do sexo feminino e 64% tinham entre 21 e 40 anos. Os principais agravos relatados foram cefaleia (15,4%), síndromes gripais (13,1%) e dismenorreia (10%). A maioria não buscou outro profissional antes do farmacêutico (74,6%) e já apresentava sintomas há 1 a 5 dias (55,4%). Após a consulta, 72,3% relataram resolução ou melhora significativa, e 26,2% melhora parcial. Mais de 80% referiram condutas clínicas adequadas, como explicação sobre uso de medicamentos, avaliação de outros fármacos em uso e prescrição. O nível de satisfação foi elevado: 92,3% atribuíram nota máxima ao atendimento e 93,8% afirmaram que procurariam novamente o serviço farmacêutico.
Conclusões/Considerações
Os dados evidenciam o impacto positivo das consultas farmacêuticas no cuidado de agravos leves, com alta resolubilidade, aceitação e confiança dos usuários. Os resultados fortalecem o papel da farmácia comunitária como espaço estratégico para redução da automedicação e destacam o potencial de ampliação dos serviços clínicos farmacêuticos baseados em evidências.
USO DE MEDICAMENTOS POR PESSOAS IDOSAS DE UMA COMUNIDADE RURAL DO MÉDIO AMAZONAS
Comunicação Oral Curta
1 ILMD - Fiocruz / ICET -UFAM
2 ILMD - Fiocruz
3 UNB
4 ILMD - Fiocruz / ESA - UEA
Apresentação/Introdução
O envelhecimento populacional está associado ao aumento de doenças crônicas e ao uso contínuo de medicamentos, o que pode elevar os custos com saúde. Essa situação é ainda mais crítica entre indivíduos idosos residentes em áreas rurais da Amazônia, onde o acesso a medicamentos é frequentemente limitado.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo descrever as o perfil de utilização de medicamentos por pessoas idosas residentes em uma comunidade rural de um município da Amazônia brasileira.
Metodologia
Foi realizado um inquérito transversal de base domiciliar envolvendo todos os indivíduos idosos (≥60 anos) que residiam na sede da comunidade rural Novo Remanso, Itacoatiara, Amazonas. Foram realizadas entrevistas estruturadas, utilizando o aplicativo Research Electronic Data Capture (REDCap), para coletar dados sobre o uso contínuo de medicamentos, número de medicamentos utilizados, adesão ao tratamento, classes de medicamentos utilizados e fonte de obtenção dos medicamentos. O uso de medicamentos foi descrito por meio de estimativas de prevalência.
Resultados
A utilização de medicamentos de uso contínuo diário foi referida por 63% dos moradores idosos, a maioria utilizava até 2 medicamentos (52,9%) e foi identificada descontinuidade no tratamento em 10,6% dos participantes. Entre as classes de medicamentos mais utilizadas estão medicamentos com ação sobre o sistema cardiovascular, sistema digestivo e metabolismo e o sangue e órgãos hematopoiéticos. Os medicamentos utilizados eram na maioria do componente básico (65,1%), mas muitos indivíduos idosos relataram utilizar ao menos um medicamento não incorporado ao SUS (33,3%). Além disso, a maioria dos indivíduos idosos relatou despesa direta com medicamento(s) (58,2%).
Conclusões/Considerações
Os achados do estudo evidenciaram a alta prevalência do uso de medicamentos entre os indivíduos idosos, associado à alta adesão ao tratamento e baixa complexidade. Entretanto, fica evidente uma demanda reprimida e um custo com medicamentos que pode gerar impactos econômicos à população, evidenciando desafios do serviço da atenção primária local na redução das barreiras de acesso à utilização de medicamentos pelas pessoas idosas.
USO DE MEDICAMENTOS PRESCRITOS E NÃO PRESCRITOS ENTRE IDOSOS DO CENTRO-SUL DA BAHIA: IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO SUS
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
Apresentação/Introdução
O envelhecimento populacional tem ampliado a polifarmácia e o uso de medicamentos inapropriados, sobretudo sem prescrição. O monitoramento do uso de medicamentos em idosos é essencial para orientar ações de promoção do uso racional no SUS, contribuindo para a qualificação da assistência farmacêutica.
Objetivos
Descrever o uso de medicamentos prescritos e não prescritos entre idosos de um município do centro-sul da Bahia.
Metodologia
Estudo transversal de base populacional, com entrevistas domiciliares realizadas entre março e abril de 2023, em um município do centro-sul da Bahia. Foram incluídos idosos com 60 anos ou mais. Os medicamentos utilizados nos 15 dias anteriores à entrevista foram registrados a partir da apresentação da embalagem ou prescrição. Os medicamentos foram classificados segundo os dois primeiros níveis da classificação anatômica e terapêutica (Anatomical Therapeutic Chemical Classification System - ATC) e estratificados em prescritos (P) e não prescritos (NP). Foram estimadas as prevalências de utilização, de acordo com a prescrição.
Resultados
Foram entrevistados 449 idosos. Entre eles, 14,2% não usavam medicamentos, 76,2% usavam apenas prescritos, 1,1% apenas não prescritos e 8,5% ambos. Dos 1.388 medicamentos relatados, 95,8% eram prescritos e 4,2% não prescritos. Para o primeiro nível ATC, foram mais frequentes aqueles utilizados para o sistema cardiovascular (P-50,8%; NP-41,4%), digestivo/metabolismo (P-15,6%; NP-24,1%) e sistema nervoso (P-14,8%; NP-12,1%). No segundo nível, destacaram-se agentes do sistema renina-angiotensina (P-18,7%; NP-20,7%), diuréticos (P-12,9%; NP-6,9%), medicamentos para diabetes (P-9%; NP-13,8%), analgésicos (P-3%; NP-10,4%) e psicoanalépticos (P-6,5%; NP-1,7%).
Conclusões/Considerações
A elevada frequência do uso de medicamentos prescritos entre idosos reflete a necessidade de acompanhamento da terapia prescrita e do uso correto dos medicamentos. Apesar da menor proporção, os não prescritos envolvem classes de risco, como analgésicos e antidiabéticos. Os achados reforçam a importância de fortalecer a assistência farmacêutica no SUS com ações educativas, farmacovigilância e acompanhamento clínico.
USO DE MILTEFOSINA NO TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR NO BRASIL: UM ESTUDO FARMACOEPIDEMIOLÓGICO
Comunicação Oral Curta
1 Instituto René Rachou - Fiocruz Minas
Apresentação/Introdução
A leishmaniose tegumentar (LT) é endêmica no Brasil e, desde 2018, passou a contar com a miltefosina como primeiro tratamento oral incorporado ao protocolo nacional. Embora de notificação compulsória, a falta de um sistema integrado de registros limita a compreensão do cenário da LT. Assim, estudos farmacoepidemiológicos são cruciais para avaliar o uso de medicamento e ampliar o acesso ao tratamento.
Objetivos
Descrever as solicitações de dispensação da miltefosina para tratamento da LT no Brasil, no período de janeiro de 2021 a outubro de 2024, a partir da base de dados do Programa Nacional de Leishmanioses do Ministério da Saúde (PNL-MS).
Metodologia
Trata-se de um estudo farmacoepidemiológico retrospectivo, baseado na análise de dados secundários provenientes dos registros do formulário de solicitação de dispensação de miltefosina pelo PNL-MS. As variáveis analisadas incluíram dados sociodemográficos, clínicos e relacionados ao tratamento, existentes no formulário. Foi realizada análise descritiva das variáveis categóricas e contínuas e análise do deslocamento dos pacientes entre município de residência e unidade dispensadora.
Resultados
Foram identificados 3.892 formulários de solicitação de miltefosina para 2.203 pacientes. A maioria era do sexo masculino (75,5%), de cor parda (59,4%) e com idade média de 52,5 (±18,2) anos. A forma clínica predominante foi a LT cutânea localizada (84,4%) e a maioria possuía histórico de tratamento prévio (67,6%). Além disso, 317 pacientes tinham registros de recidiva na solicitação e 44 eram co-infectados pelo HIV. O diagnóstico foi realizado majoritariamente pelo exame parasitológico direto (58,7%), seguido do histopatológico compatível (16,4%). Os estados do Maranhão, Rondônia e Minas Gerais concentraram o maior número de pacientes com solicitações, totalizando 534, 380 e 204, respectivamente.
Conclusões/Considerações
Os resultados do estudo oferecem subsídios relevantes para melhor compreender o acesso à miltefosina no âmbito do PNL-MS. Essas informações são fundamentais para orientar políticas públicas, qualificar a organização dos serviços e direcionar a distribuição equitativa do medicamento, fortalecendo as estratégias de controle da leishmaniose tegumentar e aprimorando a atenção à saúde.
USO DE PSICOFÁRMACOS ENTRE POVOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 UFJF campus Governador Valadares
2 UFJF
3 UFRN
4 UFAL
5 UFDPar
Apresentação/Introdução
O uso de psicotrópicos aumentou nos últimos anos no Brasil, principalmente nos grupos socialmente vulneráveis. Estes enfrentam desafios: perda de território e de identidade cultural; violência e discriminação, impactando na saúde física e mental. Logo, tem-se uma a medicalização da saúde e da própria vida, em detrimento de uma abordagem holística, alinhada à integralidade do cuidado em saúde.
Objetivos
Conhecer o uso de psicofármacos em comunidades indígenas e quilombolas.
Metodologia
Estudo exploratório, transversal e descritivo, que compôs o projeto multicêntrico denominado “Saúde Mental e Povos Tradicionais: desenvolvimento de tecnologias de detecção, análise e atenção para populações vulneráveis de difícil acesso”, submetido à CONEP e aprovado sob parecer nº 4.669.056. A pesquisa foi realizada em comunidades indígenas e quilombolas de Alagoas, Rio Grande do Norte, Piauí (PI), e Minas Gerais (MG), num total de 229 famílias. Em MG, participaram o Quilombo dos Candendês e a família indígena, os quais ficam localizados em distritos de Barbacena. Foi aplicado um questionário validado e adaptado com perguntas que se referiam a utilização de medicamentos psicotrópicos.
Resultados
Participaram 229 famílias de AL: 24,0%, MG 27,5%, PI 40,6% e RN 7,9%. Destas 34,9% (n = 80) possuíam familiar que utilizavam psicofármacos. Dos participantes individuais, 53 foram usuários de psicofármacos, sendo a maioria de MG e PI. Os antidepressivos (1º lugar), ansiolíticos e antipsicóticos foram as classes farmacológicas mais consumidas. 43,4% dos usuários tiveram acompanhamento médico; 42,3% interromperam a farmacoterapia sem orientação médica, por desconforto ou efeito indesejado em relação aos medicamentos. Quanto ao acesso aos psicofármacos, 63,5% que adquiriam os medicamentos em drogarias, mediante pagamento. E, 21,2% tiveram acesso em estabelecimentos públicos de forma gratuita.
Conclusões/Considerações
No Brasil, o uso de psicofármacos entre grupos socialmente vulneráveis mostrou que não há seguimento e manejo adequados dos casos de uso desses medicamentos, e que existem obstáculos para o acesso aos medicamentos. Assim, propicia o aumento do Uso Irracional de Medicamentos, bem como dos gastos para a gestão da Assistência Farmacêutica, estimulando a medicalização da saúde e da vida, e comprometendo a integralidade do cuidado em saúde.
VIVÊNCIA DAS PESSOAS IDOSAS E SEUS CUIDADORES SOBRE AS ORIENTAÇÕES A RESPEITO DO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DO IDOSO RECEBIDAS NO MOMENTO DA ALTA HOSPITALAR: UMA REVISÃO
Comunicação Oral Curta
1 Professora Substituta do Departamento de Farmácia Social da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais.
2 Hospital Felício Rocho
3 Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia
Apresentação/Introdução
As pessoas idosas tendem a apresentar múltiplas doenças, deixando-as mais propensas a transitarem entre os serviços de saúde e a utilizarem muitos medicamentos. Após uma internação hospitalar, elas podem apresentar alterações no seu estado de saúde e na sua farmacoterapia. Logo, tanto os idosos, quanto seus familiares devem ser orientados a respeito dos medicamentos no momento da alta hospitalar.
Objetivos
Reunir estudos que abordaram a vivência das pessoas idosas e de seus cuidadores em relação às orientações sobre tratamento medicamentoso do idoso recebidas no momento da alta hospitalar.
Metodologia
Trata-se de uma síntese qualitativa, cuja busca bibliográfica foi realizada em seis bases de dados eletrônicas, por meio da combinação de descritores e termos livres relacionados aos cuidadores, pessoas idosas, orientações acerca do uso de medicamentos e estudos qualitativos. Foram incluídos estudos de métodos mistos ou qualitativos, publicados em inglês, espanhol ou português, que abordavam as percepções das pessoas idosas e/ou seus cuidadores a respeito das orientações sobre o tratamento medicamentoso recebidas no momento da alta hospitalar. Para a análise temática, foram extraídos e analisados os dados do tópico dos resultados dos estudos incluídos, conforme propuseram Thomas e Harden.
Resultados
Foram incluídos cinco estudos, sendo gerados três temas analíticos. O primeiro refere-se às orientações sobre medicamentos na alta hospitalar, frequentemente marcadas por lacunas nas informações, linguagem pouco acessível e ausência de estratégias que garantam a compreensão dos envolvidos. O segundo evidencia barreiras na comunicação e na inclusão das pessoas idosas e seus cuidadores nas decisões terapêuticas. Por fim, o terceiro aponta os desafios enfrentados para a continuidade do tratamento medicamentoso no pós-alta, evidenciando situações como uso inadequado dos medicamentos, insegurança no manejo dos medicamentos, resultando em baixa adesão medicamentosa e em risco de danos ao paciente.
Conclusões/Considerações
Portanto, é crucial garantir que as pessoas idosas e seus cuidadores tenham conhecimento acerca da farmacoterapia do idoso, para que assim, eles possam se tornar parceiros no cuidado, observando se os objetivos terapêuticos estão sendo alcançados e se os possíveis efeitos adversos se manifestaram. Logo, se torna imperativo o engajamento desses atores no processo de cuidado, inclusive, se envolvendo nas decisões relacionadas à farmacoterapia.
PERFIL DE UTILIZAÇÃO DO TRASTUZUMABE NO TRATAMENTO ADJUVANTE E NEOADJUVANTE EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA HER-2 POSITIVO
Comunicação Oral Curta
1 ENSP/Fiocruz
2 Ensp/Fiocruz
3 INCA
Apresentação/Introdução
O câncer de mama é o mais incidente no Brasil, sendo um grande desafio, especialmente o subtipo HER-2 positivo, de alta agressividade e mau prognóstico. Novos tratamentos têm transformado o cuidado na última década. O trastuzumabe foi incorporado ao SUS para casos iniciais e localmente avançados. São escassos os estudos que permitem identificar as características da sua utilização.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo analisar a utilização do trastuzumabe no tratamento adjuvante ou neoadjuvante em pacientes com diagnóstico de câncer de mama HER-2 positivo, em um hospital especializado em Oncologia no Rio de Janeiro
Metodologia
Foi realizado estudo de utilização de medicamento (EUM), de caráter descritivo e restrospectivo, tendo como fonte de dados os prontuários, prescrições e registros hospitalares. Considerou-se o período de 01/2018 a 12/2019. Incluídas mulheres com HER2+ e estadiamento menor do que TXN3M1, em terapia adjuvante ou neoadjuvante com trastuzumabe. Foram analisadas 4 dimensões: (1) sociodemográfica; (2) clinico-patológica; (3) tratamento e (4) eventos adversos.
Resultados
Prevaleceu a mediana de idade de 52,4 anos, mulheres não brancas com ensino fundamental e cerca de 43% residente fora do municipio de tratamento. O trastuzumabe foi utilizado em esquemas terapêuticos e em mediana de tempo total de tratamento previstos nas DDT/PCDT. Foi alta a completude do esquema proposto (85,1%), sendo a causa de interrupção definitiva do tratamento a progressão de doença (6,5%). Houve importante atraso no início do tratamento após a confirmação do HER2+ (mediana=149 dias). Foi pequeno o número de eventos adversos durante o uso do trastuzumabe (9,5%) e baixo o número de tratamentos incompletos por fatores inerentes ao medicamento, como os casos de cardiotoxicidade (8,4%)
Conclusões/Considerações
A população usuária do medicamento encontrava-se em consonância com a população alvo de câncer de mama e o tratamento de acordo com o PCDT. Foram identificadas associações de comorbidade e atraso no tratamento e eventos adversos. O maior problema encontrado foi o atraso no início tratamento, sendo necessárias ações que diminuam este tempo, após a confirmação do status de HER2+, de forma a obter melhores resultados
ROTEIRO PARA DISPENSAÇÃO DE IVACAFTOR NO COMPONENTE ESPECIALIZADO: DESENVOLVIMENTO, PRÉ-TESTE E AVALIAÇÃO MULTIPROFISSIONAL DE UMA FERRAMENTA TÉCNICA
Comunicação Oral Curta
1 UnB
Período de Realização
Abril a junho de 2025, no âmbito do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF).
Objeto da produção
Desenvolvimento e avaliação preliminar de um roteiro técnico para orientar a dispensação de Ivacaftor no CEAF.
Objetivos
Desenvolver e avaliar um roteiro técnico para qualificar a dispensação de Ivacaftor no CEAF, promovendo segurança, clareza e padronização no atendimento farmacêutico, com base em simulações e análise crítica de profissionais de diferentes áreas da saúde.
Descrição da produção
Foi elaborado um roteiro técnico para a dispensação de Ivacaftor, com base em diretrizes clínicas e normativas do CEAF. Realizou-se um pré-teste com duas simulações de atendimento: uma com e outra sem o uso do roteiro. As simulações foram avaliadas por um grupo composto por enfermeiro, fonoaudióloga, farmacêutica e uma profissional leiga. Em seguida, conduziu-se grupo focal com os avaliadores, que discutiram aspectos como usabilidade, conteúdo, linguagem e aplicabilidade.
Resultados
As avaliações indicaram que o roteiro contribui para maior clareza, organização e segurança na dispensação. Os participantes destacaram sua relevância prática, mas sugeriram ajustes na linguagem, simplificação de termos técnicos e revisão de etapas que poderiam gerar dúvidas. A inclusão de pacientes no processo de validação foi recomendada. As contribuições foram incorporadas para aprimorar a versão final do material.
Análise crítica e impactos da produção
A produção do roteiro revelou lacunas na comunicação técnico-assistencial e na padronização da dispensação de medicamentos de alto custo. A ferramenta mostrou potencial para qualificar o cuidado farmacêutico, reduzir erros e promover maior segurança ao paciente. A participação de avaliadores com diferentes formações enriqueceu a análise. O produto apresenta aplicabilidade imediata e potencial de replicação em outros contextos do CEAF.
Considerações finais
O roteiro técnico para dispensação de Ivacaftor demonstrou-se uma ferramenta promissora para qualificar práticas no CEAF. A metodologia adotada permitiu identificar pontos de melhoria e validar sua aplicabilidade. Recomenda-se sua implementação acompanhada de capacitação dos profissionais e inclusão de usuários na etapa de validação final.
PERFIL DAS REAÇÕES ADVERSAS A INIBIDORES DA CICLO-OXIGENASE-2 EM PORTUGAL: ANÁLISE DE FARMACOVIGILÂNCIA, 2018-2023
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Estadual de Campinas
2 Universidade de Brasília
3 Universidade do Porto
4 Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde
Apresentação/Introdução
Anti-inflamatórios inibidores seletivos da ciclo-oxigenasse-2 (coxibs) são utilizados na prática para o manejo da dor e inflamação. Potenciais efeitos cardiovasculares destes medicamentos motivaram a inclusão de advertências e precauções especiais de uso. Análises de farmacovigilância a partir de notificações espontâneas podem contribuir para o monitoramento de riscos associados a esses fármacos.
Objetivos
Descrever o perfil de reações adversas relacionadas a coxibs notificadas em Portugal.
Metodologia
Trata-se de estudo descritivo a partir de notificações de suspeitas de reações adversas enviadas à Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde de Portugal (INFARMED) entre 2018 e 2023. Foram elegíveis notificações de reações adversas aos coxibs. As variáveis incluíram informações sobre critérios de gravidade, idade, sexo, notificador, medicamentos suspeitos, indicação terapêutica, evolução e causalidade. Os dados foram codificados conforme o Dicionário Médico de Atividades Regulatórias (MedDRA) e analisados pelos níveis de Classe de Órgãos do Sistema (SOC). A análise foi conduzida na linguagem Python, utilizando o Visual Studio Code versão 1.95.3.
Resultados
Foram reportadas ao INFARMED 207 notificações associadas aos coxibs. A maioria ocorreu em pessoas de 18 a 64 anos (56,0%) e do sexo feminino (67,6%). Reações graves representaram 69,9% e o desfecho foi cura em 56,9% dos casos. Etoricoxibe foi o medicamento mais associado às reações adversas (44,9%), seguido pelo celecoxibe (6,9%) e parecoxibe (1,9%). As reações adversas mais notificadas foram urticária (3,7%) e prurido (3,2%) pertencendo ao SOC “distúrbios da pele e do tecido subcutâneo” (27,2%). A principal indicação dos medicamentos foi uso para indicação desconhecida (19,3%) e a causalidade foi provável em 58,3% dos casos. Os médicos foram os principais notificadores (43,6%).
Conclusões/Considerações
Nesse intervalo de seis anos, as reações adversas a coxibs em Portugal mostraram-se crescentes, ocorrendo com maior frequência em mulheres adultas, associadas a etoricoxibe e afetando a pele e o tecido subcutâneo. A maioria dos casos foram graves, com desfecho de cura na maior parte das notificações. Esses resultados reforçam a importância da farmacovigilância contínua desses medicamentos.
PERFIL DE SEGURANÇA PARA TROMBOEMBOLISMO VENOSO DO USO DE CONTRACEPTIVOS ORAIS COMBINADOS EM MULHERES EM IDADE FÉRTIL
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz
Apresentação/Introdução
Os contraceptivos orais combinados (COC) estão entre os mais usados no mundo. O tema ganhou relevância com a introdução dos progestágenos de terceira e quarta geração em comparação com os de segunda geração, pois se presume que esses têm o menor risco de tromboembolismo venoso (VTE). Devido à preocupação em relação ao VTE, fez-se necessária a busca de evidências para avaliar a segurança dos COC.
Objetivos
Avaliar o perfil de segurança para tromboembolismo venoso do uso de contraceptivos orais combinados em mulheres em idade fértil.
Metodologia
Trata-se de uma síntese de evidências para responder à pergunta: "Qual o perfil de segurança para eventos tromboembólicos do uso de contraceptivos orais combinados em mulheres em idade fértil?". Foi realizada busca nas bases PubMed, Embase, Cochrane, BVS Saúde, SCOPUS, Google Acadêmico e OpenGrey. Incluiram-se revisões sistemáticas que avaliaram o risco de anticonceptivos combinados em mulheres saudáveis usando contraceptivos orais combinados. Excluiu-se artigos sem comparador e outros tipos de eventos adversos, mulheres grávidas, com tromboembolismo prévio, com alterações genéticas de coagulação, na pré-menopausa ou menopausa, ou pertencentes a um grupo de doença específico.
Resultados
Foram identificados 327 estudos, dos quais 5 revisões sistemáticas foram incluídas. Os resultados indicam risco aumentado de trombose venosa em usuárias de COC em comparação a não usuárias, com RR variando entre 2,4 e 3,8. A qualidade das evidências variou de baixa a moderada. Contraceptivos com Drospirenona apresentaram risco menor que outros COC. Doses maiores de etinilestradiol e progestógenos de terceira e quarta geração foram associadas a maior risco. COC contendo 20 Levonorgestrel, 30 Levonorgestrel e 20 Gestodene apresentaram menor risco. As evidências apontam aumento geral do risco tromboembólico, exigindo avaliação cuidadosa na prescrição.
Conclusões/Considerações
Contraceptivos orais combinados com baixa dose de etinilestradiol podem ter menor risco de VTE, mas a avaliação deve ser individualizada, especialmente em mulheres com fatores de risco. É essencial discutir os riscos e benefícios com profissionais de saúde. São necessárias evidências de melhor qualidade para embasar decisões seguras e eficazes quanto ao uso de anticoncepcionais nesse contexto.

Realização: